A-29 x AT-6: após USAF admitir erro interno, Sierra Nevada cobra rapidez
Segundo jornal norte-americano do Estado do Kansas, é possível que na próxima segunda-feira a USAF termine sua investigação interna – Sierra Nevada pede à Força Aérea que se atenha aos dados respondidos pelas empresas conforme o pedido de propostas (RFP) original, e sugere à Hawker Beechcraft que ‘não se coloque no caminho do processo’
Na última quarta-feira, 7 de março, o jornal The Wichita Eagle (do Estado do Kansas – EUA) publicou em reportagem que a investigação da Força Aérea dos EUA (USAF) sobre o contrato LAS, disputado pelo A-29 Super Tucano da Sierra Nevada / Embraer e pelo AT-6 da Hawker Beechcraft / Lockheed Martin, está centrada em problemas na sua própria papelada, e não em qualquer ação das empresas concorrentes.
A informação foi dada na quarta-feira pelo porta-voz da USAF, Jennifer Cassidy, em pronunciamento: “A Força Aérea concordou em tomar ações corretivas e suspender o contrato do LAS (Light Air Support – apoio aéreo leve) concedido à Sierra Nevada Corporation porque o executivo sênior de aquisições da Força Aérea, David Van Buren, não estava satisfeito com a qualidade da documentação que apoiava a decisão. Esse problema na documentação foi uma questão interna à USAF e não é o resultado de ações de nenhuma oferta. A Força Aérea iniciou uma investigação (Commander Directed Investigation – CDI) para pesquisar as regras e procedimentos internos de aquisição.” Ele acrescentou que a investigação está agendada para ser concluída na segunda-feira, embora o investigador possa requerer uma extensão.
O contrato da Sierra Nevada / Embraer cancelado no mês passado tinha valor de 355 milhões de dólares, para o fornecimento de 20 aeronaves Super Tucano, e havia sido contestado na Corte Federal de Apelações pela Hawker Beechcraft, que alegava problemas no processo de aquisição que havia eliminado-a da competição. Desde então, a Hawker Beechcraft e membros da delegação congressita do Kansas (onde a empresa está baseada) vinham solicitando à USAF para que esta esclarecesse as razões da eliminação, sem sucesso.
A Hawker Beechcraft disse em pronunciamento, segundo o jornal do Kansas, que os resultados da investigação serão críticos para que se possa obter “o reinício correto de uma justa e transparente competição.” Também disse confiar que, numa nova disputa, provará que seu AT-6 “é o avião certo para cumprir o espectro completo de missões descrito”.
Ainda na quarta-feira, nota da Sierra Nevada solicitou que a USAF seja rápida na seleção de uma aeronave para o LAS. Abaixo, seguem os principais trechos da nota, que pode ser acessada na íntegra (em inglês) no link para as fontes, ao final:
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A Sierra Nevada Corporation insta a USAF para concluir a competição LAS rapidamente, baseada em trabalhos substanciais já realizados
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A Sierra Nevada Corporation (SNC) hoje (7 de março) solicitou que a USAF atue rapidamente na seleção de uma aeronave para o programa LAS. Especificamente, a empresa insta a USAF para que estabeleça um plano e um cronograma para avançar com o processo de seleção, faça uso da substancial informação recebida na suas fontes originais da seleção, e mantenha os altos padrões para o desempenho das aeronaves do pedido de propostas (RFP – Request for Proposal) original, que foram baseados nos requerimentos específicos da missão LAS.
A empresa também disse que recebeu esclarecimentos da Força Aérea dos EUA de que a investigação da concessão do contrato do LAS está focada em problemas com a papelada (trabalho burocrático – ‘paperwork’) da USAF e, que, segundo o porta-voz da Força Aérea, Jennifer L. Cassidy, “não é o resultado de ações de nenhum ofertante” .
Devido à situação atual – uma revisão da USAF que é limitada a processos internos, um prazo final iminente para colocar a aeronave LAS em serviço no Afeganistão, e mais de 14 meses já gastos avaliando as aeronaves competidoras – a Sierra Nevada e seus parceiros acreditam que não há razão pela qual a USAF não poderia agir rapidamente para avançar um plano para um processo de revisão acelerado.
Segundo Taco Gilbert, brigadeiro reformado da USAF e vice-presidente de desenvolvimentos de negócios ISR da Sierra Nevada, “nós entendemos que erros ocorrem e que a Força Aérea tomou uma posição firme para manter a integridade de seus processos de aquisição. Porém, também estamos cientes de que esta é a segunda vez que o Departamento de Defesa foi frustrado em suas tentativas de enviar essa capacidade ao Afeganistão“. No caso, Gilbert fez uma referência ao cancelamento da Operação Imminent Fury. Ele acrescentou: há homens e mulheres dos Estados Unidos e de nossos aliados engajados em operações de combate diárias, e que solicitaram esse tipo de capacidade.”Atualmente, todo o poder aéreo de asa fixa no Afeganistão é suprido pelos EUA e outros aliados.
Gilbert disse que “uma das minhas principais preocupações é que deverá haver um esforço para diminuir os requerimentos para a competição do LAS, o que poderia por a missão em risco. Isso poderia significar que as forças de combate carregariam o fardo de uma aeronave que já foi determinada como ‘tecnicamente insuficiente’ e que carrega um ‘risco de capacidade inaceitável’. As apostas são altas. O imperativo operacional é colocar rapidamente a capacidade LAS no Afeganistão, para transferência de responsabilidades de segurança e realocação de forças dos EUA em outros lugares. Há também uma necessidade de se preservar significativos recursos do contribuinte e as incontáveis horas já gastas avaliando os dois aviões competidores. Reescrever o pedido de propostas (RFP) para um conjunto de padrões inferior ou reiniciar a competição nesse momento poderia colocar em perigo essas metas.”
Finalizando, o executivo disse que “dada a palavra da Força Aérea, a Sierra Nevada e nossos parceiros estamos prontos para tomarmos ações de forma extremamente rápida. Nesse ponto do processo, a Hawker Beechcraft deveria estar pronta para fazer o mesmo. Suas razões para se colocar no caminho desse processo não existem mais.”
FONTES: The Wichita Eagle e Built for the Mission (tradução, adaptação e edição: Poder Aéreo)
FOTO DO MEIO: missionreadyat-6
NOTA DO EDITOR: há uma pequena discrepância entre a citação do porta-voz da USAF como está no jornal do Kansas e na nota da Sierra Nevada. No jornal, a citação diz que o problema encontrado “não é resultado de ações de qualquer oferta” (offer), enquanto que na nota da Sierra Nevada, diz que “não é resultado de ações de qualquer ofertante” (offeror).
Então vejamos existem 2 empresas habilitadas para fornecer uma aeronave de acordo com as condições técnicas estabelecidas, então uma delas cumpriu com os requisitos e foi vencedora. Ora não são eles tio sam, o melhor exemplo de ser agressivo em uma disputa comercial? ou será que essa máxima do liberalismo só serve quando eles são os vencedores?
“…e sugere à Hawker Beechcraft que ‘não se coloque no caminho do processo.”
Ahá! Finalmente alguém resolveu falar grosso com a HB!
Mas tem mboitatá nesse mato… Se o problema é apenas de papelada, a nova concorrência terá o mesmo efeito, ou seja, já sabemos que o vencedor será, novamente, o A-29…mas…se não tiver Mboitatá nesse mato, pode ter um Cavaleiro sem Cabeça…Sasquat…
Só espero que não termine como a CSAR-X.
Talvez a Sierra estivesse esperando baixar um pouco a poeira e um parecer de seu depto jurídico para soltar esse “tapa”.
Vamos aguardar e ver se doeu ….