Saab está finalizando detalhes da oferta do Gripen para a Indonésia
Reportagem do site Jane’s considera que caça sueco está bem cotado para a concorrência do país asiático, não só pelo desempenho e custos, mas pelo seu histórico em cooperação industrial e offsets
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Segundo reportagem publicada pelo site Jane’s na quinta-feira, 6 de novembro, a empresa sueca Saab está finalizando os detalhes de sua oferta do caça Gripen para os requerimentos da Força Aérea da Indonésia (TNI-AU), que enviou um pedido de informa;óes (RFI – request for information) a diversos fabricantes de aviões de combate em meados deste ano. Há a expectativa de que um pedido de proposta seja feito nas próximas semanas.
O objetivo da Indonésia é ter pelo menos 200 caças por volta de 2024, e para isso um requerimento inicial foi estabelecido para 16 jatos destinados a substituir os velhos caças Northrop F-5E/F da TNI-AU. Como o projeto conjunto com a Coreia do Sul para um caça avançado IF-X não deverá atingir capacidade de operação inicial antes de 2025, um substituto para o F-5 é necessário até lá.
A Saab está respondendo ao requerimento com o Gripen NG, que atualmente desenvolve para as forças aéreas da Suécia e do Brasil, sendo que esta última assinou contrato para 36 caças Gripen NG no final do mês passado.
A cooperação industrial é um fator-chave para qualquer proposta, e sob a lei da Indonésia, pelo menos 30% de compensações diretas (offsets) são obrigatórios. O critério de seleção do novo caça tem 30% de peso no desempenho da aeronave, 30% em custos de aquisição e de ciclo de vida e 40% de cooperação industrial. Segundo a reportagem do site Jane’s, nesse último item a Saab tem um excelente histórico, cumprindo seus compromissos de offset, sendo também capaz de oferecer total transferência de tecnologia quando aplicável.
A empresa PT Dirgantara Indonesia (PTDI), também conhecida como Indonesian Aerospace (IAe) estaria envolvida na questão industrial num acordo com o Gripen e, em preparação para um RFP, conversações estão em andamento com a Saab para estabelecer a natureza do papel que a empresa indonésia teria. Os indonésios e a PTDI/IAe em especial têm ambições de longa data para aumentar suas capacidades técnicas, e um envolvimento da empresa local não se restringiria à construção / montagem, mas também desenvolvimento. A PTDI/IAe é também parceira no projeto do IF-X, e a Saab poderia ajudar a empresa em algumas áreas desse projeto, caso solicitada.
Também do ponto de vista de desempenho e custos, a reportagem considera que o Gripen NG é bastante competitivo, atendendo a necessidades multifuncionais que incluem o papel antinavio, provavelmente em alta conta nos requerimentos da Indonésia. A vantagem adicional, do ponto de vista industrial, é de ser um programa de desenvolvimento em atividade. Por fim, o caça é considerado um dos mais fáceis para integrar armamentos especificados pelo cliente, que podem vir de diversos fornecedores internacionais.
FONTE: Jane’s (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em inglês)
FOTOS: Saab (em caráter meramente ilustrativo)
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Eitaaaaaa Gavi’ao Peixoto sera pequena para tanta producao!
CM
O pessoal pira quando se fala em “produção” local. No mundo de hoje, e principalmente no mundo de amanhã, produzir, fabricar e montar não são e não serão mais fatores importantes, haja visto e aqui o exemplo é notório, que a própria SAAB concordou em fabricar e montar os mais diversos itens do vetor fora da Suécia, no Brasil inclusive, mas não exclusivamente. O que gera lucro, tecnologia, conhecimento… paga e mantém técnicos e engenheiros (além de outros profissionais de varias áreas) de alta remuneração é o fator criacional de seus sistemas, do software, dos subsistemas de integração, desenvolvimento de… Read more »
Baschera,
Perfeito.
“…fica no país da empresa, na matriz.” assim como o neurônio da AEL está lá em Israel 🙂
No fim das contas se o Gripen começar a emplacar em umas 100 ou 150 unidade para os próximos 15-20 anos, acho que quem se deu bem foi a Akaer, fabricando as estruturas.
Claudio Moreno, e quem disso que isso seria feito aki? Nós temos que sair desse entorpecimento, já passou da hora de acordar. Se sair algum Gripen de exportação completinho daki, será para algum de nossos vizinhos… e olhe lá. … e ainda vai ter o problema que falei em outro post: “O que teremos são dois Gripens NG diferentes: Um com aviônica sueca e outro com aviônica brasileira, então: Qual dos 2 produtos será oferecido para o mercado? O Brasil vai na verdade construir as ferragens (apertar os parafusos como o Baschera ressaltou) para os Gripens de exportação que serão… Read more »
Aviônica “brasileira” era para estar entre aspas… 🙂
Eu resumo: sairia mais barato termos comprado de prateleira.
Marcos
8 de novembro de 2014 at 17:50 #
“Eu resumo: sairia mais barato termos comprado de prateleira.”
Depende. Se vc olhar somente o valor monetário…sim !
Mas, embora no meu entender, não sejamos uma economia pós industrial e estamos longe disto, o contrato assinado com a SAAB prevê uma série de avanços para a industria “nacional” (entre aspas porque de nacional tem pouco, já que os contratistas principais tem capital externo, caso da AKAER e EMB, e controle externo também, caso da AEL).
Sds.
Senhores, acho que uma das questões mais importantes de envolver indústria local não está sendo contemplada nos comentários de vocês. Trata-se do domínio das tecnologias de desenvolvimento e produção dos diversos itens e, não menos importante, da máxima independência possível de fornecedores externos para a manutenção da aeronave ao longo do ciclo de vida, para evitar problemas no fornecimento de peças etc. Isso é algo que se persegue em equipamentos militares há décadas, com idas e vindas, sucessos e fracassos. Envolver as diversas empresas citadas em matérias recentes para fabricação local de equipamentos, e se possível com desenvolvimento também local… Read more »
Caro Nunão, Concordo em tudo, porém insisto em que devemos sobretudo olhar para frente, para o futuro, que é “criar” e desenvolver (a partir do expertise adquirido) novas tecnologias… sejam elas quais forem, aviões, navios, computadores, celulares ou mesas de jantar ! O que quis dizer e procurei exemplificar, é que o capital industrial maior já não são as peças e partes… mas sim a capacidade técnica, científica e tecnológica de se criar um novo produto. São os cérebros e não as mãos…. embora, claro, sem as mãos não se monta ou constrói nada… em que pese a crescente manufatura… Read more »
Pois é Baschera, é preciso justamente isso, olhar para a frente, criar, desenvolver etc pensando no futuro econômico do país e em sua competitividade. Mas também produzir no presente e garantir que o parque industrial não entre em extinção nesse meio-tempo, justamente para que a diminuta fatia que você cita dos demais setores industriais se amplie e diversifique, ao invés de diminuir e se restringir como ocorre atualmente. Não precisa se reinventar o parafuso ou a roda ou produzir cada porca no país. Mas é preciso produzir aquilo que é fundamental com tecnologias e materiais cada vez mais avançados. Por… Read more »
Cada “parafuso” construido aqui deve ser visto como uma vitória, como bem esplanado pelo Nunão,na hora de fazer as revisões/manutenção, quanto menos depender-mos de “parafusos” importados melhor!
Bem, até que nossa competência mude, até que os investimentos em P,D&I sejam realmente para pesquisa, desenvolvimento e inovação e não para reduzir impostos, até que, sei lá mil coisas… fico contente em que apertemos parafusos de um aviãozinho supersônico de que parafusos de uma panela de pressão.
No mínimo os parafusos de um têm muito mais tecnologia “embarcada” do que da outra. E viva a Scania-Vabis.
Caros há um outro aspecto que precisa ser considerado: a transferência de tecnologia/capacidade de montagem para vários países cria uma cadeia de potenciais fornecedores que são, de certa maneira, concorrentes entre si. Para a Saab isso é ótimo, visto que dificilmente haverá falta de peças de reposição e mão de obra capacitada. Também é bom para os futuros compradores, que podem pegar um avião de “prateleira” e “escolher” seus fornecedores. Acredito que essa estratégia da Saab possa realmente lhe garantir uma (boa) fatia do mercado internacional de caças, pois o produto pode ser “customizado” por vários fornecedores, com diversas empresas… Read more »
Qndo se customiza uma aeronave, e isso vale para qualquer tipo de aeronave civil ou militar, são introduzidos em seu preço aqueles custos que viabilizaram a customização.
Bom dia a todos! É da muito tempo que sigo as discussões procurando aprender com os senhores, e por isso, antes de tudo, muito tenho a agradecer. Economia industrial e pos industrial: finalmente um assunto no qual me sinto em condições de dar o meu, como vocês usam dizer, “pitaco”. Penso que posso contribuir ao debate por vivenciar o verdadeiro drama da desindustrialização pela qual está passando a região Nordeste da Itália, onde estou da 12 anos: aqui finalmente se chegou à conclusão che não basta manter a posse do Capital e do know-how de uma empresa. Todos as fábricas… Read more »
Bom dia Senhores e Amigos,
Qual é o trabalho da AKAER no NG?
Moreno
Claudio Moreno,
Segundo matéria publicada aqui no último dia 6, resumidamente a Akaer fará:
Recebimento de transferência de tecnologia relacionada ao projeto e à industrialização da estrutura do Gripen NG
Projeto e análise de tensão de unidades estruturais
Industrialização de unidades estruturais
Fora isso, tem o que ela já fez na forma de desenhos detalhados de projeto, nos itens citados no link que você colocou.
Mais detalhes, incluindo desenhos, basta digitar Akaer no campo busca do blog. Aparecerão diversas matérias bem elucidativas já publicadas aqui.
Baschera e Oganza,
Me expliquem o link abaixo. Eu estou confuso…
http://www.akaer.com.br/pt/programas_info.php?id=49&cat=2#ad-image-0
Moreno
Claudio Moreno, meu caro, muito oportuno esse seu questionamento, vou colar aki o post que acabei de postar na matéria “Voa protótipo biposto PV6 do Tejas”. Segue: “Caros Colegas pra mim a SAAB está se demonstrando muuuuito inteligente e está, já a algum tempo, costurando muuuito direitinho os seus parceiros no Brasil quando percebeu como estava planejada politicamente a tal ToT do FX-2. No “edital” estava escrito ToT para a industria brasileira e não para uma empresa específica rsrsrs. Então ela se antecipou e começou a fazer as parcerias antes do resultado do certame colocando sobre sua política e sua… Read more »
Rodolfo Zampol 9 de novembro de 2014 at 4:00#
” Tem que segurar toda e qualquer oportunidade de fabricar (e até mesmo de somente montar) um produto de defesa porque além das vantagens estrategicas citadas pelo Nunão, e até que me provem o contrário, fábricas têm sim o poder de gerar bem estar e induzir conhecimento independentemente da origem do capital…”
Muito legal saber que se observa isso fora do Brasil. Ótimo comentário.
Eparro: obrigado pelo comentário. Na verdade essa minha convicção “fabriquista”, ainda que confirmada aqui na Itália, nasceu no Paraná. Quando, rapazinho, fui morar em Curitiba, vindo do interiorzão agrícola “pé-vermelho”, todo o discurso pseudo socialista contrário à exploração das massas proletárias pelo Capital Internacional que era moda nos ambientes estudantis ficou meio que sem espaço no meu novo círculo de amizades: éramos todos estudantes ou operários/empregados e ficava evidente a diferença entre aqueles que eram “explorados” trabalhando na Bosh ou NewHolland e um que era “explorado” na Fábrica de móveis Marangon (nem sei se existe ainda) do simpatissimo Sr. Guimarães.… Read more »