Sequestro do Boeing da Ethiopian Airlines: por que a França enviou o Mirage 2000 e não o Rafale?
Segundo nota do Ministério da Defesa francês, as aeronaves que interceptaram o Boeing 767 da Ethiopian Airlines no dia 17 de fevereiro eram caças Mirage 2000c provenientes da Base Aérea de Orange/Caritat (BA115).
A base hospeda o “Escadron de chasse 2/5 Île-de-France” (EC 2/5). Esta unidade é responsável pela conversão operacional dos pilotos da Força Aérea Francesa para o Mirage 2000 (empregando o modelo biposto), mas também atua como unidade de defesa aérea empregando o Mirage 2000C RDI.
Este é o esquadrão de defesa aérea que estava mais próximo da rota do Boeing 767 que seguia do espaço aéreo italiano para o aeroporto de Genebra, na Suíça (ver mapa abaixo). Os esquadrões operacionais equipados com Dassault Rafale estão localizados mais a norte, na Base Aérea de Saint-Dizier-Robinson (BA113), e não fazia o menor sentido empregá-los. Também existe um outro esquadrão de caça na região Sul da França (Base Aérea de Istres), mas este é composto por aeronaves especializadas em ataque nuclear (EC 2/4 equipado com Mirage 2000N).
Ainda segundo a nota os Eurofighter italianos interceptaram o jato comercial às 5:07h (horário local) e cinco minutos depois repassou a missão para um Mirage 2000 da Força Aérea Francesa. Este caça acompanhou o 767 até às 5:56h, quando um segundo Mirage 2000C recebeu a ordem de decolar. O Boeing pousou no aeroporto de Genebra exatamente às 6:02h.
É interessante notar que um ano atrás os dois países executaram um exercício de interceptação e defesa aérea (ver último link da lista abaixo) muito parecido com os eventos que ocorreram na semana passada e os mesmos modelos de aeronaves (Typhoon e Mirge 2000) foram empregados. No caso da França também eram caças do EC 2/5.
Com informações do Ministério da Defesa Francês
VEJA TAMBÉM:
Vale acrescentar que, além de Saint-Dizier (BA 113), que abriga dois esquadrões de Rafale da Força Aérea Francesa (o Provence e o Gascogne), a base de Mont-de-Marsan (BA 118) abriga um terceiro esquadrão, o Normandie-Niemen. Mas este último também não estaria na rota da aeronave sequestrada: fica no sul, mas para o oeste, e não para leste como a base dos Mirage 2000C de Orange. Eventualmente, um elemento de Rafale pode estar desdobrado em outras bases para o alerta de defesa, mas não necessariamente. Ainda assim, isso ocorre com alguma frequência, incluindo aeronaves da Marinha Francesa: http://www.aereo.jor.br/2010/07/19/cacas-rafale-m-na-defesa-aerea-da-franca/. Treinamentos de defesa… Read more »
I rest my case Nunão.
Obrigado.
Olá.
Explicações dadas, argumentos plausíveis, lógica racional.
É isso ai.
SDS.
Corsario137, “Rest my case” o escambau!!! rsrsrsrs O assunto está muito longe de se esgotar, já que o reequipamento do Armée de l’Air deverá continuar, mesmo com recebimentos menores de Rafale nos próximos anos, pois pelos números de entregas há Rafale o suficiente para ativar / reequipar mais um esquadrão no curto prazo. O “mapa” dos esquadrões de caça da Força Aérea Francesa deverá continuar mudando nos próximos anos. Por isso, acabei de ampliar meu comentário colocando algumas perguntas no final. Alguém se atreve a pesquisar? Sei que, anos atrás, a ideia da Força Aérea Francesa (sem contar a Marinha)… Read more »
Não fosse tão caro de adquirir e operar, o Rafale já poderia estar cobrindo a França inteira. Quero ver quando os Mirage 2000C (RDI ou RDY) chegarem ao final de suas vidas úteis, o que não falta muito, e o número de Rafales entregues for menor que o necessário, já que suas encomendas não só diminuíram, como também estão sendo jogadas mais para o futuro. Ou pior ainda, quando a França tiver que manter em alerta apenas caças que custam o dobro para operar. E antes que me acusem de implicar com os franceses, os norte americanos estão seguindo o… Read more »
Almeida, os Mirage 2000C (com radar RDI) e os Mirage 2000-5 (com radar RDY, e que são Mirage 2000C modernizados para o padrão “traço cinco”) hoje equipam apenas dois esquadrões na Força Aérea Francesa, respectivamente o Ile de France e o Cigognes. Alguns poucos exemplares fazem parte de um ou outro esquadrão de além-mar (Djibouti, Chade, Emirados), mas são só um punhado, compondo esquadrões mistos. Pra falar a verdade, precisaria me atualizar sobre a quantas andam esses esquadrões, agora que o Rafale vem sendo desdobrado mais frequentemente no Chade, pelo menos. Assim, o problema com esses dois modelos nem é… Read more »
Caro Almeida
Fica tranquilo, há quem afirmou categoricamente no PA que o$ france$eS vão de F 35 e ainda acrescentou:
“Quem viver verá”.
Trata-se de um certo Lord, Inglês ? Não sei !
Nunão,
Na minha modesta opinião eles vão esticar os M2000 ao máximo, e estão certíssimos.
Estive observando, e o Rafale e o F-22 tem muito em comum:
Ambos só terão cento e oitenta e poucas unidades produzidas.
Ambos custam mais de 100 milhões de dólares.
Ambos serão utilizados apenas pela força aérea de seus países.
Por serem muito caros, ambos serão complementados por F-35!!!! rsrsrs
Nunão,
Mudando de pato pra ganso…
Li que no contrato entre os EUA e a Itália para a participação dessa no JSF ficou estabelecido que, futuros operadores da aeronave no continente terão as suas unidades montadas pela Alenia na Itália.
Ou seja, se a França não quiser ser a única sem um 5G entre Itália, Reino Unido e Turquia, vai ter que ver seus caças sendo feitos na Itália?
Ma che imbroglio!
Li que no contrato entre os EUA e a Itália para a participação dessa no JSF ficou estabelecido que, futuros operadores da aeronave no continente terão as suas unidades montadas pela Alenia na Itália. Não exatamente. A Itália firmou um acordo com a LM e com a Holanda para fabricar lá os caças encomendados por estas duas nações. Essa regra não vale para outros parceiros europeus. “Com a redução das encomendas italianas de 131 para 90 aeronaves, e Holanda – que concordou em montar seus jatos em Cameri – encomendando 37 jatos em vez dos 85 planejados, Palmer disse que… Read more »
Poggio,
Não sei se me expressei mal. Quando disse “futuros operadores” me referi a qualquer um fora do grupo original: Reinio Unido, Turquia e Noruega.