Novos caças da FAB ainda não têm previsão para funcionamento
Geração atual de aviões de combate se aposenta em dezembro. Até agora, não há previsão para novos aviões chegarem no Brasil
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Mais uma geração de aviões de combate da FAB, que já eram velhos e de segunda mão, vai ser aposentada à espera de novos caças que ninguém sabe quando virão. Os Mirage 2000, aviões supersônicos responsáveis pela defesa do espaço aéreo, foram comprados em 2006 para serem usados por, no máximo, cinco anos. Seria o período para o país escolher os novos caças, mais modernos, de quarta geração. O projeto de compra e transferência de tecnologia chamado FX-2 foi lançado em 2008. O custo estimado no mercado é de até US$ 6,5 bilhões. O governo ainda não decidiu que aviões vai comprar. E os Mirage, que já deveriam ter sido aposentados há dois anos, vão sair de circulação em dezembro.
Está praticamente descartada uma decisão da Presidência da República sobre o projeto FX-2 para este ano. A função dos Mirage é defender o espaço aéreo, principalmente do Planalto Central, da capital do país. Para substituir esses caças, a FAB modernizou outro modelo de caça, que tem entre 30 e 35 anos*, o F-5. No entanto, a própria Aeronáutica reconhece que, mesmo depois de modernizados, os F-5 não se equiparam aos Mirage.
Em 2009, Brasil e França chegaram a anunciar a compra dos caças franceses Rafale. Depois, o governo brasileiro voltou atrás. Além dos aviões franceses, estão na disputa outros dois caças: um americano e outro sueco. A proposta das empresas vale por mais seis meses. E a Rússia, que está fora do projeto FX-2, fez ofertas informais. Nesta semana, ofereceu leasing para equipamentos militares, incluídos os caças Sukhoi.
No Ministério da Defesa e na Aeronáutica, ninguém quis falar sobre a compra dos caças. Em nota, a FAB reafirmou que a decisão é da presidente e reconheceu que a defesa aérea, com os F-5, não é a ideal. Para o especialista em segurança e defesa nacional, Gustavo Trompowsky, os F-5 são uma solução paliativa, temporária. Ele lembra que países vizinhos, com menos recursos, já investiram em caças mais modernos. Além disso, segundo ele, a situação do Brasil é estratégica. “O Brasil é um país que tem água, alimento, enormes recursos naturais e energia. Nós vamos ter na segunda-feira (21) um leilão do pré-sal. Um país como esse não pode prescindir de defesa. Abrir mão dessa defesa é alguma coisa que pode ser extremamente prejudicial”, alega Trompowsky.
FONTE: Jornal da Globo (reportagem de Giovana Teles Brasília) – clique no link para acessar reportagem original, com vídeo. Destaques em negrito são do Poder Aéreo.
*NOTA DO EDITOR: apenas a título informativo, a afirmação de que os F-5 da FAB têm “entre 30 e 35 anos” procede apenas em parte. Isso é verdade para algumas aeronaves, como por exemplo parte do lote de 11 jatos F-5E/F comprados usados da Jordânia (8 F-5E e 3 F-5F). Metade desse lote é composta de jatos fabricados em 1978 e 1979 (há até um biposto fabricado em 1982) ou seja, com cerca de 35 anos desde a fabricação, apesar de algumas células “ex-Jordânia” terem sido fabricadas em 1974 e 1975, contando com praticamente a mesma idade do primeiro lote de 36 F-5E adquirido pela FAB (comprados novos de fábrica, e dos quais restam 23 exemplares, todos modernizados para o padrão F-5EM). Nesse caso, são aviões prestes a completar 40 anos.
Porém, da frota atual de 43 caças F-5EM, 20 aeronaves são ainda mais velhas, de um lote adquirido usado da USAF (utilizados principalmente em esquadrões “Agressor”, com grande desgaste) no final da década de 1980. Metade desse lote saiu da linha de montagem por volta de 1972 – assim, já são “quarentões”. A outra metade deverá completar 40 anos no ano que vem. Com esse lote, foram adquiridos também quatro bipostos F-5F (um dos quais foi perdido, sendo os três remanescentes modernizados para o padrão F-5FM) que eram 10 anos mais novos: fabricados entre 1982 e 1984. Estes sim estão com perto de 30 anos desde a saída da linha de montagem.
Resumindo: apenas uma parte da nossa atual frota de F-5EM/FM (46 jatos) e futura (57, somando aos atuais caças os 11 comprados da Jordânia e atualmente em revitalização / modernização) tem “entre 30 e 35 anos”. Cerca de metade da frota já pode ser considerada “quarentona”.
COLABOROU: Augusto
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Acho que a questão agora não é mais se virão tampões mas sim quais serão. É uma lástima e uma irresponsabilidade dos governos que tiveram a chance e não decidiram isso. Queria ver se um desses malditos, caso tivesse uma joalheria, deixaria sem tranca na porta, alarmes e seguro!
A jornalista errou no segundo parágrafo, grifado pelo Nunão. O correto seria:
“Está praticamente descartada uma decisão da Presidência da República sobre o projeto FX-2.”
Virão dois tampões.
O primeiro chama-se F-5 ex-Jordânia. O segundo… bem, só o deserto do Arizona dirá.
Mas a que ponto chegamos, amigos? Até a Angola opera caças muito mais modernos.
Infelizmente, acho que o único que mudaria essa situação seria se o Brasil tomasse uma tremenda coça em uma guerra regional estilo Peru-Ecuador. Até lá vão continuar fazendo o que tradicionalmente se faz na nossa república de Parador, ou seja tapar o sol com peneira.