Treze militares da Luke Air Force Base, no Arizona, fizeram uma breve visita a um hospital próximo no dia 20 de agosto, devido a preocupações de que a unidade de energia de emergência (EPU) do caça F-16 em que estavam trabalhando tivesse sido ativada acidentalmente.

De acordo com um comunicado da base, a unidade de energia de emergência (EPU) não foi ativada, e todos os 13 militares foram avaliados e liberados.

Se a EPU tivesse sido ativada, seria motivo de grande preocupação — a unidade do F-16 é alimentada por hidrazina, um composto químico “corrosivo, tóxico e altamente inflamável” que também é altamente cancerígeno, segundo o Departamento de Defesa e a Força Aérea.

Os militares estavam realizando verificações de manutenção de rotina em um F-16 por volta das 16h40, quando declararam uma emergência em solo devido à preocupação de que a EPU do jato tivesse sido ativada, de acordo com o comunicado da base.

A EPU fornece energia de emergência para os controles de voo do F-16, permitindo que os pilotos pousem a aeronave com segurança caso os outros sistemas falhem durante o voo. A EPU e o tanque de combustível de hidrazina estão localizados na parte traseira do cockpit, isolando relativamente os pilotos do sistema, mas a manutenção em solo requer medidas de segurança extensivas.

“Se você tocar, é absorvido muito rapidamente e é altamente cancerígeno”, disse o Sargento Christopher Glover do 49º Esquadrão de Manutenção de Componentes na Holloman Air Force Base, Novo México, em um comunicado à imprensa de 2023. “É por isso que usamos nosso equipamento de proteção, como luvas, botas, um traje completo, máscara FireHawk e cilindro de ar.”

As equipes de emergência determinaram que não houve ativação da EPU em Luke, mas 10 militares foram levados a um hospital local por precaução, explicou a base. A emergência em solo terminou por volta das 17h22, depois que os respondentes determinaram que não houve liberação de hidrazina, apesar de especulações nas redes sociais em contrário.

Mas, apenas quatro horas depois, por volta das 21h45, o pessoal da base declarou uma segunda emergência em solo, novamente preocupado que a EPU do mesmo F-16 pudesse ter sido ativada. Desta vez, três militares foram levados a um hospital local por excesso de cautela. Eles também foram avaliados e liberados. A equipe de resposta novamente determinou que não houve liberação de hidrazina, e a emergência terminou por volta das 22h30.

“A aeronave não retornará ao serviço até que testes adicionais sejam realizados”, disse a base em seu comunicado.

A Luke Air Force Base é uma base de treinamento onde milhares de pilotos da Força Aérea aprendem a voar os caças F-16 e F-35. O 56º Grupo de Operações, que conduz a missão de treinamento de caças, é o maior grupo de caças da Força Aérea, segundo o site da base.

FONTE: Air & Space Forces Magazine

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Aéreo

Hidrazina é um pepino em termos de preocupações ambientais na indústria aeroespacial. Nesse tipo de aplicação do F-16 a hidrazina é pressurizada por nitrogênio ou hélio e se decompõe por meio de um catalisador formando um jato de gás de alta energia que faz girar uma pequena turbina, fornecendo energia mecânica para uma bomba hidráulica e um gerador que alimenta o F-16 em caso de apagamento do motor. Esta ação da APU  fornece a possibilidade de manter a aeronave controlável para uma tentativa de reacendi mento do motor ou a ejeção. O F-35, o Gripen que também são monomotores utilizam… Read more »

Luiz Guilherme

Sempre bom ver comentários edificantes por aqui.

Salim

Otima explicação, se todos fossem nesta linha seria o ideal.

Clésio Luiz

Não bastasse a entrada de ar “aspirador de FOD”, mais um para a pilha de motivos do porque o F-16 como caça tampão é uma péssima ideia.

Alexandre Galante

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Leandro Costa

E operamos T-37’s e Fouga Magisters que tem a entrada de ar ainda mais próximas do solo…

JT8D

Esses aviões tinham motores pouco potentes. No F-16 a posição da tomada de ar é sim crítica, requerendo cuidados redobrados de limpeza de pista

Last edited 2 meses atrás by JT8D
Clésio Luiz

Além do Xavante. Mas como o JT8D apontou, o F-16 tem motor para criar uma zona de baixa pressão na tomada de ar, muito maior que os jatos de treinamento.

O curioso é que a General Dynamics, buscando simplificar a aeronave, não incluiu portas de alívio de pressão na tomada de ar do F-16, o que foi infeliz, pois não acrescenta quase nada em peso e complexidade (até F-5 tem) e mataria dois coelhos com uma cajadada só: diminuiria a propensão de aspirar FOD e melhoraria a aceleração em baixas velocidades.

RSmith

Fica a pergunta…. alguma aeronave da FAB tem equipamentos parecidos? que contem algum matéria nocivo a saúde humana?

Rinaldo Nery

Não.

Marcos Silva

Tirando o tétano que alguns aviões podem “transmitir”,tá tudo certo.kkkk

Salim

Nas revisões passam zarcao.

curioso

Um aviãozinho cheio de não-me-toques.
Les americains gostam de chamar essas máquinas sofisticadas em excesso de “overengineered”.
Mas só quando são máquinas dos outros. Usam muito contra produtos franceses e de outros europeus bebedores de conhaque e comedores de queijos fedorentos.
Quando o não-me-toques é deles, les americains chamam de “state-of-art”.
Estou estranhando que não tenham chamado ainda o KC-390 de overengineered.
(não interessa muito se o bicho acusado de overengineered é mesmo ou não é sofisticado em excesso, o que não parece ser o caso do 390. O negócio é minar a reputação da concorrência).

Last edited 2 meses atrás by curioso
Rafael M. F.

Rapaz, Hidrazina é só um dos combustíveis usados no motor-foguete Walter HWK que equipava os Me-163. Perigosíssimo…

Marcos Silva

Lembro de ter lido que os combustíveis do Komet possuíam tanques separados devido ao perigo de explosão quando misturados.

Rafael M. F.

A Hidrazina nos Me-163 era usada em composto com Metanol e água (C-Stoff), e era acondicionada em tanques de vidro. Os pilotos passaram a usar trajes especias de proteção quando em um crash-landing o tanque de hidrazina de um Me-163 rompeu, vazando para dentro da cabine e matando o piloto.

Leandro Costa

E pelos relatos que li, o piloto dissolveu estilo vilão do Robocop.

Rafael M. F.

Eu li sobre esse acidente, e não chegou a dissolver o corpo do piloto, mas de fato teve um dos braços dissolvido e queimaduras generalizadas.

Embora a causa mortis dele tenha sido um ferimento no crânio com o acidente.

Leandro Costa

Obrigado pela info adicional Rafael.

Marcos Silva

Esse acidente foi provocado por aquele carrinho que fazia às vezes de trem de pouso? Porque aquilo era tão perigoso quanto o combustível.

Rafael M. F.

Não, foi pouso forçado mesmo, a aeronave meio que capotou na aterrissagem. Aquele carrinho era meio bizarro mesmo. Era ejetado por parafusos explosivos, mas tinha a tendência de quicar no solo e voltar para a aeronave, podendo colidir com a mesma. Isso quando os parafusos explosivos não funcionavam e a aeronave subia com o carrinho, o que provocava imensa vibração na aeronave e poderia mesmo provocar explosão dos propelentes. Era a pior situação possível, pois era necessário desligar o motor para tentar uma aterrissagem, correndo o risco de capotamento e explosão. Aliás, o Me-163 era uma verdadeira Cadeira Elétrica. O… Read more »

Last edited 2 meses atrás by Rafael M. F.
Marcos Silva

O Me-263 foi levado pra Russia e tentaram produzir cópias por lá,não deu certo. Se nem os alemães com seus altos padrões de construção conseguiram tornar o Komet uma aeronave segura,quem dirá os russos.

Andiere

Essa EPU movida por hidrazina é um dos erros de projeto do F-16. Apesar disso continua sendo um bom avião.

Last edited 2 meses atrás by Andiere
BraZil

E alguns querendo F35 e F16 para a FAB. Haja choque de realidade para esse pessoal entender que somos outro mundo…dentro do mesmo planeta.