Há lugar para o Super Tucano na aviação dos ‘Marines’? (PARTE 2)
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A Cooperação Aérea difere do atual modelo de comando e controle da aviação em várias maneiras. Em primeiro lugar, a aviação estaria totalmente integrada ao regime de manobra em terra desde o início e nos níveis mais baixos. Unidades de aviação trabalhariam diretamente com uma unidade parceira em solo, desenvolvendo um relacionamento de apoio com essa unidade. Esta relação facilitaria uma compreensão mais abrangente dos aviadores em relação à intenção do comandante em solo para que eles atuem mais do que simples “artilharia aérea.”
Possuindo um conhecimento maior do desenvolvimento do combate em solo, assim como as intenções do comandante, os pilotos estão livres para agirem de acordo com seu entendimento com o mínimo de atraso exigido para a coordenação com a unidade que apoiam. O atual sistema de comando e controle centralizado é necessário para permitir que um piloto com pouco ou nenhum conhecimento prévio da situação do solo lance suas bombas em segurança. A Cooperação Aérea libertaria a aviação dos fuzileiros, permitindo que ela aja em conjunto com as Forças Terrestres num grau nunca antes visto. Por exemplo, uma vez no ar, se o piloto vir uma força inimiga movimentando-se para um contra-ataque, ele irá informar o seu comandante terrestre e atacar imediatamente o inimigo, talvez retardando o progresso adversário e permitindo que as Forças Terrestres amigas criem uma rápida emboscada.
Em 2011, no Vale de Sangi (Afeganistão), uma mentalidade de Cooperação Aérea permitiu que unidades terrestres e aéreas do USMC agissem com mais rapidez a um ataque com dispositivos explosivos improvisados (IED em inglês). Vendo o ataque com IED, helicópteros de apoio executaram de imediato o “plano de jogo.” A unidade no solo só precisou enviar alguns sinais a partir de reflexos gerados por espelho para coordenar com a unidade aérea, sem empregar as comunicações de rádio, utilizadas para outros fins críticos.
O maior benefício da Cooperação Aérea é tornar o Corpo de Fuzileiros Navais mais eficaz em todo o espectro do conflito. A aviação de asa fixa do USMC mostrou utilidade limitada no Iraque e no Afeganistão, capaz de se manter no posto por apenas um curto período de tempo antes de perder a consciência situacional e sair de cena para reabastecer. Isso contribuiu para uma mentalidade do tipo “pegar ou largar”, que às vezes resultava em decisões apressadas sobre o emprego de fogo dos aviões. Fratricídios ocorreram quando a situação mudou e o piloto estava ausente, como em casos de aeronaves amigas atacando uma força amiga que conquistou uma posição que era do inimigo.
A exigência de que todos os elementos devam ser empregados em graus semelhantes limita a capacidade da aviação do USMC em coordenação estreita com o esquema de mobilidade do comandante local em solo. A Cooperação Aérea facilitará essa integração, permitindo que os pilotos trabalhem diretamente para o comandante em solo, e não apenas durante o tempo para processar uma missão de apoio aéreo aproximado (CAS), mas desde o planejamento de toda a ação no solo.
A Cooperação Aérea já provou a sua eficácia no emprego limitado em conflitos de baixa intensidade (LIC em inglês) /ações de contra insurgentes (COIN) no Iraque e no Afeganistão. Muitas vezes, o emprego mais eficiente dos meios aéreos no LIC é a execução de ações de inteligência, vigilância e missões de reconhecimento (ISR). O atributo mais importante para essas missões é tempo no local, como demonstrado pelo sucesso dos veículos remotamente pilotados que agiram soberbamente mantendo-se desarmados.
A eficácia da aeronave é reforçada por ter um piloto (ou melhor, um observador terrestre) na mesma, ou seja, um tripulante que compreenda o esquema de movimento abaixo dele. O piloto pode tomar decisões e assessorar o comandante em solo sobre um ambiente imprevisível e que muda rapidamente. A CAS tradicional é muitas vezes de menor importância.
Em um conflito de média ou alta intensidade, a Cooperação Aérea fará com que as Forças Terrestres sejam mais eficazes, ajudando-as a identificar ou criar brechas e evitar determinados terrenos. Idealmente, a Cooperação Aérea irá utilizar aeronaves que são menos complexas e, portanto, mais numerosas e mais fáceis de serem substituídas do que o F-35. Estas aeronaves seriam robustas e com boa capacidade de sobrevivência, para que possam ter sucesso enquanto voam baixo e lento o suficiente para fornecer informações valiosas e apoio ao comandante em terra.
A Cooperação Aérea enfatizará as capacidades únicas da aviação do Corpo de Fuzileiros Navais. O USMC está efetivamente estruturado para operar com Cooperação Aérea. A virtude de ter um MAGTF com um único comandante responsável por ambas as forças de terra e ar em um nível inferior ao do comandante combatente é de fundamental importância, pois cria o clima de cooperação que está faltando entre os elementos independentes entre si.
A Cooperação Aérea permitirá que o Corpo de Fuzileiros Navais capitalize as capacidades singulares de seus pilotos. Todo oficial do USMC participa da Escola Básica e possui como fundamento “todo oficial fuzileiro é, por direito, um comandante de pelotão.” Esta experiência compartilhada entre futuros aviadores e oficiais de terra gera confiança. O Corpo de Fuzileiros Navais precisa dar continuidade a esta tradição, fornecendo mais conhecimento para pilotos e oficiais em solo conforme a Cooperação Aérea começar a enraizar-se.
O Corpo de Fuzileiros Navais tem suas vantagens culturais e históricas de valor inestimável na execução da Cooperação Aérea. O Corpo de Fuzileiros Navais foi pioneiro nas missões CAS no período entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundiais em um esforço para proporcionar um melhor apoio aos “irmãos de armas” no solo. Esse foco institucional do USMC em terra tornou-se uma parte profundamente arraigada entre os fuzileiros. Visto por este prisma, a Cooperação Aérea simplesmente se baseia no fundamento dos valores do USMC.
O Corpo de Fuzileiros Navais também pode evoluir com base nas trocas de experiências entre os elementos de terra e os aviadores. Aviadores muitas vezes atuam como controladores aéreos avançados juntamente com unidades terrestres. Este programa é excelente e será inestimável para formar uma mentalidade de Cooperação Aérea. Mais “oficiais de terra” devem ser enviados para a aviação e, igualmente, mais aviadores devem ser autorizados a servir em equipes de terra. O entendimento dessas oportunidades aumentará ainda mais a compreensão dos outros elementos do MAGTF.
A Cooperação Aérea tem a virtude adicional de manter os pilotos no cockpit da aeronave. Nenhuma aeronave não tripulada, independentemente das qualidades dos sensores de bordo, pode fornecer ao seu piloto o mesmo entendimento que um piloto de um avião circulando sobre o campo de batalha pode ter. Pilotar um “drone” exige um especialista; a Cooperação Aérea requer pilotos com uma compreensão abrangente da intenção do comandante em terra. Para ser eficaz, a Cooperação Aérea requer seres humanos na cena que podem pensar e tomar decisões que irão influenciar o resultado em terra de um ambiente caótico.
O filosofia do atual sistema de comando e controle centralizado, que enxerga as aeronaves principalmente como plataformas para fornecer apoio de fogo aéreo, em breve terá pouca utilidade para os pilotos de asa fixa. A tendência das Forças Armadas dos EUA é o uso cada vez maior de drones. E por que não? Drones podem prover CAS para situações previstas, bem como uma aeronave tripulada. Se você quiser algo mais da aviação de asa fixa além do apoio de fogo, um drone irá atender perfeitamente às suas necessidades.
No entanto, do ponto de vista da Cooperação Aérea há lacunas significativas que drones não podem ocupar. Os drones podem apoiar um número limitado de perfis de missão. Drones também exigem links de comunicação, que têm alcance e limitações de linha de visão e são suscetíveis a interferências. A falta de manobrabilidade torna os drones mais vulneráveis à defesa antiaérea. A exigência de emissões de rádio para o seu controle os torna mais vulneráveis às armas de interferência (jamming). Drones podem seguir determinadas rotas, mas eles não podem reagir bem a uma mudança de situação do solo. O piloto pode estar a milhares de quilômetros de distância, muitas vezes com pouca compreensão do esquema de manobra em terra, olhando para um monitor exibindo um estreito campo de visão.
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A terceira e última parte do artigo será publicada amanhã
É interessante notar também que, com a homogeneização da aviação de asa fixa em torno do F-35, o USMC perderá a função FAC (A) – Forward Air Controller-Airborne.
Interessante que foram eles que inventaram o FAC(A) no Vietnã com o emprego do Cougar biposto, depois veio o A-4 biposto e atualmente empregam o F/A-18D (também biposto).
Sem uma aeronave biposta (não há F-35 de dois lugares) os Marines perderão mais esta capacidade, que ficará totalmente para a USN com o seu F/A-18F.
Os argumentos dos autores são bem sólidos. 🙂
Eles precisam do ST, fato. O problema é driblar o lobby da LM.
[]’s
Interessante o artigo, porém na atual conjuntura eu me pergunto: Pq então os Fuzileiros necessitariam de um piloto no ar, lento ou rápido, baixo ou alto, caro ou barato e toda a burocracia que o envolve, quando na atualidade, já é possível tomar o controle remoto e direto de aeronaves não tripuladas, que não cometem erros humanos de julgamento e muito menos são limitadas, em uma escala geral, pelas restrições do corpo humano? Poderia ser um ST por exemplo, como qualquer outra, porém dotado de um sistema de voo altamente automatizado, de sensores avançados, transmitindo e recebendo dados instantaneamente e… Read more »
Caro Blind Man’s Bluff
Esta parte do artigo explica exatamente os problemas do emprego de aviões não tripulados no campo de batalha.
O Super Tucano seria o “Elo perdido” entre o Global Hawk e o F-35.
Poderia ser um ST por exemplo, como qualquer outra, porém dotado de um sistema de voo altamente automatizado, de sensores avançados, transmitindo e recebendo dados instantaneamente e sob o controle dos homens em terra.
Sim, isso poderia ser feito como é feito com F-4 e F-16, mas qual seria a vantagem dele frente a um UCAV?
Realmente o ST em alguns casos seria um boa opção.
“Eles precisam do ST, fato. O problema é driblar o lobby da LM.” O único “fato” é que tanto os MARINES como o US ARMY, necessitarão de outra aeronave além do F-35, no que tange as missões de apoio tático e ataque ao solo, pois isto tb não pode ser proporcionado pelos drones disponíveis atualmente. Não da forma como explicada no artigo. O ST é somente um exemplo, nada além disto, daquilo que será realmente necessário pois a aeronave terá que sobreviver em espaço aéreo densamente contestado, e o ac da Embraer não é capaz de faze-lo. “O Super Tucano… Read more »
Para quem se interessar (eu odeio video-games….) já há um simulador do USMC com o Super Tucano A-29B.
“US Marines Embraer A-29B Super Tucano. A USMC NSAWC Embraer A-29B Super Tucano. Fictional repaint of a US Marines NSAWC Super Tucano. Requires the A-29B by Tim Conrad (A-29B_ST.ZIP). Repaint by Paul Barry.”
O link abaixo direciona a página para download:
http://flyawaysimulation.com/downloads/files/5442/fsx-us-marines-embraer-29b-super-tucano/
Sds.
Qualquer modo, o alto comando norte-americano vai poder ter muitas informações sobre a validade real do Super Tucano quando estes estiverem operando no Afeganistão.
Vamos ter que esperar um pouco ainda…. mas não muito.
Sds.
Ao menos para missões semelhantes aos requisitos do LAS da USAF…. em muito semelhantes as funções do USMC….. o ST é imbatível.
Fico com a opinião do Ed Timperlake do fórum “SLD – Second Line of Defence”…. quando analisa o resultado do LAS (ST vs AT-6);
http://www.sldforum.com/2012/01/the-latest-on-at-6-vs-super-tucano-time-to-bow-out/
Sds.
Baschera repare que o Super Tucano USMC ficional é justo do modelo biplace !!! Este artigo indica que não só o USMC quer o ST mas visa especificamente o modelo de 2 tripulantes que pode maximizar o desejado apoio com consciência operacional máxima advogado nesta tese de revalorização da Cooperação Aérea como uma volta aos valores tradicionais dos US Marines… O mais interessante é a forte consciência dos autores no texto de estarem na contra-maré de tudo que a doutrina americana tem como TOP FASHION MILITAR que é o Comando aéreo centralizado e o uso extensivo/abusivo/inevitável de DRONES e tem… Read more »
Gilberto, não sei se reparastes mas em outra parte do trecho os autores elogiam os drones quando utilizados, desarmados, em missões de ISR. Seria mais um ponto interessante de o USMC utilizar a variante biplace posto que o segundo tripulante, além de atuar como FAC, poderia também receber dados de drones para, em um aumento no mínimo BRUTAL da consciência situacional no campo de batalha, tomar as melhores decisões.
Caro HMS TIRELESS
Perfeita interpretação do texto.
Amanhã a terceira e última parte do artigo.
Lembro também caros Tireless e Poggio que a Força Aérea Indiana como outra força que tem uma doutrina fortemente defensora da superioridade militar dos caças biplace mesmo em arena ar-ar contra força aérea oponente. Além do que referiste no caso do USMC no caso de coleta de dados dos drones, Tireless, minha opinião pessoal sobre o futuro da aviação inclui o cenário obrigatório onde os drones terão papel importante mas não exclui as aeronaves tripuladas. Para mim o futuro das batalhas aéreas serão “COMBATES DE PASTORES DE OVELHAS” onde aeronaves tripuladas de dois ou três tripulantes combaterão como lideres de… Read more »
Poggio, a USAF usa os F-16 e A-10 monopostos para FAST FAC. Tem que voar em dupla para realizar a mesma missão, com o ala apoiando o FAC(A). Então o F-35 também poderá realizar a missão. Claro que um biposto é bem melhor.