Futuro do NGAD: EUA avaliam alternativas ao caça de sexta geração diante de desafios orçamentários

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A Força Aérea dos EUA está avaliando alternativas para o caça tripulado de sexta geração do programa Next Generation Air Dominance (NGAD), considerando opções como foco em capacidades de ataque de longo alcance ou um design de custo reduzido inspirado no F-35.

O projeto original, que exige US$ 20 bilhões para conclusão, permanece em discussão, mas a decisão final foi deixada para a próxima administração presidencial. O Secretário da Força Aérea, Frank Kendall, explicou as opções durante um evento no CSIS, destacando que o plano inicial, concebido como uma substituição direta do F-22, está sendo reavaliado devido a limitações orçamentárias.

Alternativas incluem uma aeronave multifunção projetada para gerenciar Collaborative Combat Aircraft (CCA), aproveitando drones para distribuir armas e sensores, ou maior investimento em capacidades de ataque de longo alcance.

Outra possibilidade é o uso ampliado do bombardeiro furtivo B-21 Raider, que já desempenha missões de inteligência, gerenciamento de batalha e ataques de longo alcance. Kendall sugeriu que o conceito de “ataque de longo alcance” poderia incluir sistemas como o míssil de cruzeiro AGM-181 Long-Range Stand Off (LRSO) e o próprio B-21, que, além de lançar mísseis ar-ar, poderia atuar como centro de comando aéreo em missões de supressão de defesas inimigas.

A reavaliação do NGAD também considera novos conceitos operacionais, como a necessidade de aviões-tanques furtivos para apoiar aeronaves de longo alcance em ambientes altamente contestados. Segundo Kendall, aeronaves tripuladas continuam sendo essenciais para comandar drones em operações táticas.

Entre os fatores que motivaram a revisão estão o alto custo do NGAD original, com cada unidade podendo custar três vezes o valor de um F-35, e as incertezas orçamentárias, agravadas pelo aumento de custos de projetos como o míssil intercontinental Sentinel e o próprio B-21. Desde 2023, o programa NGAD vem sendo refinado com o objetivo de equilibrar custos e capacidade operacional.

Inicialmente, o planejamento previa a aquisição de 200 unidades do novo caça para substituir a frota de F-22, mas as restrições orçamentárias limitaram essa perspectiva. Kendall destacou que questões estratégicas, como a competição com a China no desenvolvimento de aeronaves de sexta geração, também influenciam a decisão. Autoridades enfatizaram a necessidade de manter a vantagem tecnológica dos EUA enquanto enfrentam o rápido progresso chinês.

O programa enfrenta o desafio de priorizar múltiplas necessidades, como a aquisição de CCAs, caças NGAD, tanques furtivos e outros projetos críticos. Kendall reconheceu que a administração Trump precisará avaliar cuidadosamente as prioridades estratégicas e orçamentárias. Andrew Hunter, Secretário-Assistente da Força Aérea, reforçou que os EUA mantêm uma vantagem técnica significativa, mas alertou para a velocidade do desenvolvimento chinês. Ele afirmou que, embora os EUA possam ter capacidades superiores, o tempo é crucial para não perder a liderança na corrida tecnológica global.

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Willber Rodrigues

“(…) considerando opções como foco em capacidades de ataque de longo alcance ou um design de custo reduzido inspirado no F-35.”

Eu rí lendo isso. Rí mesmo, é sério.

“(…) mas a decisão final foi deixada para a próxima administração presidencial”

O próximo ocupante da White-House tem um cara chamado Musk como conselheiro, e esse conselheiro ja criticou abertamente o F-35 e seus custo, e já avsiou que drones são o futuro das guerras. Vai saber se ele está ou não certo…

Rodolfo

Pensei o mesmo, qual seria o propósito desse avião se o F35 já existe, mais barato seria comprar mais F35s ou criar uma versão especial apenas para CCAs a jogar dinheiro num outro programa?
A verdade também é que a USAF criou um avião super inteligente no F35 mas extremamente complicado de fazer upgrade. O Gripen da FAB parece mais simples por ser mais modular?

Quanto a admin Trump, depois dos voos dos caças de 6a geração chineses, acho que o NGAD vai receber os fundos que precisa pro programa seguir em frente.

Willber Rodrigues

“Quanto a admin Trump, depois dos voos dos caças de 6a geração chineses, acho que o NGAD vai receber os fundos que precisa pro programa seguir em frente.”

Pensei exatamente a mesma coisa quando saíram as notícias do “caça de 6° geração” chinês.
Se esse programa norte-americano recebia críticas sobre custos, agora eles terão fôlego e carta branca pra irem em frente.

Chris

É provável…

Mas convenhamos…. Não me lembro dos EUA falarem tanto em restrições orçamentárias como agora…

Bem em tempos onde parece que a qualquer momento a China irá lançar um exército de naves espaciais.

Podiam deixar a arrogância um pouco de lado, e amadurecer o projeto do F-22 com tecnologias modernas. Funcionou muito bem com F-15 e F-16 ate hoje. Esse NGAD não vai ter custos menores.

Last edited 8 horas atrás by Chris
Luís Henrique

F-35 é 5G. O NGAD seria um 6G grande e pesado, para aumentar muito o alcance, realizar missões no pacifico, porém custo estimado estava em 3x o custo de um F-35. Agora uma das alternativas analisadas seria um 6G menor e mais leve, como o F-35 mas 6G em vez de 5G, que tenha custo igual ou menor que um F-35. Provavelmente seria um caça menos capaz, com menor carga de armas, menos espaço para sensores e menor alcance. Mas provavelmente estão analisando esta opção com o uso conjunto de drones, loyal wingman, aeronaves furtivos de reabastecimento, etc. Dessa forma… Read more »

Rodolfo

Eu nao sei se gastar num “F35” de 6a faz sentido agora, ainda mais com a versao Block 4 do F35 disponivel em alguns anos e o upgrade dos F16 Block 40 e 50 pra block 70. Acho que uma versao Block 5 do F35 talvez com a GE X100 de ciclo adaptativo (que a PrattWhittney conseguiu evitar com muito lobby) sairia mais barato que uma nova plataforma.
O deep penetrator NGAD faz mais sentido por oferecer algo novo na USAF. O “J36” chines, se essa vai ser a designaçao, é algo que nao tem similar na USAF hoje.

Willber Rodrigues

“Agora uma das alternativas analisadas seria um 6G menor e mais leve, como o F-35 mas 6G em vez de 5G, que tenha custo igual ou menor que um F-35”

Um equipamento ou projeto novo norte-americano custando igual ou inferior ao atual F-35?
É ruim, ein…duvido muito. Isso NUNCA aconteceu antes, e não vai ser esse projeto que vai quebrar isso.

PauloR

A China vai acabar com EUA, vão fazer o que eles fizeram com a URSS.

RPiletti

A economia ainda esta na mão dos EUA, a China tem chão pela frente.

Leonardo

E a dívida pública Trilionária…??!

Carlos

Com o dólar ainda sendo a moeda mais forte do Mundo e o principal meio de realizar transações, dificilmente.

O Mundo já caminha para tirar o dólar da jogada, há movimentação em praticamente todos os cantos para isto, mas até que aconteça muito caminho ainda terá de ser percorrido. E com a atual onda de neoliberalismo e austeridade, a tendência é que demore ainda mais, pois sem investimento e acordos bilaterais que envolvam tanto produtos com baixo valor agregado, quanto de alto valor, muitos países ainda serão dependentes dos E.U.A para muitas coisas.

Então, calma lá.

Chris

1/3 das exportações de todo o mundo são chinesas ! Saldo positivo de 1 trilhão de dólares na balança comercial de 2024.

Sinto informar…. Mas eles não vão entrar em guerra com quem coloca comida na mesa deles nunca…

Continue torcendo pela Russia !

Last edited 7 horas atrás by Chris
JuggerBR

E ainda falam em drones de 30 milhões de dólares. Isso sem citar a Marinha, onde cada navio custa uma fortuna e demora muito tempo pra ser construído, a coisa tá feia pros EUA…

Carlos

“…desafios orçamentários…”

hhhahahahahahahahahahahah… sério isso? Os caras tem mais caças e tanques do que pessoas para operar, só vender ou mandar para a sucata que sobram bilhões só para esse projeto.

Ricardo Neto

De duas uma, ou a USAF está perdida com este novo programa, ou ele está sendo testado e aperfeiçoado secretamente. Vale lembrar que a alguns anos atrás(2021) um modelo em escala foi transportado de caminhão para o campo Helendale da Lockheed Martin, para a medição da seção transversal de radar.

Felipe Augusto Batista

“O projeto original, que exige US$ 20 bilhões para conclusão, permanece em discussão.” Uma quantidade enorme de recursos, mas ao final teriam uma máquina inigualável totalmente fabricada no país sem depender de fornecedores externos. O Brasil tem a Embraer que nunca produziu um caça próprio. Não produzimos motores desta categoria, apenas de porte pequeno, e uma série de outras deficiências. Se o governo endoidasse e colocasse na mão da Embraer, limpo de uma só vez sem restrições, 3X este valor (US$ 60 bi) seria o Brasil capaz de igualar/repetir este feito ou estamos tão defasados que nem este montante absurdo… Read more »

Willber Rodrigues

Faz o seguinte:

Pesquise quanto tempo e grana os indianos injetaram, e continuarão a injetar, no Tejas, e veja o quanto é “fácil” produzir um caça 100% nacional…

Rodolfo

Stealth, radar, turbina, existe uma defasagem tecnologica monstruosa que hoje so a China esta conseguindo tirar. Nem Europa ou Russia. Por isso mesmo cada vez mais países vão se reunir para desenvolver plataformas em conjunto.
Se a MB já sofre pra construir um sub nuclear, coisa que entre o primeiro reator Chicago-1 e o USS Nautilus demorou um pouco mais de uma década pros americanos, um caça 100% nacional stealth supercruise iria levar uma eternidade… fora que nem microprocessadores o Brasil é capaz de produzir. O caminho da FAB é aliança com a SAAB ou talvez com o projeto britanico.

Jadson S. Cabral

Eu concordo com você, menos quando fala sobre microprocessadores. Os EUA não fabricam tudo o que precisam quando se trata de semicondutores. Quase tudo vem de Taiwan, da Coreia do Sul e até mesmo da China. Lembro de ter lido uma matéria aqui que dizia que o departamento de defesa descobriu que o F-35 tinha chips fabricados na China. Agora, eu compreendo que os EUA não fabricam todos os semicondutores que utilizam não por dificuldade técnica, mas financeira. A TSMC é hoje a empresa que fabrica quase todos os chips mais avançados do mundo porque conseguiu desenvolver um modelo de… Read more »

Rodolfo

A TSMC produz chips para empresas de semicondures Fab-less como AMD, Nvidia… os chips no fim na maioria sao de propriedade intelectual americana, mesmo que produzidos em Taiwan.
Alias, ta cheio de chip da Intel e da Texas Instruments em misseis hiper sonicos russos, que sao traficados via mercado negro passando por intermediarios na Turquia e India.

Jadson S. Cabral

Com esse dinheiro daria pra desenvolver um caça nacional, talvez com radar nacional e uma serie de outros sistemas mais simples que não teríamos muita dificuldade de ter acesso. Mas 100% nacional, não. Aí o buraco é bem mais embaixo. Se for pra falar de motor, ele sozinho consumiria esse valor. Isso sem falar no tempo de desenvolvimento e nas mudanças de governo e chefia dentro das próprias forças armadas. Daqui a 10 anos, a FAB ainda teria interesse em continuar com o investimento? A FAB querer comprar um caça nacional, com motor nacional, ou ia preferir comprar um caça… Read more »

Padofull

Uma dúvida que tenho sobre essas alternativas, é que elas só saem vencedoras de um combate se tudo der certo para elas. Se alguma coisa sair errado no roteiro, será que a IA vai conseguir improvisar para dar uma volta por cima. Já pensou como um B-21 Raider vai se virar se um caça “furar” seu perímetro de segurança?

Jadson S. Cabral

Por isso é AI. Muita gente está tratando inteligência artificial como um algoritmo do tipo se/senão, que apenas executa comandos.
A AI tem capacidade de “pensar” e tomar decisões de acordo com o cenário. Ainda mais que isso, a AI pode aprender e se tomar cada vez mais inteligente, de modo que hoje já consegue nos dar soluções melhores e mais rápidas que um ser humano. O medo de muita gente é inclusive esse, que uma inteligência artificial se torne tão inteligente que decida ser independente, e pior, não ué não precisa da gente.

Padofull

E o avião de sexta geração da marinha? Não era um projeto separado da força aérea americana? Continua?

Rodolfo

Segue em vel mais lenta, teve até o orçamento cortado nesse ano fiscal.
O FAXX não é tao urgente pra USNavy como o NGAD pra USAF. A frota de F35 e Growlers vao seguir como a espinha dorsal dos carrier groups por muito tempo.

A prioridade da Navy é produzir o Batch III Arleigh Burke, começar a produzir a constellation e partir pro futuro destroyer, isso tudo ainda tendo que lidar com a perda de capacidade industrial naval americana.

Walsh

A meu ver o certo era uma revisão do projeto do F-22, mais ou menos como fizeram com o F-18, criando o Super Hornet. Um F-22 com nova eletrônica, maior capacidade de carga e autonomia seria o suficiente por uns bons pares de anos.

Rodolfo
Victor Carvalho

Esse mesmo secretário Kendall tinha dito em outra entrevista que os caças de 6ª geração chineses não influenciam no NGAD, agora o mesmo vem dizer o contrário, kkkkkkkkk! “Kendall destacou que questões estratégicas, como a competição com a China no desenvolvimento de aeronaves de sexta geração, também influenciam a decisão.” É óbvio que influencia! “Andrew Hunter, Secretário-Assistente da Força Aérea, reforçou que os EUA mantêm uma vantagem técnica significativa, mas alertou para a velocidade do desenvolvimento chinês. Ele afirmou que, embora os EUA possam ter capacidades superiores, o tempo é crucial para não perder a liderança na corrida tecnológica global.”… Read more »

Rodolfo

Como prototipo os caças de 6a americanos da Boeing e Lockheed ja vem voando desde 2020. E a GE ja conclui sua turbina de nova geração XA100 projetada pro F35 e deveria concluir a XA102 em pouco tempo.
A diferença hoje é que os chineses parecem determinados a ter seus caças de 6a operacionais até o fim da década enquanto do lado americano transparece muita dúvida.

Abymael2

O futuro já está meio que à vista: o negócio é investir em aeronaves não tripuladas, drones e mísseis.

PS: “desafios orçamentários”…se eles tem isso, imagina o que sobra pra nós…