F-X2 e Hollande no Brasil: jornal Le Monde chama Rafale de ‘invendável’
Matéria do jornal francês trata da visita do presidente François Hollande ao Brasil, que entre outros assuntos veio promover o caça Rafale. Jornal compara entusiasmo seguido de frustração, no caso brasileiro, com o ‘contrato do século’ da Índia, que ainda aguarda ser assinado
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“Au Brésil, Hollande plaidera pour le Rafale, l’avion invendable”. Em português, “no Brasil, Hollande promove o Rafale, o avião invendável”. É com um título ácido assim que começa uma reportagem publicada ontem e atualizada hoje, 13 de dezembro, do jornal francês Le Monde. A seguir, alguns dos principais pontos levantados pela reportagem assinada pelo repórter Jonathan Parienté, do Le Monde, que dá uma ideia de como parte da mídia francesa vê as possibilidades de uma decisão do programa brasileiro F-X2, e também de uma decisão na Índia. Aparentemente, a paciência da mídia local para com os seguidos anúncios não concretizados já se esgotou, e a grande preocupação é o contribuinte francês ter que pagar pelos caças que não se está conseguindo vender fora da França.
A reportagem destaca que o presidente francês François Hollande veio ao Brasil para uma visita de dois dias acompanhado do CEO da Dassault Aviation, Eric Trappier, para reforçar a parceria estratégica bilateral. Ainda que a presença do executivo da empresa que fabrica o Rafale levantasse expectativas, as possibilidades mais concretas de acordos ficam com as empresas do setor espacial Thales e Arianespace, além da Areva (do setor nuclear), em relação a contratos em discussão há meses. Quanto a uma venda da Dassault, o jornal apostou em mais um desapontamento como o que viveu o ex-presidente Nicolas Sarkozy em 2009.
Processos demorados tanto no Brasil quanto na Índia
Oficialmente, o caça francês ainda está na competição com o sueco Saab Gripen NG e o norte-americano F/A-18 Super Hornet da Boeing, este último recentemente desfavorecido, após ter sido considerado favorito, devido ao mal-estar causado pela espionagem da NSA dos Estados Unidos ao Brasil. Mas o jornal relembra a seus leitores que em 2009 o então presidente Sarkozy chegou a assinar um rascunho de contrato para vender 36 caças Rafale ao Brasil, com sua contraparte brasileira, o presidente Lula. Seria o fim da longa espera para encontrar um comprador internacional do caça francês, levando a reações eufóricas. Mas o entusiasmo esfriou rapidamente, e o contrato estimado em 4,5 bilhões de euros não se concretizou, ficando de lado no ano seguinte devido às eleições presidenciais no Brasil.
Enquanto isso, na Índia, a história é um pouco parecida. Em janeiro de 2012 os indianos entraram em “negociações exclusivas” com a Dassault para um contrato de 126 caças Rafale. Quando Hollande visitou a Índia, chegou-se a falar numa ampliação do acordo, chegando a 189 caças e a 13 bilhões de euros. E, novamente, a euforia arrefeceu, a assinatura do contrato foi adiada ao longo deste ano (com problemas extras como a morte da principal autoridade do Ministério da Defesa da Índia envolvida nas negociações) e o prazo mais provável ficou para meados do ano que vem.
Uma conta de 4 bilhões de euros para os franceses pagarem, nos próximos 6 anos, caso o Rafale não seja vendido a nenhum outro país
Aeronaves, centrais nucleares, metrôs, fragatas. A lista de contratos entusiasticamente anunciados em viagens presidenciais costuma ser longa. Porém, meses depois, a euforia acaba e começam as duras negociações comerciais. E, finalmente, nada ou quase nada. O que será do Rafale no Brasil e na Índia? A reportagem diz que a história recente sugere cautela.
Por outro lado, as Forças Armadas Francesas precisam urgentemente que essas vendas se materializem. Onze caças por ano é a cadência mínima de produção da Dassault Aviation. Dos 66 que deverão ser fabricados ao longo dos próximos seis anos da Lei de Programação Militar atualmente em discussão, a França quer adquirir apenas 26 exemplares. Ainda há 40 para serem vendidos nesse período. Por 100 milhões de euros cada um, a conta para os franceses será de 4 bilhões de euros caso não seja encontrado um comprador externo.
FONTE: Le Monde (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em francês)
FOTOS: Força Aérea Francesa
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Gosto muito das reportagens do Le Monde quando o assunto é Rafale, mas acho que nessa reportagem só colocaram um lado da história no caso indiano. A Índia está num beco sem saída. O programa MMRCA seguiu por um caminho que não deixou alternativas para a Índia. O número de esquadrões de caça da IAF está diminuindo, aviões antigos (MiG-21, MiG-27, por exemplo) estão deixando o serviço ativo e nada está entrando no seu lugar. O programa LCA é um fiasco (o motor dele então…). Do lado de lá da fronteira (leia-se China), os esquadrões não só aumentam em quantidade… Read more »
O Le Monde presenta a verdade dos números e da realidade.
Pior somos nós…. enrolando fumo há 17 anos…somando mais três como se tem dito… serão 20 anos e a menos que me engane…. quando recebermos a última unidade de “alguma coisa” o vetor terá inevitavelmente adentrado na porta da obsolescência tecnológica…. pois as FA’s que importam já estarão em pleno usufruto das tecnologias de quinta geração em seus esquadrões principais.
É nítida a “argentinização” que se aproxima…. só não enxerga quem não quer.
Sds.
“Baschera É nítida a “argentinização” que se aproxima…. só não enxerga quem não quer.” Colega, concordo 100% com sua afirmação. Talvez e eu disse talvez, somente uma mudança no “eixo central” do poder em 2005. “Guilherme Poggio Gosto muito das reportagens do Le Monde quando o assunto é Rafale, mas acho que nessa reportagem só colocaram um lado da história no caso indiano. A Índia está num beco sem saída. O programa MMRCA seguiu por um caminho que não deixou alternativas para a Índia.” ” Esnobou os demais concorrentes concorrentes ocidentais.” É isso ai, visão terceiro mundista, lembra algum outro… Read more »
2015, desculpe-me ….
Nem os franceses querem o Rafale.
Nem os franceses querem o Rafale.
Caro Almeida
Eles querem e precisam. Só que está difícil conciliar o orçamento da defesa com as necessidades externas do país.
Existem caças invencíveis e os invendáveis. 😀
[]’s
A verdade senhores é que os números conspiram contra o Rafale. Custa quase o mesmo que um caça 5G mesmo sendo 4.5G. E as notícias de Ft. Worth são cada vez piores para o vetor francês.
Custa caro porque teve pouca produção se fizer um negocio para comprar 150 ao invés de 36 o preço cairia.]
Onde estão agora os grandes críticos da imprensa burguesa nacional pró Tio Sam ?
andersonrodrigues1979
14 de dezembro de 2013 at 14:00 #
Custa caro devido a falta de planejamento de mkt decente e arrogância dos franceses.
Se continuassem aperfeiçoando o Mirage e participando do Eurofighter, este poderia estar agora com 600 unidades feitas, melhorando mais ainda seus custos de aquisição e operação e quem sabe, desenvolvida uma versão naval já operacional
Não adianta, escala de produção é tudo. Vocês já se deram conta que ano fiscal de 2014, muito provavelmente a LM vai ter entregue mais F 35 do que aDassault prodfuziu de Rafales desde o seu lançamento, piada né…
Grande abraço