A Força de Defesa Aérea da República Islâmica do Irã (IRIADF, em inglês: Islamic Republic of Iran Air Defense Force) é uma das principais divisões militares das Forças Armadas do Irã, responsável por proteger o espaço aéreo do país contra ameaças externas. A IRIADF foi estabelecida como uma força separada da Força Aérea em 2008, refletindo a crescente ênfase do Irã na defesa aérea e em resposta à complexidade crescente das ameaças aéreas na região, como ataques aéreos e mísseis balísticos.

História e Desenvolvimento

Desde a Revolução Islâmica de 1979, o Irã tem se empenhado em desenvolver uma capacidade de defesa aérea robusta para proteger seu território. Originalmente, o Irã dependia de equipamentos adquiridos dos EUA antes da revolução, como os mísseis Hawk e os sistemas de radar MIM-23, mas as sanções internacionais impostas após a revolução e o colapso das relações com o Ocidente forçaram o país a buscar alternativas.

Na década de 2000, o Irã começou a investir pesadamente na modernização de suas forças de defesa aérea, com a aquisição de novos sistemas antiaéreos, como o S-300 da Rússia, e o desenvolvimento de tecnologias próprias, incluindo o sistema Bavar-373, que é uma versão iraniana do S-300, além de outros sistemas de mísseis de médio e longo alcance.

Estrutura e Capacidades

A Força de Defesa Aérea do Irã é composta por uma combinação de sistemas de mísseis superfície-ar (SAM), radares de última geração e sistemas de alerta antecipado. Essa força é responsável pela detecção, interceptação e destruição de quaisquer ameaças aéreas, incluindo aeronaves, drones, mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos.

  • Sistemas de Defesa Antiaérea: O Irã possui uma gama diversificada de sistemas de mísseis antiaéreos, tanto de curto quanto de longo alcance. O mais avançado deles é o Bavar-373, que entrou em operação em 2019 e é capaz de interceptar alvos a altitudes de até 27 km e distâncias de até 200 km. Outros sistemas incluem o S-200 (de fabricação soviética), o Talash, e o Mersad, uma versão modernizada do sistema Hawk.
  • Radares e Sistemas de Alerta Antecipado: A IRIADF também opera uma rede extensa de radares e sistemas de vigilância que cobrem todo o território iraniano. Estes sistemas são cruciais para fornecer uma imagem aérea completa e antecipar possíveis ataques aéreos. Entre os principais radares estão o Sepehr, que tem um alcance de 3.000 km, e o Ghadir, que também é capaz de detectar aeronaves furtivas e mísseis balísticos.
  • Integração com Outras Forças Armadas: A IRIADF trabalha em estreita colaboração com a Força Aérea da República Islâmica do Irã e a Marinha para coordenar as operações de defesa aérea e garantir uma resposta rápida a quaisquer ameaças. A integração de sistemas de comunicação e comando permite que o Irã responda de forma coordenada a qualquer violação de seu espaço aéreo.
 
Sistema Bavar-373

Autossuficiência e Avanços Tecnológicos

Uma característica importante da defesa aérea iraniana é a sua ênfase na autossuficiência. Devido às sanções internacionais, o Irã teve que desenvolver seus próprios sistemas de armas e tecnologias de radar. A indústria de defesa iraniana cresceu substancialmente nas últimas décadas, e a IRIADF tem sido um dos principais beneficiários desses avanços. Além do Bavar-373, o Irã produziu diversos sistemas nacionais, como o Khordad 3, que ganhou notoriedade em 2019 após abater um drone de vigilância dos EUA, o Global Hawk, sobre o estreito de Ormuz.

O desenvolvimento dessas capacidades é parte da estratégia do Irã para minimizar sua dependência de fornecedores estrangeiros e para garantir a defesa contínua contra ataques de estados adversários, como os Estados Unidos e Israel. A IRIADF também realiza exercícios regulares de defesa aérea, como o Velayat Sky Shield, para testar e aprimorar sua prontidão.

Khordad 3

Desafios e Futuro

Embora a IRIADF tenha demonstrado progresso significativo, ela enfrenta desafios consideráveis. A eficácia de suas defesas aéreas pode ser testada em conflitos modernos, onde as ameaças são cada vez mais sofisticadas, como mísseis de cruzeiro e aeronaves furtivas. O Irã também enfrenta a pressão contínua de sanções internacionais, o que limita o acesso a tecnologias de ponta e componentes cruciais para a manutenção de seus sistemas.

No entanto, o Irã continua a investir pesadamente em sua capacidade de defesa aérea, e a IRIADF é um componente essencial da estratégia de defesa do país, especialmente em um cenário de crescente tensão no Oriente Médio. A força tem desempenhado um papel fundamental na dissuasão de possíveis ataques aéreos e na proteção da infraestrutura crítica do país, como instalações nucleares e militares.

Nome (tipo) Altitude Míssil Desenv. Alcance detec. (km) Alcance rastreio (km) Alvos Alcance mín. (km) Alcance máx. (km) Altitude máx. (km) Notas
Mersad-1/2, Qader (SAM) Baixa-média Shahin, Shalamcheh, Sayyad-2 Abr. 2010 (Mersad-1) 150 80 100/9/2 40-45 75 18 Usado pela Força de Defesa Aérea da República Islâmica do Irã (IRIADF). Pode ser emparelhado com os sistemas móveis de busca Najm-804 e Hafaz (detecção a 350 km, rastreamento a 110-150 km).
Raad-1 (SAM) Média Taer-1 (50 km), 3M9/9M9 Kub (24 km) Set. 2012 N/D N/D 7/1/1 3 24-50 14-23 Usado pela Força Aeroespacial do Corpo de Guardas da Revolução Islâmica (IRGCASF).
Ya Zahra-3 (SAM) Média Shahab-e Thaqeb Jan. 2013 N/D N/D 7/1/1 0.5 8-16 5-11 Usado pelo IRGCASF.
Herz-eh Nobom (SAM) Média Shahab-e Thaqeb Out. 2013 N/D N/D 7/1/1 0.5 8-16 5-11 Sistema móvel totalmente acoplado ao Ya Zahra.
Tabas (SAM) Baixa-média Taer-2A/2B, 3M9/9M9 Kub (24 km) Mai. 2014 250 N/D 100/10/4 75 30 27 Pode ser acoplado ao radar de busca Bashir.
3rd of Khordad / Khordad-3 (SAM) Média-alta Taer-2/2B, Sayyad-2/3 Mai. 2014 400 150 7/4/4 50 105 25-30 Usado pelo IRGCASF. Inclui novos lançadores.
Talash-1 (SAM) Média-alta Sayyad-2 2015 150 N/D N/D 35 75 N/D Usado para proteger alvos contra uma variedade de ameaças aéreas.
Sayyad (SAM) Média-alta Sayyad-2, Sayyad-4 Set. 2016 150 150 6/6 50 150 27 Radar ativo com alcance de 1500/1000 km.
Misaq-3 (MANPADS) Baixa N/D Jan. 2017 N/D N/D N/D 3 5 3.5 Licenciado pela China (QW-1).
Talash-2 (SAM) Média-alta Sayyad-2, Sayyad-3 Jul. 2017 150 N/D N/D 75 120 25-27 Versão atualizada do sistema S-200.
Bavar-373 (SAM) Alta Sayyad-2, Sayyad-4 Ago. 2019 320 260 300/100/6/9 75 200, 300 27 Sistema de defesa aérea de alta altitude com capacidades avançadas.
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Joe Safo

Estão na vanguarda. Serão os primeiros alvos a ser destruídos no ataque israelense que se aproxima!

Luiz

“Estão na vanguarda”

Sim, uma potência militar!
Só ficam atrás dos EUA, China e Russia!

Allan Lemos

O Irã é uma potência militar regional.

Heinz

França, Reino Unido, Coreia do Sul, Japão, Polônia, Turquia, Índia. Atrás desses tbm

Bigliazzi

Esqueceu da Índia, Turquia, Coreia do Sul, Japão, Alemanha, Inglaterra, França, Paquistão e até mesmo da Koreia do Norte que pode pulverizar Teerã com um “coco nuclear”.

Maurício.

“Serão os primeiros alvos a ser destruídos no ataque israelense que se aproxima!”

Já ouvi essa história antes, “Israel vai retaliar”, “Israel vai mandar o Irã para o tempo da pedra lascada”, e mais um monte de blá blá blá, para no final das contas, fazer um ataque pífio como o da última vez, que foi em abril desse ano.
Irã e Israel é igual aquele meme dos dois cachorros latindo um para o outro com o portão fechado, mas quando abrem o portão, não fazem nada!

Heinz

Não é muito bom subestimar os israelenses, da última vez que subestimaram, tiveram uma derrota acachapante e vergonhosa.

Bigliazzi

O pessoal nem conhece geografia, é “facinho” o Irã querer invadir Israel.. são vizinhos (SIC) separados por alguns PAISES… Se a Rússia passa vergonha em tentar atacar a Ucrânia fico apenas a imaginar os patéticos Iranianos querendo atacar Israel…

Bigliazzi

Irã, se fosse nome de filme poderia ser chamar: “Guerra do Golfo III – O Inimigo é outro, mas o final é o mesmo”

Macgaren

O ocidente que se cuide com tamanha tecnologia

Allan Lemos

Falou o brasileiro cujo país literalmente não tem nenhum sistema de defesa AA.

Senta lá, Cláudia.

Tutor

Dentro de poucos dias iremos “descobrir” que essa força de defesa não é tão forte assim.

Rafael M. F.

Manero hein?

Sistema em camadas, com diversos graus de sofisticação, para enfrentar das ameaças mais simples às mais modernas, e de forma integrada com as outras forças.

Ganharam meu respeito e admiração.

Bigliazzi

Li muitos textos como esse que você acabou de escrever, tanto na Guerra do Golfo I como na Guerra do Golfo II, onde o Iraque com a armas russas iria destroçar quem quisesse ataca-los… Bom, tudo isso virou história, e acredito que estamos vendo o mesmo enredo com o mesmo final de filme.

Flávio

O Iraque foi atacado por uma das maiores coalizões já organizadas. Com bases inimigas a poucos minutos de alvos importantes. Várias frentes de combate. Não existe nada assim hoje. Israel não pode fazer nada sem o contribuinte americano.

Kornet

Quem fez essa propaganda foram jornalistas especializados numa certa emissora e de um jornal.
O Iraque enfrentou uma coalizão a Ucrânia tem o apoio da OTAN.
No um contra um ,a conversa pode ser outra.
O brasileiro deve ter é vergonha e não criticar quem tem e faz.

Willber Rodrigues

Resumindo:

Até países como Irã e Venezuela sabem da importância de defesas AA em camadas, e guerras como a Ucrânia já demonstraram a importância disso ( na verdade, desde o Vietnã isso ficou claro ).

Fica claro pra todo mundo, menos pros “iluminados” de verde-oliva…

Marcos

As forças armadas não estão aí para defender o território brasileiro mas sim para manter o status quo. A ideia não é manter o inimigo longe, e sim o gado no cercado. Essa é a missão de 90% das forças armadas do terceiro mundo e a gente se encaixa nessa porcentagem.

Willber Rodrigues

E nem vem com esse papo de “falta de dinheiro” ou ” a culpa é dos civis”, porque é só ver a rapidez com que o Centauro II foi escolhido e comprado, fora outros vários programas e aquisições que o EB faz ao longo das décadas.

Vamos ser sinceros aqui: o EB tá c….. e andando pra esse tema, e a falta de um sistema AA em camadas em nossas FA’s é simplesmente indefensavel e indesculpavel.
Simplesmente não há NADA que justifique isso.

Roberto Fabiano Santana

Uma guerra de mísseis.
Seria interessante uma matéria sobre o que Israel possui, quais mísseis e suas capacidades.

Roberto Fabiano Santana

comment image

Quais mísseis para ataque.

Last edited 3 horas atrás by Roberto Fabiano Santana
Bosco

Roberto, Os mísseis de maior alcance que se sabe são armados com ogivas nucleares: Os balísticos Jericho II e III (2000 a 1100 km de alcance) e o de cruzeiro subsônico Popeye Turbo, lançado por tubo de torpedo de submarino , com alegados 1500 km de alcance. Com mais a possibilidade de lançar bombas nucleares de aeronaves. Esta é a tríade nuclear israelense. Em termos de armas ofensivas convencionais de longo alcance os israelenses focaram na aviação de caça e há poucas informações acerca deles terem adapatdos os mísseis balísticos de longo alcance Jericho com ogivas convencionais. Pode ser que… Read more »

Last edited 2 horas atrás by Bosco
Rodrigo G C Frizoni

Jerico III tem alcance de 6.500 km

Roberto Fabiano Santana

Poucas opções.
Na prática,talvez, só existe uma, o Jericho III, que muito provavelmente deva ter também capacidade convencional.
Israel está obrigado a vingar o ataque. Deve satisfação a seu povo, à opinião pública. Por outro lado, eles sempre tiveram toda uma atenção à eficácia de suas operações. Não será algo a esmo, impreciso, não iriam contra-atacar a menos que houvesse uma razoável certeza de que toda essa ameaça fosse realmente neutralizada.

Gostaria de ver um balístico desses como o Jericho em ação. Das duas uma, o sucesso absoluto ou um fracasso vexatório.
Talvez não tenha ainda chegado a hora.

Wagner

Até o momento a IDF está engolindo a humilhação, se não agiram e porque estão com medo do “troco”.

Oseias

Devem adotar uma estratégia semelhante a ucraniana no início da guerra, ficar escondidos e desligados esperando o ataque contra os alvos e, logo após o ataque, as baterias ligam os radares e tentam derrubar algum avião evadindo. Quase numa estratégia de “guerrilha” aérea.
A real é que se a defesa iraniana tentar adotar uma estratégia convencional contra a força aérea israelense, será toda destruída. Até porque os F-35 devem atuar como “batedores” num eventual ataque.

Carlos Campos

Unica maneira de funcionar seria isso mesmo, qualquer radar ligado, de longe seria “visto” pelo F35

Flávio

Se esse F35 fosse tudo q os americanus bonzins dizem…

Sergio Machado

As pessoas equivocadamente falam muito da IDF fazer um ataque aéreo ao Irã. Ignoram o mapa e não analisam as capacidades das aeronaves em consonância a distância entre os países. Um ataque aéreo seria de uma logística altamente complicada, arriscada e provavelmente pouco efetiva, dado o pouco tempo que as aeronaves teriam em espaço aéreo iraniano. Ainda sob reação da defesa aérea iraniana que é de respeito, somada com o S400 recebido essa semana de Moscou. Em suma, seria uma operação de alta complexidade com possibilidade de perdas e consequentemente fracasso com pouca efetividade. Ainda teria que sobrevoar países como… Read more »

Carvalho2008

Correto…muito bem colocado.

Estão separados por países. É um ambiente facultado apenas ao uso de mísseis de longo alcance.

Eu particularmente, acho que os subs de Israel irão participar mais que os caças…Numa cobertura americana

Carlos Campos

Poderiam reabastecer em cima do Iraque que não tem ainda uma defesa aérea decente ainda. se não me angano o F35 tem 2500Km de alcance todo carregado, suficiente pra ir até lá, mas sem tempo de voo para atacar os Alvos, por isso o reabastecimento é necessário. e Força Aérea do Irã não é uma ameaça

Sergio Machado

Há de se ter um certo cuidado com estas afirmações. A IRIAF quando analisada aeronave versus aeronave com a IAF, o abismo é colossal. Contudo, primeiro que o combate sempre privilegia o defensor. Segundo, que não se pode analisar aeronaves isoladamente, e sim dentro de um contexto de sistema. Se as aeronaves da IRIAF atuam em sincronia com os sistemas em solo, a coisa já complica. E caso atuem organicamente via data link, nesse caso as aeronaves tornam-se launchers, com sistemas retroalimentando outros sistemas, ficando ainda mais complicado para o agressor. Como tanto defesa aérea do Irã, como sistemas de… Read more »

Rodrigo G C Frizoni

Dizem que Israel tem caças estacionados no Azerbajão ..

Carlos Campos

Não acredito nisso, mas queo Azerbaijão serve de base para o Mossad, MI6 e CIA autuarem no Irã já é sabido

Bigliazzi

Pode mudar o nome de Irá para Iraque… Tudo muito igual… No Iraque tudo isso foi vaporizado em questão de dias, no Irã não será nada diferente. Na real, alguém pode pensar de forma diferente. Os últimos três anos na Ucrânia já demonstraram que tudo isso não serve para nada.

Carlos Campos

Olha se eles derrubarem alguma coisa, deverá ser um F15 devido RCS enorme, mas não acredito que sejam capazes de atingir um F35 de longe, além do sistema EW do F35 ser o melhor do mundo em um caça

JPonte

Será testada a exaustão , somente após ser testada a exaustão por israelenses e americanos poderemos avaliar a prontidão , funcionalidade e estratégia da defesa anti aérea do Irã ….. com certeza terá assistência técnica e operação direta por russos e chineses …..
Vejamos