Radar AESA ES-05 Raven: Tecnologia de Ponta no caça Saab F-39E Gripen
O radar AESA (Active Electronically Scanned Array) ES-05 Raven, desenvolvido pela Leonardo, é um dos principais componentes tecnológicos que equipam o caça Saab F-39 Gripen, incluindo a versão utilizada pela Força Aérea Brasileira. Projetado para oferecer desempenho excepcional em detecção, rastreamento e engajamento de alvos, o ES-05 Raven incorpora inovações que o tornam um dos radares mais avançados da atualidade no campo da aviação militar.
Características do ES-05 Raven
O ES-05 Raven é um radar de varredura eletrônica ativa (AESA), o que significa que utiliza milhares de pequenos módulos transmissores e receptores em estado sólido, conhecidos como TRMs (Transmit/Receive Modules). Essa tecnologia permite que o radar altere rapidamente sua direção de varredura, sem necessidade de movimento mecânico completo, aumentando sua agilidade e precisão.
As principais características do radar incluem:
- Alcance estendido: Capaz de detectar alvos aéreos, terrestres e marítimos a grandes distâncias, mesmo em condições adversas.
- Capacidade multimodal: Permite executar funções de busca, rastreamento e designação de alvos simultaneamente, cobrindo diferentes tipos de ameaças.
- Baixa assinatura de detecção: Sua tecnologia reduz a probabilidade de ser detectado por radares inimigos, contribuindo para a furtividade do Gripen.
- Alta resolução no modo SAR: Oferece imagens detalhadas do terreno, auxiliando em missões de mapeamento e reconhecimento.
Tecnologia Swashplate: Um Diferencial Único
O ES-05 Raven incorpora uma característica inovadora conhecida como tecnologia swashplate. Diferentemente de radares AESA convencionais, que possuem uma antena fixa, o radar do Gripen está montado em um suporte mecânico giratório que permite que a antena seja inclinada (pivotada) em diferentes ângulos. Essa funcionalidade oferece uma série de vantagens operacionais:
- Cobertura ampliada: Com o mecanismo swashplate, o radar pode girar em até ±100 graus, proporcionando um campo de visão muito mais amplo do que o de radares AESA tradicionais.
- Flexibilidade tática: O swashplate permite que o piloto mantenha alvos em rastreamento ativo, mesmo enquanto manobra agressivamente em combates aéreos.
- Economia de energia: O movimento mecânico otimiza a necessidade de redirecionamento eletrônico da antena, reduzindo o consumo de energia e aumentando a eficiência.
VÍDEO: A tecnologia swashplate em funcionamento
Empregando o efeito “Doppler Notch” em combate aéreo BVR
O efeito “doppler notch” é uma manobra tática empregada em combates aéreos que explora as características dos radares de pulso Doppler usados em aeronaves de caça. Esses radares operam medindo o desvio Doppler, ou seja, a mudança na frequência das ondas de radar refletidas, para calcular a velocidade relativa do alvo em relação ao radar. Essa funcionalidade permite que o radar ignore “ruídos” como o solo ou objetos de baixa velocidade, focando em alvos que se aproximam ou se afastam rapidamente.
O “doppler notch” ocorre quando uma aeronave-alvo voa perpendicularmente ao radar inimigo, formando um ângulo de 90 graus em relação ao feixe do radar. Nesta posição, o deslocamento relativo entre o alvo e o radar é minimizado, tornando a aeronave praticamente “invisível” ao radar, pois ela se mistura ao ruído do fundo. Essa manobra é conhecida como “beaming”, na qual o caça intencionalmente ajusta sua trajetória para voar lateralmente ao radar inimigo, explorando a limitação intrínseca dos radares Doppler.
No caso do Saab Gripen F-39, a combinação do radar AESA ES-05 Raven montado em um sistema swashplate e os mísseis Meteor aumenta significativamente a eficácia desta tática. O radar do Gripen é capaz de guiar mísseis além do alcance visual (BVR, Beyond Visual Range), mesmo enquanto o caça executa o beaming. Isso ocorre porque o radar AESA do Gripen pode continuar rastreando o alvo, mesmo em ângulos extremos.
Essa abordagem permite que o Gripen lance mísseis de longo alcance, como o Meteor, enquanto simultaneamente “se esconde” no “doppler notch” do radar inimigo. Nesse cenário, o caça adversário teria dificuldade em manter um travamento de alta qualidade sobre o Gripen, enquanto os mísseis permanecem guiados com precisão até o alvo. O efeito prático dessa manobra é uma redução no risco de o Gripen ser detectado ou engajado, aumentando suas chances de sucesso na missão.
Outros caças avançados, como o Su-57, também exploram o conceito do “doppler notch”. Para isso, algumas aeronaves incluem radares secundários montados nas laterais da fuselagem, permitindo que rastreiem alvos mesmo quando a aeronave principal realiza manobras de beaming. Isso ressalta a importância crescente de se explorar as limitações dos radares adversários em combates modernos.
Aplicações e Benefícios Operacionais
O ES-05 Raven oferece ao Gripen F-39 capacidades avançadas que são fundamentais para cenários de combate moderno:
- Rastreamento de múltiplos alvos: Pode rastrear dezenas de alvos simultaneamente, priorizando os mais ameaçadores.
- Engajamento de armas de longo alcance: Suporta mísseis como o Meteor, ampliando a capacidade de combate além do alcance visual (BVR).
- Resistência a contramedidas eletrônicas: Sua arquitetura avançada é projetada para resistir a tentativas de interferência ou bloqueio por parte do inimigo.
Impacto na Força Aérea Brasileira
A incorporação do radar ES-05 Raven no Gripen F-39 representa um salto tecnológico significativo para a Força Aérea Brasileira (FAB). Ele não apenas melhora as capacidades defensivas e ofensivas do caça, mas também posiciona o Brasil na vanguarda das tecnologias de defesa aérea. O radar permite à FAB operar em cenários complexos, garantindo superioridade aérea e suporte tático em missões críticas.
Especificações Técnicas do ES-05 Raven
- Frequência: Banda X
- Cobertura de varredura: +/- 100°
- Velocidade de varredura: Troca instantânea de feixe
- Resfriamento: Líquido e ar
- Peso: 215 kg
- Principais interfaces: Ethernet, 1553B
Modos
Modos ar-ar
- Busca enquanto rastreia
- Rastreamento de alvo único
Modos de combate aéreo
- Busca no HUD
- Varredura vertical
- Varredura ajustável
- Linha de mira direta (Boresight)
Modos ar-solo
- Mapeamento de terreno em tempo real
- Aperfeiçoamento de feixe Doppler
- Busca e rastreamento de superfície marítima
- Indicação e rastreamento de alvos terrestres em movimento
- Radar de abertura sintética em modo de foco e varredura de faixa
- Imagens de radar de abertura sintética inversa
- Medição de distância ar-solo
Modos intercalados
- Configurável pelo cliente
- Modos intercalados ar e solo
Funções de suporte
- Busca passiva enquanto rastreia
- Links de dados de mísseis
- Busca direcionada
- Reconhecimento de alvos não cooperativos
- Conjunto abrangente de contramedidas eletrônicas (ECCM)
- Modo climático
Tenho uma pergunta: noutra matéria um forista disse que esse radar é capaz de interferência eletrônica. Procede essa informação?
Prezado Rinaldo, capacidade ele tem, só não sabemos se já foi implementada.
Obrigado. Não sabia que radar pode interferir em radar. Não deve ser por potência.
Os radares AESA também podem conduzir operações de interferência ativa. Um radar AESA pode emitir sinais projetados para “saturar” os radares inimigos, dificultando ou mesmo impossibilitando sua capacidade de rastrear alvos.
As emissões de feixes direcionais podem criar múltiplos “ecos” falsos no radar adversário.
Durante combates, os radares AESA podem direcionar emissões específicas para “cegar” mísseis guiados por radar que estejam se aproximando. Essa técnica dificulta que o míssil mantenha seu travamento no alvo.
Bom, o retorno do assunto, em um momento em que insisti em que o radar foi construído já pensando em capacidade de interferência. O que demonstra que ainda o Gripen E é um produto em desenvolvimento da capacidade dos seus sistemas, levando isso em consideração a FAB foi inteligente em criar dentro da atual habilidade dos pilotos do Gripen E requisitos limitadores para o Cruzes, com foco no aprendizado.
Não há como não acreditar no Gripen E, é uma parceria sem dúvida consolidar que está no radar da FAB e da Força Aérea Sueca.
…consolidada…
Se trata do mesmo fornecedor do radar que equipa os M-346? Esse Raven poderia ser utilizado nos M-346, caso estes sejam adquiridos?
O radar Grifo M-346 que equipa o treinador achando italiano é a Leonardo a mesma que fábrica o radar do Gripen, “..caso sejam adquiridos….” Que Deus seja brasileiro e não te ouça rsrsr
Achando, digo avançado
Tamanho, peso, consumo de energia e demandas de refrigeração do radar Raven superam o que um jato do porte e potência do M-346 pode prover.
Assim como tamanho, peso, consumo de energia e demandas de refrigeração de grandes radares instalados em caças maiores superam o que um jato do porte e potência do Gripen pode prover.
É por aí.
A Westinghouse conseguiu colocar o radar do F-16 no F-5 IV (APG-66), diminuindo a antena e afastando cerca de meio metro a base do radome. Os componentes eram os mesmos e a aerodinâmica não foi alterada.
Tenho um esquema da Northrop do nariz de reconhecimento do F-5E, aquela coisa precisava de refrigeração e até ar condicionado para desembaçar as lentes das câmeras, a Northrop conseguiu colocar toda uma tubulação e unidades de controle no estreito e pequeno nariz do F-5.
Se for para vender bem eles fazem qualquer negócio. Acabam dando um jeito.
Sim, mas é importante ressaltar que o M346 FA é um caça leve baseado e LIFT e possui um radar bem menos capaz, o Grifo.
Ainda que possamos especular se seria possível ou não colocar o Raven, o custo seria outro.
Este caça leve é vendido por cerca de U$ 50 mi ou um pouco mais em um pacote completo, mas vem com um radar Mecânico, bem mais simples e não possui capacidade de míssil BVR, ainda que isso também possa ser implementado caso algum cliente exija.
Só complementando:
Melhor negócio é usar no M-346 a versão AESA do radar Grifo, mesmo sendo menos capaz que o Raven.
Muito mais compacto e mais leve, e consequentemente muito mais adequado ao tamanho da aeronave. Estamos falando de praticamente metade do peso e do volume.
https://electronics.leonardo.com/documents/16277707/18365694/GRIFO+E+%28MM08942%29_HQ.pdf?t=1671012781717
A Meloni se reuniu com o Lula e só falaram da Anel, ainda bem que nem conversaram sobre o M-346, espero que se vier alguma coisa, que venha o Gripen C.
O piloto do F-15 ficou babando pois o radat AESA dele tem muitas das capacidades do nosso radar mas por ser fixo algumas das capacidades do Raven-05 não tem no radar dele.
1-Existe algum projeto europeu similar ao que os russos estão desenvolvendo com a dupla Su-57/S-70.
2- Caso positivo, o Gripen teria condições de ser essa aeronave líder.
Com toda essa preocupação com a saída do A-1, sendo substituído por uma única aeronave, esse conceito de um drone de ataque como ala fiel, do porte de caças, me parece muito interessante para a FAB investir para o futuro, complementando o próprio Gripen de forma menos custosa e ao mesmo tempo moderna.
Então parece não ser tão absurdo a ideia de radares apontados para trás em certas versões do Sukhoi, como criticado por publicações especializadas estrangeiras.
Os russos testaram algumas vezes a configuração, e o radar hoje montado em algumas versões, o N012, não tem a capacidade de guiar mísseis, somente de alerta.
Porém, muito possivelmente eles já tenham testado essa capacidade.
Tem espaço, mas talvez nada que compense.
Rapaz, eu vi o radar o Gripen mas até hoje não vi a antena do fodastico radar Spicio do AMX. kkkkk