Boeing vai cortar 10% dos trabalhadores após unidade de defesa perder US$ 2 bilhões em 3 meses

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O desempenho em programas de preço fixo “simplesmente não está onde deveria estar”, diz CEO aos funcionários.

A divisão de defesa da Boeing continuou a sofrer perdas no terceiro trimestre de 2024, com programas problemáticos, contratos de preço fixo e a incapacidade de chegar a um acordo com milhares de trabalhadores em greve, prejudicando a empresa.

Na sexta-feira, a gigante aeroespacial anunciou que cortará 10% de toda a sua força de trabalho, aproximadamente 17.000 pessoas, para “se posicionar” para o futuro. A decisão drástica veio após 30.000 funcionários da empresa rejeitarem um novo contrato trabalhista e pararem de trabalhar no mês passado, em uma greve que não tem previsão de término.

Em uma carta aos funcionários, o CEO Kelly Ortberg destacou “perdas substanciais” na divisão de defesa da Boeing, impulsionadas pela paralisação do trabalho em aeronaves militares construídas em suas fábricas, incluindo o tanque KC-46 derivado de aeronaves comerciais para a Força Aérea e a aeronave de patrulha marítima P-8 para a Marinha. Também mencionou os desafios contínuos em programas e a decisão de encerrar a produção do cargueiro 767, base do KC-46, em 2027.

“A divisão de Defesa, Espaço & Segurança espera reconhecer encargos de US$ 2 bilhões antes de impostos nos programas T-7A, KC-46A, tripulação comercial e MQ-25. O encargo de US$ 0,9 bilhão antes de impostos do programa T-7A foi causado por custos mais altos estimados em contratos de produção em 2026 e além. O encargo de US$ 0,7 bilhão antes de impostos do programa KC-46A reflete a decisão de encerrar a produção do cargueiro 767 e os impactos da paralisação do trabalho pela IAM [Associação Internacional de Maquinistas e Trabalhadores Aeroespaciais]. Os resultados também incluem desempenho desfavorável em outros programas”, segundo os resultados preliminares do terceiro trimestre da empresa.

O chefe do setor de defesa da Boeing, Ted Colbert, foi demitido há algumas semanas, e a empresa ainda não anunciou seu sucessor.

A Boeing realizará sua conferência de resultados do terceiro trimestre no dia 23 de outubro.

FONTE: Defense One

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Rodolfo

Adiciona o embaraço do Starliner e o cancelamento da concorrência para a versão pilotada do NGAD, o qual a Boeing já estava até se preparando para a eventual produção com a construção de uma nova fabrica em St Louis.

https://www.flightglobal.com/fixed-wing/boeing-bets-big-on-next-generation-fighter-manufacturing-facility/158916.article

Angelo

Pois é, bate com um comentário que postaram há um tempo atrás, de que demitiram os engenheiros para aumentar os dividendos, aí quando os produtos começam a ficar defasados começa a desmoronar, como que a Boeing fez uma ótima aeronave F18 Growler e na hora de atualizar não consegui colocar um simples sensor irst , colocou até display de grande área, e o irst é da concorrente Lockheed no tanque externo.
E lá tem dois fabricantes do sensor DAS a Lockheed e a Northrop Grumman , tecnologia para instalar não falta.

Esteves

Empregado ou colaborador demitido (tanto faz se a empresa demitiu ou pediu para sair) recebe resultados ou dividendos.

Chris

A Boeing anda vivendo um inferno…

Tiveram ate que assistir a concorrente SpaceX buscar os 2 astronautas que (quase não) levou ao espaço.

Como se a coisa não pudesse piorar… Funcionários em greve querendo um aumento estratosférico e um FAA checando o torque de cada parafuso, atrasando substancialmente a homologação de novos aviões… Depois de ser responsabilizada pela homologação do 737 MAX, que tinha problemas no software e resultou em 2 acidentes..

Last edited 1 hora atrás by Chris
Angelo

Quer dizer que o KC46 é baseado em uma aeronave que já vai sair de linha?
Eu não sabia de qual aeronave era derivado , pensei que fosse uma plataforma mais moderna.
Essa manutenção vai ficar cara.

Last edited 4 horas atrás by Angelo
vendéen

Bonjour Angelo,

A Boeing entregará as versões 767 F (carga) encomendadas até agora, mas parará sua produção comercial em 2027. 
No entanto, e se não me engano, parece-me que a Boeing pretende continuar a fabricar a versão de reabastecimento em voo do 767 (KC-46A).

Chris

Isso é bastante comum… Nossos próprios A330 serão convertidos pela FAB !

No caso da Boeing… 767 e 747 são os preferidos para uso militar e ate para transporte de cargas

Last edited 1 hora atrás by Chris
Jadson S. Cabral

A Airbus não fabrica mais o A330? Qual é a semelhança entre os casos???

Esteves

Passado o chiliques…

https://www.boeing.com.br/news/2023/boeing-reports-second-quarter-results

Em 2014 quando fizeram o negócio Brasil/Saab/Embraer/Gripen, o resultado da Boeing era lucro de 7 a 8 dólares por ação.

Em 2023 não chegou a 1 dólar. Isso é menos de 10% do resultado de 10 anos atrás. De 2024 saberemos em 2025 mas…parece pior.

Quem fez o pedido de investigação (lawfare) contra a SAAB foi a Boeing.

Passado o chiliques…quem está comendo “meu” queijo?

Rodolfo

Mas isso já é tarde. A linha de produção do Growler está terminando, depois das últimas unidades pra US Navy o setor de defesa da Boeing vai acabar fechando por falta de produto e clientes.
E essa semana teve ainda mais um embaraço envolvendo o DOJ que nao foi comentado muito, mas a Boeing fez um acordo de culpa com o DOJ onde paga miseros 243 milhoes de dolares e ninguem vai preso apesar de terem ocultado os problemas com o Max que levaram a 2 acidentes catastróficos em 2018 e 2019. As famílias das vitimas estao revoltadas.

https://youtu.be/xW1TKQn8c8E

Chris

Fonte ? De onde você tirou a informação de que o pedido foi feito pela Boeing… Atualmente uma grande parceira da SAAB, até no meio militar ?

Last edited 1 hora atrás by Chris
Sequim

Disso tudo ficam duas valiosas lições:

1. Como a praga dos CEOs que pensam no curto prazo, em cortar custos com produção e qualidade para distribuir dividendos de qualquer jeito é um câncer que mata até empresas consolidadas;

2.Que esses tais de “livre mercado” e “mão invisível do mercado ” são duas conversas moles para fazer neoliberais mequetrefes dormirem.

Pablo

Desculpe a pergunta fora do tema, mas essa semana foi mostrado um video, no canal aguias de aço, onde a embraer divulgou uma imagem com três novos clientes do kc390, entre esses três está o Chile (os outros dois, se nao me engano e o Marrocos e o Emirados Árabes Unidos). Alguém tem notícia mais detalhada a respeito?

Esteves

Prospects.

Se virar pedido firme a própria Embraer divulgará.

Nilo

A FAA desde janeiro, quando um painel mal instalado explodiu um novo jato 737 MAX, não resolveu, mantem ainda em aberto questões como :

  • um sistema ineficaz de supervisão de fábricas individuais da Boeing.
  • não garantiu que a Boeing resolveu efetivamente seus problemas com fornecedores.
  • inconclusivo avaliação da eficácia do sistema de gestão de segurança da Boeing, que se concentra na segurança dos produtos e do local de trabalho.
vendéen

Bonjour Pablo,

Para Marrocos isto parece estar no caminho certo.
390060-le-maroc-adopte-lavion-tactique-bresilien-embraer-c-390-millennium.html

André Bueno

O Marrocos possui 16 unidades de C-130. Como o C-390 é “mais produtivo”, talvez encomendassem – se ocorrer a compra – uma dezena de unidades. Se assim for, será um bom número.

zehpedro

Eu acho que ainda é pouco para a Boeing (não para quem perdeu o emprego, claro).

Esteves

Não é bom para ninguém. Existe uma cadeia de fornecedores, a BID deles, afetada que move indústria, comércio, bancos, governo, concorrentes e empregos.

Mercado bom é mercado com concorrentes fortes. Um dos problemas com gigantes como a Boeing é o próprio gigantismo.

Chris

Esses empregos é o de menos… Ainda mais nos EUA onde sobram vagas…

Maior problema de uma Boeing “falida”… É que o mundo inteiro ficará a mercê da AIRBUS…Que poderá cobrar o que quiser..

Mas a legislação americana protege suas empresas (GM e Chrysler que ressurgiram com novo “CNPJ” limpo de dividas, que o digam) !

À Embraer… Não teria hora melhor para entrar no segmento que mais vende na aviação civil (737 e A320). Se conseguir 10% deste mercado… Ja precisaria triplicar suas fábricas.. Fora a reputação que anda em alta junto as empresas aereas. heheh

Last edited 1 hora atrás by Chris
André Bueno

Prezado Chris, seria tentador mas é preciso muito capital, além da questão política – a interferência da concorrência por meio de seus países. Outra questão é a tecnologia utilizada. Seria necessário propor uma aeronave adiante das atuais: melhores motores, avionica, materiais… Todavia continua sendo tentador.

Antonio Neto

Quando se consulta o site airfleets.net, vê-se que mais de 1.500 Boeing voam hj nas mãos de empresas chinesas. Quando a Comac começar a produzir em larga escala esse mercado irá começar a desaparecer para a Boeing. Novos competidores surgindo e tanto a Airbus quanto a Embraer parecem melhor preparadas nesse momento, embora ocupem nichos de mercado diferentes.

Tutor

Impressionante o que uma má gestão pode fazer com uma empresa gigante.
Não creio que os governo dos Estados Unidos irão permitir essa empresa quebrar, mas, é bom abrirem os olhos, porque se deixar para muito tarde, pode ficar muito caro salvá-la.

Chris

Nos EUA.. Existe ate o dispositivo legal onde a empresa ressurge como um novo “CNPJ”… Sem dividas… Mantendo as dividas com o antigo.

Não por acaso, os paises que mais protegem suas empresas.. Japão e EUA… Estão no TOP 5 dos mais ricos do mundo, com direito a nem conseguirem preencher as vagas de trabalho do setor ! Heheh

Last edited 1 hora atrás by Chris
Bispo de Guerra

Interessante, Intel , Boeing , top empresas EUA de alta tecnologia com sérios problemas de gestão e consequente financeiros..a quem beneficiaria essa situação…

Como dizia tio Shakes: “Algo está podre no reino da Dinamarca” 🙃

Dagor Dagorath

Ainda bem que a Embraer não entrou naquela canoa furada do acordo com a Boeing.

Willber Rodrigues

Já agradeceram a Deus hoje por aquela aberração não ter ido em frente?