J-20 chinês: uma análise de suas fraquezas e de seus potenciais
Artigo publicado em 2 de março pelo Lexington Institute, um dos conhecidos institutos “think tank” dos EUA, discorre sobre análises recentes dos detalhes do novo caça chinês J-20, cujo protótipo teve suas imagens circulando na internet a partir de dezembro do ano passado. Loren B. Thompson, Ph.D. que escreve para o instituto, mostra que a partir de análises dessas imagens por especialistas aeroespaciais pode-se ter, agora, uma visão aprimorada das nuances do caça, além de suas características, em comparação ao que estava disponível nos primeiros relatos.
Embora as linhas do J-20 se assemelhem às do F-22 Raptor no seu aspecto frontal, a aeronave não apresenta muitas das características que fazem do Raptor o mais capaz sistema de combate ar-ar da história, segundo o artigo. Por outro lado, os mesmos especialistas acreditam que, ao longo do tempo, a Força Aérea do Exército de Libertação Popular poderá desenvolver o J-20 para torná-lo um avião de combate formidável. Isso levando-se em consideração o fato de que o caça deverá operar próximo ao espaço aéreo chinês, onde vai superar em números qualquer aeronave atacante, e por larga margem.
Segundo relatórios preliminares, o J-20 excederia 21,3 metros de comprimento. Mas, comparando a escala da aeronave com objetos próximos cujas dimensões são conhecidas, especialistas determinaram que o caça tem 18,8 metros de comprimento, praticamente o mesmo do F-22, e não muito diferente dos 19,5 metros do F-15C.
A envergadura aparenta ser de 12,5 metros, também similar à do F-22 (13,7 metros) e do F-15C (13,1 metros). Porém, a área alar de 58,5 metros quadrados se aproxima mais do F-15C (56,5 m2) do que do F-22 (78 m2). Isso pode ter implicações de alcance, dado que o combustível é estocado nas asas.
Acredita-se que a velocidade máxima do J-20 seja inferior a Mach 2, tornando-o significativamente mais lento que o F-22 ou ou F-15C. Pouco se sabe das características de desempenho dos dois motores do J-20. Eles podem ser baseados na tecnologia ocidental do CFM-56, que é um motor comercial cuja primeira exportação foi há 30 anos.
Provavelmente, o empuxo seco dos motores deve ser similar aos do F-15C (29.000 libras), o que é bastante inferior às 48.000 libras dos dois motores F-119 do Raptor. Já o empuxo máximo de 60.000 libras deve se aproximar das 70.000 libras do F-22, ultrapassando as 48.000 libras do F-15C. Assim, o J-20 não deve possuir características de supercruise (voo supersônico sustentado em cruzeiro, sem uso de pós-combustores) que permite ao Raptor voar a altas velocidades sem consumir combustível excessivamente.
Isso colocaria o J-20 em desvantagem frente ao Raptor, dada a suposição de que carregaria 25 % menos combustível, internamente, do que o F-22. O J-20 também não possui empuxo vetorado, que garante ao F-22 mais agilidade em manobras. Aparentemente, os chineses modificaram os bocais de exaustão do J-20 para confundir observadores ocidentais sobre as reais capacidades do sistema de propulsão.
No aspecto frontal, a célula do J-20 emprega extensivamente a tecnologia furtiva, mas o caça pode ser captado mais facilmente em ângulos laterais e traseiros. Porém, até mesmo o desenho das tomadas de ar frontais parece menos otimizado para a redução da seçã0 reta radar. Não está claro qual a extensão do uso de materiais absorventes de ondas de radar, assim como a eletrônica embarcada que o J-20 terá em sua configuração operacional. Sensores, processadores e datalinks constituem o coração do F-35 Joint Strike Fighter, cujas performances ultrapassam enormemente a dos mesmos equipamentos do F-22.
Enquanto o J-20 se assemelha, superficialmente, a caças de quinta geração como o F-22 e o F-35, especialistas não acreditam que os projetistas chineses sejam capazes de produzir uma célula competitiva com esses caças, no que se refere a manobrabilidade, sobrevivência, letalidade e consciência situacional. Todavia, os chineses podem não precisar disso, dado que poderiam atrair caças inimigos para o espaço aéreo chinês, onde explorariam outras vantagens.
FONTE: Lexington Institute (tradução, adaptação e edição: Poder Aéreo)
COLABOROU: Maurício R.
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