Poder Aéreo x Poder Naval: lições do Conflito das Falklands/Malvinas
‘Os pilotos argentinos foram os heróis que se ofereceram em holocausto para salvar a honra da Pátria’
Por Fábio Sahm Paggiaro[1]
Há quarenta anos, em 14 de junho de 1982, as forças argentinas se rendiam às britânicas nas Falklands[2]. Setenta e quatro dias antes, em 2 de abril do mesmo ano, a Argentina havia surpreendido o mundo com a invasão daquelas Ilhas. Um país sul americano desafiava o poderoso Reino Unido, a terceira potência militar e um dos sete países mais ricos do mundo. Integrava, ainda, a OTAN e era o maior aliado dos EUA, em plena Guerra Fria.
Depois de demoradas e infrutíferas negociações diplomáticas pela recuperação das Islas Malvinas, o plano inicial argentino foi ocupá-las, assumir a respectiva administração, retirar as tropas e se sentar à mesa de negociações. Porém, o Reino Unido optou por não negociar, iniciou a mobilização de sua frota, estabeleceu uma zona de exclusão de 200 milhas náuticas[3] em torno do território insular e exigiu a rendição das tropas de ocupação, até 1º de maio.
Assim, a situação inicialmente imaginada mudou completamente. A disputa se ampliou do campo político, apenas, também para o militar. Ao invés de negociações diplomáticas, as forças argentinas enfrentariam a famosa, tradicional e poderosa Royal Navy. Países da OTAN e europeus, como a França, como de se esperar, impuseram embargo ao país sul-americano que também foi condenado no âmbito da ONU.
A Argentina, apesar de ter apostado na possibilidade das negociações diplomáticas, se dispôs à luta inebriada por entusiasmo patriótico e apoio popular ao governo, após a invasão. O Reino Unido, a sua vez, avaliou que a chegada de sua frota seria suficiente para uma rápida rendição. Ambos se equivocaram e, inesperadamente, se configurou o maior conflito aeronaval após a II Grande Guerra.
Entretanto, além desses erros de avaliação, esse conflito deixou inequívocas lições quanto à eficácia e à efetividade dos Poderes Aéreo e Naval na defesa litorânea de países com grandes extensões marítimas. A análise[4] dessas lições tomará por base doutrinas de emprego das forças contendoras, geografia do teatro de operações, meios disponíveis, principais combates e perdas, e identificará fatores determinantes dos resultados do conflito.
DOUTRINAS DE EMPREGO
Forças Argentinas
A doutrina de emprego conjunto das forças armadas argentinas definia como responsabilidade primária da Armada Argentina o apoio aéreo direto às operações aeronavais. À Força Aérea Argentina (FAA) competia, apenas, o apoio indireto, este vagamente definido como envolvendo a Superioridade Aérea, o Reconhecimento Avançado e a Interdição. Tampouco poderia essa Força Aérea adquirir meios específicos para missões em ambiente aeronaval.
Contudo, devido à dimensão da força-tarefa oponente e à exiguidade de meios aéreos da Armada Argentina (AA), ao tornar-se inevitável o conflito bélico, a FAA foi chamada a desempenhar todas as missões aeronavais. Porém, devido à citada doutrina, não estava equipada nem treinada para tanto, tendo que improvisar conceitos de emprego e operacionais, entre a data da invasão (2 Abr 82) e seu Batismo de Fogo, ocorrido em 1 Mai 82.
Forças Britânicas
Diferentemente dos argentinos, os britânicos tinham sua doutrina de emprego muito bem definida e treinada. Todos os meios navais, aéreos, anfíbios e terrestres subordinavam-se ao Contra-Almirante John Woodward (CA Woodward), comandante da frota. Seus aviões, helicópteros, radares e sistemas antiaéreos permitiam-lhe efetuar controle do espaço aéreo, missões antissubmarino, ataques, reconhecimento, defesa aérea e antiaérea, além de busca e resgate.
Conclusões Parciais
a) A doutrina de emprego conjunto argentina relegou ao Poder Aéreo um segundo plano, não permitindo que fosse estruturado para a defesa do litoral, com aproximadamente 5 mil Km de extensão.
b) Os britânicos, conforme os conhecimentos da época e os meios disponíveis, em tese, estavam muito bem estruturados para a recuperação das ilhas.
Entretanto, independentemente de erros e acertos, tanto argentinos quanto britânicos teriam que aplicar e validar suas doutrinas em um teatro de operações extremamente amplo, cujas ações se concentrariam sobre ilhas distantes de bases de apoio continentais.
GEOGRAFIA TEATRO DE OPERAÇÕES DO ATLÂNTICO SUL
A base de apoio britânica mais próxima de sua frota se localizava na Ilha de Ascensão, a aproximados 6.200 Km das Falklands (Mapa 1).
As Falklands, por sua vez, eram desprovidas de infraestrutura aeroportuária e logística mínima para apoiar operações militares, possuindo, apenas, um aeródromo asfaltado, com 1.250 metros de extensão, em Porto Stanley[5]. Esta condição obrigou a Força Aérea Argentina (FAA) a operar de aeródromos continentais, sendo que os mais próximos das Ilhas distavam entre 690 Km e 1.040Km.
Conclusões Parciais
a) As distâncias impuseram aos britânicos uma limitação inicial: suas fontes de suprimento estavam em Ascensão. Assim, demorariam a recebê-los, além do risco de ataques em rota.
b) Adicionalmente, seu objetivo era desembarcar nas ilhas, o que os tornava previsíveis, pois teriam que se aproximar delas. Isso, de maneira geral, dispensava aos argentinos a necessidade de buscar alvos, pois seus adversários sê-lhes apresentariam voluntariamente.
c) A FAA, por sua vez, pela distância de suas bases e capacidades operacionais de suas aeronaves de combate, não tinham combustível para permanecer mais que alguns minutos sobre as ilhas, salvo quando havia reabastecimento em voo, o que era bastante limitado.
d) As distâncias, de forma distinta, limitavam as capacidades operacionais dos meios de ambos os contendores.
MEIOS DOS CONTENDORES
Meios Britânicos
Para a recuperação das Falklands, o Reino Unido ativou a Força Tarefa 317. Esta contava com, aproximadamente, 120 navios como destróieres, fragatas, navios de assalto anfíbio, apoio logístico, varredores de minas, 6 submarinos (5 nucleares) e dois porta-aviões. Havia, ainda, aproximadamente 213 helicópteros distribuídos pelos navios para missões de ataque, busca e resgate, antissubmarino, apoio logístico e transporte de tropa.
Os sistemas antiaéreos da Força Tarefa 317 incluíam mísseis e canhões antiaéreos. Dentre os mísseis havia: os antigos Seacat, de curto alcance; os Sea Wolf, de curto alcance, que entraram em serviço em 1979; e os Sea Dart, de longo alcance e grande altura, que entraram em serviço em 1973. Os dois últimos foram utilizados pela primeira vez nas Faulklands.
Os porta-aviões eram o HMS Hermes e HMS Invencible, com 12 caça-bombardeiros Harrier cada[6], os quais eram ressupridos conforme as perdas. Esses aviões estavam equipados com mísseis AIM-9L (Sidewinder), os mais modernos e eficazes da época, capazes de ataques frontais. Seu radar e sistemas de navegação e ataque podiam rastrear a atacar alvos no ar (a qualquer tempo) e no solo.
Possuíam contramedidas eletrônicas para despistar mísseis e radares de tiro, sendo provável que tenham recebido bibliotecas eletrônicas de radares e armamentos aéreos e antiaéreos importados pela Argentina de outros países da OTAN. Seus pilotos treinaram, previamente, combates contra aeronaves Mirage, versões III e V, junto aos franceses[7].
Os meios britânicos não se restringiram a sua frota. Eles desdobraram bombardeiros Vulcan, aeronaves de Reabastecimento em Voo e de Reconhecimento Marítimo na Ilha de Ascenção. Os Vulcan portavam bombas e mísseis antirradar Shrike.
A Força Tarefa 317 (FT 317), se posicionou, inicialmente, a nordeste das ilhas.
Meios Argentinos
Ao se iniciarem as ações bélicas, em 1 Mai 82, a composição Forças Armadas Argentinas, era a seguinte: Guarnição Militar Malvina, Força Aérea Sul, Força Tarefa 79 e Força Submarina.
A Guarnição Militar Malvinas foi ativada nas próprias ilhas e, sob sua subordinação, também foram ativadas duas Bases Aéreas Militares (BAM): a BAM Malvinas (Porto Stanley) e a BAM Condor (Goose Green). (Mapa 3)
Em termos de Poder Aéreo, para Guarnição Militar Malvinas foram desdobradas frações das três forças argentinas. A FAA enviou um Grupo de Vigilância e Controle Aéreo, um Grupo de Artilharia Antiaérea (AAAE), helicópteros e aviões. A Armada, aeronaves. O Exército Argentino (EA) sistemas antiaéreos e helicópteros (Quadro 1).
Quadro 1 – Meios Aéreos e Antiaéreos Argentinos nas Ilhas Falklands.
MEIOS AÉREOS E ANTIAÉREOS ARGENTINOS NAS ILHAS FALKLANDS | ||||
FORÇA | MEIO | QTDE | FINALIDADE | LOCALIDADE |
FAA | AVIÕES PUCARÁ | 10+ | ATAQUE AR-SOLO | BAM CONDOR |
FAA | HELICÓPTEROS
BELL 212 |
02 | TRANSPORTE
E RESGATE |
BAM MALVINAS |
EA | HELICÓPTEROS CH-47/UH-1H/
AGUSTA |
10+ | TRANSPORTE
E RESGATE |
JUNTO ÀS TROPAS BAM MALVINAS |
FAA | RADAR WESTINGHOUSE TRS 43 | 02 | VIGILÂNCIA E CONTROLE AÉREO | BAM MALVINAS |
FAA | RADAR SUPERFLEDERMAUS | 01 | DIRETOR DE TIRO AAAE | BAM MALVINAS |
FAA | RADAR ELTA | 01 | DIRETOR DE TIRO AAAE | BAM CONDOR |
EA | RADAR ALERT MK 2 | 01 | DIRETOR DE TIRO | BAM CONDOR |
FAA | CANHÕES OERLIKON
CANHÕES RHEINMETTALL MÍSSEIS SAM PORTÁTEIS |
02
09 10 |
DEFESA AAAE | BAM MALVINAS
E CONDOR |
EA | MÍSSEIS SAM PORTÁTEIS | ? | DEFESA AAAE | JUNTO TROPA |
ARMADA | AVIÕES MENTOR T-34 | 04 | ATAQUE AR-SOLO/HELICÓPTEROS | BAM MALVINAS |
ARMADA | AVIÕES AERMACCHI MB 339 | 05 | ATAQUE AR-SOLO | BAM MALVINAS |
Fonte: La Guerra Inaudita II e Probado em Combate. Adaptado pelo autor.
Nota: esses números podem variar conforme a fonte, porém, tais variações não são significativas.
Visando prover controle aéreo e defesa antiaérea das Falklands, foi lá ativado um Centro de Informação e Controle que fundia as informações dos diversos radares, bem como de Observadores do Ar, e coordenava as ações.
A Força Aérea Argentina, em termos de aeronaves de combate, possuía, ao todo, 9 bombardeiros Canberra, 19 Mirage III, 26 Dagger, 68 A-4 Skyhawk e 45 Pucará. Porém, possuíam pouquíssimos mísseis ar-ar obsoletos (Matra 530), Matra 550 Magic e Shafrir; não possuíam mísseis antinavio, nem defesas eletrônicas (chaff e flare) contra mísseis. Tampouco possuíam sistemas de navegação inercial, o que impedia a navegação precisa sobre o mar em condições meteorológicas adversas – nebulosidade, chuva e ventos fortes. Os sistemas de ataque não permitiam operações a qualquer tempo e noturnas.
A FAA não possuía aeronaves de Reconhecimento Marítimo ou informações satelitais que lhe permitissem localizar embarcações a grandes distâncias, nem monitorar seus deslocamentos. Também não possuíam aeronaves de Alarme Aéreo Antecipado, o que lhes impedia detectar incursões inimigas contra suas aeronaves em voo, nem conduzi-las contra as incursoras.
Outra deficiência crítica estava na quantidade de aeronaves reabastecedoras. Possuía apenas 2 KC-130, o que não permitia lançar muitos ataques além das ilhas ou manter patrulhas aéreas de combate sobre as mesmas. Dessa forma, e por esta deficiência inicial, já se configurava a impossibilidade de a FAA obter a superioridade aérea.
Para integrar o Teatro de Operações do Atlântico Sul (TOAS) foi ativada a Força Aérea Sul que desdobrou seus meios no continente, nas localidades de Trelew, Comodoro Rivadavia, San Julian, Santa Cruz, Rio Gallegos e Rio Grande (Mapa 4).
A Armada Argentina, a sua vez, lançou ao mar a Força Tarefa 79 e a Força Submarina que se dividiram em Grupos-Tarefa (GT) menores e se posicionaram ao redor da Zona de Exclusão, conforme segue-se:
a) GT 79.1, composto pelo porta-aviões ARA 25 de Mayo e quatro destroiers, a leste de Puerto Deseado e ao norte das Falklands;
b) GT 79.3, composto pelo cruzador ARA Belgrano e dois destróieres, ao norte da Ilha dos Estados e a sudoeste das Falklands; e
c) GT 79.4, composto por três corvetas, a leste de Comodoro Rivadavia e ao norte das Falklands.
A Força Submarina contou com um submarino classe Guppy (antigo) e um Tipo 209, mais modernos. O segundo Guppy não estava operacional e o segundo Tipo 209 estava em reparos.
O porta-aviões ARA 25 de Mayo tinha embarcado o grupo aeronaval composto por 8 aeronaves A-4Q (caça-bombardeiro), 4/6 S-2 Tracker (patrulha marítima) e alguns helicópteros. Cinco recém-adquiridos jatos Super Ètendard foram desdobrados na base de Rio Grande. A Armada ainda desdobrou 5 MB 339 e 4 Mentor na BAM Malvinas. E havia, ainda, alguns aviões de Reconhecimento Marítimo, P-2V Neptune, também operando de bases continentais.
Os Super Ètendard eram os aviões mais modernos da Argentina. Estavam equipados com mísseis AM-39 Exocet que podiam ser lançados fora do alcance dos sistemas antiaéreos dos navios. Podiam, também, levar bombas, outros mísseis e foguetes. Contudo, eram apenas cinco aeronaves e cinco mísseis.
Os MB 339 também podiam levar mísseis ar-ar e ar-superfície, além de bombas e foguetes, porém não se tem noticias de que dispusessem de quaisquer desses tipos de mísseis.
Dois destróieres Tipo 42 estavam equipados Sea Dart, os mesmos utilizados pelos britânicos. Isso foi usado pela FAA para treinamento e definição de táticas e técnicas de ataque aos navios.
Importante ressaltar que as Forças Armadas Argentinas, exceção feita aos Pucará e munição de armas portáteis, dependiam de equipamentos importados, cujo fornecimento foi embargado ao invadirem as Ilhas.
Conclusões Parciais
a) Em termos quantitativos, a Argentina possuía considerável vantagem em caças-bombardeiros, porém, também era considerável a vantagem qualitativa dos Harrier e, presumidamente, das defesas antiaéreas dos navios.
b) As vantagens quantitativas e qualitativas da Força Tarefa 317 (britânica) em relação à Força Tarefa 79 (argentina) eram insuperáveis. Se houvesse confronto entre elas, esta última seria aniquilada.
c) As forças argentinas teriam que lutar com o que possuíam em estoque, pois não conseguiriam repor nenhum material importado.
Considerados esses meios e seus posicionamentos, a configuração inicial do Teatro de Operações do Atlântico Sul (TOAS) foi a do Mapa 5.
Aparentemente, ao se comparar meios, a Força Tarefa 317 viria ao Atlântico Sul para um passeio e receber a rendição argentina. Porém, os combates demonstraram outra realidade.
COMBATES
Os combates se iniciaram em 1º de maio de 1982, conforme o ultimato britânico. O primeiro ataque foi deles, e, uma surpresa estratégica. Ainda na madrugada, bombardeiros Vulcan, da Royal Air Force (RAF), lançaram bombas sobre o aeródromo de Porto Stanley. Decolaram da Ilha de Ascensão, a 6.200 km das Falklands e voaram 17 horas, entre ida e regresso. Operação totalmente inesperada e audaz, dados os riscos inerentes aos múltiplos reabastecimentos em voo.
Essa missão foi uma enorme demonstração de capacidade de projeção de poder dados a distância e o tempo envolvidos. Dela, os argentinos depreenderam a possibilidade de ataques semelhantes à Buenos Aires e adjacências por abrigarem seu governo, bem como os centros financeiro e industrial do país. Assim, retornaram das bases ao sul para a capital do país parte dos caças Mirage III e seus escassos mísseis.
Na sequência, os Harrier atacaram as BAM Malvinas e Condor. Na primeira, pouco destruíram e, segundo os argentinos, quatro deles foram abatidos, o que os ingleses negam. Na segunda, os argentinos foram surpreendidos, havendo mortes, destruição de um depósito de combustível e de um Pucará.
Ainda no mesmo dia, embarcações britânicas se aproximaram de Porto Stanley para ataques com canhões, além de infiltraram e exfiltraram algumas tropas por helicópteros. Provavelmente testaram as defesas e resiliência argentinas ou, talvez, já tenham tentado o início de um desembarque, a depender da resistência.
A FAA, por sua vez, teve seu Batismo de Fogo. Houve combates aéreos e os Harrier abateram dois Mirage III e um Canberra. Contudo, uma de suas esquadrilhas atacou e avariou, seriamente, um destróier e provocou danos leves em duas fragatas que canhoneavam Porto Stanley. Os britânicos negaram os danos graves.
Nesse primeiro dia já ficaram claras algumas situações: a) os argentinos não iriam se deixar intimidar pela frota britânica e não se renderiam; b) apesar da distância, a FAA poderia atingir embarcações nas proximidades das ilhas; e c) as defesas antiaéreas argentinas eram letais.
No dia seguinte, 2 maio de 82, ocorreram dois fatos dos mais significativos do conflito: a Armada Argentina se retirou da zona de combates. Ainda na madrugada deste dia, ao inteirar-se de que a Força Tarefa 317 havia localizado o GT 79.1, integrado pelo porta-aviões ARA 25 de Mayo, o comando do TOAS decidiu retrair toda sua Força Tarefa 79 para águas rasas, onde estariam protegidas da ameaça submarina.
Na tarde do mesmo dia, confirmando essa avaliação, o cruzador ARA Belgrano foi afundado pelo submarino nuclear britânico HMS Conqueror, matando 323 marinheiros. Há indícios de que esse afundamento tenha ocorrido para quebrar a resistência argentina e incentivar a rendição, uma vez que as reações do dia anterior demonstravam o contrário.
Fato é que, já no segundo dia de conflito, as forças navais de superfície argentinas saíram da guerra que passou a ser travada entre aeronaves baseadas no continente e a Royal Navy.
Em 4 maio de 82 nova surpresa de repercussão mundial. Aeronaves Super Ètendard lançaram dois mísseis Exocet no destróier Tipo 42 HMS Sheffield, o mais moderno da frota britânica. Um acertou e os danos causados levaram a seu afundamento. Esse evento disparou intensa busca argentina por mais mísseis do tipo no mercado negro e, mais intensa ainda, atuação dos serviços de inteligência britânicos para neutralizá-la, o que conseguiram.
Nesse mesmo dia, pela manhã, dois Harriers foram abatidos ao atacarem a BAM Condor. A letalidade das forças aéreas e antiaéreas argentinas se confirmou. Assim, o CA Woodward determinou o afastamento de sua frota a leste das ilhas – além do alcance da FAA – para atacá-las somente à noite. Também suspendeu as operações à baixa altura dos Harrier contra os aeródromos defendidos pela AAe. E, assim, aguardou a chegada de reforços para a invasão. Até 12 de maio ocorrem apenas escaramuças de menor importância.
Chegou o 12 maio de 82 e os britânicos novamente se arriscaram a bombardear Porto Stanley em período diurno. A FAA reagiu. O destróier HMS Glasgow foi posto fora de combate e regressou para o Reino Unido. Sua escolta, a fragata HMS Brilliant abateu três A-4B com os estreantes mísseis de curto alcance Sea Wolf. Foi o segundo destróier inutilizado e Woodward suspendeu, definitivamente, os bombardeios navais diurnos, pois ao fazê-lo, seus navios se colocavam no raio de ação das aeronaves argentinas. Esta decisão indicou que não conseguiam obter superioridade aérea.
Até 21 de maio, pouco ou nada ocorreu, devido à severidade de condições meteorológicas. Nessa data, iniciou-se o desembarque britânico no Estreito de San Carlos (Mapa 6), sugestivamente denominado por eles de Bomb Alley (Beco das Bombas). Foi o maior duelo aeronaval desde a II Grande Guerra. Durou até 29 de maio, quando se consolidou a cabeça de praia.
Nesses dias, a FAA realizou 142 surtidas desde o continente e 20 pelos Pucará estacionados na Ilha, tendo perdido vinte aviões: 10 Dagger, 6 A-4 e 4 Pucará. A Aviação Naval realizou 13 surtidas desde o continente e uma da Ilha, perdendo quatro aeronaves: 3 A-4 e 1 MB 339.
A Força Tarefa 317 teve como perdas: um destróier e duas fragatas afundadas; três fragatas, um navio-desembarque de tropas, um desembarque logístico e um assalto anfíbio avariados; e um destróier e uma fragata fora de combate. Perdeu, ainda, um Harrier para míssil superfície ar.
Em 26 e 27 as condições meteorológicas não permitiram ações. Depois disso, os Canberra efetuaram alguns ataques noturnos contra as tropas, sem resultados significativos.
Verifica-se, assim, que a FAA não conseguiu impedir o desembarque, nem a força aeronaval britânica estabeleceu superioridade aérea, sequer local, mesmo considerando que este desembarque foi o evento mais importante do conflito.
Provavelmente, a proximidade entre as embarcações britânicas no Beco das Bombas tenha dificultado a atuação de seus sistemas antiaéreos, pois as aeronaves atacantes circulavam entre elas. Assim, uma embarcação poderia acertar outra ao tentar abater os caças atacantes.
Quanto ao dia 21 de maio de 1982, o CA Woodward, em suas memórias, Os Cem dias, escreveria o seguinte:
Seria inútil sugerir que eu não estava preocupado pelos sucessos daquele 21 de maio. Havíamos sido atacados ferozmente pelos caças-bombardeiros argentinos… Dos sete navios escolta que havia enviado ao estreito, na noite anterior, somente o Plymouth e Yarmouth haviam escapado sem danos…No primeiro dia dos desembarques, eles me haviam afundado uma escolta, outras duas postas fora de combate e ademais, outras duas estavam danificadas…Se os argentinos podem continuar com esse ritmo, por somente dois dias mais, minha força de destroiers e fragatas será arrasada…A situação era agora clara. A esta altura dos acontecimentos a luta se havia configurado entre a Royal Navy e a Força Aérea Argentina. Quem estaria ganhando naquele preciso momento? Temo que não éramos nós.
Em 25 de maio, Dia da Independência argentina, enquanto as atenções estavam voltadas para o Estreito de San Carlos, a Armada surpreendeu a Força Tarefa 317. Dois Super Ètendard decolaram de Rio Grande, contornaram as Ilhas e atacaram a frota vindo do norte. Perfizeram uma rota de, aproximadamente, 1.300 km, sendo reabastecidos em voo (Mapa 7). Nesta missão, afundaram o Atlantic Conveyor, um porta-contêineres que trazia helicópteros e peças de reposição para meios aéreos e, também, Harriers adicionais, dentre outros tipos de suprimento.
Em 30 maio de 82 aconteceu a mais precisa e audaz missão do conflito. O objetivo era atacar o porta-aviões HMS Invincible, localizado a aproximadamente 160 km a leste de Porto Stanley. Foi executada por uma esquadrilha mista com 2 Super Ètendard, um deles armado com o último míssil Exocet disponível, mais 4 A-4 (FAA), armados com bombas. Decolaram de Rio Grande, a 1.560 km do alvo. Dois A-4 foram abatidos. Os pilotos afirmaram ter acertado o HMS Invincible, mas os ingleses atribuíram os danos a uma fragata.
Independentemente das versões, ficou caracterizado que as forças aéreas argentinas poderiam atacar a frota a qualquer distância, desde que tivessem reabastecimento em voo.
O último grande embate entre a FAA e a Royal Navy ocorreu em 8 de junho de 82. Os britânicos iniciaram um desembarque anfíbio em Port Pleasent (Mapa 9) para o assalto final a Porto Stanley. Novamente avaliaram mal a determinação e a ferocidade da FAA. E a resposta, novamente, foi letal. Afundaram um navio de desembarque logístico e uma lancha de desembarque; colocaram fora de combate outro desembarque logístico; e avariaram uma fragata. Houve, ainda, severas baixas nas tropas que desembarcavam. Os argentinos perderam 3 A-4.
Em 10 de junho de 82, os Pucarás realizaram sua última missão provendo apoio de fogo às próprias forças terrestres contra tropas britânicas. Essas missões, aliadas ao fato de que, após a rendição (14 Jun 82), foram capturadas 10 dessas aeronaves, demonstram incapacidade da Força Tarefa 317 em destruir pistas de pouso e aeronaves no ar ou no solo. Isso ganha importância considerando-se que os meios aéreos desdobrados nas ilhas eram as mais próximas ameaças às tropas desembarcadas.
A Armada teve sua última participação no conflito em 12 de junho de 82, baseada em terra. Transportaram para a ilha dois mísseis Exocet MM38, versão mar-mar, e os adaptaram para lançar de terra. Um falhou e outro acertou um destróier causando grandes danos e mortes, colocando-o fora de combate. Este evento vem a confirmar a letalidade dos mísseis Exocet, além de reforçar a ideia da eficácia da defesa do litoral por meios aéreos baseados em terra.
Os A-4 e Dagger tiveram seu último combate em 13 de junho de 82, realizando ataques diurnos contra postos de comando. Esses mesmos postos foram também atacados, em período noturno, por Canberras escoltados por Mirages III. Foram 3 destes ataques, sendo o último às 00:02 hs de 14 de junho de 82, dia da rendição. Um dos bombardeiros foi derrubado por míssil antiaéreo. Mais confirmação da incapacidade britânica em obter superioridade aérea.
Durante o conflito houve, ainda, algumas outras operações aéreas, que não os ataques propriamente ditos, quais sejam:
- Os Boeing 707 (avião de transporte) argentinos foram utilizados em algumas missões de reconhecimento visual e utilizando radar meteorológico – improvisação duvidosa – para localizar a chegada da frota britânica, na altura do Rio de Janeiro. Em uma das vezes a aeronave foi interceptada por um Harrier, que a obrigou a mudar de rota, sem atacá-la. Numa segunda, foi lançado um míssil Sea Dart. Mesmo a grande altitude, a aeronave conseguiu se evadir, o que leva a questionar a eficácia desse armamento, pois foi lançado em condições ideais.
- Desde a invasão das ilhas, em 2 Abr 82, foi estabelecida uma ponte aérea de suprimento ligando-as ao continente. Ela funcionou até a noite do dia 13 Jun 82, véspera da rendição argentina, demonstrando, mais uma vez, a incapacidade de obtenção de superioridade aérea por parte dos britânicos.
- Aeronaves Lear Jet militares e civis operavam a partir de Comodoro Rivadavia fazendo incursões em direção às ilhas. Visavam simular aeronaves de combate para despistar os reais ataques e saturar as defesas aéreas e antiaéreas. Um desses Lear Jet foi abatido por um míssil Sea Dart. Nova demonstração da incapacidade britânica em obter a superioridade aérea.
- Os britânicos realizaram alguns ataques contra a pista de Porto Stanley e radares com os Vulcan, a partir de Ascensão, porém os resultados foram inócuos. A pista permaneceu intacta e apenas um radar de tiro foi destruído por um míssil Shrike, mas rapidamente substituído. Demonstraram, contudo, enorme capacidade de projeção de poder, consideradas as distâncias e o tempo envolvidos.
Ao final do conflito, o saldo de perdas de ambas as partes foram elevadas e, logicamente, as contas foram discrepantes. Contudo, essas discrepâncias não influenciaram os resultados finais do conflito, motivo pelo qual também não impactam nestas análises e suas conclusões.
Segundo fontes argentinas, as baixas britânicas teriam sido as seguintes:
- 9 embarcações afundadas ou destruídas irreparavelmente: 2 destróieres, 2 fragatas, 2 desembarques logístico, 1 porta contêiner e um navio-tanque.
- 12 avariadas gravemente que necessitaram sair da zona de combate para reparos e posterior retorno: dois porta-aviões (os britânicos negam), 4 destróieres, 4 fragatas e um submarino devido a acidente.
- 11 com avarias leves, recuperadas na zona de combate e retornaram ao combate: 4 fragatas, 1 desembarque de tropas e 6 logísticos.
- Ao total somam 32 embarcações, sendo 28 delas atingidas por ataques aéreos e 4 por outras causas.
- Quanto a aeronaves, fontes britânicas informaram a perda de 11 Harriers e 24 helicópteros de variados tipos. Argentinos falam em 14 harriers confirmados e 7 prováveis.
As perdas navais argentinas incluem o afundamento do cruzador ARA Belgrano, e de um submarino que foi avariado, capturado e afundou ao ser rebocado. Foram avariadas uma corveta, duas embarcações de patrulha costeira e dois cargueiros pequenos.
No que tange a aeronaves, as discrepâncias nos números são bem maiores. Os argentinos afirmam terem perdido 57 aeronaves, sendo 49 pela ação inimiga, 2 por fogo próprio e 6 por acidentes, sendo que os britânicos totalizaram 117.
Seguem os números britânicos para aeronaves abatidas seguidos pelas contas argentinas, por tipo de aeronave: A-4 Skyhawk 45/17; Mirage 27/12; Pucará 21/10; Mentor 4/4; Aermacchi 3/1; Canberra 3/2; Skyvan 2/1; C-130 1/1; Lear Jet 1/1; Puma 6/6; Bell Huey 2/3; Chinook 2/1.
Quanto às perdas, Pio Matassi[8], extrapola o raciocínio para valores das perdas. Segundo ele, àquela época, Mirages, Dagger e A-4 custavam US$ 2 milhões ou menos, cada um. Um destroier como o HMS Sheffield, US$ 400 milhões; uma fragata ou um porta-contêiner, US$ 300 milhões. Ele valorizou os equipamentos destruídos e avariados, concluindo que as perdas materiais britânicas chegaram a US$ 2 bilhões e as argentinas a US$ 148 milhões.
Conclusões parciais
- Tanto a Força Tarefa 317 quanto a FAA foram incapazes de obter a superioridade aérea.
- A FAA foi incapaz de evitar o desembarque nas ilhas e a progressão das forças britânicas.
- O Reino Unido não conseguiu suprimir as defesas antiaéreas, nem destruir as pistas de pouso e as aeronaves desdobradas nas ilhas.
- As defesas aéreas e antiaéreas da frota foram incapazes de deter os ataques argentinos.
- Os Exocet foram uma grande surpresa técnica.
- Os Vulcan demonstraram grande capacidade de projeção de poder dos vetores aéreos.
Em todo o conflito, percebe-se que ficaram claras muitas incapacidades de ambas as partes. Algumas previsíveis e outras inesperadas. Tais incapacidades decorreram de alguns fatores que se tornaram determinantes.
FATORES DETERMINANTES NOS RESULTADOS DOS COMBATES
Insuficiência de Aeronaves na Força Tarefa 317
A obtenção da Superioridade Aérea depende da redução de meios da força aérea oponente, bem como de seus sistemas de vigilância aérea e antiaéreos, além de prover a própria defesa aérea. Como não realizaram nenhuma dessas tarefas a contento, e certamente tinham consciência da necessidade disso, deduz-se que os britânicos não possuíam suficiência de aeronaves para tanto em função da (in)capacidade operacional de seus porta-aviões. Não havia espaço para mais.
Eficácia dos Mísseis Exocet
Os mísseis Exocet foram utilizados pela primeira vez nas Faulklands. Eram lançados pelas aeronaves fora do alcance de detecção dos radares da frota e se aproximavam voando na altura das ondas – sea skimming – guiados com precisão por radares próprios. Apesar de a Armada possuir apenas cinco desses mísseis, sua letalidade surpreendeu os britânicos e os próprios argentinos. Os cinco foram lançados. Afundaram um destroier e um porta contêiner; e avariaram o porta-aviões Invencible, segundo os argentinos; para os ingleses, esta avaria ocorreu em uma fragata. Uma dúzia a mais desses mísseis, poderia ter mudado o desfecho do conflito.
Deficiência Tecnológica das Defesas Antiaéreas Britânicas
A quantidade de naves britânicas afundadas ou avariadas demonstraram que, além da insuficiência de aeronaves para prover defesa aérea, os sistemas antiaéreos da frota foram deficientes. Apesar da modernidade dos mísseis, principalmente os Sea Wolf, presume-se que, àquela época, possuíam deficiências tecnológicas para reagir a contento contra alvos penetrando a baixíssima altura. Talvez fossem confundidos por reflexos das emissões dos radares na água.
Inexistência de Mísseis Antinavio na FAA
A FAA, devido à doutrina conjunta das Foças Armadas Argentinas, não possuía mísseis anti-navio, o que obrigava as aeronaves atacantes a se colocarem ao alcance das defesas antiaéreas para lançar suas bombas, potencializando, assim, a probabilidade de serem atingidas e o decorrente lançamento do armamento fora dos respectivos parâmetros técnicos.
Insuficiência de Mísseis Ar-Ar da FAA
Apesar de sua vantagem quantitativa de aeronaves, a FAA não possuía mísseis ar-ar em quantidade e desempenho capazes de prevalecer sobre os Harrier em combates aéreos. Estes últimos estavam equipados com os Sidewinder AIM-9L, os mais modernos de então, capazes de serem lançados frontalmente. Houve, apenas, dois reportes de lançamentos – ineficazes – desses armamentos por Mirage III; nada foi reportado sobre lançamentos por aviões A-4.
Insuficiência de Reabastecimento em Voo da FAA
A exemplo das aeronaves Mirage III e Dagger, os A-4 e Super Ètendard possuíam autonomia apenas para chegar às ilhas, efetuar os ataques e regressar sem engajar combates aéreos, sob pena de não haver combustível para o regresso ao continente. Porém, estes dois últimos aviões poderiam ser reabastecidos no ar. Caso o fossem, conseguiriam: permanecer em patrulhas aéreas sobre as ilhas; efetuar incursões sucessivas e profundas contra a frota britânica; e escoltar as próprias forças. Contudo, não havia reabastecedores suficientes para atender essas necessidades operacionais.
Adicionalmente, se houvesse mais reabastecedores, essas aeronaves poderiam ter sido utilizadas para ataques com foguetes ao invés de bombas, o que aumentaria muito sua letalidade.
Foram constantes os casos em que os argentinos acertaram bombas em navios, porém elas não explodiram e/ou atravessaram os cascos. Devido às defesas antiaéreas, as aeronaves necessitavam se aproximar o mais baixo possível e lançar seu armamento muito próximo dos alvos. Para que uma bomba exploda, ela necessita de um tempo mínimo de voo após seu lançamento, do contrário, suas espoletas não se armam e, consequentemente, não explodem.
As mesmas aeronaves que utilizaram bombas, se utilizassem foguetes, teriam afundado todos os navios que acertassem, pois eles não dependem das espoletas. Por serem propulsados, teriam, ainda, maiores distância de lançamento e precisão que as bombas.
Contudo, foguetes são transportados em carregadores sob as asas e provocam maior arrasto aerodinâmico e, consequente, aumento do consumo de combustível. Assim, a utilização de foguetes, sem reabastecimento em voo se tornou inviável.
Coragem e Agressividade dos Pilotos Argentinos
A despeito de todas as diferenças tecnológicas que, sabidamente, ceifaria muitas vidas, os pilotos argentinos se lançavam com ímpeto e determinação contra as defesas antiaéreas como se a elas fossem imunes. Defenderam sua Pátria com a própria vida e tornaram a Força Aérea Argentina conhecida e admirada em todo o mundo. Seu desempenho foi muito superior ao esperado por qualquer analista militar e pelos próprios britânicos que assim o reconhecem.
Conclusões parciais
- A quantidade de aeronaves de combate da Força Tarefa 317 era insuficiente para cumprir todas as tarefas necessárias. E essa quantidade estava limitada pela também insuficiente capacidade de transporte e operação dos dois porta-aviões médios britânicos.
- Com as mesmas aeronaves de combate, ou talvez até com alguns Mirage III e Daggers a menos, porém com seis a oito reabastecedores a mais, e utilizando foguetes ao invés de bombas, a FAA poderia ter vencido.
- Com a mesma configuração de forças anterior, porém com dez a doze Exocetes a mais, e quatro a cinco dezenas de mísseis ar-ar mais modernos, a FAA certamente teria vencido.
- A derrota argentina deveu-se a uma inadequada escolha de meios para a defesa de seu litoral. Priorizou embarcações em detrimento de aeronaves e mísseis.
LIÇÕES DO CONFLITO
Com base nas análises anteriores, e considerando o contexto da época, pode-se concluir por, pelo menos, quatro lições do conflito, apresentadas a seguir.
Primeira Lição: O Poder Aéreo é Indivisível
Na concepção argentina, o Poder Aéreo foi dividido: sobre a terra atuaria a Força Aérea; sobre o mar, a Armada. Isso levou à completa inadequação qualitativa e quantitativa de meios e, somada à ameaça submarina britânica, causou a retirada da Força Tarefa 79 da zona de combate, no segundo dia do conflito, por absoluta incapacidade de se opor a Força Tarefa 317, no mar e no ar.
O Poder Aéreo é indivisível, atua sobre mar e terra. Sua estruturação e concepção de emprego (doutrina) devem ser únicas e conjuntas. O que pode ser fracionado entre as forças armadas são as aplicações singulares de meios, conforme suas funcionalidades e cenários em que os conflitos se desenvolvem. Não deve haver superposições nem lacunas funcionais.
Segunda Lição: A Dependência Externa de Equipamentos Limita a Soberania e Pode Levar à Derrota.
Esta não deveria ser uma lição, pois é mais que sabida e se faz presente em qualquer discussão sobre segurança e defesa. Contudo, não pode se limitar a discurso. Deve ser abordada de forma efetiva para gerar as necessárias capacidades militares, com dependência externa mínima e substituível.
Terceira Lição: Coragem, Habilidade e Determinação Potencializam Resultados, mas não Vencem Assimetrias Tecnológicas e Concepções de Emprego Disfuncionais
O desempenho da FAA e de seus pilotos foi fenomenal. Compensaram com coragem, habilidade e determinação as concepções de emprego disfuncionais da cúpula das Forças Armadas Argentinas. Ofereceram suas vidas para salvar a honra da Nação. Porém, as assimetrias tecnológicas e a concepção de emprego conjunto do Reino Unido, mesmo que no limite, acabaram por prevalecer.
Quarta Lição: Meios Aéreos Baseados em Terra Devem Preponderar na Defesa Litorânea
Com o retraimento da Armada Argentina, o conflito pelas Falklands foi todo travado entre a FAA e a Royal Navy. Os sul-americanos perderam apenas o cruzador ARA Belgrano. Tivesse sua Força Tarefa 79 permanecido na zona de conflito, teria sido aniquilada, com enormes prejuízos materiais e psicológicos para toda a Nação, o que, em guerra, faz muita diferença. Ao se retirar, negou os mais valiosos alvos aos britânicos que, pelas circunstâncias, foram obrigados a expor suas naves à FAA, com enormes prejuízos.
Portanto, a defesa litorânea de uma nação deve ser embasada, preponderantemente, em aviões e mísseis – ar-ar, superfície-ar e superfície-superfície – operando de instalações continentais.
Quinta Lição: O Poder Aéreo Deve Ser Estruturado de Forma Balanceada e Sinérgica
A Argentina possuía 68 A-4 e 5 Super Étendard capazes de se reabastecer em voo, mas apenas dois KC-130 cuja capacidade individual seria de abastecer 6 a 8 caças por missão. Adicionalmente, os mísseis ar-ar eram exíguos e obsoletos; somente tinham cinco mísseis antinavio, Exocet; os sistemas de navegação e ataque eram rudimentares e só operavam durante o dia; e não possuíam chaff e flare para despistar mísseis e radares.
Conforme já comentado, o desbalanceamento de meios e o atraso tecnológico, se parcialmente corrigidos, poderiam ter mudado o desfecho do conflito. Aeronaves reabastecidas, no mínimo duplicam ou triplicam autonomia e raio de ação. Aeronaves melhor armadas e dotadas de aviônica moderna aumentam sobrevivência e letalidade, além de poupar aviões e pilotos. Em resumo, um adequado balanceamento gera sinergia e eficácia.
Portanto, a qualidade deve prevalecer sobre a quantidade. O Poder Aéreo, e mais especificamente forças aéreas, devem ser estruturadas de forma balanceada e sinérgica, dotadas de equipamentos e armamentos tecnologicamente compatíveis aos ambientes de conflito nos quais poderão ser empregadas.
Sexta Lição: Porta-Aviões Médios nem Sempre Cumprirão sua Missão
A muito poderosa Força Tarefa 317 foi a maior força naval mobilizada pelo Reino Unido, desde a II Guerra Mundial até 1982. Contudo, os Harrier britânicos não conseguiram obter superioridade aérea, suprimir as defesas antiaéreas nas ilhas, interditar suas precárias pistas de pouso, nem destruir suas aeronaves no solo. Tampouco conseguiram blindar a frota contra incursões dos caças argentinos. A única explicação plausível é que suas aeronaves eram insuficientes para cumprir todas as tarefas necessárias e essa insuficiência decorre da limitada capacidade dos porta-aviões.
Assim sendo, porta-aviões de médio porte, como os britânicos, não são capazes de garantir a defesa aérea da frota enquanto projetam poder sobre terra, quando o oponente possui força aérea mais numerosa, mesmo que obsoleta.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Conflito das Falklands ocorreu há quarenta anos e todas as análises e conclusões foram feitas considerando-se o contexto da época.
Contudo as lições foram muitas e são válidas até hoje, pois sua lógica não se alterou. Os principais fatores levantados estão relacionados à Geografia, que não mudou; a concepções de emprego, que sempre antagonizam forças armadas em todo o mundo; bem como à tecnologia, cujos enormes avanços só fizeram potencializar efeitos e consequências já identificados.
Assim sendo, seria interessante que nossas Forças Armadas revisitassem esse conflito e avaliassem se teríamos algo a aprender e aplicar às nossas políticas e estratégias de defesa, sob pena de incorrermos nos mesmos erros de quarenta anos atrás.
- [1] Coronel R1 da FAB – Piloto de Caça
Analista de Inteligência Militar
Integrante do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional – USP
Consultor do Instituto Sagres
Mestre em Ciência Política (Defesa) – Universidade da Força Aérea (UNIFA) - [2]Os argentinos denominam as mesmas ilhas por Malvinas. Neste artigo serão adotadas as denominações britânicas para a ilhas e respectivas localidades, uma vez que estão sob administração do Reino Unido, independentemente das reivindicações argentinas ou de juízo de valor quanto à disputa. Sempre que utilizadas pela primeira vez, serão informados as denominações argentinas para cada localidade.
- [3] Uma milha náutuica equivale a 1,852 Km. Portanto, a Zona de Exclusão tinha um raio de 370,4 Km.
- [4] As análises tomaram por referências bibliográficas duas publicações argentinas. Estas, por sua vez, se reportam a documentos argentinos e britânicos inerentes, bem como memórias de participantes. São elas: História del Conflicto del Atlantico Sur (La Guerra Inaudita II), 1997, de Rubén Oscar Moro, Força Aérea Argentina; e Probado en Combate, 1995, Vol. 58, 1ª Ed., de Pio Matassi.
- [5] Redenominado pelos argentinos como Puerto Argentino.
- [6] Houve estimativas de que tenham colocado de 14 a 16 aeronaves.
- [7] Os Dagger argentinos eram a versão israelense do Mirage V, francês.
- [8] MATASSI, Pio. Probado en Combate. 1995. Vol. 58, 1ª Ed.
Não vou entrar no mérito dos mais de 80% do orçamento militar brasileiro é destinado a benefícios… 1.É notório que as forças armadas brasileiras não são integradas. Um exemplo mais recente é a compra por parte da Marinha na compra de blindados 4×4 americanos do que comprar blindados 4×4 Lince montados em MG. Com isso, temos diferentes meios que poderiam ser iguais. 2.Tanto a FAB e tanto a MB não possuem mísseis anti navio integrada ás suas respectivas aeronaves. 3.A MB considera um projeto estratégico montar um helicóptero estrangeiro e integrar um míssil anti navio estrangeiro. 4.Não temos aviões reabastecedores.… Read more »
.A MB considera um projeto estratégico montar um helicóptero estrangeiro e integrar um míssil anti navio estrangeiro.
Mas o planejamento da MB não era desenvolver uma versão do Mansup lançada por helicóptero?
Tanto faz se você fabrica ou compra, o que importa e ter estoque que dê para segurar as pontas ate mais munição chegar. Hoje não temos nem um nem outro.
“A União gastou R$ 19,3 bilhões com pensões de dependentes de militares em 2020. Das 226 mil pessoas que recebem este tipo de benefício no País, 137.916 delas, ou 60% do total, são filhas de militares já mortos.”
Uma pena não ter entrado nesse mérito, pois ele resolveria muita coisa.
Mas concordo com tudo que disse.
Dinheiro que temos é pouco e mal empregado.
Onde você tirou esta informação? , mas esta de 60% filhas vc forçou a barra…
https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2021/07/4935337-uniao-pagou-rs-19-bi-de-pensao-a-parentes-de-militares.html
https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,filhas-solteiras-de-militares-recebem-ate-r-117-mil-mensais-mostram-dados-publicos-ineditos,70003766685
duas fontes diferentes, mesma informação.
Desculpe-me, Jonas, mas vc está mal informado. Tudo o que eu e minhas filhas temos como direito são descontados de meu salário. Por outro lado, em qualquer plano de previdência, inclusive o INSS, o empregador contribui com a maior parte e o empregado com a menor. No caso dos militares, o Governo Federal nada contribui. Tampouco tenho fundo de garantia, direito à greve, adicional de periculosidade, seguro de vida e, mesmo na reserva, posso ser convocado sem remuneração extra. Como piloto de caça, poderia ter morrido muitas vezes, mesmo não tendo participado de guerra. E perdi muitos colegas que deixaram… Read more »
Eu copiei isso de um texto do Forte onde falava sobre as FA Russas na guerra da Ucrânia. Pra mim, isso se aplica 100% ao nosso oficialato também. É só mudar as palavras “russo” para “brasileiro” e essa explicação cai como uma luva. “A resposta inevitável é que a principal missão das forças armadas russas é transmitir o poder e o prestígio do regime, não demonstrar eficácia no campo de batalha. Tanques e lançadores de mísseis podem ser exibidos com orgulho durante um desfile da Praça Vermelha, mas e uma rede digitalizada de comando, controle, comunicações, computador e informação (C4I)? Pode… Read more »
2.a FAB possui o Harpoon integrado ao P-3AM, e a MB possui o Penguin integrado ao S-70 e o AM-39 integrado ao UH-15;
4.a FAB possui (ainda) KC-130 e, agora, KC-390.
O MD não vem cumprindo sua missão. Segue a mesma lógica das FFAA, até pq é comandado por um general que só pensa em urnas eletrônicas.. Os esforços de padronização ainda são escassos e somente muito recentemente se fala em interoperabilidade. A mentalidade das FFAA ainda é tacanha e a ciumeira impede que cada força cumpra sua missão com os equipamentos que devem ser adquiridos com essa finalidade. Se a MB e o EB pensam em asas fixas, a FAB começa o mimimi. A verdade ´´e que faz tempo que a missão é que determina qual equipamento usar. Se as… Read more »
Nenhuma lição foi tirada ;
É só olharmos para as nossas forças armadas.
Estão incapazes de repelir qualquer ataque externo.
A falácia e incompetência fala mais alto ,do que o amor por nossa soberania.
Texto muito bom! . Eu sou um achista… Eu acho, por exemplo, que toda análise de conflito, principalmente dos mais recentes, é válida para verificar a atualidade das estratégias e etc. Desde que não se use disso para simplesmente gerar viés de confirmação ou cometer o erro clichê, de querer se preparar para a última guerra. Embora seja muito difícil fugir desses dois pontos, principalmente em achismos. . Também acho que, mais interessante do que o proposta no último parágrado, seria ter nossas Forças Armadas discutindo e verificando a validade e a eficiência das políticas e estratégias de defesa que… Read more »
Grato.
Bem… eu também ACHO que sua crítica aos documentos de Estratégias de Defesa se dá para baixo destas. Isto é, sobre a (in)praticabilidade delas ou até mesmo por uma possível desconexão entre, sei lá, as salas com ar condicionados e cafezinhos em que elas foram elaboradas e sua eficácia no “terreno” efetivo. Sendo isso ou não, de forma alguma é uma maneira inválida de ver as coisas. Já eu vejo o problema nos documentos para cima. EU ACHO que os documentos são engrenagens válidas mas completamente soltas. É como se ter um míssil (bom ou não, isso é discutível), mas… Read more »
BTW… Muito bom o artigo. Salvarei seguramente em meus alfarrábios.
Grato.
Não há projeto de nação.
Parceiro, o dia que alguém, seja na presidência ou alto escalão das Forças Armadas, via Congresso Nacional, criar vergonha na cara e iniciar um programa de construção de armas nucleares, nada disso mais importará, a FAB poderá voar com Gloster Meteor ou C-47 Douglas, o Exército poderá rodar em cima de M-3 Stuart e a Marinha com barcos a vapor, não importa. Feito isso: Quero ver o Macron cantar de galo contra o Brasil, quero ver o Biden cantar de galo contra o Brasil, quero ver o rei da Noruega cantar de galo contra o Brasil, quero ver a extrema… Read more »
Só uma pergunta:
Digamos que finalmente tenhamos nukes…
Nós lancaría-mos elas no inimigo…como?
A FAB tem bombardeiros de longo alcance?
Temos nossa própria rede de satélites pra alerta antecipado?
Temos nossa própria constelação de satélites pra GPS?
Temos tecnologia de mísseis de cruzeiro pra lançar eles no inimigo?
Temos tecnologia de SSBM?
Não?
Então faría-mos o quê com essas nukes? Deixaríamos eles nos invadirem, pra lançar a bomba no inimigo com o KC-390, em nosso próprio território?
Acha mesmo que simplesmente ter nukes já fariam com que as FA’s BR ficassem no mesmo nível das FA’s norte-americanas?
Assim como na segunda guerra mundial, nesta guerra ficou evidente a importância do avião e da defesa aérea numa guerra. Qualquer país que queira dissuadir um potencial inimigo deve focar um pouco mais dos seus recursos no poder aéreo.
Depois do avião no campo de batalha passou a existir apenas aviões e alvos.
Se texto fosse obra de arte essa postagem estaria no mesmo patamar, parabéns, deveria ser obrigação na aula de história do ensino médio.
Grato.
Parabéns pelo artigo, Paggiaro!
Grat, Fernando.
Não sei se é verídico ou não, os Ingleses pediram para ao governo Francês para fornecer informação se havia algum sistema do MBDA Exocet que pudesse fazer com que o míssil perdesse o alvo ou ser destruído, mas os Franceses se limitaram a dar dados do voo e informações tecnicas, mas não deram o que pediram, pois a França não queria que os compradores soubessem que eles tinham como incapacitar o míssil caso fosse utilizado contra a França.
É muito provável que seja assim. A França ajudou muito ao suspender fornecimentos e não passar as informações para a instalação dos Exocet, que ainda não havia ocorrido, pois haviam recém entregue. Dizem por aí que foram os peruanos que ajudaram.
A atuação dos pilotos Argentinos merecem um filme ao estilo ” Fomos Heróis ” . Esse filme fala sobre a primeira derrota do exército Americano no vietnam. Eu gostaria muito de ter conhecido e apertado a mão de un desses pilotos; eles foram extraordinários.
Também acho. Conheci e trabalhei com alguns. Excelentes profissionais. Muito competentes e devotados a profissão.
Eu invejo o senhor mas com admiração. Parabéns .
” Fomos Heróis ” . Esse filme fala sobre a primeira derrota do exército Americano no vietnam.
Você assistiu o filme? Leu o livro sobre a batalha do Ia Drang em 1965????
Pelo jeito não…
É lógico que assisti. Caso contrário eu não falaria sobre o filme.
Eu conheci. E os norte americanos não perderam essa batalha. Acho que você assistiu o filme errado. O Cel Hall More era o cmt do Batalhão. No documentário no Netflix ¨Guerra do Vietnã¨(10 episódios) há um episódio contando sobre o caso. Com entrevista do próprio cmt.
Flecha partida. Foi a senha. Retirada. Vai dormir cara
Me referi ao filme com mel Gibson. Netflix é rede globo. Vai dançar no tiktok
É um documentário norte americano. O melhor já produzido sobre a guerra. O único com depoimentos de viethcongs. Creça e apareça, filho.
Excelente artigo! Artigo técnico de análise impecável, parabéns ao autor e ao blog pela postagem! Vou imprimir para ler com mais atenção e fazer anotações.
Grato.
“Segunda Lição: A Dependência Externa de Equipamentos Limita a Soberania e Pode Levar à Derrota.”
Esse trecho é muito importante para todos aqueles que batem palmas quando nossas FFAA optam por compras de prateleira em detrimento projetos de desenvolvimento nacional.
O problema é quando esse negócio de “A Dependência Externa de Equipamentos Limita a Soberania e Pode Levar à Derrota” é usado pra contratar, a preço de ouro, ToT’s intermináveis que se extendem por falta de pagamento, e sem planos concretos de continuidade, fazendo com que o conhecimento adquirido vá pelo ralo.
IKL, AMX, Niterói…te lembram algo?
Copo mei cheio…copo meio vazio…mesmo que voce retroaja a 1982, nosso inventario ja era bem mais nacionalizado que o argentino e num exercicio teorico, muito provavelmente ele desempenharia de forma melhor. – tinhamos mais de 4 centenas de blindados leves novissimos EE-9 Cascavel. E mais algumas centenas no pateo da engesa aguardando embarque de exportacao ao Oriente Medio – nao havia exocet ar superficie, mas havia 9 Submarinos dos quais ao menos 6 teriam operado e bem. Ao que tudj se revelou – tinhamos uma qtde menor de cacas de primeira linha a reacao, mas tinhamos a construcao, manutencao e… Read more »
Bela ilustração, mas tem uma coisa errada nela.
Não; É melhor ter em estoque de prateleira, do que pingado via ToT ou superfaturado.
74 dias de Guerra nas Malvinas/Falklands com vitória do Reino Unido, que deslocou sua força-tarefa por 12 mil km. 100 dias de Guerra da Rússia contra a Ucrânia sem perspectiva de um desfecho. A diferença é que a Rússia está do lado da Ucrânia, dá para ir a pé.
Sensacional o post !!! Grande analise e resumo de tudo que aconteceu neste conflito na esfera militar , Parabéns
Uma constatação óbvia que destaco, como todos sabem a Inglaterra é membro da OTAN, e os países membros não pensaram duas vezes antes de colocar embargos a Argentina, e ajudarem a Inglaterra a vencer o conflito.
Não só os países da OTAN. A época a França não fazia parte e suspendeu tudo.
Excelente Trabalho!
Grato.
Passaram-se 40 anos e a FAB, tanto como a FAA em 1982, não está preparada para apoiar as operações aeronavais.
A FAB comprou ou vai comprar RBS15 para seus Gripens? Além dos Harpoon que podem ser levados nos P-3 da FAB (se não me engano são 16 unidades) qual outro missil antinavio a FAB possui? Os A-1 modernizados tem alguma capacidade efetiva, treinamento, doutrina para apoiar operações aeronavais?
40 anos para aprender e não aprendemos. As FFAA brasileiras me dão uma preguiça.
Após 40 anos Parece que os únicos que aprenderam a lição foram os Britânicos que ainda mantém nas Falkland uma força de caça superior tecnologicamente aos caças de TODA AMERICA LATINA junta !!
Os caças britânicos nas Falklands hoje, são Typhoon que operam em sistema de rodízio entre os esquadrões de caça da RAF. Não chegam à 12 aeronaves no local à qualquer momento. São mais que suficientes para coibir qualquer investida argentina. Entretanto, com a entrada em serviço do Gripen no Brasil, essa superioridade tecnológica citada por você passará ao Brasil, ou no mínimo, será igualada.
Flanker da onde tu tirou esse número? Pois a algum tempo em algum desses sites de defesa eu havia lido 04. Obrigado e boa noite
Eu não tinha certeza da quantidade….tinha na cabeça que eram 6, mas chutei um número alto (12) para reforçar o que eu queria dizer. Sendo 6, ou 4, reforça mais ainda o que eu falei.
Após 40 anos Parece que os únicos que aprenderam a lição foram os Britânicos que ainda mantém nas Falkland uma força de caça superior tecnologicamente aos caças de TODA AMERICA LATINA junta !!
E aprenderam também que os PA médios não resolvem, por isso partiram para a classe Queen Elizabeth
Mais ou menos….afinal…eles resolveram, em que pese deficiencias….
A questão é que o Harrier era e foi desenhado como caça de defesa de ponto…
poder levar bomba não é o mesmo que ser avião de ataque…..
a autonomia era exigua e tinha pouco tempo de voo tendo de cobrir a ilha e a esquadra…eram duas areas em que tinham de estar presentes….
O Harrier original da RAF foi desenvolvido para CAS já o Sea Harrier, com radar, foi feito pra interceptar os Tu-95 da URSS.
O F-35B é superior ao antigo Sea Harrier (supersônico, + autonomia, + armamentos, aviônicos e sensores muito superiores) mas ainda assim tem certas limitações. Os QE com F-35B não serão capazes de fazer o mesmo que um Nimitz ou Ford com F-35C ou Super Hornet.
Certo, mas o cerne e um pequeno reparo de entendimento, não era um CDF (caça de defesa de Frota) bem como um Bombardeiro naval…posto aqui um diagrafa da diferença na pratica dos conceitos levados ao pé da letra.
Olha a diferença de alcance operacional….e como a figura da batalha se altera…
Ao mesmo tempo, o reflexo deveria dizer…”mas oras!…ele Phantom ou Bucaner, somente era operado por Porta Aviões de Grandes dimensões!!””….
Mas não…a classe Audacius…tinha 36 mil ton de deslocamento…e pertence a categoria dos pequenos Navios aerodromos…
Aqui, o mesmo Ark Royal da foto acima , aposentado em 1979 ao lado do Nimitz…
Então, não é exatamente a dimensão do pequeno Nae aerodromo, embora por óbvio impacte, mas sim o pacote Nae+Ala aerea… e no caso em pauta…os Invencible e o Hermes estavam apenas dimensionados e assim idealizados para uma defesa de frota…e não de projeção….
Inclusive vale aqui os paradigmas e mantras…que tantos repetem….que Nae é arma de projeção….não …não é….ele pode ser…e o Hermes e Invencible eram exemplos disto…eram dimensionados para defesa de frota, embora por logico, tivessem capacidade marginal de ataque e projeção…
Excelente texto. Parabéns ao autor. Mas e aí, um dos paradigmas são as aeronaves reabastecedoras. Os gripens armados não tem alcance em todo país e a nossa costa é extensa, somos um país continente! Como demonstrado na análise existe um limite por aeronave reabastecedora e por missão. Entendo que é uma área que a defesa deveria dar mais atenção, traduzindo, planejamento. Não são 2 MRTT que farão milagre.
O inimigo não escolhemos, ou seja, temos que estar preparados para qualquer cenário.
Justamente por isso, MAB, os Gripens modelo NG, que são os brasileiros, por demanda da FAB foram adequados para fazar reabastecimento em voo. Os suecos não possuem essa capacidade. E os KC-390, mais os dois A-330 recém adquiridos preencherão essa lacuna.
Não são apenas os Gripen E/F que podem realizar REVO. Os Gripen C/D também possuem sonda REVO retrátil.
Sim. Desculpe a falha.
Sim, entendo , o que quis dizer é que os meios de reabastecimento são vistos como meros apêndices e não como algo essencial. Sempre uso como referência a Austrália por seu tamanho e capacidade econômica. Contudo eles tem a vantagem da população ser 1/10 da nossa, ou seja, sobram recursos.
No próprio texto explica com detalhe que os meios para reabastecer , mesmo existindo eram poucos. A realidade é idêntica aqui. Somando território contínuo + ZEE estas 2 aeronaves não serão suficiente. A não ser que os KC-390 façam o complemento.
A Austrália possui 7 aeronaves MRTT!
Todos os KC-390 são reabastecedores.
Bem lembrado….e ainda os c-130…….resta saber então qual é a quantidade real de kits disponiveis para implementa-los num esforço full….fiquei curioso…qual seria a quantidade full de reabastecedores com estes kits que conseguiriamos operar……
Os KC-390 não somente são reabastecedores, como são reabastecidos. A, ainda, podem reabastecer Helicópteros a 10.000 pés de altura, o que nenhum outro faz.
Mestre Paggiaro,
Resgatando o que me escapou sobre o KC-390….ele pode reabastecer outro caça sem aquele kit completo? usando apenas o combustivel de sua propria fuselagem?
Vou me certificar, carvalho. Mas penso que independem de Kit, como o C-130 ou outras aeronaves.
O KC-130 possui versão específica para essa finalidade (REVO), pois somente os KC possuem tubulação nas asas que levam o combustível para os kits que se localizam nas mesmas. E os KC-130 levam dois tanques internos extras, de aproximadamente 6800 litros.
Esta foi a melhor materia e análise nos ultimos 3 anos!!!!
Parabens!!!!
Eu apenas tenho uma ou duas contraposicoes, mas o material é sensacional e confere com muito que ja publiquei e alguns até revejo…pois esvlareceu o que ja apontava a tempos sobre o uso de foguetes en face das regulagens problematicas das bombas
Grato.
Muito bom mesmo!!
Que os aviadores argentinos tiraram leite de pedra e foram heróis, isso é inegável.
Uma pena que heroísmo não muda o resultado de um plano de invasão feita nas coxas pela Junta Militar….
Sim. Foi tudo errado desde o início.
Como diz o ditado: o que começa errado, termina errado.
Eu retocaria muito pouca coisa.
Um item que é absurdamente passado em despercebido…astronomico, relegado, mas decisivo….ja tinha falado disto…
– Alguem tem ideia do impacto astronomico dos quase 200 helicopteros que foram transportados na task britanica?????!!!
Nao né???!! E nem tentem procurar pelos numeros de chinook, Sea King ou coisa parecida porque a resposta esta longe daí…
Somente uma palavra chave relegada….
Consiencia Situacional sobre a batalha terrestre….ela foi absurdamente superior em face disto…
Carvalho, não passou desapercebido. É que o fulcro do artigo foi analisar o embate para evitar ou permitir o desembarque de tropas.
perfeito!
Este realmente foi um item impactante na luta terrestre…enquanto argentinos tinham puco mais de 10 helis….os britanicos contaram com mais de uma centena deles o que na consciencia situacional e designação de alvos e tropas foi preponderante….os britanicos sabiam exatamente por onde avançar ou que agrupamentos e tropas atacar ou direcionar sua artilharia…os helis fizeram toda a diferença….
Vou colocar aqui um dos raros pontos em que divirjo desta excelente materia: – a força aerea baseada em terra foi e é incapaz de defender o objetivo a 600km de distancia. Foi capaz de atacar mas nao devemos confundir missao de ataque com missao de defesa… – fosse uma ilha ou uma esquadra a defender contra ataques, a distancia era muito longa e impossivel de fazer CAPs com ou sem abundancia de reabastecimento aereo. – embora imperioso suprir e ter bem dimensionado (o que nao houve) a capacidade de reabastecimento, ela em si torna-se o ponto nevralgico por ser… Read more »
O autor, que é um aviador, na sua análise do papel do Poder Aéreo e do Poder Naval, só esqueceu de um detalhe: acima de tudo foi o Poder Naval que permitiu ao Reino Unido recuperar as Falklands.
Na realidade , mestre Thor em minha opinião sempre digo que quem ganhou a guerra foi a RFA (Royal Fleet Auxiliary) …..sua exemplar capacidade de mobilização que conseguiu adicionar 100 navios a task de pouco mais de 25-30 da esquadra….levando de parafuso a combustivel, munições, soldados nem que fosse naquele transatlantico Quen Elizabeth, etc…os 200 helis…(porque isto não estava na esquadra nem em Nae)….A Royal Navy em me desculpando acertos….o que acertou? 1 Subnuke acertou um cruzador….a antiarea de superfície pegou alguns A4 mas foi fuzilada e esburacada…O Harrier tinham poucos e não conseguiam fazer caps eficientes e os furos… Read more »
Mas não esqueçamos que, doutrinariamente, a RFA comporia o Poder naval, ou, no mínimo, o Poder marítimo, se considerarmos eles totalmente civis (que não são).
É….eu sei…mas convenhamos….o trabalho foi tao distinto entre um e outro, que vale dar a Cesar o que é de Cesar….foi a RFA….
Por isso eu bato boca com pessoal defensor do subnuc por causa da “dissuasão”.
Desde a segunda Guerra mundial o maior “afundador” de navio é o avião, pra se defender as águas territoriais de frotas inimigas o melhor meio são os aviões e não navios. Muito mais vale mais esquadrões de Gripen com RBS 15 que subnuc.
Muito boa essa analise só tenho que observar que a segunda lição como estamos vendo no caso Ucraniano, você ate pode fazer guerra com material de defesa estrangeiro comprados prateleira desde que tenha um bom estoque dele e um fluxo de ressuprimento. Não adianta você fabricar e só ter material para um dia de guerra. Os argentinos erraram mais por não ter estoque de munições adequando do quê por não fabricar o próproio armamento.
Penso que o ideal é produzir o necessário para se ter autonomia. Enquanto isso não acontece, é preciso manter estoques suficientes para dissuadir. Também é necessário que se tenha parcerias estratégicas fortes enquanto se adquire as necessárias capacidades.
Sim. Ninguém impediu eles de comprar mais Exocet e Super Étendard antes da guerra. Se eles tivessem uns 20 Exocet e uns 12 Super Étendard ía dar ruim pra Grã Bretanha.
Eles tinham comprado 12 Super Ètendard e 12 Exocet. Tinham recebido cinco de cada e receberiam os demais até setembro 82. Tivessem esperado…
Aí foi burrice deles.
Se tivessem esperado até setembro ou outubro, além de receber todos SE e AM-39, também não enfrentariam o frio que enfrentaram, que também foi um “inimigo” indigesto para os argentinos. Bem mais que para os britânicos.
Excelente matéria. Abrangente e muito bem elaborada.
Grato, presidente.
Nao iria nao….e quem seria o termometro desta decisao seria a Russia….eles ja estavam namorando os argentinos oferecendo vantagens e material e informacao, mas os argentinos recusavam-se a isto com medo da coisa crescer para algo maior…os EUA sabiam disto, e da mesma forma nao podiam apresentar ajuda ostensiva aos britanicos sob o risco de terminar de empurrar argentinos para o lado russo….entao ninguem queria dar este primeiro passo.
Os americanos deram total apoio ao Reino Unido, inclusive há declarações públicas nesse sentido do então Secretário de Estado Alexander Haig, a Argentina, inclusive, invocou o TIAR e a OEA, mas ficou isolada. Entretanto, ouvi de fontes confiáveis e bem posicionasse na época, que os russos haviam se oferecido para afundar um porta-aviões. Faz sentido, pois eles tentaram interferir por intermédio de Cuba, naquele avião que a FAB obrigou a pousar aqui. Também entendo que nos ataques ao Atlantic Conveyor e ao Invencible alguém deu a informação, pois foi muito precisa e eles estava muito longe para serem detetados por… Read more »
´Sim, mas informação é subliminar…..diz que foi não foi…etc….até torpedos anti submarino os EUA forneceram debaixo dos panos porque gastaram tudo…mas era material já em uso em que até isto fica subliminar…agora afundar uma fragata por um sub russo, se alguem consegue analisar alguma evidencia quimica de destroço para conferir o tipo de explosivo russo, seria flagrante demais que foi um sub russo e não um argentino…e nenhum dos lados tava afim deste proximo passo…..a não ser…que fosse bem necessario…os argentinos seguraram a bronca….ia dar M¨%%$#…..e a America do Sul poderia ser o pino detonador da 3a. WW….O Brasil já… Read more »
Achar. Acho o que acharam. Guerra depende de base industrial. Indústria depende de infraestrutura logística. Mesmo que os argentinos tivessem obtido qualquer avanço ou resistência na tomada das Falklands não teria sido possível manter as vantagens estratégicas, militares e políticas do empreendimento. A Argentina era governada por uma junta militar. Naqueles anos, juntas militares, reconhecidamente, não representavam a opinião da população. Exceto se a Argentina tivesse optado por uma ditadura permanente. A Argentina ficou refém do bloqueio britânico. Fora da zona de exclusão, não importa se por negação do mar imposta pelos submarinos atômicos, ficou evidente a disparidade de quem… Read more »
Grato, Esteves. Quanto a alguma capacidade, defendo que se deve identificar ameaças e as capacidades militares necessárias a neutraliza-las ou, pelo menos, dissuadi-las. Isso devidamente medido por padrões de eficiência e avaliações operacionais confiáveis. E assim que faz quem entra em guerra.
Agradeço se liberarem meu comentário. É singelo.
“Portanto, a defesa litorânea de uma nação deve ser embasada, preponderantemente, em aviões e mísseis – ar-ar, superfície-ar e superfície-superfície – operando de instalações continentais” Há tempos venho pensando sobre isso. Parece que, observando os conflitos navais das últimas décadas, os grandes combatentes de superfície como as fragatas e destroyers foram consideravelmente menos letais que os submarinos, FACs, aviões armados com mísseis antinavio e baterias costeiras. Os submarinos fizeram pelo menos 3 vítimas no período pós-segunda guerra: a fragata INS Khukri, na guerra indo-paquistanesa em 71, o General Belgrano, na guerra da Malvinas, e a corveta ROKS Cheonan, em 2010. As FACs também… Read more »
O USS Stark foi atingido em 1987, por dois Exocet. Penso que as defesas navais ainda não estavam adequadas a eles. Já a questão da defesa baseada em meios aéreos e antiaéreos está consagrada no atual conceito do A2AD – Anti Access and Área Denial. Em resumo, a doutrina do A2AD consiste no reconhecimento da impossibilidade de enfrentar uma frota da OTAN destinada a um desembarque. Consequentemente, países como Rússia, China, Iran e outros possíveis contendores investem em aviões, mísseis ar-superfície, superfície-superfície com altíssima mobilidade, torpedos, lanchas rápidas e submarinos. A ideia e não permitir o desembarque ou dissuadi-lo pelo… Read more »
Agregando informação, os KC-390 da EMBRAER e adquiridos pela FAB, não somente são reabastecedores, como se reabastecem no ar, o que aumenta muito a capacidade de penetração de uma força aérea, pois soma-se a dos caças reabastecidos.
Uma duvida….a transferencia ocorre somente do tanque modular do kit que é carregado ou pode ser transferido combustivel interno das asas?….
Por exemplo…se metade do kit apenas é instalado…somente com as cestas….ele pode trasnferir fração do combustivel organico da propria aeronave?
O combustível é o mesmo do sistema de combustível da aeronave. Os kits são apenas para a transferência do flúido. Qto aos KC-390 estou aguardando confirmação, mas acho que todos já são equipados para revo, não precisam de kits. Mas, vamos aguardar a resposta.
Confirmando e retificando informação sobre os KC-390. Precisam de kit de reabastecimento em voo, porém todos estão preparados de fábrica para recebe-los. Ou seja, todas as aeronaves podem ser reabastecedoras.
Muito obrigado…!!!.então a coisa resume-se a disponibilidade de kits…..quanto será que teríamos? São os mesmos que temos e empregamos dos C-130?
Essa informação não está disponível, porém, julgo que seriam necessários 50% em tempos de paz e para reação imediata. O recompletamento seria rápído e fácil por ser fabricado pela Embraer. Mas se atacarem essa empresa…..kkkkkk.
pois é….não parece ser equipamento caro este kit….em de ter estocado em qtde e quardado…vai que…..
Os kits de REVO do KC-390 São fabricados pela britânica Cobham.
Caro Paggiaro, parabéns pelo artigo. Os dados foram precisamente apresentados, o que demonstra uma pesquisa muito cuidadosa. Ademais, a sua análise sobre os aspectos táticos do conflito é muito boa. Contudo, não estou de acordo com a sua afirmação de uma possível eficácia do emprego de foguetes para afundar navios – esse assunto, certamente, renderia outro ótimo artigo. Para finalizar, você está coberto de razão ao afirmar que as nossas Forças Armadas ainda podem tirar lições desse conflito, principalmente no que se refere ao preparo e emprego conjunto dos meios militares.
Um abraço fraterno.
Grato, Egito. Sua colocação quanto ao uso de foguetes deve ser muito considerada em função de sua experiência como piloto de caça e especialista no emprego de força aérea. Não sei se o entendimento foi o de que advogo o uso de foguetes contra navios. Sou totalmente contrário. Não vejo possibilidades de se fazer isso nos dias atuais, seria morte certa. Arma contra navios é míssil ou torpedo. Talvez, mas ainda muito arriscado, alguma bomba guiada lançada stand off. Contudo, minha colocação no artigo é quanto ao contexto da época. Naquele momento, entendo que os foguetes seriam uma altenativa melhor… Read more »
Ahhh sim…hoje atualmente aviões com foguetes é inviavel contra navios de 1a linha……só seria melhor que com bombas burras….mas inviavel….
Mestre Antonio, afundar não seria o termo talvez mais adequado….o melhor é destruir ou retirar de combate por semanas ou meses… E quando analisamos desta forma, sim, foguetes são capazes e suficientes para tal….a primeira baixa britanica foi justamente a partir de um MB 339 (primo mais novo do MB 326 Xavante), na qual o Ten Grippa mesmo errando o momento da primeira visada, acertou uma fração na fragata que tevou toda seu sistema de defesa cego por conta disto…. Ela ficou indefesa e teve de sair de São Carlos buscando cobertura e defesa voltando a TASk principal, mas os… Read more »
lembrando que a carga explosiva de um foguete é equivalente ao seu proprio calibre de uma projetil de um canhão naval….ou seja…um fogete 70 mm, possui estrago similar ou canhão naval 76mm..um foguete 122mm, igual a um canhão naval MK8 114 mm…
lembrem…as fragatas depois da decada de 70, não tem a pele dura e blindada dos navios da WWII….elas são cheias de antenas, radares e portinholas….um foguete esburaca tudo….não somente a pele…como o interior….
Uma cabeça anti carro (pricipalmente 14 delas) causaria um estrago…
https://www.youtube.com/watch?v=V092M25KeUA
Fabio. “Em resumo, a doutrina do A2AD consiste no reconhecimento da impossibilidade de enfrentar uma frota da OTAN destinada a um desembarque. Consequentemente, países como Rússia, China, Iran e outros possíveis contendores investem em aviões, mísseis ar-superfície, superfície-superfície com altíssima mobilidade, torpedos, lanchas rápidas e submarinos. A ideia e não permitir o desembarque ou dissuadi-lo pelo alto custo dos danos a sofrer na tentativa.” Bacana expressar esse pensamento aqui e não no Poder Naval. Os defensores dos combatentes de superfície Tamandarés devem estar preparando o contra ataque. Não precisa de navio combatente? Tá. Vem pólvora, viu Fábio. Sim, sim…mísseis serão… Read more »
Esteves, entendo que cada ambiente com suas particularidades. A presença na Amazônia e o combate a ilícitos transnacionais deve ter meios e conceitos de emprego e operacionais distintos. Inclusive envolve operações multi agências devido a questões legais, nacionais e internacionais. Porém, se todos esses ilícitos, mais a “desinformação ambiental sustentável” levarem a sanções contra o Brasil, inclusive no sentido de internacionalização da Amazônia, as ações coercitivas não virão por terra, mas sim por bloqueios e zonas de exclusão aéreas e marítimas. Não creio que alguém se arrisque a lançar tropas para ocupar a Amazônia, ou partes dela, enfrentando um ambiente… Read more »
Sei não mestre Fabio…..uma zona de exclusão tem dois lados…o meu e o deles….sob uma hiptese de pseudo ajuda humanitaria e ” ecologica”,,,,uma fração fronteiriça pode sofrer um assalto de tropas…apenas para marcar o apoio terrestre e instalação de infra estrutura internacional…e o resto seria apoio aereo… para nós, seria dificil limpar esta invasão pela exata mesma dificuldade logistica….não tem como locomover tropas pela floresta, nem blindados, nem artilharia….então….depois de plantado um nucleo invasor….caberia a força aerea….quer seja na implntação de forças de resistencia para expulsão, quer seja para quebrar a zona de exclusão…. O motivo de uma invasão? esta… Read more »
Concordo. 95% do comércio, 75% do petróleo e não sei quanto do pescado. Mas dentro do país a economia funciona próxima e dependente dos rios. Não creio que uma força invasora venha pelo mar. O pessoal simulou uma reação nossa frente à agressão de uma força tarefa comandada por um porta-aviões norte-americano e seu grupo de escoltas…está disponível na biblioteca do Poder Naval…fizeram picadinho de nós…mas desembarcar ainda que somente na região de maior valor econômico (SC,PR,SP,RJ,ES) para dominar nossa infraestrutura e nossos centros de decisão chegando a outros importantes como DF, MG, GO, MS, RGS, NE não é uma… Read more »
Bem, antes de mais nada ficaríamos sem petróleo. Até qdo aguentaríamos? Mas se aguentássemos mais que o esperado, passariam a bombardear instalações militares, infraestrutura e escritórios de governo. Lembra da Sérvia ou Kosovo? Só sanções e bombardeios, “no boots on the ground”.
Nossas plataformas…
Mestre Esteves, gosto deste tipo de reflexão, pois ela chama ao exercício mental de fato do que fazer quando e se a coisa acontecer. Infelizmente, muitos que adoram politizar se calam quando chamados a este desafio que o exercicio implica. somete uma retificação… não defendo bombardear (bombas) de enxames de pesqueiros, mas incito o exercicio de quando “Inêz é morta”…não tem patrulheiro nem navio, se 300 pesqueiros subirem para Santa Catarina ou RS, o que fazer?? não haveria como esperar a resposta para daqui 5 anos para receber e lançar novos patruleiros…então, tentar desenvolver uma doutrina CAS/COIN NAVAL e usar… Read more »
Pois é. A solução para o mar é uma. A solução para o mato é outra. Há distinções.
No nosso caso, não vejo crível uma força invasora tomar Ilhabela. Mas penso perfeitamente realidade…forças contestatórias, por procuração, irem ocupando nosso chão verde. Pode botar nessa procuração o crime internacionalizado que usa nosso país como corredor. Um corredor menor tem custos menores.
Falam de europeus que viriam. As ameaças do Oeste já estão aqui.
E pelo amor do Pai…para de dar ideia. Para de falar de bomba jogada em pesqueiros. Vai que escutam.
bomba não..mas foguete inerte sim…que teria o mesmo efeito e até mais pontual que canhão de navio…..e somente se precisar….mas acho que um dia…pode sim precisar….
O enxame tendou bater no barco patrulha da MB e depois de tantos alertas…soca um foguete inerte 70 mm no casco, vara o furo e vai afundar depois de ingerir agua por uns 45 minutos…dá para resgatar tranquilo e mais seguro até que .50 que sai varrendo tudo de um lado para outro no balanço do mar….para e pensa….fica até mais seguro…
Vamos ver o efeito de um. Um somente um.
Esteves, pelo que conheço de Amazônia, a melhor estratégia, ainda, é a da presença. Por isso temos 21 Pelotões Especiais de Fronteira (PEF) lá. Conheço vários. Há que ter o soldado lá, portando o IA2, dizendo: ¨este lado do rio é Brasil, não atravesse!¨ E a bandeira hasteada. Outra boa solução é o SISFRON, que anda a passos de tartaruga, na meu julgamento. E drones (ARP), armados, dezenas deles voando nas fronteiras. É a minha humilde opinião.
Confirmando e retificando informação sobre os KC-390. Precisam de kit de reabastecimento em voo, porém todos estão preparados de fábrica para recebe-los. Ou seja, todas as aeronaves podem ser reabastecedoras.
Agradeço se for possível liberar outro comentário do Esteves.
Os Sea Harrier FRS1 operavam, antes do AIM-9L, versões anteriores do próprio Sidewinder, acredito que da versão AIM-9H, conforme podemos ver na imagem abaixo, de um Sea Harrier FRS1 em 1981. Atente para as aletas de guiagem dianteiras do míssil, de um ângulo só, ao contrário do AIM-9L, com aletas de 2 ângulos.
Os Sea Harrier tinham como missão primária a defesa aérea dos grupos capitaneados pelos porta-aviões de onde operavam, e por este motivo, sempre operavam mísseis ar-ar.
Os Harrier da RAF inicialmente não operavam mísseis ar-ar, pois eram aeronaves exclusivamente de ataque ao solo e apoio aéreo aproximado. Quando aconteceu a invasão das Falklands, receberam Sidewinders versão L, iguais aos dos Sea Harrier.
Aqui, uma versão de manejo do mesmo míssil (provavelmente, versão H), ao lado de um Sea Harrier em um museu na Inglaterra.
Aqui, para comparação, um AIM-9L com suas aletas dianteiras com 2 ângulos.
El Matador….fez toda a diferença….
Uma das lições aprendidas nesse conflito foi a criação do CIGE.
http://www.cige.eb.mil.br
Nosso amigo Carvalho208 colocou a questão da pesca ilegal. A questão da proteção da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) não se encaixa na abordagem do meu artigo, porém podemos fazer extrapolações de raciocínio. A pesca ilegal e predatória é um problema sério e incremental. Rouba nossa comida e pode desequilibrar o ambiente marítimo. Barcos estrangeiros podem se colocar próximos a ZEE e ficar adentrando e saindo para a pesca ilegal enquanto monitoram embarcações da Marinha que possam zarpar para reprimi-las. Assim, pescam enquanto eles não chegam e se colocam em águas internacionais qdo se aproximarem. Novamente, o patrulhamento e a repressão… Read more »
Rzrzrz…gostei…
Olha…tenho dois materiais sobre isto…uma hipotetica doutrina de CAS COIN NAVAL via A29 + AHTS e outro material sobre Dirigivel realizando a Tarefa, nao somente patrulando radar mas tambem fazendo abordagem e inspecao de navios….com transbordo de pessoal e todo o ciclo…aew, guarda costeira, inspecao e abordagem e até asuw ….um dirigivel com o mesmo seasprey dos bandeirulhas, consegue cobrir uma area 21 vezes maior que um Macaé….
Estou convicto de que isso seria uma boa solução.
https://projetosalternativosnavais.wordpress.com/2016/01/30/coast-guard-hybrid-airship-patrol-dirigiveis-para-a-guarda-costeira-brasileira/
Parabéns ao portal.. matéria impecável!! O ponto que fiquei humildemente pensando: se para defender uma ilha, com um litoral de aproximadamente 1.300 km as forças Argentinas na época tão razoavelmente bem armadas sofreram, imaginem nosso país com um litoral de 9.200 km considerando saliências e reentrâncias, sendo defendida por 6 fragatas, 2 corvetas e alguns submarinos + o navio aeródromo atlântico que seria um alvo a mar aberto… ou seja, somos uma guarda costeira de quinta categoria, seríamos humilhados mundialmente. vejo com preocupação e muita tristeza se levarmos em conta, o que outrora o Império do Brasil com sua marinha,… Read more »