Lockheed Martin promete F-35 à Coreia por menos de US$ 125 milhões cada

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F-35A de testes com portas das baias abertas - foto Lockheed Martin

Custo unitário de 125 milhões de dólares é do quinto lote de produção do F-35 – a Coreia do Sul, caso escolha o caça, receberia os seus exemplares três anos depois, com ganhos de produção diminuindo o preço

O ceticismo vem crescendo nos Estados Unidos sobre o programa de aquisição do F-35, que já está estimado em 60 bilhões de dólares, enquanto alguns acreditam que o projeto só é mantido devido, em parte, aos mais de 130.000 empregos nos EUA que dependem dele. Essas preocupações também atingem a Coreia do Sul, que tem um programa de aquisição de caças onde o F-35 é um dos três candidatos. Questões orçamentárias dos Estados Unidos poderiam levar ao atraso ou cancelamento de pedidos desse novo jato de quinta geração, influenciando o programa sul-coreano em preço, capacidades e prazo de entrega.

O programa F-X III da Coreia do Sul visa obter 60 caças de alta tecnologia, porém acessíveis, com entregas aos esquadrões iniciando em 2016. Além do F-35 da norte-americana Lockheed Martin, competem o F-15 Silent Eagle da Boeing, também dos EUA, e o Typhoon do consórcio europeu Eurofighter, representado no programa pela EADS. Espera-se uma escolha do vencedor em meados deste ano.

Dave Scott da Lockheed Martin - foto The Korea HeraldDave Scott, diretor de Desenvolvimento de Negócios Internacionais do F-35 da Lockheed Martin, afirma que o F-35 será entregue dentro do cronograma, e destaca que a Coreia do Sul vai se beneficiar dos investimentos que os Estados Unidos e outros oito países parceiros estão fazendo no programa dessde 2001. Segundo Scott, a empresa está ampliando a produção na medida em que amplia encomendas e entregas.

O executivo também rechaçou notícias sobre altos custos unitários, em que alguns dizem que o valor de cada F-35 seria de aproximadamente 190 milhões de dólares, tornando impossível que a Coreia atenda à sua meta de adquirir os novos caças por um total de US$ 7,48 bilhões. A respeito disso, Scott afirmou: “O custo da versão A (da Força Aérea) no quinto lote de produção (em 2013) é de aproximadamente US$ 125 milhões. A Coreia vai comprá-los, potencialmente, três anos depois em sua compra inicial. Assim, você pode ter uma ideia de que já estamos bem abaixo de qualquer número que vem sendo discutido a respeito de nossos atuais contratos com o Governo dos EUA.”

Scott enfatizou que o ano de 2016, quando a Coreia do Sul deseja começar a receber seu primeiro lote, se encaixaria exatamente “no ponto mais suave da curva de custos”, pois naquele ano a produção em massa colocaria abaixaria o preço.

A diferença entre teto de preço, incluindo peças, treinamento e apoio, e preço unitário:

Nas semanas que antecedem a proposta de preços para a Coreia, a Lockheed Martin vai notificar o Congresso dos EUA sobre o preço do programa F-35 sul-coreano. Não vai se tratar apenas de um valor unitário, mas de um “teto de preço” que inclui sistemas de apoio, peças de reposição e treinamento, disse o executivo. “É um valor teto e o preço real (unitário) é parte dele. O valor real nas negociações (com a Coreia do Sul) vai começar num nível mais baixo e diminuir daí para a frente”, reforçou Scott, alertando a imprensa para não confundir isso com o preço da aeronave.

Linha de montagem do F-35 em Forth Worth - foto USAF via The Korea Herald

Porém, a Coreia se preocupa, no caso de uma aquisição do F-35, em revisão dos planos de aquisição por parte de nações parceiras como a Dinamarca, pois cancelamentos poderiam elevar o preço. Scott admitiu que haveria um impacto caso houvesse mudanças “substanciais” nos planos de encomendas dos Estados Unidos e de países parceiros, mas disse que os “compromissos” dos EUA e dessas nações quanto ao programa F-35 permanecem firmes. Ele acrescentou: “Se houver uma mudança na encomenda de 2.443 aviões (pelos EUA), isso ocorrerá muitos anos no futuro e, de qualquer forma, bem depois que a Coreia comprar seus caças.”

Scott também disse que a IOC (capacidade de operação inicial – initial operational capability), quando fases de testes e treinamento inicial para atingir a capacidade de combate forem cumpridas, deverá ser declarada “em alguns anos – algo próximo a 2015 ou 2016”. Sobre a controvérsia de que a tecnologia de furtividade é “instável e não confiável”, o executivo da Lockheed Martin fez menção ao ambiente estratégico regional, onde China, Japão e Rússia estão fazendo a transição para caças furtivos de quinta geração: “Não se esqueça do ambiente de ameaças, dos avanços sendo realizados em sistemas de mísseis superfície-ar e do desenvolvimento de aeronaves de quinta geração pela China e pela Rússia, representando sérios problemas para as frotas existentes de F-15, F-16 e F-18.”

FONTE / FOTOS: The Korea Herald (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em inglês)

FOTO DO ALTO: Lockheed Martin

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Vader

Pode a canalha aí afora se debulhar em lágrimas à vontade: o F-35 A a US$ 125 milhões JÁ É uma pechincha, se se levar em conta que um Rafale de 4a geração custa sem dúvida alguma mais do que isso (€101 milhões na melhor das hipóteses, ou seja, US$ 129 milhões). Mas a boa notícia nem é essa. A boa notícia é que o F-35 ainda está em “low rate initial production” (LRIP), ou seja: ainda se está em um lote pré-entrada em linha de montagem. Quando os caças realmente de linha começarem a ser montados a tendência é… Read more »

Corsario137

Esse é um negócio bem interessante. Vejamos… Inegavelmente a CS está em um contexto militar complexo, com ameaças claras e diretas (Coréia do Norte), com ameaças de potencial menor, porém de vizinhos de grande poderio militar (China e Rússia), e até seu aliado (Japão) já foi dor de cabeça no passado e ficar atrás dele não é uma situação, digamos, confortável. Porém, todavia, contudo, sendo bem pragmático… A única ameaça real de guerra que a CS sofre é por parte da CN, e para isso, tanto a aviação atual como o concorrentes de 4,5++ (se é que isso existe) F-15… Read more »

Soyuz

Canalha se debruçar em lagrimas? Não entendi Vader. Quem tem criticas ao programa F-35 é canalha?

Almeida

FX-I e FX-II foram de F-15K. Duvido que o FX-III seja diferente, por conta da logística. Se pegarem o F-15SE ainda poderiam modernizar as células anteriores no mesmo padrão, mantendo sua capacidade na próxima década.

O F-35A seria bem vindo no projeto seguinte ao FX. Seria, porque os sul coreanos já estão bem comprometidos com seu projeto local, fechando parcerias com Indonésia, Turquia e quem mais vier. E eles tem capacidade técnica e vontade política de sobra para que seu próximo caça seja indígena.

Vader

Soyuz disse:
27 de março de 2013 às 15:07

Prezado, me referi às gentes de outros pedaços, não a ninguém daqui. Tanto que coloquei o “aí afora”.

Sds.

Vader

PS: aqui as críticas ao F-35 são, em geral, fundadas e realistas.

Por aí afora é só lixo ideológico.

Mayuan

Prezados amigos, com todo o respeito devido. Não sou nenhum Professor Pasquale mas vamos pesquisar rapidamente antes de usar algumas palavras que parecem estar traduzidas corretamente sem estar. Push não é puxe assim como pull não é empurre. Grande abraço.

Mauricio R.

OFF TOPIC…

…mas nem tanto!!!

Duas notícias a respeito dos F-35:

a) a má notícia:

O plano “B” da US Navy p/ o F-35C:

(http://www.wired.com/dangerroom/2013/03/navy-stealth-plan-b/?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+WiredDangerRoom+%28Wired%3A+Blog+-+Danger+Room%29&utm_content=Google+Reader)

b) a boa notícia:

Cingapura, aquele pequeno país da Ásia, que esculhambou o Typhoon, humilhou Le Jaca e mostrou que o “quarentão” F-15 ainda manda mto bem, deve anunciar em breve os primeiros 12 F-35B de um total de 75 exemplares:

(http://defense.aol.com/2013/03/25/singapore-poised-to-announce-purchase-of-12-f-35bs/)

Soyuz

Entendo Vader, se o colega me permite uma critica. Frases como esta; “Pode a canalha aí afora se debulhar em lágrimas à vontade” Dividem o mundo entre “nós e eles” quase sempre sem dizer claramente quem são “eles”. Este tipo de expediente também costuma ser utilizado por outros lideres. (risos) “É uma crise causada, fomentada, por comportamentos irracionais de gente branca, de olhos azuis, que antes da crise parecia que sabia tudo e que, agora, demonstra não saber nada” “Crise? Que crise? Pergunta para o Bush” “‘Só existe uma possibilidade de me derrotarem: trabalhar mais do que eu. Se ficar… Read more »

Grifo

Senhores, um tanto off topic mas dentro do mesmo contexto.

Depois das ameaças feitas pela Coréia do Norte, a Embaixada Americana na Coréia do Sul deu uma twittada assim, como não quer nada:

https://twitter.com/usembassyseoul/status/317148090576543744/photo/1

Acho que os norte-coreanos entenderam o recado.

Mayuan

Prezado Nunão:
Achei que seria indelicado corrigir o amigo Almeida no seu comentário sobre o próximo caça ser indígena. Na verdade a palavra não se aplica se estiver sendo comparada com indigenous. Ainda assim, como todos entenderam que ele queria dizer caça local, nacional, etc… lancei só um toque sutil.

Roberto F Santana

Muito boa a observação do Mayuan. É preciso tomar cuidado com traduções literais, a palavra “indígena” em português só tem um sentido, se relaciona a povos; já indigenous, de acordo com o Oxford Dictionary, significa “pertencente a um lugar particular em vez de vir de outro lugar”. Eu diria que o mesmo se aplica à expressão “state of the art”, que assume um signigficado, ou melhor um sentido, completamente diferente em português, nos países de língua inglesa é expressão antiga e bem enraizada no idioma, se nós a incerirmos em textos de língua portuguesa acaba com o entendimento do texto,… Read more »