Acordo nuclear com Irã falhou porque franceses querem vender caças na região, segundo revista
‘França bloqueia acordo com o Irã por uma razão óbvia’, diz chamada de análise publicada na CartaCapital e que foi traduzida para a edição em inglês do Pravda
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O chanceler Fabius quer estreitar elos comerciais com o Golfo Pérsico. Riad, inimiga de Teerã, comprou seis fragatas francesas por 1 bilhão de euros. Para surpresa geral, o ministro francês do Exterior, Laurent Fabius, não aceitou selar o acordo nuclear do grupo P5+1 e o Irã no domingo 10, em Genebra. A França é um dos países com poder de veto entre os cinco integrantes permanentes do Conselho de Segurança da ONU, e portanto a próxima rodada de negociações foi postergada para o próximo dia 20.
O motivo da surpresa? No sábado 9 um acordo estava, segundo o ministro britânico do Exterior, William Hague, prestes a ser assinado por todos os presentes, inclusive pelo representante do sexto país, a Alemanha.
Mohammad Javad Zarif, o chanceler do novo presidente iraniano Hassan Rouhani, tinha motivos para sorrir. Nunca, desde a revolução islâmica de 1979, o diálogo entre os países Ocidentais e o Irã parecia ter sido tão decisivo.
E particularmente entre o Irã e os Estados Unidos. Para Barack Obama, que tem enviado seu secretário de Estado John Kerry para consertar os fiascos alimentados pelo Tio Sam no Oriente Médio, um acordo seria, pelo menos por ora, uma forma de evitar uma guerra dos EUA contra o Irã.
Mais: o acordo com o Irã, e aí adentramos o campo do ingênuo otimismo norte-americano, poderia acabar com as divisões entre xiitas liderados pelos iranianos e os sunitas, como aqueles da reacionária Arábia Saudita, aliada, diga-se, do Tio Sam. Nesse quadro geopolítico – continuamos a delirar – haveria paz entre xiitas iranianos a apoiar o ditador sírio alauíta (seita xiita) Bashar al-Assad e os sauditas a financiar, na guerra civil na Síria, a oposição sunita, um saco de gatos composto inclusive por fundamentalistas.
Como sempre, após a inesperada notícia dada por Fabius teve início o costumeiro balé diplomático. Da chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, ouvimos: “Houve progresso concreto, mas algumas diferenças permanecem”.
No entanto, houve fúria por parte de iranianos. De sua conta Twitter, o Líder Supremo, Ali Khamenei, antiamericano até a eleição de Rouhani, disparou em inglês: “Funcionários franceses têm sido abertamente hostis contra o Irã nos últimos anos”. A conta Facebook de Fabius foi inundada por frases como esta: “O muro da embaixada da França em Teerã tem quantos metros?”
Na verdade, não foi nenhuma surpresa a atuação de Fabius. De saída, o ex-premier não pode ser considerado um novato no cenário da política internacional. A França quer reforçar sua influência política no Golfo Pérsico. E, por tabela, estreitar os elos comerciais com a região. Em outubro a Arábia Saudita adquiriu seis fragatas francesas por 1 bilhão de euros. Em julho, os Emirados Árabes Unidos pagaram 1 bilhão de euros em por um sistema de defesa antiaéreo francês. E o Catar, onipresente na França, estaria interessado na compra de caças franceses Rafale.
FONTE: CartaCapital (análise de Gianni Carta)
FOTOS: Força Aérea Francesa
NOTA DO EDITOR: originariamente, a notícia tem como título “França bloqueia acordo com o Irã por uma razão óbvia” e, como subtítulo, “O chanceler Fabius quer estreitar elos comerciais com o Golfo Pérsico. Riad, inimiga de Teerã, comprou seis fragatas francesas por 1 bilhão de euros”. A tradução para inglês, publicada no Pravda russo, destacou logo em seu primeiro parágrafo os negócios com fragatas para Arábia Saudita e o interesse do Catar por caças Rafale. A partir da tradução do Pravda, a notícia também repercutiu em meios sobre notícias da França, em inglês. Há alguns anos, a questão de um acordo nuclear com o Irã também envolveu o Brasil, à época em que o Rafale, promovido pelo então presidente francês Nicolas Sarkozy, era considerado a preferência do então presidente Lula. Embora o contexto fosse diferente, também não houve acordo naquela ocasião, o que teria desagradado o Governo Brasileiro sobre a postura francesa nas negociações.
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Potência decadente de 2ª categoria, esperar o que…
A Arabia Saudita ficou furiosa que os EUA nao atacaram o Assad e resolveram conversar com o Iran. E acredito que vcs saibam o verdadeiro motivo do regime mais atrasado da regiao. A AS eh o setimo pais do mundo que mais gasta na area militar ( US$ 57 billhoes em 2012). Nao duvido por um minuto que este foi o motivo dos chiliques (foram varios) da delegacao diplomatica francesa que quebrou varios protocolos. Depois de tudo acertado, levantaram outros pontos, sem sentido, p/ acusar entao o regime do Iran. Este acordo com o Iran serah muito, mais muito dificil,… Read more »
kkkkkkkk a culpa é da França agora….pois é, entao ela deveria ser aliada do Irã e não da Arábia Saudita e do Qatar?
ok……………..potência decadente somos nós, aliás, nunca fomos potência.
Barril de pólvora bravo!!!! Ninguém consegue resolver nada naquela região, apenas se tiver alguém ganhando com isso……Basta lembrar: há anos estão tentando deter as ambições nucleares do Irã e não conseguem, tem sempre um para avacalhar o acordo, agora é a vez da França interesseira em si mesma….
Ora… sinal dos tempos…. uma mídia brasileira e relativamente desconhecida em termos maiores no mundo ocidentai, servindo de pauta para uma outra, outrora expoente mor do oposto ao ocidente… putz !! Sem dúvida, não vão querer eliminar um inimigo potencial ao ocidente, sem antes “acomodar todas as melâncias” no “caminhão” das milionárias negociações de armas ao Oriente Médio. Sem a ameaça iraniana haveriam multibilionários negócios de vendas de armamentos naquela perte do globo ?? Óbvio que não nos patamares de muitos bilhões…. tanto em novos quanto em atualizações de vários sistemas defensivos. Sem o Iraque, outrora belicoso e possivelmente sem… Read more »