BASE DA FORÇA AÉREA DE EDWARDS, Califórnia – A rápida modernização do Exército de Libertação Popular (PLA) sob o comando do presidente Xi Jinping serviu como contexto para um briefing sobre gestão de riscos apresentado pelo Brig. Gen. Doug Wickert, comandante do 412º Grupo de Testes, durante o evento “Back-in-the-Saddle Day”, na segunda-feira.

Durante o briefing, realizado presencialmente e virtualmente a partir do teatro da base, Wickert destacou anos de espionagem cibernética persistente do Partido Comunista Chinês (PCC), incluindo a inserção de malware em infraestruturas críticas dos EUA, como sistemas elétricos, de água e de transporte. “Há pelo menos uma dúzia de empresas de telecomunicações que reconheceram ter sido infectadas”, afirmou ele, alertando que os EUA estão vulneráveis à vigilância de altos funcionários do governo e redes associadas. “O PCC agora sabe com quem meu telefone do governo falou nos últimos quatro anos, e eles ainda estão lá, sem que possamos removê-los. Isso é incerteza. Isso é risco. E torna o mundo muito, muito perigoso neste momento.”

Wickert observou que o ritmo de modernização do PLA é “sem precedentes e supera em muito” os esforços semelhantes dos Estados Unidos. Em 26 de dezembro, o PLA revelou duas novas aeronaves de combate em homenagem ao aniversário de Mao Zedong, fundador do Partido Comunista Chinês. Em relação aos ativos dos EUA estacionados a oeste da linha internacional de data, estima-se que, até 2027, o PLA terá uma superioridade numérica de cerca de 12 para 1 em caças modernos (incluindo 5 para 3 em aeronaves de quinta geração) e 3 para 1 em aeronaves de patrulha marítima. Os 225 bombardeiros tripulados do PLA são inigualáveis na região. No mar, o PLA possui uma vantagem de 3 para 1 em porta-aviões e navios de assalto anfíbio, mais de 6 para 1 em submarinos modernos (incluindo dois submarinos avançados) e 9 para 1 em embarcações modernas de combate multifuncionais.

Em meados de dezembro, a marinha do PLA cercou Taiwan em um exercício não anunciado, a maior demonstração naval do mundo desde o fim da Segunda Guerra Mundial. A operação foi três vezes maior em número de navios do que o exercício Rim of the Pacific de junho, que envolveu 40 navios de superfície dos EUA e aliados. “Estamos no menor e mais antigo estado que já tivemos”, afirmou Wickert. “O PLA é o maior e mais moderno que já existiu. Isso é risco. Isso é incerteza.” Durante o exercício, o PLA evitou águas territoriais taiwanesas, realizou ataques aéreos simulados a embarcações e formou um bloqueio naval duplo para restringir aproximações marítimas e aéreas pelo oeste.

Como parte dos preparativos para um possível conflito, o PLA construiu no Deserto de Gobi uma réplica do aeroporto internacional de Taichung, em Taiwan, incluindo pistas, taxiways e áreas de estacionamento. A cerca de 480 quilômetros a oeste, há um modelo em escala real de um porta-aviões da classe Gerald R. Ford da Marinha dos EUA, junto a perfis de outros navios americanos e destróieres simulados que se movem em trilhos no deserto. “Vocês acham que sabemos o que eles estão fazendo, o que estão planejando?” questionou Wickert. “Com base no que sabem agora, podem atualizar sua avaliação sobre o risco para o mundo e a importância da nossa missão?”

“E é por isso que o que estamos fazendo aqui na Base da Força Aérea de Edwards é tão importante, porque estamos desenvolvendo e modernizando sistemas que mudarão o cálculo do presidente Xi. Não podemos nos dar ao luxo de recuar por causa de um erro. Nossa missão é crucial.” Apontando para uma projeção do B-21 Raider, ele destacou: “Este é um dos muitos sistemas em que vocês estão trabalhando que mudarão o cálculo de Xi sobre nossa prontidão.” Com uma encomenda inicial de 100 aeronaves e mais previstas no futuro, o mais novo bombardeiro stealth será a espinha dorsal da frota do Comando de Ataque Global e substituirá gradualmente o B-1 Lancer e o B-2 Spirit.

A mensagem de Wickert ecoou um momento marcante de seu Town Hall em novembro de 2024, quando ele, encarando diretamente a câmera, disse: “Espero que o presidente Xi tenha tradutores, porque quero que ele saiba que os homens e mulheres da Base da Força Aérea de Edwards estão cumprindo sua missão de guerra agora. Eles estão acelerando testes e entregando capacidades integradas ao combatente.” Apontando novamente para uma imagem do Raider, concluiu: “Hoje não é o dia para começar a Terceira Guerra Mundial, porque temos isto.”

FONTE: Edwards Air Force Base / Força Aérea dos EUA

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Willber Rodrigues

EUA se queixando de que foram espionados e que tiveram seus celulares grampeados…

Snowden: eu sou uma piada pra vocês?

“(…) o mais novo bombardeiro stealth será a espinha dorsal da frota do Comando de Ataque Global e substituirá gradualmente o B-1 Lancer e o B-2 Spirit”

Mas não substituirá o B-52…esse tiozão ainda tem muito fôlego e lenha pra queimar.

Bruno Vinícius

Mas não substituirá o B-52…por enquanto.

Se o Congresso autorizar os fundos para aumentar o pedido de B-21s é possível que estes comecem a substituir os BUFFs na década de 30.

Last edited 4 horas atrás by Bruno Vinícius
Bosco

O B-52 pode lançar 20 ALCMs e o B-21 apenas 8.
O B-52 ainda deve permanecer até além de 2050.

Jose Norberto

O dragão está bem ativo, com dentes e garras bem afiadas…

Welington S.

Cheiro de que, após Trump assumir, ele irá se retirar da OTAN, obrigará que todos os países aumentem ainda mais seu gasto com defesa, revisará os gastos internos, principalmente relacionados as forças armadas, se fechará em um círculo, se afastará de todos até que a casa (EUA) esteja verdadeiramente arrumada. Não é por acaso esse desfile do Trump de querer comprar isso e aquilo e as falas. Eu espero muito que eles saibam que a China não vai parar até os ultrapassar em absolutamente tudo.

Jagder#44

Seria uma boa chacoalhada na OTAN e nos euronutellas.

Roberto Fabiano Santana

Lembro que a primeira vez que ouvi falar de “Normalization of Deviance” foi de um piloto americano. É interessante que o americano se interessa por fenômenos até mesmo já conhecidos, mas estuda, analisa, classifica e conceitua tais coisas e tudo fica mais fácil de se entender. Essa normalização do desvio, que eu prefiro chamar normalização do erro, é na verdade um vício, um mau hábito perigoso que se adquire no cotidiano das tarefas. Na aviação é um dos maiores fatores contribuintes para o acontecimento de acidentes. Um exemplo disso, é quando a tripulação ou o piloto, habitua-se a não fazer… Read more »

JuggerBR

A China com uma economia híbrida entre o comunismo de Estado e o capitalismo ocidental é um desafio gigante pros EUA, pois lá as prioridades do governo estão acima de qualquer vontade ou direito individual, e não faltam recursos pra desenvolver, planejar e executar os planos. Enquanto os EUA se debatem com déficits crescentes e recordistas, a China nem ao menos divulga seus números, somente avançando nos seus objetivos.
É uma URSS turbinada e com nitro…

MGNVS

Jugger, a China é hoje o que a URSS queria se tornar na época do Gorbatchev e suas reformas baseadas na Perestróika e na Glasnost. • A perestroika objetivava mudar os fundamentos econômicos e sociais da nação. • A glasnost propunha a abertura política e a transparência. Se Gorbatchev tivesse implementado essas reformas 10 anos antes, provavelmente a URSS seria muito parecida com a China atual, porém em uma escala bem menor já que os meios ocidentais de produção nao iriam estar presentes no países soviéticos igual estiveram na China. A diferença entre URSS e China está no fato de… Read more »

JuggerBR

Russia tinha a vantagem dos recursos naturais, o que falta na mesma escala pra China, que precisa importar grande parte de seus insumos, já a China tem a vantagem da população grande, que ela utilizou pra alavancar sua plataforma industrial numa escala inédita no planeta.

MGNVS

Exatamente isso.

Rodrigo Maçolla

Vejam o PCC é forte mesmo… mais “Hoje não é o dia para começar a Terceira Guerra Mundial

Ricardo

Dá pra ver que a água bateu no traseiro dos americanos. Não se enganem, a China usa os mesmo métodos que os USA sempre usaram para espionar os paises europeus e todos da américa latina. Não existe lado bonzinho apesar da retórica ocidental.
Entre tudo isso fico triste com o Brasil que está perdendo o bonde da história.
Enquanto podiamos ter investido em educação e tecnologia acabamos vendendo soja e açucar. Parece que estamos 500 anos atrás

Elint

Meu amigo, estamos onde estamos hoje, pela culpa do povo! Sim, isso mesmo! Não se preocupa com a defesa do próprio país! Povinho safado, preguiçoso, sem educação, sem modos, acomodado, mal-caráter, desonesto, sujo, alienado, porco e sem escrúpulos! Povinho que só lê manchete e tem preguiça de ler a matéria! Propaga fake-news e não tem nenhuma preocupação ou interesse em estudar e pesquisar a verdade! O papo central é: Quem vai estar no paredão do Big Brother? Na casa de quem vai ser o churrasco? E quem vai pegar quem e comer quem? Qual o funk que vai ser tocado… Read more »

Luís Henrique

Eu escrevi algo sobre a China ter uma frota de caças mais nova que os EUA e recebi várias negativações, mas esta matéria mostra superioridade numérica de caças modernos lá no TO de 12 para 1.

Vejam um exemplo:
A USAF possui mais de 800 F-16. O último entrou em serviço em 2005.

A PLAAF possui mais de 600 J-10. O primeiro entrou em serviço em 2004.

O J-10 mais velho regula de idade com o F-16 mais novo.

Bosco

Mas só a USAF terá quase 1800 F-35. O F-16 está em processo de substituição.

Emmanuel

Se chegar a tudo isso.

Luís Henrique

Sim mas o problema é que a USAF está recebendo “apenas” 48 F-35 por ano e a China já está recebendo entre 100 e 120 J-20 por ano.

Mesmo o F-35 tendo entrado em serviço antes, a China já está encostando. São 467 F-35A no final de 2024 e a China mais de 300 J-20.

Os dados oficiais indicam 522 F-35A no final de 2025 e 544 no final de 2026.
As expectativas são de mais de 400 J-20 em 2025 e mais de 500 em 2026.

Sem falar que a China pode iniciar a producao em massa do J-35/J-31.

JBAD

OS EUA esqueceram de estudar a historia, pois se tivessem estudado saberiam que um país que um dia foi subjulgado jamais vai querer ficar por baixo na geopolitica do mundo. Menosprezaram a China e a conta está aí…..

Diogo de Araujo

Olha acho que no final das contas o grande objetivo do Trump com as bravatadas eh que outros países se fortaleçam e cooperem com os EUA em um esforço para conter a China. Acredito que este seja o caminho, por meio de alianças realmente poderosas, ora bolas os alemães, franceses etc podem fazer MUITO mais do que estão no momento. São grandes potências, mas produzem muito pouco pois preferem viver sob o guarda-chuva americano, que é muito mais seguro e barato. O Trump tem que pressionar msm tá certíssimo. E o Brasil? Ora seguimos daqui fazendo debates sobre qual ideologia… Read more »