O Roda Viva exibiu ontem entrevista gravada com o engenheiro Ozires Silva, um dos fundadores e ex-presidente da Embraer e coordenador da equipe que produziu o avião Bandeirante, o primeiro avião de transporte projetado e produzido em série no Brasil. Ozires também presidiu a Petrobras, foi ministro da Infra-Estrutura e das Comunicações.

A bancada de entrevistadores foi composta por Ruy Flemming, comandante e piloto executivo; Carlos Rydlewski, repórter freelancer do jornal Valor Econômico; Mariana Barbosa, repórter do Brazil Journal; João Paulo Moralez, repórter da revista Tecnologia e Defesa; e Rui Gonçalves, jornalista especializado em aviação.

Ozires Silva nascido em Bauru, em 8 de janeiro de 1931, coronel da Aeronáutica e engenheiro formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), destacou-se por sua contribuição no desenvolvimento da indústria aeronáutica brasileira.

Capitaneou a equipe que projetou e construiu o avião Bandeirante. Em 1951 cursou piloto militar da Escola de Aeronáutica. Em 1954, cursou piloto de Patrulha e da tática Anti-Submarina Aeronaval. Liderou em 1969 o grupo que promoveu a criação da Embraer, uma das maiores empresas aeroespaciais do mundo.

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Fernando "Nunão" De Martini

Assisti ontem e duas das respostas ficaram mais na minha cabeça. Uma foi na discussão sobre o Prêmio Nobel que o Brasil nunca ganhou, e ele recordou, após perguntar a vários estrangeiros envolvidos no processo, o motivo. Resposta constrangida que recebeu: porque a ciumeira dos próprios brasileiros derruba os candidatos (“vocês destroem seus heróis”). Outra foi mais para o começo, numa das várias vezes que o assunto da negociação entre Embraer e Boeing veio à tona: de cara, ele disse ver enormes potencialidades de crescimento para a Embraer a partir de uma união com a Boeing (enquanto todo mundo só… Read more »

Ivan BC

Ótimo comentário, Nunão!

Ivan BC

Entrevista fundamental nesse momento (acordo Boeing-Embraer)…assistam com calma! Gostei muito que ele transmite sempre a ideia de que na maior parte do tempo o Estado é o problema, sempre agindo de forma errada, fazendo o que não deveria fazer ou fazendo de forma errada o que deve fazer. isso parece óbvio para quem tem calma para entender as coisas sem paixão, mas para muitos brasileiros ainda viciados em Estado (isso não é algo surpreendente, basta observar as siglas partidárias presentes no país e a ideologia por trás de tudo), isso não é tão fácil de ser assimilado. Observem o que… Read more »

Conan

Ótima entrevista, no final ele estava visivelmente emocionado ao dizer que gostaria de ver o Brasil um país desenvolvido. Trabalhei muitos anos na Embraer pós privatização e infelizmente não tive a honra de conhece-lo pessoalmente.

Marcos10

Ozires Silva dá uma aula de aviação e petróleo, entre outras coisas.
Ele é claramente a favor de tudo o que os outros são contra e contra o que os outros são a favor.

Marcos10

Muito bom!

Silvano Conti

Sabe informar qual o interesse político por trás da lambança e do desperdício milionário de dinheiro público que deu origem ao fracassado (graças a Deus) e totalmente inútil CBA123?
Isso foi coisa do Collor…. sabe dizer qual o interesse disso?? não vejo nada da útil, ainda bem que fracassou.

André Bueno

O fracasso do CBA 123 foi mercadológico. A aeronave era outstanding para aquele momento e pagou caro por isso.

Marcelo Andrade

Este projeto foi da época do José Sarney e do Menem na Argentina (1985).

Não era inútil, apenas chegou na hora errada, quando o mercado regional já ansiava por aeronaves maiores e a jato. Se você visitar o Museu Aeroespacial no RJ, verá um de seus protótipos. O avião é formidável!

jose luiz esposito

SARNEI E ALFONSIN , Menem somente na década de 90 ! !

Aerococus

Com o CBA123 a Embraer aprendeu a desenvolver seus próprios perfis aerodinâmicos, aprendeu a integrar aviônica complexa, integrar FADEC, trabalhar plenamente em ambiente CAD (3D), solidificou técnicas de ensaios em vôo, entre diversos outros conhecimentos que permitiram o desenvolvimento do EMB145 – tornando-o o sucesso comercial (que alavancou os desenvolvimentos subsequentes).

Não tem nada de inútil nisso.

Caerthal

Neste blog estamos cheios de engenheiros de obras feitas, que dão receitas depois de conhecer os resultados. Entendo que o CBA-123 foi um avião fundamental para a Embraer tanto pelo conteúdo tecnológico quanto pelo aprendizado de mercado/avaliação de negócio. Ficaram lições importantes. Todas as empresas bem sucedidas tem lá os seus fracassos e certamente o CBA-123 não foi um fracasso completo. Quanto à interferência do governo a ojeriza que hoje existe em pessoas esclarecidas é muito influenciada pela péssima qualidade da gestão pública brasileira. Um governo bem gerido pode fazer mais. ainda que no longo prazo a iniciativa privada seja… Read more »

Rinaldo Nery

Fiz um vôo nele, em 1992, com o falecido Almeida.

Rui Palmeira

Magnifico Ozires Silva, um visionário… sabem o que será mais surpreendente? o novo grande sucesso comercial da Boeing, o 797 será produzido nas unidades de Gavião Peixoto, com partes como fuselagem vindas dos EUA, aviónicos vindos dos EUA, partes de fuselagens vindas do japão, asas vindas de Portugal, estabilizadores vindos de países como Turquia, Israel ou Marrocos, trens de aterragem, portas e interiores fabricados aqui no brasil… e a Embraer em centros de engenharia e chao de fabrica vai acrescentar um quarto o numero de trabalhadores no Brasil, o dobro em Portugal e um quarto nos EUA

Vanessa Cioffi

Informações interessantes

Qual será o destino da unidade da Embraer em São Jose dos Campos, a Matriz ?

JT8D

Mas Gavião Peixoto não é Embraer Segurança e Defesa? Isso não faz o menor sentido

Aerococus

CBA123 inútil!?
Conta outra…

Rinaldo Nery

Ponto de vista interessante.
Respeitando o profundo conhecimento e capacidade do Eng Ozires, não acredito que a compra, parceria, fusão (sei lá o que vai ocorrer) com a Boeing não será traumática. Creio, é só uma opinião, que vamos sair perdendo alguma coisa.

Rui chapéu

Lógico que perderemos alguma coisa, porém também ganharemos outras.
Agora tem que ver o saldo final, e esse só cabe ao futuro dizer.

Thiago

Você descreveu muito bem esse processo de esforços conjuntos entre o estado e sociedade civil para obter esse successo, parabenizo pela clara visao dos fatos e otima exposição a qual compartilhou , e reforço que não só no Brasil mas em qualquer parte do mundo foi assim é continua sendo a partir dos UE,USA e China

Ivan BC

Fred 20 de junho de 2018 at 0:25 …………………… Com todo o respeito, confusão é o que você fez com o meu comentário. Você disse um monte de coisas que eu não disse, tudo isso para dizer que eu estou errado. Vamos em partes: 1 – Setor aeroespacial: Eu não disse em nenhum momento que o Estado não deva atuar nesse setor e também não disse que isso não ocorre em outros países, além disso, a maior parte dos países fazem tudo da forma errada, justamente por isso a maioria está na pior situação. Minha crítica a “mão do Estado”… Read more »

Ivan BC

Finalizando: O Sr. Ozires, no vídeo, deixou bem claro que essa mentalidade brasileira de ter Estado em tudo é o problema, inclusive responsabilizou a sociedade por dar carta branca para os políticos controlarem TUDO…curiosamente a população espera resultados positivos disso, isso nunca vai acontecer.
Abraço novamente! Vejam o vídeo, ele é mais importante que os meus comentários.

Gonçalo Jr

Quanta lucidez e inteligência esbanja este senhor que, sem medo de errar, é um dos maiores brasileiros de todos os tempos.

Walfrido Strobel

O CBA123 apesar de ter ajudado na evolução da Embraer foi um erro conceitual, o mundo chegou a se impressionar e admirar os pusher turbohélices, mas não poderiam concorrer com os jatos executivos.
A Beech lançou o Beechcraft Starship, um mico que vendeu só 53 aviões e custava o mesmo que um jato Lear 31 ou Citation V muito superiores, o turbohélice Piper Cheyenne custava 1 milhão de dólares a menos e era mais rápido.
Foi um conceito de uma época que não vingou.
. https://en.m.wikipedia.org/wiki/Beechcraft_Starship

Walfrido Strobel

O único turbohélice pusher dos anos 70/80 que sobreviveu até hoje em fabricação foi o Piaggio P.180, porem tem seus méritos, é mais barato que um jato e muito rápido.
“A Piaggio Avanti San Diego-to-Charleston flight in 2003, piloted by Joe Ritchie with co-pilot Steve Fossett, set National Aeronautic Association and Fédération Aéronautique Internationale transcontinental speed records with an average speed of 475.2 knots (880.1 km/h; 546.9 mph)”Wiki
. https://en.m.wikipedia.org/wiki/Piaggio_P.180_Avanti

Wellington Góes

Ainda não tive tempo de ver a entrevista, só após isto é que irei me posicionar melhor. Mas de antemão, do pouco que já li da opinião dele, acho que ele está muito romântico nas afirmações de que seria uma operação ganha-ganha. Exemplo disso é o que estará acontecendo com a Turquia que, já não bastando receber um avião bichado, mesmo sendo parceiro industrial do projeto, ainda receberá aeronaves ainda bem mais degradadas.

Neste segmento, não tem esta de cumprir fielmente contratos, a geopolítica é quem manda, o resto é papo de ingénuo ou com escrúpulo duvidoso.

jose luiz esposito

Minha Opinião : este Governo não tem condições de assinar nada , nenhum acordo ou dispor de golden share , tudo deve passar ao próximo governo que terá respaldo para isto , este governo , esta parado e parou o Brasil , seu Ministro do Exterior não existe , anda por aí prometendo e pedindo que façam acordos conosco , ele que fique sentado em sua cadeira , esperando o cambio de governo !