Missão Secreta: Anarquistas tentaram ataque aéreo contra o ditador espanhol Francisco Franco em 1948
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a Espanha de Francisco Franco se viu isolada dentro da Europa Ocidental devido à aliança do Caudilho com as ditaduras de Hitler e Mussolini para derrubar definitivamente a República Espanhola durante a Guerra Civil (1936-1939). No entanto, os primeiros passos da Guerra Fria e o estado catastrófico das economias dos países europeus impediram a invasão da Espanha. Afinal, Franco não representava uma ameaça direta para a França ou para o Reino Unido.
Ainda assim, muitos espanhóis que fugiram de seu país com a queda da República não compartilhavam dessa opinião. Em particular, os membros da antiga F.A.I. (Federación Anarquista Ibérica – Federação Anarquista Ibérica) e do sindicato anarco-sindicalista C.N.T. (Confederación Nacional del Trabajo – Confederação Nacional do Trabalho), que tinham se refugiado na França, desejavam a morte de Franco.
Em agosto de 1948, três anarquistas espanhóis: Laureano Cerrada (da CNT), Primitivo Gomez (ex-piloto de caça) e Antonio Ortiz se encontraram em Toulouse para planejar um ataque contra Franco. O plano: bombardear o navio em que Franco estaria durante uma regata na Baía de San Sebastián no domingo, 12 de setembro de 1948. Eles carregariam 30 bombas (roubadas de um depósito alemão durante a ocupação nazista da França) a bordo de um avião particular, um Norécrin c/n 1902.
Primitivo voou com o Norécrin para uma pista de pouso ao norte de Cognac, onde um mecânico instalou suportes de bombas sob o assento do piloto. Em seguida, ele voou para Tarbes, onde uma caminhonete entregou as bombas clandestinamente.
Doze dias depois, em 12 de setembro, às 13h, o Norécrin decolou da pista de Dax com três homens a bordo: Primitivo Gomez, Jose Perez Ibañez, também conhecido como “El Valencia”, e Antonio Ortiz, além de 150 kg de bombas — e sem nenhum rádio a bordo!
Antonio Ortiz relembra: “Então, era questão do avião, um avião pequeno. Quando me mostraram uma foto do avião, eu disse: ‘É como uma bicicleta!’ Mas concordamos em seguir em frente. Voamos a aproximadamente 1.000 metros de altura. Eu estava navegando, comparando o tempo de voo com o mapa, quando Primitivo, o piloto, me disse: ‘Olha ali, Ortiz! É o contorno da costa de San Sebastián.’”
“Então, descemos um pouco e vimos dois destróieres navegando juntos. Provavelmente havíamos sido localizados pelos radares, pois começaram a apontar suas metralhadoras para nós. Também nesse momento, um hidroavião Dornier estava patrulhando a baía. Atrás de um dos destróieres estava um barco a motor de alta velocidade saindo do Escritório do Porto com Franco a bordo. Mas não sabíamos disso na época.”
“Então, dois caças apareceram e Primitivo os apontou para mim. Depois eram quatro, depois mais dois. Um dos caças nos chamou para que o seguíssemos. Primitivo executou uma curva na direção da França. Ele voou perto da água e lançou nossas bombas ao mar. Todos estavam dizendo: ‘Rápido, em direção à França!’”
“Se tivéssemos conseguido matar Franco, isso significaria alguns anos a menos de ditadura na Espanha. Se soubéssemos que Franco estava no barco a motor de alta velocidade, teríamos realizado um ataque como os kamikazes japoneses e nos lançado com o avião contra o barco a motor.”
FONTE: Este pequeno artigo é baseado em um documentário de TV, *Ortiz, general sin dios ni amo*, de Ariel Camacho, Phil Casoar, e Laurent Guyot (1996). A descrição do ataque vem diretamente de uma entrevista com Antonio Ortiz (1907-1996). – Revista Small Air Forces Observer – número 125, julho de 2008
Essa aeronave lembra um P-40 no perfil. E esse mecânico era habilidoso. Conseguiu adaptar suportes para 150kg de bombas neste avião. Considerando que não foi projetado pra isso, foi uma empreitada realmente digna de um kamikaze. História curiosa.
Uma aeronave pequena dessa projetada para carregar no maximo 4 pessoas e pouca carga a mais… com 3 passageriso e 150kg de bombas deveria estar acima dp seu limite de carga… o mais correto seria levar so os 150kg de bombas e o piloto…. mesmo assim pouquisimo provavel teren sucesso….
Deve ter muita fantasia!
A Espanha é fantástica. E dividida.
A versão mais potente do modelo desenvolvia 180 hps.Você imagine colocar 3 homens dentro de um avião de metal e acrescentar mais 150 quilos de artefatos explosivos sob as asas prejudicando o perfil aerodinâmico da aeronave e ainda assim partir para um operação bélica?
Mera curiosidade: esse avião aí é derivado dos BF108 Taifun.
Tipo de ação improvisada que, além de não ter quase nenhuma chance de sucesso, ainda serve para o recrudescimento do regime.
Ue… não foram esses os cara que destruiram o NORDSTREAM?