F-X2: Boeing propõe ampliar projeto para vender caças

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Empresa fala em ‘potencial adicional’ na transferência de tecnologia se o Brasil optar pela compra dos F-18 americanos

O pacote de transferência de tecnologia dos caças F-18 Super Hornet ao Brasil poderá ser “ampliado” à medida que sejam aprofundadas a cooperação e a confiança entre os governos dos Estados Unidos e do Brasil e entre as companhias dos dois lados envolvidas no projeto.

Segundo o vice-presidente do Programa Boeing F/A-18, Mike Gibbons, o mesmo tratamento foi dado pela companhia aos seus atuais clientes desse segmento de defesa. “O Brasil e os EUA precisam um do outro. Os EUA precisam do Brasil para estar seguros. Por isso, se o Brasil comprar os F-18 Super Hornet e se tornar um aliado dos EUA, a parceria e a confiança mútuas vão se expandir e a transferência tecnológica será estendida para um potencial adicional”, disse Gibbons ao Estado. “A transferência tecnológica para os nossos atuais clientes está em contínua ampliação, à medida que aumentam a parceria e a confiança dos dois lados”, afirmou.

Desde o ano passado, a Boeing tem demonstrado forte interesse em ampliar negócios com o Brasil. Abriu escritório em São Paulo, enviou como representante a ex-embaixadora americana em Brasília Donna Hrinak e, recentemente, fechou acordos com a Embraer para o aperfeiçoamento do A-29 Super Tucano e para apoio nas vendas do cargueiro KC-390 aos EUA e a outros países.

A Boeing também fechou parceria com a AEL, subsidiária no Brasil da israelense Elbit Systems, para fornecer novas telas do painel de controle para os seus caças – inclusive os eventuais F-18 que venham a ser entregues ao Brasil. A companhia americana faz dessas parcerias exemplos da cooperação que pretende manter, seja como fornecedoras de peças ou parceiras na concepção de futuros aviões.

 

“O Brasil tem a opção de construir o seu próprio caça. Mas oferecemos uma melhor oportunidade para suas empresas que vierem a construir componentes, já em fase de desenho, para os novos Super Hornet e outros projetos futuros da Boeing”, afirmou Gibbons. “Esse é um trabalho de alta qualidade e mais durável. Os americanos querem ainda oferecer melhor valor agregado para o desenvolvimento de novas aeronaves.”

‘Irrestrito’. A rigor, a promessa de transferência tecnológica americana não traz o adjetivo “irrestrito”, presente na oferta da concorrente francesa Dassault com seus caças Rafale. A qualificação pesou na disposição do então presidente Luis Inácio Lula da Silva de dar preferência à França em 2009.

O compromisso americano está escudado sobretudo na palavra do presidente dos EUA, Barack Obama, que concorre à reeleição em novembro. Em visita ao Brasil, em abril passado, o secretário da Defesa, Leon Panetta, garantiu a ampla transferência tecnológica, inclusive nas áreas sensíveis, se o governo Dilma Rousseff optar pelos Super Hornet – mas a palavra final pertence ao Senado americano.

Na opinião de Gibbons, o Senado não teria como recuar. A Boeing, ressaltou ele, estaria preparada para iniciar a produção assim que fosse fechado o pacote de produção industrial. “Estamos prontos este ano, se for preciso”, afirmou Gibbons, sem deixar transparecer o desapontamento da Boeing com o novo adiamento – desta vez para o fim do ano – da decisão de Brasília sobre todo o projeto. A expectativa era de anúncio do vencedor em junho.

No mês passado, o ex-chanceler Celso Amorim extraiu dos três concorrentes do FX2 – além da Boeing e da Dassault, a sueca Saab – a promessa de congelar suas ofertas de venda até 31 de dezembro. O anúncio deve ser feito antes dessa data.

FONTE: Estadão (Denise Chrispim Marin, correspondente em Washington)

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Latino dark

Realmente esses yankes sabem seduzir ,,até dezembro vamos receber muitas vantgens ,quero ver os comedores de escargot verem suas chances cada vez menores ..

sds GO Vespão !!!!

Mauricio R.

“A Boeing também fechou parceria com a AEL, subsidiária no Brasil da israelense Elbit Systems, para…”

Na mídia estrangeira especializada, a AEL nem citada é, o acordo é mesmo c/ a Elbit.
E dado o precedente de Israel haver sem o consentimento explícito dos americanos, negociado certos produtos e tecnologias, c/ a China PRC, os controles sobre ToT neste caso deverão ser extremamente rígidos.

Clésio Luiz

Apesar de ter vendido centenas de unidades para a USN, o Super Hornet é um fracasso no mercado mundial. Vendeu apenas 24 unidades para os australianos e ainda assim, no nada glamouroso papel de caça tampão, até a chegada do F-35. Foi derrotado em todas as concorrências que participou, e não é o favorito nas que ainda está a concorrer. O seu antecessor, vendeu relativamente bem num mercado dominado pelo F-16 e chegou até a derrotá-lo em concorrências onde o F-16C, que podia disparar mísseis de médio alcance e que era a principal vantagem sobre do Hornet sobre o F-16A.… Read more »

Guilherme Poggio

As linhas de produção dos caças legacy não devem ir muito longe se novas encomendas não aparecerem em breve.

A do SH, pelos contratos atuais, acabará em 2014/2015. O F-16 também não vai muito mais do que isso. O fim do túnel do F-15 no momento é o término da produção dos caças para a RSAF.

Corre-se o risco de os EUA entrarem na próxima década com um único caça em produção: o F-35.

Optimus

“…a linha de montagem do Super Hornet vai fechar antes da do F-15…”

Exatamente! Por isso minha campanha solitária: F-15 Silent Eagle no FX-2 JÁ!!! 😛 rs

Optimus

Fora a brincadeira… Isso só mostra a miopia de nossos governantes… O que não se poderia conseguir dos americanos nesse tempo de crise simplesmente assimilando boa parte dessas linhas de produção que estão pra se encerrar… centenas de F-15, F-16 para FAB e F-18 pra MB (além de alguns C-17 e Poseidon..) ainda com uma excelente ToT e uma parceria de verdadeiros aliados em diversas áreas tecnológicas que tanto no passado “implorávamos”… e agora que temos, não faremos por “birrinha ideológica” – o Brasil não perde a oportunidade… de perder oportunidades!

Sds.

Baschera

Como as entregas do último contrato assinado com a Boeing (MYP III) terminam no final de 2013, eu proporia uma oferta arrasa quarteirão aos americanos :

– Proporia adquirir os direitos de produção do SH e assinaria um contrato de produção de 36 unidades nos USA e o restante até chegar em 120 unidades no Brasil.

Aprenderíamos muito, teriamos um bom vetor por muitos anos, e futuramente, baseados neste expertise….. desenvolveríamos nosso próprio vetor posteriormente.

Dúvido que eles se negassem….. e para nós seria melhor do que nada ou esta enrolação “ad eternum” do Fx-2.

Sds.

Guilherme Poggio

Mas Baschera, você está partindo do pressuposto de que não haverá novas encomendas do SH.

Do jeito que anda o projeto do F-35 naval eu tenho minhas dúvidas.

Tadeu Mendes

Optimus,

O F-15SE seria uma excelente opcao. Mas quem sabe a Boeing nao estaria pensando em 36 unidades de SH padrao para a FAB, e o restante seriam os SH Roadmap???