Obama dá ultimato a Kadafi
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Presidente dos EUA afirma que ‘resolução será imposta pela força’ caso ditador siga com ofensiva
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WASHINGTON – O presidente dos EUA, Barack Obama, deu um ultimato ao ditador da Líbia, Muamar Kadafi, para que encerre o massacre contra seu próprio povo. Em discurso na televisão, o americano afirmou que se o coronel líbio não cumprir os termos apresentados pela resolução aprovada pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), tais condições seriam impostas à força.
As condições impostas por Obama são a implementação do cessar-fogo – anunciado pelo governo nesta sexta – imediatamente, o fim de todos os ataques contra os opositores, a retirada das tropas de Benghazi, Misrata, Ajdabiya, Az-Zawyia e o restabelecimento do fornecimento de gás, de água e de energia em todas as áreas. “Esses termos não são negociáveis. Se Kadafi não respeitar a resolução, aplicaremos seus termos por meio de uma intervenção militar“, disse o presidente americano.
Antes de apresentar seus termos, Obama afirmou que o mundo fez um claro alerta a Kadafi ao pedir o fim da violência na Líbia e ao impor sanções econômicas contra o ditador. “Kadafi perdeu a legitimidade para liderar e a confiança de seu país. Ele escolheu o caminho da repressão brutal”, disse o presidente americano.
“Em face disso, os EUA e seus aliados trabalharam para uma resposta na ONU”, disse o presidente referindo-se à resolução aprovada na quinta. “Mais uma vez, ele ignorou a vontade do povo e a comunidade internacional. Ele mesmo deixou suas intenções bem claras. e não mostrou piedade com seu povo. Temos toda as razões para acreditar que ele continuaria o massacre”, continuou.
Obama deixou bem claro que os EUA descartam a possibilidade de envolver tropas terrestres à Líbia. Além disso, ele disse também que sua secretária de Estado, Hillary Clinton, participará de uma cúpula de nações ocidentais e árabes em Paris, no sábado, durante a qual serão discutidas as ações militares contra Kadafi.
No fim do discurso, Obama voltou a dizer que “a mudança na região não pode ser imposta pelos EUA. Será implementada pela vontade do povo árabe”. Essa frase tem sido repetida pelo presidente americano desde o início das revoltas no mundo árabe.
A resolução aprovada pelo Conselho de Segurança na quinta prevê a instalação de uma zona de exclusão aérea (no-fly zone, em inglês) sobre a Líbia e “o uso de todos os meios necessários para proteger os civis líbios”, mas não autoriza o envio de tropas para o país africano. O governo anunciou um cessar fogo nesta sexta, mas ainda há relatos de batalhas entre os insurgentes e as tropas do ditador.
A rebelião na Líbia começou a pouco mais de um mês. Os rebeldes lutam para derrubar Kadafi, que está no poder há 41 anos, e acusam o ditador de massacrá-los com bombardeios. O número de mortes por conta da violência é desconhecido, mas mais de 300 mil pessoas já deixaram o país desde o início da guerra civil.
FONTE: Estadão FOTO: AP