Quando os ‘americanos’ chegaram
Uma rápida história sobre a aquisição do segundo lote de caças F-5E pela FAB
Quando a USAF resolveu substituir seus F-5E Tiger II pelos F-16C/D boa parte desses caças projetados pela Northrop foi repassada para a USN (United States Navy) e para o USMC (United States Marine Corps).
É claro que aquelas duas Forças Armadas dos EUA acabaram recebendo os caças com menos horas de voo, mas mesmo assim bastante “surrados” de tantos “G” que puxaram.
O restante dos F-5E foram para o deserto do Arizona (AMARC) ou encontraram vida nova em outras Forças Aéreas. Uma delas foi o Brasil que, sem dinheiro para adquirir aeronaves mais modernas e necessitando repor as perdas operacionais, acabou por aceitar a proposta do governo Reagan.
A aquisição das 26 células (sendo quatro biplaces do modelo F) custou a bagatela de US$ 13,1 milhões via FMS (Foreing Militaty Sales). Com esse valor era possível adquirir apenas um único caça AMX, cuja produção estava iniciando-se naquea época. Era quase uma doação.
E como em cavalo dado não se olham os dentes, a compra do lote foi do tipo “porteira fechada”, sem direito a inspeção de recebimento. A FAB comprou os caças sem ter acesso a todas as informações e relatórios de manutenção. Os aviões foram entregues da forma como estavam, ou seja, em péssimo estado.
Decidiu-se trazer os caças em voo. Como os mesmos não possuíam ‘probe’ para reabastecimento, as aeronaves vieram dos Estados Unidos pingando de aeroporto em aeroporto até o seu destino final em Canoas (RS).
Quando os militares da Aeronáutica disseram aos seus colegas norte-americanos que trariam os F-5 dos EUA para o Brasil em voo houve uma certa apreensão por parte dos ‘gringos’. A confiança deles nos desgastados F-5 era tão baixa que muitos acreditavam que algumas aeronaves simplesmente se desmanchariam em pleno ar durante o longo translado.
De qualquer forma, após quatro lotes, todas as aeronaves chegaram em segurança. A partir deste momento a FAB passou a avaliar em detalhe cada um dos caças e tomar ciência do verdadeiro estado dos F-5.
Abaixo segue a transcrição dos depoimentos de dois oficiais que serviram no 1º/14º GAv. Estes depoimentos encontram-se no livro “Ja te atendo chê! – A História do 1º/14º GAV, o Esquadrão Pampa” dos autores Rudnei Dias da Cunha e José Leandro P. Casella.
“Como chefe do material tive oportunidade de lidar direto com os americanos, como chamávamos os F-5 do segundo lote. As aeronaves chegaram a Canoas em péssimo estado, com severos problemas de corrosões, torções e fissuras, especialmente nas longarinas e no Upper Longeron (longarina do dorsal). Com o tempo se descobriu que algumas mal podiam voar, que diria combater! Foi preciso um esforço enorme da manutenção e do Parque (PAMA-SP) para recuperar e pôr estas aeronaves no padrão Catorze. Como arrematamos um lote a um preço muito bom, não tivemos a oportunidade da analisar F-5 por F-5. Por fora estavam apresentáveis, mas por dentro estavam quase no limite. Nossos F-5 foram maquiados, igualzinho ao que fazem em feirões de carros usados!”
Jorge Kersul Filho, então Maj-Av do 1º/14º GAv
“Quando as aeronaves chegaram em Canoas, a gente fazia a chamada inspeção de recebimento, que deveria ter sido feita nos Estados Unidos. Porém, esta não aconteceu porque, como os aviões foram vendidos em lote e na condição em que se encontravam, era para pegar os mesmos e vir embora. No check, em Canoas, nada funcionava e especialmente a parte de armamento. “
Daniel Viana Medina, então 2S do 1º/14º GAv
FOTO: G. Poggio/Poder Aéreo
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Legal o site ter tocado no ponto em que a FAB não ter tido a oportunidade de avaliar o que estava comprando, mas acredito que não ia mudar nada pois todas aeronaves estavam capenga, tambem pelo preço….isso me lembra a compra do NAe Foch
Eu me lembro ter lido nas revistas da época que os gringos estavam com um puta medo de ver aquelas bombas ambulantes atravessando os estados americanos…hahah
interessante, creio que não esteja enganado, foi do tipo, comprar um carro na rua, olhou, ligou e sai a primeira marcha, vamos que vamos.
interessante, que veio todos, e nem um caiu, o antigos donos cumprem a risca a manutenção, e podem se dar o luxo de trocar aeronaves, quando tem outra já pronta para operação. imagina se esse F5, chegasse aqui zero km. estaria quase zero ainda.
Esta fase passou, qualquer que seja o caça escolhido será novo, em condições de combate. Podem criticar, e muitas vezes o Ministro Jobim merece mesmo as críticas, várias delas, mas numa coisa ele tem razão, não compramos mais armamento usado. Sem compras de prateleira e sem armamento usado, o mérito não é só dele. O país mudou e mudou muito, temos caixa prá bancar nossas escolhas. O país esté bem melhor hoje do que no final dos anos FHC. Como diria o governador Aécio: “Não adianta empurrar, que eu não vou.” Não, não iremos! Estamos em outra fase, melhor bem… Read more »
Caros Ontem: “A FAB comprou os caças sem ter acesso a todas as informações e relatórios de manutenção” “A confiança deles nos desgastados F-5 era tão baixa que muitos acreditavam que algumas aeronaves simplesmente se desmanchariam em pleno ar durante o longo translado” Hoje: “Os 6 F-5EM com Derby enfrentaram a nata dos aviadores americanos com seus F-15 e F-16 (os Esquadrões Agressor são pilotados pelos melhores pilotos americanos) e conseguiram uma média de 1.4 a 1.6, algo como 40 % a 60 % a mais de vitórias que os americanos, ou seja, para cada vez que um brasileiro era… Read more »
Foi isso que aconteceu com os T-33,F-80,AIM-9B,P-3A esse último com as Asas Rachadas, avaliar o que esta comprando esse e o problema com a FAB, vc sabia que compramos 03 Mirage-2000 com asas Rachadas no ponta mais perigoso da Aeronave,com isso encurtado a vida útil das aeronaves, isso e a FAB 2010.
Uma coisa que eu não entendo, mesmos os caças sendo super capengas e fuleiros, pq os estadunidenses barraram a venda de mais unidades para Brasil? a fab quase comprou o Chengdu J-7 (mig 21 chines)na negativa de mais um lote de f-5, na minha opinião seria melhor ter comprado os ching ling da china.
Sinceramente acho uma vergonha uma força aérea tão importante usando f-5,como principal caça por tanto tempo.
Harry
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Amigo vc tem que entender como são empregados o Esquadrão Agressor, mesmo sendo o F-15 e F-16, eles simula táticas e aeronaves de países de terceiro mundo, muito bem , NÃO SABEMOS QUAL FOI A TATICA e AERONAVE ( simulada ) que o Esquadrões Agressor usou, falar simplesmente que combatemos contra a nata americana e um pouco forte
Lobo em 07 mar, 2010 às 12:43
Concordo que esta fase tenha passado e agora ermos novo, mas bem que podiamos fazer assim de novo com aqueles F-15 que estão indo pro deserto, lá na base de AMARC!!
Quanto será que nós pediriam por uns 120 unidades daqueles “lixos”????
Verdade… é uma idéia…quanto custaria uma unidade daquelas usada, e que esteja indo pro deserto????????
Harry
Fala como os americanos simularam no Esquadrão Agressor, um Sukhoi Su-30MKI, ou um Mig-31, ou ate mesmo um Mig-35
é por conta de episódios como esse, de negorcio desleal que hoje muitos recusam equipamentos americanos.
Teve F-5 que chego aqui sem, GPS, Radar, Acento injetável travado, tanque de combustível furado, amigo eu estava na FAB nessa época, eles foram direto para o PAMA-SP para sofrerem reformas suas longarinas estavam rachadas bicho o BARATO SAI CARO, vc já escuto isso
Francoorp eu sonho, e nos meus melhores sonhos a FAB voa com uma centena de F-15 e outra centena de Flankes, iguais ao indianos. Veja o dilema da FAB, a questão seria como manter um determinado número de aeronaves como os F-15? Aparentemente a FAB rejeita os RAFALES por terem manutenção cara, imagine o que seria a manutenção dos F-15 usados (lascados) da USAF?
Mas sonhar é livre e, por enquanto, não paga CPMF, então sonhemos, mas os cidadãos e aviadores responsáveis pela manutenção das FFAA em condições de combate têm esse dilema prá resolver.
Franccorp, esqueci de dizer que em meus sonhos a marinha tem outra centena de caças de quarta geração e uns 36 SU-34 em três bases em terra para a defesa da Amazônia Azul. Um dia meu caro, um dia, quem sabe…
Harry você já leu o post sobre a BAE?
BRAVURA em 07 mar, 2010 às 13:11
“é por conta de episódios como esse, de negorcio desleal que hoje muitos recusam equipamentos americanos.”
Que negócio desleal? Os caras venderam VINTE E SEIS F-5 pelo preço de UM AMX e o negócio foi “desleal”????????? Pára com isso parceiro… compra quem quer oras…
E quem é que “recusa” equipamento americano?????? Se vc me apontar uma única Força Armada que preste no mundo que não tenha nada americano, excetuando-se Rússia e alguns de seus antigos satélites, me dou por satisfeito.
Sds.
Qual o custo de cada F-5 reformado para o padrão F-5EM ??
Francoorp, mais um detalhe, houve posts anteriores – aqui mesmo – que relataram que as unidades de F-15 estão no bagaço.
primeiro, ME NEGO A DISCUTIR O FX2. vou esperar pelo anúncio do MD no fim de março. Mas algumas coisas chamaram a minha atenção. Primeiro o preço do AMX da ordem de 13 mihões de dólares. Acho que mesmo colocando a inflação do período e considerando as limitações do AMX, como já foi colocado diversas vezes que alguns ainda estão sem radar, fico realmente impressionado como o preço que os atuais caças atingiram, praticamente no limite do inviável. Segundo, é preciso sempre reconhecer e parabenizar a engenharia da FAB pelo que ela consegue fazer. Acho que a lição do F5… Read more »
Ricjam, sempre quiz saber a opnião de alguém que já esteve na FAB e conheceu o equipamento: o que vc acha dos F-18? Não apenas da aeronave, que na minha opnião é um baixa caça, mas do equipamento e do vínculo com os gringos por uns 30 anos. Sei que não existe casamento perfeito, taí a lei de divórcio prá comprovar o que digo. O Gen. Pres. Geisel já pediu divórcio uma vez… Qual a sua impressão?
Amigo Lobo O F-18 e um Cavalo de Aeronave muito boa também sem duvidas disso, como o Gripem sem ser o NG o outro Gripem e o Rafale a questão e o que o Governo quer, o Governo não quer só um caça quer também um parceiro para ajuda o Brasil Crescer se desenvolver ir para frente, qualquer aeronave entre o F-18 e Rafale são fenomenal, mais o Brasil que algo a mais entende já tivemos bastante prejuízo com o nosso suposto amigo da antiga os EUA, eles não querem o desenvolvimento do Pais da Nação Brasileira já e provada… Read more »
Nosso tigre é lenda…
história curiosa[e perigosa]…
ricjam,
Sua lógica é cristalina e concordo com ela, mas é preciso uma certa maturidade que só vem com o lombo cançado de chibatadas e uma certa idade> Concordo com seus argumentos, creio que é isto que o GF e o MD buscam, só não entendo a posição da FAB, principalmente depois dos problemas (prá não dizer fiasco) do P-3.
Valeu pelas idéias e creio que os que chegam agora nas FFAA viverão dias menos difíceis.
Obrigado.
Bela história. Esta é atitude que espero que os Americanos mudem conosco daqui pra frente. Entendam que ser parceiro impões deveres e confiança para ambos os lados, e espero que ambos os lados se entendam para que exista cooperação e ganhos comuns.
A bola da vez é o F18E/F Super Hornet no FX2, oportunidade única para o Big Brother mostrar realmente suas intenções e que mudou um pouco.
Abs
Cada F5 comprado da Jordânia custou 3,5 milhões de dolares cada e a modernização custou 5 mihões de dolares cada. Assim, o preço de um F5M pode ser estimado em 10 milhões de dolares cada. Mas o preço de modezinhação do A4 da marinha ficará em 10 milhões de dolares cada, sendo que cada um custou cerca de 3 milhões de dolares cada. Assim um A4M ficara por 13 milhões de dolares. Cada Mirage2000C custou para a FAB 5,5 mihões de dolares (não considerando o que foi pago pelo treinamento da equipe de mecanicos e o armamento). Considerando que o… Read more »
É… Quando vem da França é sempre mais caro.
Jacubão,
Acho que esse F-5 vieram baratinho (muito abaixo do preço de mercado) porque tinha uma equipe da FAB avaliando alternativas pelo mundo. Essa equipe estava interessada principalmente no F-7.
Não sei se foi de propósito, mas serviu muito bem para matar as iniciativas de reequipamento da FAB.
Abraço,
Justin
“Justin Case supports Rafale”
Caro Justin Case, não acho que o J-7 jamais tenha sido seriamente considerado. E na crise em que o Brasil estava na época só os sonhadores acreditavam em promessas de reequipamento.
Nos comentários se falou aqui em negócio “desleal”. Não acho. Os F-5 foram vendidos a preço de refugo, entregues como refugo e todo mundo sabia que era refugo.
F-5 em teste na URSS mais História da Guerra Fria
Para todos que gosta dos tempos da Guerra fria vai um vídeo e tanto F-5 sendo testa pelos URSS, muito bacana a pequena História secreta , para quem achava que as aeronaves ocidentais não eram capturadas ai vai um vídeo no F-5 na mão dos URSS
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Vídeo do F-5 em testes na URSS
http://www.youtube.com/watch?v=wtP_t0DG51U