Uma imagem do J-36 modificada mostrando mísseis ar-ar e ar-superfície nas baias internas

Um resumo sobre novo caça furtivo da China, com base em análises de diversos observadores

O Chengdu J-36, a nova aeronave de combate recentemente revelada pela China, marca um salto significativo na guerra aérea. Oficialmente apresentado em 26 de dezembro, o J-36 atraiu ampla atenção por seu design diferenciado e capacidades avançadas. A configuração de asa delta grande e o layout de três motores distinguem a aeronave dos designs tradicionais de caças. Com foco em velocidade, alcance e furtividade, o J-36 exemplifica a ambição da China de redefinir os parâmetros do combate aéreo moderno.

No centro de seu conceito, o J-36 representa uma “interpretação chinesa” da guerra aérea do futuro, priorizando alcance e autonomia em detrimento das capacidades tradicionais de combate aéreo aproximado. Projetado para missões de longo alcance, o J-36 será capaz de penetrar em espaços aéreos fortemente defendidos, tornando-o uma plataforma ideal para operações de negação de acesso e área (A2/AD). Ele está equipado com um conjunto abrangente de sensores que aumentam a consciência situacional e permitem que funcione tanto como uma plataforma de ataque quanto como um interceptador.

 

Uma das características de destaque do J-36 é sua capacidade de voar em supercruzeiro, ou seja, em velocidade supersônica sem o uso de pós-combustores. Isso permite que ele realize missões de forma mais rápida e eficiente do que seus predecessores, aumentando tanto sua capacidade de sobrevivência quanto suas taxas de surtidas. Suas características de furtividade, combinadas com um design de baixa assinatura radar em todos os aspectos, permitirão que evite a detecção inimiga enquanto realiza ataques de precisão em território inimigo.

Os compartimentos de armas da aeronave foram projetados para acomodar uma ampla gama de armamentos, desde mísseis ar-superfície  até mísseis ar-ar de longo alcance como o PL-17. Essas capacidades permitem ao J-36 atacar ativos críticos, como bases aéreas, porta-aviões, aviões-tanque e aeronaves de vigilância. Sua capacidade de lançar grandes bombas planadoras e outras armas de longo alcance ampliará ainda mais seu potencial ofensivo, permitindo que engaje alvos a distâncias consideráveis.

Estrategicamente, o J-36 é posicionado como um pilar da dominância regional da China, especialmente no contexto de um possível conflito envolvendo Taiwan. Ao integrar tecnologias avançadas de comunicação e sensores, o J-36 não é apenas uma plataforma isolada, mas um nó essencial em um ecossistema interligado. Ele pode retransmitir dados de alvos para outros ativos, comandar enxames de drones e até mesmo servir como um centro de comando aéreo.

O infográfico mostra que, usando canais de comunicação de rádio seguros, os pilotos do J-36 poderão controlar UAVs de reconhecimento e ataque no modo “ala não tripulado”, que poderão conduzir combates aéreos de longo alcance com aeronaves táticas da Força Aérea e da Marinha dos EUA, o que permitirá que as tripulações do J-36 evitem o combate direto com aeronaves inimigas

O surgimento do J-36 levanta questões sobre sua classificação. Embora alguns tenham se apressado em chamá-lo de um “caça de sexta geração”, essas definições geracionais podem ser enganosas. O tamanho da aeronave, sua funcionalidade multifuncional e a integração avançada de sensores colocam-na em uma categoria única, talvez melhor descrita como um “cruzador aéreo”. Isso reflete sua capacidade de dominar tanto os domínios aéreo quanto terrestre, desafiando os conceitos tradicionais ocidentais de design de caças.

As comparações com plataformas ocidentais destacam o potencial do J-36 de afetar o equilíbrio de poder no Pacífico. Diferentemente do F-35, que enfatiza capacidades multifuncionais, ou do J-20, que se destaca em furtividade e velocidade, o J-36 combina esses atributos enquanto supera as limitações de seus predecessores. Suas capacidades de longo alcance podem forçar os adversários a repensarem suas estratégias de implantação, particularmente na segunda cadeia de ilhas.

O desenvolvimento da aeronave também destaca uma mudança na postura estratégica da China. Ao revelar o J-36, a China envia uma mensagem clara: não está mais satisfeita em apenas alcançar o Ocidente. Em vez disso, está traçando seu próprio caminho na aviação militar, aproveitando inovações autóctones para redefinir as regras de engajamento.

Críticos notaram que a revelação do J-36 pela China é tanto uma declaração política quanto uma conquista tecnológica. A aeronave simboliza a crescente confiança da China e sua disposição de desafiar a dominância dos EUA na região.

Concepções em 3D do Chengdu J-36

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