GCAP

O Global Combat Air Programme (GCAP) é uma colaboração entre o Reino Unido, Japão e Itália para o desenvolvimento de uma aeronave de combate de próxima geração, com entrada em serviço prevista para 2035. O programa busca garantir soberania nacional no setor aéreo de defesa, fortalecer a indústria de defesa doméstica e promover relações com aliados estratégicos, enquanto prevê retornos econômicos por meio de exportações. Esse projeto também representa um avanço na integração de tecnologias emergentes, como inteligência artificial e plataformas autônomas, destacando a necessidade de flexibilidade para adaptação tecnológica.

O relatório enfatiza desafios significativos, como a gestão das complexas parcerias internacionais e industriais. Para alcançar os prazos e o orçamento, o GCAP requer estruturas de governança eficazes e decisões rápidas, aprendendo com falhas de programas anteriores, como o Eurofighter Typhoon. Além disso, a divisão de trabalho entre os países deve equilibrar eficiência e benefícios nacionais sem comprometer o cronograma.

Os custos elevados do GCAP exigem controle rigoroso e transparência, com financiamento plurianual recomendado para assegurar confiança dos parceiros internacionais e garantir continuidade. A exportação das aeronaves é vista como crucial, não apenas para reduzir custos unitários, mas também para fortalecer parcerias estratégicas. As mudanças recentes na política de exportação do Japão são destacadas como facilitadoras nesse aspecto.

O sucesso do programa depende ainda de enfrentar desafios de mão de obra, como recrutamento e retenção de talentos qualificados, além de planejar a transição da força de trabalho existente do Typhoon para o novo projeto. A abordagem modular e o treinamento avançado, incluindo soluções sintéticas, são considerados essenciais para atender às futuras necessidades operacionais do GCAP.

Para acessar o documento em inglês, clique aqui.

Programa Global de Aeronaves de Combate (GCAP)

Abaixo, um resumo dos principais pontos, conclusões e recomendações do relatório do Comitê de Defesa da Câmara dos Comuns sobre o Programa Global de Aeronaves de Combate (GCAP), que envolve uma parceria entre o Reino Unido, Japão e Itália para desenvolver um caça de nova geração. O relatório destaca a importância estratégica do programa, mas também alerta sobre os desafios que precisam ser superados para garantir seu sucesso.

Principais Temas

Importância Estratégica e Soberania Nacional:

  • O GCAP é visto como um programa de defesa de grande importância para o Reino Unido, garantindo a soberania nacional no setor de aeronaves de combate e fornecendo uma capacidade militar essencial em um mundo cada vez mais instável.
  • O relatório enfatiza que a capacidade soberana assegura que o Reino Unido possa manter e apoiar suas próprias aeronaves em situações de conflito.
  • Citação: “A strong national Combat Air sector gives the UK the military capability we need to defend the country and our national interests, and choice in how we provide that capability without relying on others–the very essence of sovereignty.”

Parcerias Internacionais:

  • A parceria com o Japão e a Itália é inédita para o Reino Unido e Itália, e notável para o Japão, que historicamente colaborou quase exclusivamente com os Estados Unidos em projetos de defesa.
  • O relatório expressa confiança no compromisso e nas capacidades dos parceiros internacionais, especialmente o Japão, que fez progressos técnicos significativos.
  • Existe a possibilidade de outros países se juntarem ao programa, mas isso precisa ser feito com cautela, dado o risco de atrasos.
  • Citação: “The Committee’s visits to Japan and Italy inspired great confidence in the commitment and capabilities of both our international partners. In particular, recognising that involvement in GCAP entails a significant step both politically and militarily for Japan, the Committee was impressed by the depth of the Japanese offer and the technical progress they have made to date.”

Estruturas de Entrega e Governança:

  • O programa é complexo e requer estruturas de entrega eficazes, tanto a nível governamental quanto industrial.
  • A criação de organizações de entrega (GIGO e joint venture industrial) é essencial para garantir uma tomada de decisão eficiente e evitar os problemas de gestão que afetaram o programa Eurofighter Typhoon.
  • Citação: “Given the ambitious timescales for GCAP, its delivery structures at the Governmental and industrial levels will need to be sufficiently empowered to take timely and binding decisions as the programme progresses.”
  • É fundamental evitar a repetição dos erros estruturais do Eurofighter, que causaram atrasos e aumento de custos.

Workshare (Divisão de Trabalho):

  • A divisão de trabalho entre os países parceiros precisa ser cuidadosamente considerada, equilibrando a eficiência do programa com os interesses da indústria de cada país.
  • É necessário adotar uma abordagem flexível à medida que o programa avança, garantindo que todos os parceiros sejam vistos como iguais.
  • Citação: “We support an element of flexibility in workshare arrangements for GCAP, whilst also recognising the need for all three nations involved to be, and be seen to be, equal partners over the course of the programme.”
  • A flexibilidade deve operar dentro de um quadro bem definido para evitar renegociações e atrasos.

Custos e Financiamento:

  • O GCAP consumirá uma parte significativa do orçamento de defesa e os custos precisam ser transparentes.
  • O relatório defende um financiamento multianual para garantir a estabilidade do programa e inspirar confiança nos parceiros internacionais.
  • É essencial controlar os custos para manter o apoio público e político.
  • Citação: “With the defence budget under increasing pressure, it is incumbent on both Government and industry to keep tight control of costs as GCAP progresses.”
  • O programa deve ser apresentado ao público não apenas como uma necessidade militar, mas também como um benefício econômico.

Exportações:

  • A capacidade de exportar a aeronave é crucial para o sucesso do GCAP, ajudando a reduzir custos e a manter a capacidade industrial.
  • O Japão tem tradição de restrições nas exportações de defesa, mas tem dado passos no sentido de um relaxamento das restrições.
  • É fundamental evitar os conflitos sobre exportações que afetaram o programa Eurofighter Typhoon.
  • Citação: “The Committee was greatly encouraged by Japan’s recognition of the importance of exports to their GCAP partners.”

Capacidade Tecnológica e Inovação:

  • O relatório enfatiza a importância da integração de Inteligência Artificial (IA) para análise de dados e do uso de Plataformas Colaborativas Autônomas (ACPs), que incluirão sistemas não tripulados (drones).
  • Citação: “The Government must ensure that GCAP is future proofed so that it can not only accommodate advances in our own AI capabilities, but also counter those of our adversaries.”
  • O GCAP deve ser adaptável e capaz de incorporar avanços tecnológicos futuros.

Treinamento:

  • A aeronave de treinamento Hawk T2 não atenderá aos requisitos de treinamento para GCAP.
  • É necessário desenvolver um novo sistema de treinamento, incorporando o treinamento sintético.
  • Citação: “We recognise that innovative training solutions, including modular aircraft and synthetics, may offer new opportunities for industry; but we find the failure to capitalise on the success of Hawk remarkably short-sighted and deeply regrettable.”
  • O relatório critica a falta de planejamento da substituição do Hawk.

Força de Trabalho e Capacidade Industrial:

  • Recrutar e reter uma força de trabalho qualificada é um dos maiores desafios para o programa.
  • É essencial fazer a transição da atual força de trabalho do programa Typhoon para o GCAP.
  • O programa deve priorizar a retenção da força de trabalho Typhoon, incluindo a garantia de novos contratos de exportação para manter as linhas de produção.
  • Citação: “Retention of the existing Typhoon manufacturing workforce, made more challenging by dwindling production runs and the gap until full-scale production of Tempest is underway, must be a priority.”

Conclusões e Recomendações

  • O GCAP é um programa vital para a soberania e segurança do Reino Unido, além de fornecer oportunidades para a economia.
  • É necessário abordar os desafios da gestão, custos, divisão de trabalho e inovação tecnológica.
  • O financiamento deve ser multianual e transparente.
  • As exportações são cruciais para o sucesso do programa.
  • A inclusão de novos parceiros deve ser cautelosa, para não comprometer o prazo de 2035.
  • A retenção de trabalhadores qualificados é fundamental.
  • A adaptação do GCAP para IA e sistemas não tripulados é necessária.
  • O Comitê de Defesa continuará a supervisionar o desenvolvimento do programa.

Observações Adicionais

  • O relatório enfatiza que o GCAP deve aprender com os erros de programas anteriores, especialmente o Eurofighter Typhoon.
  • O prazo de 2035 é um objetivo ambicioso e requer uma gestão eficiente do programa.
  • O sucesso do GCAP dependerá da colaboração entre os governos e a indústria dos três países parceiros.

Este briefing fornece uma visão abrangente do relatório do Comitê de Defesa sobre o GCAP. Recomenda-se a leitura do relatório completo para obter mais detalhes.

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Willber Rodrigues

O fato desse relatório enfatizar várias vezes que eles não querem repetir os erros do Typhoon mostra bem o quanto esse programa foi…complicado, pra dizer o mínimo.

Duas coisas:

1- a Alemanha com a mania de se meter e atrapalhar exportações de produtos feitos em parceria com ela, coisa que o próprio relatório chama a atenção;
2- quase todos os caças europeus feitos em consórcio demoram muito pra terem tecnologias que caças franceses, suecos e norte-americanos ja tem a muito tempo ( radar AESA, por eemplo ), vão continuar repetindo esses erros?

Rui Mendes

O problema foi com o programa, nada a ver com o resu deltado final do caça, que é só um dos 3 melhores caças, da geração antes dos stealth. Quanto aos caças feitos em consórcio Europeus…, pois normal, sendo que praticamente, só existem caças feitos em consórcio na Europa, normal haver mais nós a desfazer do que feitos por só uma empresa como líder, com se vê pelos caças Franceses e Suecos, que são também Europeus. Depois a única coisa que o Typhoon não tinha no início, era o radar aesa, mas tinha um excelente radar mecânico, mas o Rafale… Read more »

Last edited 9 horas atrás by Rui Mendes
Rui Mendes

*viram e viveram.

Carlos Campos

Bom pelo visto o compremetimento está grande, mas ainda me pergunto se terá uma linha de produção ou 2 linhas de produção, a Itália em termos de radares é bem competente, inclusive o radar do Typhoon é um leonardo, Gripen E também, o Japão foi o primeiro do mundo a ter um radar aesa em um caça, modelo local, esse divisão de aviônicos e partes nunca foi colocada a público, mas parece que já tem um acordo

JuggerBR

Fossemos um país sério e cumpridor de compromissos e seria uma boa oportunidade esse programa, mas não é o caso…

Bruno Vinícius

Os caças da próxima geração irão crescer consideravelmente. Os protótipos da China, o NGAD e o GCAP aparentam estarem todos beirando as 40 toneladas ou mais.

adriano Madureira

Bonitão! Me lembrou um Gripen com esse bico pintado de tonalidade diferente da aeronave.

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