sky, clouds, earth and ocean

Segundo matéria publicada na Flightglobal nesta segunda-feira, 8 de abril, a Boeing está mostrando uma versão atualizada de seu conceito de caça de sexta geração F/A-XX. A apresentação do conceito atualizado foi feita na “Navy League’s Sea-Air-Space Exposition”, que ocorre nesta semana na Capital dos Estados Unidos, Washington.

Trata-se de um caça furtivo bimotor, sem cauda, que segundo a Boeing oferece “possibilidades tripuladas ou não tripuladas para a Marinha dos EUA”. O projeto mostra difusores das tomadas de ar para regime supersônico que remetem aos encontrados no F-35  “Joint Strike Fighter” (veja abaixo imagem dos difusores do F-35).

Detalhe tomada de ar do F-35 - recorte de imagem da Lockheed Martin

O projeto também apresenta “canards”, o que surpreende pois, geralmente, considera-se que essas superfícies de controle comprometem a seção-reta-radar frontal de uma aeronave furtiva. Porém, a ausência de superfícies verticais na cauda  sugerem que o avião seria otimizado para uma furtividade todo-aspecto de grande banda, que seria necessária a operações nos ambientes de ameaças e negação de acesso mais exigentes.

A reportagem da Flightglobal também destaca a visibilidade traseira restrita devido à forma de instalação da cabine na versão tripulada. Assim, sugere que deva haver um auxílio de sensores como as seis câmeras de infravermelho do DAS (distributed aperture system) do F-35.

O conceito F/A-XX da Boeing é uma resposta a um pedido de informação (RFI) emitido em abril de 2012 pela Marinha dos EUA. Foi um pedido de dados para um substituto à frota de F/A-18E/F Super Hornet e EA-18G Growler da Boeing, para a década de 2030. Espera-se que a frota de Super Hornet atinja o final da vida útil de 9.000 horas por volta daquela década.

Segundo o RFI, trata-se de uma solicitação à indústria de “candidatos para soluções destinadas a aeronaves baseadas em porta-aviões de propulsão nuclear (CVN) para prover supremacia aérea com uma capacidade de ataque multitarefa em ambientes de operação em áreas  anti-acesso ou de negação de acesso (anti-access/area denied – A2AD). As missões primárias incluem, embora não estejam a elas limitadas, guerra aérea, ataque, guerra de superfície e apoio aéreo aproximado (AW, STW, SUW, CAS).”

Autoridades da Marinha dos EUA disseram, na ocasião, que esperavam que qualquer novo projeto do F/A-XX deveria aumentar bastante o alcance e capacidades cinemáticas em relação aos aviões táticos existentes.

FONTE / IMAGEM (via Boeing): Flightglobal (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em inglês)

FOTO DE BAIXO (detalhe dos difusores do F-35): Lockheed Martin

COLABOROU: Edgar

NOTA DO EDITOR: o caça sino-paquistanês JF-17 Thunder também apresenta difusores similares, posicionados à frente de suas tomadas de ar. Estes podem ser vistos nos recortes (detalhe) das fotos abaixo, do site do Pakistan Aeronautical Complex, que denomina as entradas de ar bifurcadas que apresentam essa solução aerodinâmica como “tecnologia BUMP“.

JF-17 - detalhe tomada de ar -  foto PAC

JF-17 - detalhe tomadas de ar - foto PAC

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ricardo_recife

E o Brasil patinando 16 anos por um caça de 4.5 geração. Quando o FX – II tiver chegado ao fim os EUA vão estar discutindo os conceitos da 9ª geração.

Abs,

Ricardo

andreas

Na boa, compra uns 60 F-18 E/F, e entra de parceiro na Boeing nessa desde já, e a gente pula da 4,5 geração para a 6ª!!!

Rafael M. F.

Adorei o design!

Mas, convenhamos: se o F-35 já está alcançando custos de desenvolvimento estratosféricos, imagine esse!

Marcos

É o nosso!!!

joseboscojr

Essa estória que aeronaves com canards tem RCS maior que aeronaves sem canards só serve se levarmos em consideração unica e exclusivamente as técnicas de forma e num mesmo desenho geral, com e sem canard. Se perguntarmos ao HAL 9000 qual o projeto de aeronave X que tem teoricamente maior RCS frontal, se a X-convencional ou se a X-canard, sem levar em conta de que é feito a aeronave como um todo e muito menos os canards, o sábio computar deverá dizer que o projeto X-canard tem um RCS maior. Já se perguntarmos ao mesmo HAL 9000 qual a aeronave… Read more »

Rafael M. F.

Fernando,

Taí um exercício bom de raciocínio: em quais itens um 6G teria que ser superior a um 5G?

– furtividade?
– armamento?
– processamento em rede?
– Inteligência Artificial (tomada de decisõea autônoma)?
– desempenho?

Baschera

E o F-35C ??

Teoricamente também teria mais ou menos 9.000 horas de voo…. na UsNavy.

E continuam apostando em design stealth….

Agora, sem estabilizador vertical…. sei não.

Sds.

Baschera

Nunão,

Com a “diminuição” das verbas totais dos orçamentos, nos próximos anos, eu já li (não lembro onde…) que seria mais lógico os Super Hornet substituírem aos poucos os Hornets…. e o F-35 ir tomando o lugar dos Super Hornet.

Comentava-se, inclusive, a probabilidade do número de carrier groups diminuírem de 11 para até 8 nos próximos anos.

Sds.

Penguin

Bechara, os F-35C nunca estiveram programados para substituir os SH. Eles serão complementares. Até pq a UNS iria comprar apenas 260 unidades.

joseboscojr

Rafael,
Se tem algo que tem que dar um salto qualitativo na aviação de caça é na propulsão.
Não duvido que esse será o item mais inovador na próxima geração.
Se levarmos em conta os saltos quânticos que a aviação de caça viveu desde a PGM até a velocidade supersônica na década de 50, que em cerca de 40 anos a velocidade e o alcance aumentou mais de 10 x, era para estarmos hoje convivendo com caças hipersônicas e alcance de bombardeiro.
Aposto minhas fichas em algum desenvolvimento heterodoxo da propulsão onde provavelmente a eletricidade tenha alguma participação.
Um abraço.

Marcos

A FAB participa até o dia 20 de abril do Angel Thunder 2013, maior exercício militar do mundo de resgate em combate (CSAR) e recuperação de pessoal. Organizado pela Força Aérea dos Estados Unidos, o treinamento reúne militares de mais de 15 países na Base Aérea de Davis Mountain, na cidade de Tucson, Estado do Arizona.
(Terra)

Marcos

Se até agora não decidiram sobre um 4ª geração, uma de 6ª geração vai ficar para quando Buck Rogers aparecer por aqui, em três mil e alguma coisa.

Nick

Gostei do projeto da Boeing. 🙂 É uma evolução dos designs do F-22/F-35, mas não uma revolução. Poderia se dizer que são um refinamento do design de 5ª geração, com complementos de uma atualização nas tecnologias de materiais, sensores, motores e computação. Se a FAB for de F-18E/F seria um potencial candidato para substituir os mesmos no futuro. Caro Baschera, É bem provável que a LM ofereça um Super F-35 para substituir os F-18E/F. Então teremos a proposta “conservadora” da LM versus a proposta de uma aeronave totalmente nova da Boeing. E claro para a proposta da LM ganhar força,… Read more »

Clésio Luiz

O uso de canards aumentar o RCS é uma lenda urbana. As pessoas olham para os projetos steath anteriores, não veem o dito cujo e quando surge o J-20 com o tais canards, logo é uma solução inferior e que aumenta o RCS… Agora a Boeing vai e coloca os tais canards e decepciona o xenófobos… O outro ponto interessante é a explicita exigência de maior desempenho cinético da aeronave. A USAF sabia nos anos 80 que a sobrevivência de uma aeronave no campo de batalha futuro não poderia ser apenas via furtividade. O F-22 nasceu com requerimentos completamente contraditórios… Read more »

joseboscojr

Clesão,
Troca o radar AESA por STOL pra completar os famosos “5 Ss”.
rsrsrsss

Leonardo

Com ou sem canards, não faz diferença é bem provável que no momento em que este caça estiver sendo de fato concebido e iniciando seus primeiros voos sua configuração seja até um pouco diferente, pois será no mínimo por volta de 2027 ou mesmo depois de 2030 e a furtividade como temos hoje talvez não tenha mais valia.

Baschera

Vejam, por exemplo, notícia de hoje do “aperto” em que está sendo submetida a USAF….. com o corte de Us$ 591 milhões neste ano fiscal, nada menos que 44.000 horas de vôo (aproximadamente 18% do total antes programado) deverão ser cortadas, forçando a USAF a colocar inúmeros esquadrões (17 no total) em um nível de prontidão reduzida chamada “missão básica capaz”. Inclusive, cinco esquadrões de F-22 (94th, 27th, 3rdFW, 15thW e 49thW), sendo que o 94th Fighter Squadron — será groundeado amanhã, 9 de abril. Por isto, não acho fazer muito sentido (sob o ponto de vista estritamente financeiro) trocar… Read more »

joseboscojr

Clésio, Os requisitos dos caças de 5ªG mudam conforme o avanço da tecnologia. Quando o F-22 foi proposto não havia mísseis SRAAM de 4ª e 5ª G. Para o F-22 a superagilidade é importante tendo em vista que até hoje ele não tem um HMS e nem opera um míssil de 5ªG. Também o supercruise era importante dentre outras coisas porque já se vislumbrava o incremento de alcance proporcionado pelo radar AESA mas as versões iniciais do amraam tinham 50/60 km de alcance, mas podiam chegar a quase 100 km quando disparadas em velocidade supersônica e a grande altitude, possíveis… Read more »

joseboscojr

A crença em que canards aumentam o RCS tem fundamento na medida em que é mais uma superfície que deve receber um tratamento especial (na posição, na forma, no material de cobertura, na fabricação, etc) para não refletir o feixe do radar.
Já um estabilizador horizontal quando posicionado atrás da asa (como ocorre com o F-22 ou com o T-50) fica oculta pela mesma ao feixe de um hipotético radar.
Isso é tão natural quanto o fato que uma aeronave sem superfícies verticais tem RCS frontal e lateral menor que uma que tem 1 ou 2 estabilizadores verticais.

ricardo_recife

Os F-22 e F-35 terão vida muito longa. Quando um de sexta geração estiver começando a sair da fabrica será bem diferente dos esboços de hoje. Imagino um avião capaz de voar em supercruise a maioria do tempo, capaz de se comunicar com tudo em volta, levar internamente vários tipos de armas, comandar VANTS como BAE Taranis e talvez até armas laser. Quem sabe onde a tecnologia e a inventividade poderão levar os engenheiros militares.

Abs,

Ricardo

G-LOC

O RCS é a soma da reflexão de cada parte. Um F-22 deve ter várias centenas de planos, bordas, quinas e frestas que emitem o RCS. Cada um é muito baixo em uma aeronave projetada para ser furtiva (ou muito alto em uma direção). Um Canard ou estabilizador deve ter uma duzia desses emissores. Esconder o estabilizador atrás das asas so serve para radares exatamente na frente da aeronave. Do ponto de vista aerodinâmico, o estabilizador deveria estar abaixo da asa (como no F-15) e o canard acima das asas (como no Gripen). Em uma aeronave furtiva tem que estar… Read more »

Almeida

Sério que tem alguém aqui sonhando com isso na FAB? Mesmo que o Prasil Putenfia se torne realidade ate 2030, essa criança aí não será oferecida pra fora, como o F-22.

Rafael M. F.

“Rafael, Se tem algo que tem que dar um salto qualitativo na aviação de caça é na propulsão. Não duvido que esse será o item mais inovador na próxima geração. Se levarmos em conta os saltos quânticos que a aviação de caça viveu desde a PGM até a velocidade supersônica na década de 50, que em cerca de 40 anos a velocidade e o alcance aumentou mais de 10 x, era para estarmos hoje convivendo com caças hipersônicas e alcance de bombardeiro. Aposto minhas fichas em algum desenvolvimento heterodoxo da propulsão onde provavelmente a eletricidade tenha alguma participação. Um abraço.”… Read more »

Vader

Até essa geração se tornar viável tem água pra caramba pra passar embaixo da ponte. Ainda acho que a 6a geração será totalmente não tripulada; isso se não for autônoma.

Ivan

High & Low Mix deve continuar na US Navy:

– Super Hornet & Hornet;

– Lightning II & Super Hornet;

– F/A – XX & Lightning II.

Sds.,
Ivan.

Mauricio R.

Bela separação de propulsores, a estabilidade relaxada dessa aeronave deverá ser absurda.

Ivan

Para discutir o que será a 6ª geração dos caças é importante lembrar o que define a 5ª geração, que tem apena o Raptor com exemplo pronto e plenamente operacional nos esquadrões. Os demais estão firmemente a caminho da linha de frente, com seus programas em diversas etapas. Existe um entendimento geral que o Lockheed F-22 Raptor lançou as bases conceituais de um caça de 5ª geração, tanto é que foram adotados pela Força Aérea Russa em 2001 ao formular os requisitos do Programa PAK-FA. São os chamados 5 ‘S’, como Bosco lembrou, simplesmente as iniciais em inglês de: –… Read more »

Ivan

Em tempo.

Versões não tripuladas para operar em rede com versões tripuladas é outra característica provável de uma possível 6ª geração de caças.

Sds.,
Ivan.

Ivan

Maurício,

Possivelmente a “separação de propulsores”, a “estabilidade relaxada” e os canards serão determinantes para uma supermanobrabilidade surpreendente.

Mas o que será feito para que o piloto suporte a força G resultante?

Abç.,
Ivan.

Rafael M. F.

“Mas o que será feito para que o piloto suporte a força G resultante?”

Ele poderia ser suprimido, dependendo do perfil da missão?

Ivan

Rafael,

Sim, há estudos para versões UCAV (VANT-C).
Possivelmente veremos no futuro pacotes de combate combinando aeronaves tripuladas e não tripuladas.

Abç.,
Ivan.

Rafael M. F.

Uma coisa que sempre me vem à cabeça na questão do UCAV:

como é feita a segurança da transmissão de dados? como impedir um hacker de invadir a rede e alterar o perfil de missão de um UCAV?

Pergunto isso porque me parece que a segurança de rede será um problema que só se agravará nos próximos anos.

Rafael M. F.

E toda vez que ouço a palavra “segurança de rede”, me lembro de Kevin Mitinick, que já causou muita dor-de-cabeça ao DoD.

Rafael M. F.

Escrever no teclado de um smartphone é brabo…

Se eu estiver fugindo muito ao tema, me avisem. Mas é porque acredito que a segurança de rede será o calcanhar-de-aquiles da 6G.

Vader

Rafael M. F. disse: 9 de abril de 2013 às 12:31 O caça (me refiro a CAÇA, não a aeronave de ataque e outras missões) de 6a geração será necessariamente em larga medida autônomo e assim prescindirá de uma transmissão de dados hiper-ultra-mega-segura, ao menos para tal missão. Isso porque por melhor que seja a transmissão de dados ela possui um delay de alguns instantes, tempo de reação este que pode ser fatal em um combate aéreo aproximado, tornando este inviável. O multirole futuro deverá ser programável para executar missões de ataque pré-agendadas, com algum grau de autonomia para decidir… Read more »

Almeida

Ninguém percebeu a principal mudança do conceito/desenho anterior pra esse?

Antes o projeto era biposto, agora monoposto. Seguindo a tendência norte americana de novos caças monopostos e com tecnologia de sobra para deixar ao piloto somente as tomadas de decisão.

Rafael M. F.

Vader disse: 9 de abril de 2013 às 13:38 “O multirole futuro deverá ser programável para executar missões de ataque pré-agendadas, com algum grau de autonomia para decidir in loco se os alvos ainda se encontram na mesma situação para a qual foi programado; deverá ser pilotado remotamente para missões CAS, CAP e etc. Mas igualmente deverá ter grande autonomia para combate aproximado, ou seja: na hora do dogfight o piloto remoto deverá se tornar espectador, a partir da confirmação da ameaça deixando para o caça a decisão de manobras e utilização de armas.” Felipe, estou de acordo. A minha… Read more »

Ivan

“Escrever no teclado de um smartphone é brabo…” Imagine então controlar um caça de alto desempenho a partir de uma (ou múltiplas) telas de computador com o delay normal dos links. Rafael, Tirar o piloto do avião já foi feito. A questão é o tempo de reação e sensibilidade do piloto que saiu junto com ele. . __________ . “Antes o projeto era biposto, agora monoposto…” Almeida, Há uma excelente matéria sobre este assunto na revista nº 5 ou 6. Acredito que a tendência é usar o avanço da capacidade computacional e até mesmo da inteligência artificial para substituir o… Read more »

Vader

Minha gente, não estou falando em AI, mas em autonomia de decisões com base num programa bem escrito, que já é mais que o suficiente para decidir 99,99% dos casos num combate.

AI irá ficar para a próxima geração (7a?)…

Rafael M. F.

Sei que não será possível, mas gostaria de estar aqui pelos próximos 100 anos só para poder ver o progresso da engenharia aeronáutica.