Voo AF 447, um ano depois da tragédia
Os familiares das vítimas do voo da Air France que caiu há um ano no oceano Atlântico participaram na tarde desta segunda-feira (31) de uma missa na catedral de Notre Dame, em Paris. Cerca de 180 brasileiros foram à França para participar das homenagens.
Na terça-feira, haverá uma solenidade no parque Floral, no sudeste de Paris, e um cerimônia no cemitério Père Lachaise, onde um memorial com uma urna para mensagens será instalado. Reunidos neste evento fúnebre, representantes das associações francesa, brasileira, alemã e italiana dos familiares das vítimas acusaram os responsáveis pelas investigações de “minimizar o impacto das falhas dos sensores de velocidade” do Airbus devido a “interesses políticos e financeiros”.
Parentes não creem na resolução do caso
Três relatórios sobre o acidente foram divulgados pelas autoridades francesas até o momento. Dois foram realizados pelo Escritório de Análises e Investigações (BEA, na sigla em francês), ligado ao Ministério dos Transportes da França, e o terceiro por especialistas jurídicos. “A recusa deles em considerar a pane dos sensores de velocidade como elemento essencial da causa do acidente é suspeita. E a incapacidade ou falta de vontade de explicar as outras panes registradas gera desconfiança”, afirma Jean-Baptiste Audousset, presidente da Associação francesa dos Familiares das Vítimas, que reúne 70 famílias.
“Não aceitaremos que a recusa em aceitar provas significativas sirva de pretexto para enterrar o caso do AF 447”, diz Audousset. Segundo ele, os relatórios divulgados são “tendenciosos e incompletos”. Audousset afirma ainda que a “negação da realidade não deve servir de álibi aos protagonistas que falharam em seus deveres em relação à segurança aérea”.
Para o BEA, as falhas nos sensores de velocidade (os chamados tubos Pitot) do Airbus da Air France, são “um dos elementos, mas não a causa do acidente”. Segundo o BEA a causa da queda permanece desconhecida, já que as caixas-pretas do avião não foram encontradas.
Em setembro passado, a Agência Europeia de Segurança da Aviação determinou a substituição de ao menos dois dos três sensores de velocidade dos aviões Airbus, fabricados pela empresa francesa Thales, por modelos da americana Goodrich. “Temos receio de que o caso seja abafado e que as responsabilidades pelo acidente não sejam apontadas”, disse Sluys, representante da associação brasileira de famílias das vítimas.
Interesses
“Há muitos interesses financeiros em jogo. A verdade pode não ser boa a ser revelada. Por que a Air France não trocou os sensores de velocidade antes?”, questiona o advogado Alain Jakubowicz, da associação francesa.O governo francês possui participação no capital da Air France e do consórcio europeu Airbus.
A associação alemã de familiares das vítimas, a HIOP, que reúne 30 famílias, questiona o fato de o governo francês não ter aplicado uma diretiva europeia que determina a criação de um registro central para ocorrências graves na aviação civil, como as inúmeras falhas já ocorridas anteriormente ao acidente do AF 447 com os sensores de velocidade Pitot, reveladas por pilotos da própria Air France.
A HIOP também defende a participação de especialistas internacionais nas investigações, como solicitou, em coletiva de imprensa, Bernd Gans, representante entidade. A reclamação se refere à investigação penal conduzida pelo BEA. “Vamos pedir expressamente à juíza de instrução que designe especialistas internacionais para tranquilizar as vítimas”, disse também o francês Audousset.
Os representantes das famílias das vítimas também questionam a independência dos investigadores do BEA, “especialistas que trabalharam para a Air France ou para a Direção Geral da Aviação Civil da França”.
Os familiares pedirão ao ministro francês dos Transportes, Dominique Bussereau, a realização de uma quarta fase de buscas das caixas pretas do avião. Na última terça-feira, o BEA anunciou o fracasso da terceira fase de buscas das caixas pretas e da fuselagem do avião, iniciada em abril e prorrogada em maio.
No Airbus A330 que partiu do Rio de Janeiro com destino a Paris, no dia 31 de maio do ano passado, estavam 58 brasileiros, 64 franceses, 28 alemães, 9 italianos e 69 passageiros de outras nacionalidades. Apenas 50 corpos foram localizados, sendo 20 deles de brasileiros.
Segundo Maarten van Sluys, representante da associação brasileira de famílias das vítimas, as primeiras sentenças dos 34 processos de indenização que tramitam na Justiça americana deverão começar a ser anunciadas a partir de julho.
FONTE: UOL
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athalyba disse:
31 de maio de 2010 às 19:16
Concordo com seu argumento!
Acredito que apenas uma investigação isenta, sem interesses politicos ou finaceiros, traria conforto e tranquilidade aos parentes das vitimas!
Pelas regras da aviação, cabe ao Pais de origem da companhia aerea investigar o ocorrido. Porem, como não foram encontrados (ainda) as caixas pretas com os datos da aeronave, acredito que seria mais tranquilizador, uma investigação efetuado por outro orgão, que não frances, para refutar ou confirmar as afirmações do centro de investigações frances.
forte abraço
Avião Frances, de empresa francesa investigado pelo governo Frances, efetivamente não é uma combinação isenta.
Hehehe, isso é a França: as raposas cuidando do galinheiro… 🙂
Ainda pagam de “libertários”! E os otários bolivarianos da AL ainda caem nessa esparrela…
Olha pessoal, eu vi as fotos de satélite na REDMET do dia do acidente. O CB que este avião entrou, moeria qualquer outro. Na época saiu no Le Monde um trecho do Log que o avião enviou antes de se despedaçar, o comandante não tinha muito o que fazer, infelizmente. Eu tenho visto sempre uma insistência em atribuir aos pitots a causa principal da queda e com certeza eles tiveram a sua parcela de culpa. O que me vem sempre a cabeça é o que aconteceu antes disto.. O Radar Metereológico se estivesse funcionando a contento com certeza teria detectado… Read more »
Voltar ou mudar lugar de pouso é uma atitude que os pilotos comerciais evitam ao máximo pelos transtornos que causará a companhia e possíveis represálias depois…
Acredito que o Alexandre saiba melhor disto do que eu.
Acredito que em um periodo de um mês, as fatalidades nas estradas brasieliras ultrapassam os numeros do Voo AF 447, no entanto a repercursão na midia é extraordinariamente maior no caso de um acidente aereo. 180 pessoas viajaram à França para um evento e processos judiciais consomem recursos altos. Talvez se as estradas brasileiras não matassem tanto, as autoridades da França estivessem mais preocupadas com o acidente aéreo. O ponto é que se o Brasil não faz muito para melhorar a segurança nas estradas, porque esperar que a França faça algo além do necessário sobre as mortes de brasileiros no… Read more »
OSASCO.
foi perfeito sua colocação.
Apesar da investigação ser necessária, parece que independentemente dos resultados a unica forma de ter evitado o acidente era ter retornado e não entrado naquele “inferno metereológico”. Sobre a pressão sofrida por pilotos para não desviar vôos, ai cabe ao sindicato dos pilotos ter competência para contrabalancear esse tipo de pressão.