Cadê aquele F-5B que estava aqui? O Mirage comeu!
Esta série de fotos tiradas nesta última terça-feira, 1º de maio, mostra um novo monumento na capital paulista. Trata-se de um caça F-103 E (denominação da FAB para o Mirage III E) “espetado” na frente do Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMA-SP), localizado na Zona Norte da cidade.
Em 16 de outubro do ano passado, quando foi realizado o último evento de Portões Abertos no PAMA-SP, havíamos fotografado outra aeronave ocupando o mesmo local. Era um F-5B que recebeu a pintura que caracteriza os caças F-5 E/F modernizados da FAB, que pode ser visto na foto ao lado (embora obviamente não se tratasse de um caça modernizado – para mais detalhes, veja primeiro link da lista ao final).
Segundo militares que servem no PAMA-SP, o F-5B ocupou aquele espaço até quase o mês passado, quando foi recolhido para dentro do Parque de forma que este novo monumento ao Mirage, o primeiro caça supersônico da FAB, pudesse ser instalado. Clique nas imagens para ampliar e apreciar as belíssimas linhas desse “clássico” jato, esguio, elegante e de asas em delta, mostrado com dois tanques externos de 600 litros cada, de configuração aerodinâmica adequada ao voo supersônico.
Também pode ser vista a posição dos dois canhões de 30 mm do caça, na parte de baixo das duas tomadas de ar. E também os dois “canards” ali perto, na parte de cima dessas mesmas tomadas. Na parte inferior do nariz do caça, praticamente sob o piso da cabine, está o domo do radar de navegação, que aponta para baixo, e que fazia parte de uma série de diferenças do Mirage IIIE em relação ao IIIC (embora clientes pudessem adquirir a aeronave sem algumas características, como esse radar) que aprimoravam a capacidade de navegação e operação em qualquer tempo. Isso transformava essa versão mais nova num caça capaz de cumprir outras missões como ataque ao solo, ao invés de ser um caça voltado unicamente para combate aéreo e interceptação, como a versão mais velha. O motor era um pouco mais potente e a capacidade de combustível também era superior, devido a uma extensão da fuselagem do IIIE (mantida nos demais representantes da “família” Mirage III), que também ampliava o espaço para aviônicos.
Voltando ao monumento: como diz a placa junto à aeronave exposta, trata-se de uma “homenagem da Força Aérea Brasileira à Cidade de São Paulo e ao Bairro de Santana, por ocasião dos 70 anos do Parque de Material Aeronáutico de São Paulo.” A inauguração foi feita feita há pouco mais de duas semanas, em 16 de abril, no mesmo dia em que foi realizada a cerimônia de passagem de comando do CELOG (Centro Logístico da Aeronáutica) e do PAMA-SP.
Sobre a passagem de comando, vale ressaltar que o CELOG passou a ser comandado pelo brigadeiro do ar Oswaldo Machado Carlos de Souza e o PAMA-SP pelo brigadeiro do ar Roland Leonard Avramesco, que receberam os cargos em cerimônia presidida pelo tenente-brigadeiro do ar Hélio Paes de Barros Júnior, comandante do Comando-Geral de Apoio (COMGAP). Os novos diretores sucederam, respectivamente, o major-brigadeiro do ar Paulo João Cury, que passou a comandar a Diretoria de Material Aeronáutico e Bélico (DIRMAB), no Rio de Janeiro, e o brigadeiro do ar Jorge Luiz Alves de Barros Santos, o atual Chefe do Estado Maior do IV COMAR.
Mas voltemos a falar da aeronave que foi “espetada” para servir de monumento. Pelas indicações na fuselagem trata-se do F-103E 4927. Fontes consultadas dão conta de que se trata de uma das duas aeronaves monopostas recebidas na segunda metade de 1988 dos estoques da Força Aérea Francesa (Armée de l’air) para repor perdas ocorridas nos 15 anos anteriores de operação do Mirage na FAB a partir de Anápolis, em Goiás. Ele fazia parte de um lote de seis aeronaves recebidas entre setembro de 1988 e abril de 1989 (dois F-103D – matrículas 4906 e 4907, e quatro F-103E – 4926 a 4929 – no contrato 11/12/DIRMA/87) e que inauguraram, segundo algumas fontes, a modernização para a configuração final, com os “canards” fixos próximos às entradas de ar, instalados para gerar uma turbulência sobre as asas que aprimorava a manobrabilidade, diminuía a velocidade de pouso e melhorava a estabilidade do voo a baixa altitude. Além dos canards, fontes consultadas destacam uma limitada atualização da aviônica.
Naquela época em que o 4927 era incorporado, esse programa de modernização abrangia, além dessas seis “novas” aeronaves recebidas entre 1988 e 1989, as oito remanescentes do lote original de dezessete* caças incorporados em 1973 (quatro F-103D bipostos – 4900 a 4903 – e treze F-103E monopostos – 4910 a 4922) e três restantes de outros cinco jatos recebidos usados da França entre 1980 e 1984 para repor perdas (dois F-103D – 4904 e 4905 – e três F-103E – 4923 a 4925).
Ainda que o Mirage IIIE tivesse capacidade de ataque ao solo superior ao IIIC desde o início, vale lembrar que por praticamente metade de sua vida útil os Mirage que operavam na chamada 1ª ALADA, que em 1979 foi desmembrada em 1º GDA (Grupo de Defesa Aérea) e em Base Aérea de Anápolis (BAAN), cumpriram basicamente a missão de interceptação. Foi a partir da modernização com os “canards”, que melhoravam a estabilidade da aeronave em perfis de voo mais baixos e adequados à missão de ataque, que o 1º GDA ampliou o seu leque de missões lançando bombas e foguetes não guiados para ataque ao solo, já na metade da década de 1990.
Até 1997, a FAB ainda receberia outros quatro Mirage III desativados da Força Aérea Francesa (dois F-103D – matrículas 4908 e 4909 – e dois F-103E, 4930 e 4931), chegando a um total de 32 aeronaves (17 novas e 15 usadas, seguindo a lista de matrículas*) recebidas ao longo de aproximadamente 25 anos, sendo que 14 foram perdidas em acidentes até a desativação da frota, em 2005, devido ao atrito operacional.
A facilidade da FAB poder receber aeronaves usadas da Força Aérea Francesa, para recompletar sua frota, pode ser atribuída ao fato do Mirage IIIE ter sido incorporado em maior quantidade que o IIIC nos esquadrões franceses (192 caças entregues a partir de 1964, contra 95 IIIC que operaram desde 1961), sem falar que toda a família Mirage III teve mais de 1400 aeronaves produzidas, a maior parte delas com a mesma motorização e fuselagem alongada do IIIE (a versão mais fabricada foi o Mirage 5, com mais de 500 produzidos para exportação, diferia do IIIE principalmente nos aviônicos simplificados terem sido instalados no nariz, liberando mais espaço para combustível na fuselagem – embora versões de alguns clientes tivessem praticamente os mesmos equipamentos do IIIE).
Mas falando especificamente na França, há dois pontos importantes que justificam a disponibilidade do caça poder ser adquirido “de segunda mão” ao longo de praticamente 17 anos pela FAB (entre 1980 e 1997). Um deles é a entrada em operação do Mirage F1, de desempenho superior, ao longo da segunda metade da década de 1970, levando algumas unidades francesas de Mirage IIIE a se reequiparem.
Porém, isso não significou uma desativação precoce do tipo na Força Aérea Francesa, pois o IIIE teve uma considerável “longevidade”. Um dos esquadrões que receberam o tipo na década de 1960, o “Navarre”, operou o IIIE até 1993 – praticamente 30 anos, o que ajuda a atestar a relevância do modelo para a defesa francesa pelo menos ao longo de toda a década de 1980 e até o início da seguinte, período em que boa parte do inventário do “Armée de l’air” já era composto por dois de seus sucessores (o Mirage F1 e o Mirage 2000). O reequipamento de algumas unidades francesas, lado a lado com o fato de servir por mais tempo em outras, tornou o caça disponível nas quantidades necessárias de segunda mão para cobrir o atrito na FAB ao longo de quase 20 anos. E o F-103E 4927 foi um desses caças.
Enquanto ainda operavam na FAB, dois dos caças já eram mantidos preservados na Base Aérea de Anápolis e, após a desativação, diversos vêm sendo transformados em monumentos ou destinados a museus. O “FAB 4927” é o mais novo integrante desses monumentos, e faz sentido que esteja adornando a entrada do PAMA-SP. Apesar da visão do público sobre a organização estar mais relacionada à manutenção pesada dos caças F-5, pois são eles os aviões vistos nos eventos anuais de “Domingo Aéreo” dentro do “Hangar Major Santos” sendo desmontados e remontados nas linhas de revisão, o F-103 também teve o apoio do PAMA-SP durante sua vida operacional. Diversos componentes do Mirage passavam por revisão no Parque, assim como peças de reposição eram produzidas pelo CELOG, do outro lado da pista do Campo de Marte.
Abaixo, um vídeo da FAB que conta um pouco sobre essas organizações e mostra a cerimônia de troca de comando no CELOG e no PAMA-SP, além da inauguração do monumento. Para saber mais sobre outros monumentos do Mirage e diversos assuntos relacionados, clique nos links da lista logo abaixo.
*NOTA: há fontes que consideram ser 16 o número de aeronaves recebidas novas de fábrica, o que também corresponde a reportagens de revistas da década de 1970 (veja os dois links finais da lista abaixo). Já outras falam em 17, por meio da contagem de 13 aeronaves monopostas que corresponderiam às matrículas 4910 a 4922. Em todas, o número total recebido, entre novos e usados, é o mesmo: 32 jatos, variando assim apenas em uma unidade a quantidade total de monopostos recebidos novos, e consequentemente a de monopostos usados, conforme a fonte. Os leitores que conheçam mais detalhes da história da aeronave na FAB podem ajudar a resolver o “mistério” dessa discrepância.
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Não sabia que os Mirage III brasileiros tinham capacidade de ataque ao solo.
E os Mirage 2000 que os substituíram, tem tal capacidade?
Desconfio que não.
Se não tiverem mesmo, fica ainda mais escancarada a burrice da compra destes “tampões” pelo semi-analfabeto que ocupou a cadeira da presidência.
Muito melhor era ter comprado 12 F-16 usados mesmo.
Observador, A capacidade de ataque ao solo dos Mirage III brasileiros era limitada ao que diz a matéria: aviônica adequada a navegação mais precisa e sistemas de mira da década de 1970. Bombas burras, foguetes não guiados, nada de armas de precisão. Até aí, os Mirage 2000 da FAB podem fazer a mesma coisa. A princípio é só uma questão de colocar bombas nos pilones, coisa que até o AT-26 Xavante também já fazia, assim como os F-5 originais, com suas miras simples. Desconheço se a versão dos aviônicos / radar dos Mirage 2000C/B da FAB tem capacidade além disso,… Read more »
O Mirage III, qualquer que fosse a versão, sempre pôde operar como aeronave de ataque. Israel usou os seus como ponta de lança na guerra de 1967, destruindo pistas e aeronaves inimigas nas bases aéreas árabes. A FAB tinha todo o conjunto de bombas e suportes para operar o Mirage IIIE como aeronave de ataque. E não posso afirmar com certeza se foram adquiridos logo no começo ou só depois. O curioso tanque de 500 litros com 4 suportes para bombas de 250kg está presente em várias fotos do Mirage na FAB. O motivo para não terem operado ele como… Read more »
Matrícula C/N Data de Entrega na FAB Observação F-103D 4900 18507 27 mar 1973 w/o – 20 nov 1980 – Anápolis (GO) F-103D 4901 2F/2A 29 mar 1973 F-103D 4902 18709 27mar1973 w/o-18ago 1981 – Anápolis (BAAN) F-103D 4903 18710 27 mar 1973 w/o-19 mar 1982-Natal (RN) F-103D 4904 BE271F/21A/BBR NR1 24 fev1984 Ex-Armée de l’Air F-103D 4905 18712 15 jun 1984 Ex-Armée de l’Air – w/o – 26/07/84 Petrolina (PE) F-103D 4906 DBR6 29 mar 1989 Ex-Armée de l’Air F-103D 4907 DBR5 29 jun 1989 Ex-Armée de l’Air-w/o- 15/02/90 Anápolis (GO) F-103D 4908 1997 Ex-Armée de l’Air F-103D 4909… Read more »
Pois é, Clésio. Se você contar todos os monopostos F-103E recebidos em 1973 seguindo essa relação de matrículas que você colocou (de 4910 a 4922), dá um total de 13 aeronaves, e não 12. E somando esses 13 com os quatro bipostos F-103D recebidos naquele ano (de 4900 a 4903), o total dá 17, e não 16. É só contar um a um. A não ser que meus olhos estejam me enganando ou essa relação de matrículas / anos (que eu também tenho aqui, inclusive em versão impressa num especial da RFA de 2003) esteja errada. PS – nesse assunto,… Read more »
É Nunão, você me pegou pelo pé nessa 🙂 Os dados são de um poster da RFA sobre o Mirage III na FAB.
Falando nisso, descobri uma pagina o site Milavia sobre a operação os Mirage no Brasil, e lá no finalzinho tem uma foto histórica, de um Mirage IIIE pousado numa estrada! Deve ter sido um pouso de emergência.
http://www.milavia.net/specials/fab_mirage/index.htm
Tem também fotos de um Mirage acidentado, provavelmente saiu da pista.
Já neste link abaixo, de um fórum paquistanês, várias fotos de Mirages de várias nacionalidades armados com todo tipo de armamento, inclusive o famoso “tanque porta bombas”:
http://www.defence.pk/forums/pakistan-air-force/44991-capabilities-paf-mirage-3-5-a.html
A lista do Clésio Luiz está correta,apesar de não dar mais detalhes. Fonte: “Latin America Mirages” de Santiago Rivas e Juan Carlos Cicalesi.
Em 73 a FAB recebeu 12 monopostos.
Nunca entendi o padrão de nomeclatura(para nomes) usado pela FAB. Por quê diabos F-103? O Rafale será o quê? O gripen, F-39? O Su-35, F-35??? Se os MIII tinham ou não capacidade de ataque ao solo, nunca saberemos, pois como de costume, não deve haver nenhuma imagem… http://www.milavia.net/specials/fab_mirage/fab_mirage_99.htm Pois é, parece acidente, e se os olhos não me traem, o trem dianteiro está dentro da canaleta? Para corroborar a propabilidade de que houve algum problema técnico com a aeronave, os postes estão bem ao lado da via, e a FAB não seria irresponsável a ponto de permitir treinamento de pouso/decolagem… Read more »
Amigos, boa tarde.
Foram recebidos realmente 17 no primeiro lote: 4 F-103D (00 a 03) e 13 F-103E (10 a 22).
Quanto àquela estrada, ela está dentro da Base Aérea de Anápolis e liga o pátio de estacionamento à área de ensaios de motores. Pelas características, parece que houve um pequeno incidente quando a aeronave estava sendo rebocada para aquela área. A situação específica é uma descida, e meu “chute” é que o garfo de reboque desconectou e o avião estava sem pressão hidráulica para utilizar os freios. Shit happens.
Abraços,
Justin
O 4922 foi recebido em 1980, foi o que interceptou o II-62 da Cubana, mais tarde foi pintado de preto, amarelo,etc; em comemoração aos trinta anos de serviço, “Louro José”
Pois é Roberto, o modo mais lógico de tentar resolver esse “mistério” é pesquisar uma das duas “pontas” da relação de monopostos supostamente recebidos em 1973, o 4910 e o 4922. O 4910 existe até hoje, preservado na BAAN na pintura inicial (prata / alumínio). Então ele serve como “prova” de que a matrícula dos monopostos foi iniciada em 4910 (embora, algumas vezes, uma aeronave possa ser pintada representando outra, mas acredito que não tenha sido esse o caso). Resta então pesquisar o 4922, que segundo o seu comentário, teria sido recebido em 1980. Para não depender apenas de documentos… Read more »
Prezado Nunão,
Minha fonte, que é o livro que citei acima,
diz que o contrato 05/COM/77 abrangeu do 4922 até o 4925.Quatro aeronaves.
O 4922 entrou em serviço em 26 de março de 1980 e foi retirado em 15 de dezembro de 2005.
Vale lembrar que o 1º ALADA mudou para o 1º Grupo de Defesa Aérea em 1979, antes da chegada do 4922.
De fato, Roberto, mas como essas coisas nem sempre têm sua efetividade imediata nas pinturas, como escrevi acima há uma foto do 4925 (que pelas fontes que estamos discutindo foi recebido em 1980), com o emblema da 1ª ALADA. Para quem coleciona a Revista Força Aérea, está na página 63 do número 27 (jun/jul/ago de 2002), que traz na capa justamente o “Louro José”. Interessante que, no seu comentário anterior, a data colocada de entrada em serviço do 4922 é justamente 26 de março de 1980, que nas fontes que eu e o Clésio estamos discutindo é a data do… Read more »
Outra coisa bem interessante.
Os Mirages brasileiros depois das modernizações, parecem ter recebido um corta chamas nos canhões (foto), se não me engano uma das modificações era do Defa 552 para o padrão 553 ou 554, mas acho que isso não foi feito.
De qualquer maneira acho que o III E original não tinha corta chamas.
Isso era para ser uma futura matéria no Poder Aéreo, mas tudo bem. Aqui vai minha sugestão para o que seria um upgrade muito bom nos anos oitenta.Todos esses disponibilizados pela Dassault. Remoção do Cyrano e do Doppler, no lugar o cone do F-1 AZ com sonda retrátil, mas sem radar Ainda, (coisa minha, isso não era oferecido). Válvula para abastecimento por pressão. Martin Baker Mk.10. Canhão Defa 554. RWR do Mirage F-1C ( os Mirage 50 venezuelanos tinham) Motor Atar 09K-50. Canard. Tanque do Mirage V atrás do piloto. Um par de Magic 550. Head Up display e inercial… Read more »
Roberto F Santana disse:
Aqui vai minha sugestão para o que seria um upgrade muito bom nos anos oitenta.
Caro Roberto
Essa sua sugestão está muito próxima da proposta Mirage ‘NG’
http://www.aereo.jor.br/2010/05/12/o-ng-da-dassault/
Amigos,
Algumas informações sobre a modernização que introduziu canards:
1. Não houve modificação nos comandos que se assemelhasse a um sistema HOTAS. O F-103 continuou com o seus comandos tradicionais no manche, na manete de potência e no “manche radar”.
2. Os quebra chamas existiram nos nossos Mirage desde o lote inicial.
Abraços,
Justin
Filio-me ao gosto do Nunão (estético é claro, e não técnico, como ele mesmo ressalvou), tendendo ao Mirage III em relação ao Mirage 2000. Realmente, como bem observado, ao que parece a relação comprimento/envergadura do primeiro confere-lhe um perfil mais elegante, refinado. Realmente insuperável. E mais, Nunão, nas primeiras cores do GDA, e padrão em outras Forças Aéreas que operavam o modelo à época, prata, com detalhes vermelhos nas entradas de ar ! Simplesmente fenomenal ! Ao mais aficcionados, segue uma dica de um lindo diecast desta linda aeronave, nas cores da Força Aérea de Israel, durante a Guerra dos… Read more »
Justin,
O que é esse “manche radar” mesmo?
Nunão,
Atrás da caixa da manete de potência, estava instalado um joystick, com o tamanho de um punho de manche normal.
Tinha mais de uma dezena de funções. Podia ser girado, inclinado lateralmente, tinha botões giratórios, alavancas, botões simples…
Comandava as muitas funções do radar:
– modos de operação
– tipos de varreduras
– desvio lateral da antena
– desvio da antena em elevação (tilt)
– acoplagem precisa ou em uma área
– movimento do cursor em distância
– controle da acoplagem em jammer
– além de otras cositas.
Era um precursor do sistema HOTAS.
Abraço,
Justin
Muito interessante esse comando, Justin! Já tinha ouvido falar mas não sabia que controlava tudo isso e nem lembrava mais que era posicionado atrás da manete. Obrigado por me ajudar a relembrar e a engrossar o caldo dessa memória. Fiquei até curioso em ver mais sobre o radar Cyrano II, depois de ler sobre todos esses comandos no seu comentário. Olhando algumas imagens no passado, incluindo fotos e “cutaways” (embora não tivesse me preocupado muito com o assunto antes) imaginava que a antena rotacionava bem pouco ou era fixa, embora lembrasse de um relato de um “Dijon Boy” sobre o… Read more »
Caros Clésio Luiz e Nunão, Obrigado pela explicação. Considerava que na época cada avião tinha a sua especialidade (no caso do Mirage III, interceptação e ponto). Mas o problema não é este. O ponto é que embora o Mirage III só pudesse operar bombas burras ou foguetes não guiados, este era o padrão para as aeronaves da época, pois não havia bombas guiadas por GPS, laser ou nenhum armamento de precisão deste tipo. Então, o Mirage III brasileiro, embora não fosse o supra-sumo tecnológico no seu tempo, era sim um avião atual. Já o Mirage 2000 adquirido pelo Ex-presidente (ex,… Read more »
“Observador em 02/05/2012 as 18:06 Já o Mirage 2000 adquirido pelo Ex-presidente (ex, graças a Deus), por operar o mesmo armamento, mas 20 anos depois, já estava completamente obsoleto como aeronave de ataque, sem falar na função de interceptação.” Observador, a questão do armamento ar-solo que o Mirage 2000 da FAB pode (em tese) levar é uma suposição minha. Desconheço o assunto, só sei que mesmo na Força Aérea Francesa o tipo é mais dedicado à interceptação / combate aéreo, tendo sido criadas versões especialmente dedicadas ao ataque (2000N e 2000D). Já a capacidade multitarefa é coisa para versões não… Read more »
Creio que a única utilidade do M-2000, foi encrrar os seguidos anos de humilhações em combates dissimilares, impostos pelos F-5 aos M-III.
Seria interessante ver a distância que os Mirage IIIE e IAI Dagger voavam na Guerra das Malvinas. É um dado interessante por se tratar de missões reais e não dados do fabricante sob condições ideais.
Ah e Nunão, eu fui pesquisar nos meus arquivos e descobri que tenho o manual do piloto do Mirage IIIE. Está um pouco mal escaneado e em francês, mas tem os dados e imagens sobre o “joystick do radar”. É um arquivo PDF de 16MB.
Clésio, pode mandar esse pdf para o meu e-mail de editor do site: nunao@aereo.jor.br, com cópia para o nunao@fordefesa.com.br, por favor!!!
Manuais de pilotos são preciosidades muito bem-vindas, assim como outros materiais que você já mandou em outras ocasiões.
O q me surpreendeu foi a quantidade de aviões perdidos. Não tem-se simulador, tem que exercitar e “descobrir” voando mesmo, mas a quantidade de perdas foram altas. Esse “atrito” é comum? Dotação de 16 e 13 perdas.
Traçando paralelos as perdas de F-5 também atigiram essa porcentagem?
Pensei q só os indianos sofriam desse mal crônico!
Sobre a Pergunta título, eis a resposta:
Na falta de F-5f, o pessoal do Parque, que são craques em F-5, levaram para dentro dos portôes e aparecerá junto aos jordanianos, como F-5FM. Que tal Nunão?
Prezado Guilherme,
Sim próxima.
Só que sem radar e sem fly-by-wire, que acredito nunca tenha existido no NG.
Sergio Cintra, Na verdade, tem-se que pensar numa dotação de 32 (entre novos e usados) em relação a 14 perdas (duas delas numa colisão), e não em relação apenas aos 17 (ou 16…) adquiridos novos. Creio que o índice de atrito dos F-103 da FAB, levando em conta as mais de 66.000 horas voadas em pouco mais 32 anos de operação, não deve fugir muito do que ocorria em caças da mesma geração em outras forças aéreas. Apesar de pouco voados por célula na FAB, numa média de 2.000 horas de voo por célula, deve-se levar em conta que há… Read more »
Nunão, boa noite. Não busquei estatísticas, mas aqui vão algumas opiniões sobre o índice de acidentes do F-103. 1. Grande índice de perdas pelo fato de ser monomotor (colisão com pássaro, ingestão de estilhaço, panes de motor com resultado catastrófico). 2. Grande índice de incidentes na fase de pouso e frenagem, também como reflexo da alta velocidade de aproximação (toque em torno de 160 Kt). 3. Era o avião mais “sofisticado” da época. Esse adjetivo mudou para “complexo”, com o passar do tempo. Já nas estatísticas do AT-26, some-se à inexperiência dos pilotos a grande quantidade de perdas resultantes de… Read more »
De fato o Mirage III era uma belíssima aeronave. Mas essa versão aqui consegue ser mais bela do que todos os Mirage jamais fabricados: http://www.aereo.jor.br/wp-content/uploads/2010/05/mirageIIING-foto3.jpg Creio que foi um erro não ter sido produzido, ou pelo menos disponibilizado para atualização das frotas existentes. Mas, como sempre, a Dassault forçou a venda de seu vetor mais moderno (Mirage-2000) através do abandono das frotas antigas nas mãos de seus clientes. Nada de novo aí, ela faz o mesmo hoje com o Rafale, tendo largado à míngua seus antigos clientes do M-2000. É aquela velha história: comprou francês, morre com ele… _______________ Pergunto:… Read more »
Vader, bom dia.
Como a modernização dos mirage 2000 da Índia encaixa na sua afirmação?
Abraço,
Justin
Justin Case disse:
3 de maio de 2012 às 9:25
“Como a modernização dos mirage 2000 da Índia encaixa na sua afirmação?
Com a compra do Rafale ou sem ela? 😉
Sds.
Caro Nunão,
Para encerrar a nossa discussão (até porque pouco tem a ver com a matéria), minha indignação provém do fato que a decisão da compra dos Mirage 2000 partiu da cabeça “iluminada” do ex-presidente.
Se fosse dada carta branca para a FAB escolher o tampão, creio que o resultado teria sido outro, não?
Agora, falando do que interessa, o Mirage III é um dos mais belos aviões já construídos. Em especial a antepenúltima foto (mostrando o avião por baixo), mostra a beleza e legância do projeto.
Justin/ Nunão Em vossas respostas, nota-se realmente o qto. é arriscado esse negócio. Lembraram bem do At-26 é outro com uma relação enorme de perdas, mas adaptar-se a aeronaves “complexas”, como Justin mencionou, a “indisciplina de vôo” é um componente muito sério a considerar. No canal TruTV, ano passado, passaram uma serie que mostrava a vida de oficiais canadenses, no treinamento e adaptação ao A/F-18 Hornet, e varios oficiais, ficavam pendurados ou eliminados por erros na administração dos “complexos”. Passaram por treinamentos, mas na adaptação ao equipamento, a ansiedade, deixava-os ser superados pela alta performance do equipamento. E este não… Read more »
Achei o F5. Amanhã eu posto as fotos.
Sem dúvida uma aeronave muito elegante e uma das minhas preferidas. Postei um arquivo PDF que pode ser baixado no endereço a seguir, contendo uma lista parecida com a do Clésio Luiz, porém com informações adicionais. Retirado do livro Mirage III EBR/DBR na FAB, de Paulo Fernando Kasseb. Abraços!
http://mbf.me/gb5TG
Alan,
Obrigado pelo envio do pdf. Interessante que justamente a coluna de recebimento do 4922 – ponto principal de boa parte da discussão acima sobre 17 ou 16 aeronaves do lote original, está em branco.
Essa dúvida deve ser recorrente!
Roberto, Se não me engano, pouco tempo depois dessa nossa discussão a respeito do número exato e proporção entre monopostos e bipostos do primeiro contrato de Mirage III da FAB, vi na casa do Galante uma revista da época da chegada do primeiro lote de usados de reposição, na virada para os anos 80, que comprovaria que o 4922 (cerne da discussão acima) só veio nesse novo lote, com foto, matrícula já num padrão diferente etc. Talvez (repito, talvez) essa fonte que você coloca agora esteja apenas repetindo o erro que se perpetua há tempos a esse respeito. Manda um… Read more »
Roberto, Estou escrevendo de memória, o que sempre pode trair a gente. Não estou tentando desancar a sua fonte. Pelo contrário, O ideal é simplesmente, e quando for possível, a gente analisar e confrontar os dados de ambas as fontes, para não depender de uma só para tirar a dúvida. Mesmo porque poderemos encontrar, a partir da análise de ambas, algum erro na própria fonte da época, da qual estou falando e me recordando. Lembrando que, a cada dúvida que a gente resolve, outras tantas costumam surgir, e aí é que está o lado interessante do conhecimento: quase nunca ele… Read more »
O F-103E, 4931 está espetado na frente de um batalhão aqui em Salvador-BA.