Heroísmo ou milagre
A história do bombardeiro americano da II Guerra que, mesmo quase destruído, conseguiu voar por 2,5 horas e aterrissar com seus 10 tripulantes incólumes
Já se foram quase sete décadas após o fim da II Guerra Mundial (1939-1945), mas episódios incríveis ocorridos durante aqueles tristes anos continuam a ser revelados com o passar do tempo.
Um dos mais recentes é sobre a saga de um bombardeiro quadrimotor americano B-17 – conhecido também como “Fortaleza Voadora”, desenvolvido pela Boeing – que, mesmo atingido em cheio numa colisão aérea por um avião de guerra alemão sobre a região portuária de Túnis, capital da Tunísia, conseguiu a duras penas voar por duas horas e meia e aterrissar em uma base de emergência dos Aliados na Argélia sem que nenhum de seus dez tripulantes sequer se ferisse.
O caso gerou a fotografia que abre este post, uma das mais famosas entre as que registram a participação dos EUA na II Guerra, e que mostra a aeronave voando em frangalhos.
Carta-Segunda-Guerra
Pedaços de avião alemão
O choque aéreo ocorreu em 1º de fevereiro de 1943 nos céus da Tunísia, no curso da ofensiva dos Aliados contra as forças do marechal-de-campo alemão Erwin Rommel atuando no Norte da África. Um avião alemão, cujo piloto provavelmente estava ferido, perdeu o controle e atingiu a fuselagem do B-17, apelidado All American e pilotado pelo tenente Kendrick R. Bragg, do 414º Esquadrão de Bombardeiros dos EUA. O avião alemão partiu-se em dois, e alguns de seus pedaços foram parar no B-17.
Naquele momento, justo após a colisão, o estabilizador esquerdo horizontal do avião se encontrava totalmente destruído, os dois motores direitos não funcionavam, litros de combustível vazavam, a fuselagem praticamente se cortara ao meio, os sistemas elétrico e de oxigênio se danificaram e, na parte de cima, havia um buraco de 5 metros de comprimento por 1,5 de largura.
Paraquedas improvisados
Sam T. Sarpolus, atirador posicionado na cauda, ficou preso porque a extremidade já não tinha mais uma ligação no solo com o resto da aeronave. Com a ajuda de outro atirador, Michael Zuk, ele utilizou partes do avião inimigo e dos paraquedas da tripulação para evitar que a cauda se desprendesse.
Mas, graças a um cabo que ainda funcionava e a cauda que ainda se inclinava, o All American continuou voando e bombardeando seus alvos alemães no Norte da África. Faltava, no entanto, conseguir retornar em direção à segurança da base aliada.
Aterrissagem
Milagrosamente, o B-17 voou, perdendo lentamente altitude, por quase 120 quilômetros até chegar à base na Argélia. No caminho, ainda foi atacado por outros dois aviões alemães, mas conseguiu responder abrindo fogo – com dois de seus atiradores mantendo a cabeça para fora do buraco, metralhadoras em punho – e escapar. Na parte final do trajeto, recebeu escolta de alguns P-51 aliados. Cliff Cutforth, tripulante de um destes aviões, tirou o famoso retrato que abre este texto.
Havia ainda um último obstáculo: com cinco dos paraquedas utilizados improvisadamente para que o B-17 prosseguisse no ar, metade dos ocupantes não teria como saltar. Duas horas e meia após a “trombada” nos ares, o tenente Bragg conseguiu, assim, aterrissar o que sobrava do All American em uma base de emergência.
Inacreditavelmente, nenhum dos militares americanos estava ferido.
*A dica para este post veio do fiel leitor do blog José Carlos Bolognese, que sempre contribui com excelentes pautas.
FONTE: Coluna do Ricardo Setti
Lá na coluna do Ricardo Setti tem até comentário do filho do Moreira Lima.
Heroismo ou milagre ? Acho q inteligência e frieza !!!
Usar os paraquedas para dar uma maior resistência estrutural, pode ter sido decisivo…
Excelente post!
Maravilha de matéria!
Não houve um outro B-17, na zona do pacífico, que foi atacado por vários e vários caças japoneses e conseguiu retornar? Se não me engano era uma missão de reconhecimento.
Parafraseando o ator do filme Aeroporto 1970: “Agradeça a Robert Boeing”…
Grande abraço