Míssil ar-ar Marlin avança no desenvolvimento
Por Guy Martin
O míssil Denel Dynamics Marlin está em estágio avançado de desenvolvimento, tendo já sido realizados voos de teste da arma guiada por radar de 100 km de alcance.
O Marlin é um demonstrador de tecnologia de mísseis ar-ar, além do alcance visual (BVR), e a intenção é também usar a tecnologia do Marlin em uma versão superfície-ar (SAM). Está sendo desenvolvido pela Denel Dynamics sob um contrato de demonstrador de tecnologia Armscor/Department of Defense.
De acordo com Ivan Gibbons, engenheiro principal de sistemas da Denel Dynamics, vários testes foram realizados, como testes com o motor foguete e disparos de um míssil completo na área de testes Denel Overberg, há dois anos, usando um lançador montado no solo para testar a manobrabilidade e características de voo do míssil. O Marlin também foi montado em um pilone de um caça Gripen da Força Aérea da África do Sul (SAAF). A Denel Dynamics agora está indo em direção a um teste de voo guiado que usará o buscador de radar para derrubar um drone alvo.
Gibbons, falando em uma apresentação organizada pela Sociedade Aeronáutica da África do Sul (AeSSA), explicou que o Marlin usa um motor foguete de duplo impulso para um grande alcance (duas câmaras de combustível e uma saída de escape). Para alvos de longo alcance, o primeiro impulso dispara e o míssil prossegue em direção ao seu alvo antes do segundo impulso disparar em um ponto posterior. Para alvos mais próximos, ambos os impulsos podem ser disparados quase simultaneamente. A velocidade máxima pode chegar em torno de Mach 4. O controle de voo é feito por aletas controladas por servo-motor.
Gibbons disse que há muitas questões desafiantes a serem tratadas ao projetar um míssil como o Marlin, como cargas G elevadas (pelo menos 30 Gs), vibração na aeronave, interferência eletromagnética, efeitos do voo através da chuva e choque térmico. Como exemplo, o míssil tem que operar em temperaturas de -50 graus Celsius enquanto as bordas dianteiras do míssil podem atingir até 900 graus Celsius depois de lançado.
A Denel Dynamics está trabalhando com a Armscor no Marlin, bem como outras entidades como a Saab — a última é especialmente importante pois o Marlin está sendo testado no Gripen. O Conselho de Pesquisa Científica e Industrial (CSIR) realizou testes de túnel de vento do míssil, enquanto o Centro de Teste de Voo e Desenvolvimento (TFDC) e o Denel Overberg Test Range foram utilizados para os testes. Outro parceiro importante é a Rheinmetall Denel Munition (RDM), que forneceu o motor foguete.
Embora o Marlin seja um demonstrador de tecnologia no momento, é provável que ele seja usado pela Força Aérea da África do Sul (SAAF), já que ela atualmente não possui um míssil que opere além do alcance visual (BVR) e, no momento, apenas possui provisoriamente o míssil ar-ar de curto alcance IRIS-T (SRAAM) guiado por infravermelho, embora o míssil Denel Dynamics A-Darter SRAAM esteja prestes a entrar em serviço — a aceitação final deste será concluída antes do final do ano.
A Denel Dynamics também vê o Marlin configurado como um míssil superfície-ar todo-tempo. Subsistemas comuns serão usados para as diferentes variantes da arma, com alguns componentes adaptados especificamente para a aplicação relevante do míssil.
Embora o Marlin seja totalmente financiado pelo Departamento de Defesa via Armscor, a Denel Dynamics está procurando por um parceiro internacional para colaborar durante o futuro programa de desenvolvimento.
FONTE: defenceWeb
Eu acho que o termo “pulso duplo” é mais conveniente que “duplo impulso”. O termo “duplo impulso” já é utilizado para mísseis com motores foguetes com um empuxo inicial maior, na fase do lançamento, e um empuxo de sustentação mais brando, na fase de “cruzeiro”, sem que haja interrupção da ignição de um e de outro. Ex: Exocet.
O termo “pulso duplo” remete mais à ideia de haver dois motores individuais com ignição espaçada, como parece ser o caso do Marlin.
Só de curiosidade há mísseis com “multi pulse” (3 “pulsos”) como por exemplo o segundo estágio do míssil Stunner (do sistema David’s Sling). Isso parece proporcionar-lhe um alcance extra alongado (300 km), apesar do pequeno tamanho (na faixa de 200 kg).
O Brasil deve patrocinar desenvolvimentos como estes para adiquirir acesso a tecnologia. Assim fica mais facil a longo prazo ter capacidade de inovar com a expertise adiquirida.
Abraços
Me pergunto se valeria a pena embarcar nesse projeto. O problema é que para haver transferência de tecnologia tem que existir uma indústria nacional capacitada para recebê-la e desenvolvê-la. E depois do que aconteceu com a Mectron, não acho que tenhamos esse pré-requisito
Como está a situação da mectron e do A Darter? Para não correr o risco de uma empresa quebrar, fechar ou ser vendida, acho que as transferências deveriam ser para o governo federal. Não importa o que aconteça com a empresa, as tecnologias permaneceriam no país. Tipo gripen. E se a Embraer vier a querer se transferir? Mudando de assunto, alguém publicou link sobre furto a empresa australiana com informações do F35… Sempre imaginei isso. O problema de empresas pequenas com informações valiosas. A própria mectron ou Avibras. Falaram até do chefão do programa nuclear que foi preso e solto.… Read more »
Bem, como primeira linha o Brasil deve ter um estoque de Meteor e para completar em paralelo o I-Derby ER ou o Merlin. Da mesma forma que utilizaremos o Iris-T e o Adarter…
Infelizmente o Brasil não entrou na jogada. Poderia ser uma parceria aos moldes do A-DARTER, mas nem temos uma Mectron mais aí complica 🙁
A União teve uma autarquia que seria capaz de se integrar ao projeto sul africano e trazer suas tecnologias para o Brasil.
Ocorre que ele foi dada de brinde a Embraer, qndo esta “ganhou” o contrato do Sisfron.
Chamava-se Fundação Atech e detinha todo o expertise nacional de controle de tráfego aéreo, desde o Sindacta até o Sivam.
Porque o Brasil não faz um acordo estratégico com a África do Sul, para dividir os custos, em programas de defesa, é mais enigmático pra mim, do que decifrar as letras do Zé Ramalho…
Sinceramente, jogar dinheiro fora. O marlin não vai ter escala.
Diz-se que a FAB estaria de olho no Marlin. Não dão conta nem do A-Darter, em xeque com o fim da Mectron, e estão de olho no Marlin? Piada não é!? Voltando à Mectron, ter jogado a empresa no colo da famigerada empreiteira “cúmpanhêra” foi um dos maiores crimes de lesa pátria contra a indústria de defesa nacional afinal ao que tudo indica a única finalidade dessa aquisição foi abrir mais uma frente de assalto ao Estado. Nunca houve nenhuma justificativa para tal aquisição visto que o ideal era a consolidação do setor de defesa através de fusões e aquisições… Read more »
Até aonde se sabe o A-Darter foi entregue para a Avibras, mas concordo com o MadMax o grande problema desse programa e a falta futura de escala.
ps:Sempre desconfiei que o Tireless e o S88 eram a mesma pessoa, nunca entendi esse pessoal que faz diversos fakes para comentar em sites
Jr, eu nunca escondi que usava os dois nicks. Aliás S-88 era o indicativo de casco do HMS Tireless. E usei o S-88 em outro site por terem bloqueado o HMS Tireless em virtude das verdades que costumo dizer da OrCrim do ABC, especialmente no tocante à Lavajato.
Com a palvra o Bosco,vale a pena esse míssil pra FAB,MB?
Coitado do A-Darter, entregaram ele para a outra inútil, encostada na União!!!! Tão jovem…
A antiga Kentron (atual Denel Dynamics) possui um histórico complicado. Quando se analisa o histórico da empresa nos anos 80 e parte dos anos 90, verifica-se que o embargo de armas aplicado pela ONU na África do Sul produziu uma razoável variedade de bons projetos locais que deu as FA´s daquele pais acesso a alguns tipos de armamentos negados pela comunidade internacional. Projetos mais antigos como o ZT3 Ingwe (míssil anti tanque), U-Darter (AAM de curto alcance), Umkhonto (SAM), U-DARTER (AAM BVR) entraram em serviço e tinham relevância tecnológica em seu tempo. Porem já na virada do século a empresa… Read more »
Aéreo 14 de outubro de 2017 at 14:45
Bela análise. Lembra um pouco o Brasil, um país onde a politica não está à altura do potencial da indústria de defesa
Não vejo a viabilidade disso no mercado. Meteor a AIM-120 dominam o hi, o Derby domina o low.
Na minha opinião se tem um setor de defesa em que nações não deveriam estar sob domínio de monopólios são em armamentos sensíveis como esses. . O mercado de caças é caro, complexo e tem um número razoável de concorrentes no mercado, talvez aí não seja racional reinventar a roda. Mas os mísseis não, quem não deseja sofrer riscos de embargos, na hora do vamos ver, deveria desenvolver o seu. Para o Brasil, que não possui uma política de alinhamento automático, isso deveria ser ainda mais importante. . Deveríamos sim ter mísseis de ponta, como o Meteor, mas deveríamos ter… Read more »
Aéreo perfeita colocação. Quanto ao A Darter, hun, bom deixa para lá. Neste negócio, aliás como em todos, mas principalmente neste, escala de produção é tudo.
G abraço
Voto com o J. Silva
Ei, pessoal, na edição atual da revista S&D o Presidente da COPAC e disse que está sendo feito com o Govrrno África do Sul um acordo de modo a permitir que o programa A-Darter seja mantido ao longo do tempo,ou seja encomendas programadas dos 2 países.
O programa A-Darter resultou num excelente missil e é promissor. Nem tudo no Brasil é ruim.
Manuel Flávio 15 de outubro de 2017 at 22:07
O pessoal da aeronáutica é serio. Agora tem que ver se quem libera as verbas vai ser sério também
Alexandre Galante 15 de outubro de 2017 at 21:35
Acompanho o voto do relator
O lado positivo de acordos como este entre países, é o fato de que um poder exigir do outro faz com que ele vá para o fim da fila entre os projetos que por uma questão orçamentária devem ser preteridos. Além do fato de ter 2 Forças Aéreas consumidoras o que garante uma maior demanda do que uma só. Essa parceria para o desenvolvimento desse míssil com a África do Sul (inclusive garantindo pelo menos 2 consumidores, unindo a um outro país que tenha ambição de um produto TOP para a própria Força Armada do país dele) deve ser um… Read more »
A África do Sul sabe o que é sofrer embargo…
Mísseis são caros, tem prazo de validade e a demanda de nossas ffaas, que é o que define o volume das encomendas, exígua.
Exportações são incertas pois existe muita concorrência internacional, se o seu produto não tem desempenho e preço, simplesmente não irá vender.
Assim quem pretender se aventurar e produzir mísseis no Brasil, terá que ter uma outra atividade que garanta o leitinho das crianças.
a FAB por hora tem que ir no meteor sem dó nem piedade, tem um estoque considerável, mas deveria sim, participar de um programa desses, nunca sabemos o dia de amanha e embargos podem vir por diversos motivos. Que adianta ter caças sem ter dentes afiados? E isso vale para as demais armas que vão equipar nossos Gripens.
*Ter e não tem.
Bavaria, a Índia também está desenvolvendo o míssil BVR dela, o Astra. Quem pode tem que buscar autonomia nessa área, não deve ficar dependendo de Raytheon, MBDA e Rafael.
Só de curiosidade, os países que contam (ou estão em vias de) com seu próprio míssil ar-ar BVR são (considerando os mais modernos):
EUA: Amraam
Rússia: R-77, K100, R37
China: PL12
Japão: AAM4
Europa: Meteor
África do Sul: R-Darter, Marlin
Israel: Derby
Índia: Astra
Taiwan: Sky Sword II
França: Mica RF
Acho que no nosso caso, teria de ser algo de múltiplo emprego.
Se as FFAA se juntassem para desenvolver um míssil capaz de ser empregado nos caças da FAB, na AAAe do EB e nos navios da MB, seria algo que poderia vingar…
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Tocar um projeto, como o A-Darter, para se sustentar só com as encomendas de duas Forças Aéreas… Complicado.
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Deveríamos estar desenvolvendo algo parecido com o Barak 8