Messerschmitt Me 264 V1 Fernbomber, em 1942

A Alemanha Nazista planejava usar uma bomba atômica contra a União Soviética no verão de 1945, segundo transcrições desclassificadas dos interrogatórios de Werner Waechter, Gruppenführer e colaborador próximo do Ministro da Propaganda do Terceiro Reich, Joseph Goebbels.

Durante os interrogatórios, foi revelado que, além de ocupar a posição de Chefe de Gabinete da Direção de Propaganda do NSDAP, Waechter liderava o escritório geral de armamentos e construção do Ministério da Propaganda e mantinha estreitas comunicações com especialistas em armas secretas do Ministério de Armamentos da Alemanha. A importância de seu testemunho foi tão grande que, em 10 de outubro de 1945, o próprio Coronel-General Ivan Serov, Vice-Comissário do Povo para Assuntos Internos da União Soviética, conduziu o interrogatório sobre a existência da bomba atômica da Alemanha e os últimos mísseis V-2.

Waechter afirmou ter tomado conhecimento dos planos da Alemanha para usar a bomba atômica durante uma conversa privada em 1943 com um homem identificado apenas como Dominik. “Ele me disse que cientistas alemães haviam conseguido a divisão do núcleo atômico e que engenheiros especializados estavam desenvolvendo métodos e formas de aplicação prática da energia nuclear como meio de guerra,” relatou Waechter. Ele acrescentou que britânicos e americanos também estavam avançando em pesquisas semelhantes, mas que a Alemanha estava supostamente 18 meses à frente.

Messerschmitt Me 264, Amerikabomber

Até 1945, o Ministério de Armamentos da Alemanha já realizava preparativos práticos para o uso da bomba atômica. Segundo o testemunho de Waechter, Hans Hertel, editor de um boletim secreto do governo, informou-lhe após uma viagem a Celle em fevereiro de 1945 que o Coronel Hermann Hajo, chefe da Escola de Força Aérea Especial, havia revelado que a escola possuía aviões operacionais de última geração “com longo alcance e que seriam armados com a bomba atômica.”

Waechter relatou que esses novos aviões deveriam lançar bombas atômicas nos centros industriais da União Soviética nos Urais e na Ásia Central. O aeródromo em Celle abrigava tanto os novos bombardeiros quanto caças que os protegeriam durante o trajeto até os alvos. Segundo Hertel, alguns desses novos bombardeiros também estavam implantados em outros aeródromos.

As conversas com Dominik e Hertel levaram Waechter a acreditar que o Ministério de Armamentos da Alemanha estava preparando o uso de bombas atômicas em 1945. Ele não tinha dados precisos sobre quando as bombas atômicas poderiam ser usadas contra a União Soviética, mas certos indícios o levaram a crer que o uso poderia ocorrer no verão de 1945.

FONTE: TASS

LEIA TAMBÉM:

‘Amerikabomber’: o plano de Hitler para lançar uma bomba atômica em Nova York

Nakajima G10N Fugaku, o ‘Amerikabomber’ japonês

 

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André Macedo

Os alemães estavam a anos luz da bomba, não havia um esforço concentrado como no Projeto Manhattan (apesar da viabilidade da bomba já ser praticamente um consenso). Acho que na época isso não estava claro pros países, mas hoje se sabe que o risco era mínimo. Se a Alemanha continuasse lutando por mais um pouco uma dessas cairia em Berlim.

Last edited 29 dias atrás by André Macedo
Leandro Costa

O cara foi interrogado em outubro de 1945. Ele já teve notícia de Hiroshima e Nagasaki. Provavelmente sabia das deficiências alemãs no desenvolvimento de algo similar e simplesmente jogou o verde, quem sabe para conseguir algum tratamento melhor no cativeiro Soviético, ainda mais sendo da SS.

André Macedo

Faz sentido.

Camargoer.

Olá André. Você tem razão. A história da bomba atômica nazista é fascinante. A gente sabe que foram os alemão que descobriram a fissão do urânio. Assim que o resultado foi publicado e principalmente após a interpretação de Meitner, todos os cientistas com algum conhecimento técnico em química ou física deduziram a ideia da bomba. Contudo, muitos cientistas judeus (e outros não-judeus) deixaram a Alemanha após a ascensão nazista. Outro ponto importante que precisa ser avaliado foi a prioridade dada pelo governo nazista aos armamentos tradicionais, além da avaliação de Heisenberg que a construção demandaria muito tempo considerando o tamanho… Read more »

Willber Rodrigues

“Há quem sustente que as bombas no Japão foram desnecessária porque era claro que o Japão perderia a guerra de um modo ou de outro, contudo as bombas determinaram o fima da guerra.” Mesmo quando ficou claro aos japoneses que Hiroshima foi destruída por uma nuke, e mesmo após Nagasaki, a grande maioria dos oficiais da IJN, IJA e do governo mantinham a idéia de resistir até o último recém-nascido japonês. Foi preciso 2 nukes + a invasão soviética a Manchúria + a intervenção pessoal de Hirohito ( quebrando um protocolo milenar ) pra que finalmente o governo aceitasse se… Read more »

LucianoSR71

É sempre bom trazer a informação que poucos conhecem que o Japão também tentou criar sua bomba atômica e teve ajuda da Alemanha p/ isso sendo enviados carregamentos de Urânio 235 em submarinos japoneses, todos ou quase todos (algumas fontes divergem sobre isso) foram afundados antes de chegarem ao destino e ainda houve o incrível caso do U-boat U-234 que partiu nos últimos dias da guerra na Europa levando armas avançadas, seus planos p/ produção no Japão e oficiais e cientistas alemães p/ ajudar a continuar a guerra contra os americanos no Pacífico, mas no meio da viagem aconteceu a… Read more »

LucianoSR71
Gilberto

Ótimo documentário!

LucianoSR71

Só recomendo coisa boa, rs. Gosto muito de documentários que apresentam depoimentos de pessoas que viveram direta ou indiretamente os fatos abordados e esse tem vários. O relato dos alemães que estavam no U-234 sendo caçados ou enfrentando a tempestade me lembram o fantástico filme Das Boot (O Barco), quão bem feito e realista ele é.

LucianoSR71
Willber Rodrigues

Praticamente todos as potências envolvidas na guerra tinham um programa nuclear pra desenvolver nukes. Quase todos eles estavam apenas no campo teórico, muito longe de terem algo funcional. No caso do Japão, foi agravado pela trindade: – rivalidade exacerbada entre a IJN e IJA; – falta de capacidade industrial; – falta de matérias primas pra isso. A mesma trindade que atrapalhou o Japão em qualquer coisa que eles quisessem fazer na guerra. Quem, em teoria, tinha mais condições no Eixo de ter uma nuke era a Alemanha, mas eles preferiram caçar todos os seus físicos com ascendência judia e gastar… Read more »

Camargoer.

O CNPq no Brasil foi criado para coordenar os esforços brasileiros na área nuclear.

Wilson Look

Só um complemento, o custo que os alemães tiveram para desenvolver a V-2 foi equivalente ao custo do Projeto Manhattan.

Camargoer.

O projeto da V2 consumiu muitos recursos, inclusive mão-de-obra escrava na produção. A equipe de engenheiros era enorme, mas é difícil estimar quanto custou.

Já tentei fazer esta conta e acabei frustrado.

Camargoer.

Pois é Wilber.

Este militarismo destriu o Japão na II Guerra, assim como destruiu a Alemanha dias vezes (I e II Guerra), destruiu o Império Austro Húngaro e destruiu o Império Russo..

De algum modo, dá para dizer que o militarismo também destruiu a Argentina na década de 80

Carlos Campos

a Argentina eu discordo, foi o populismo socialista

José de Souza

Cada uma que a gente lê aqui…

Camargoer.

Então…. o que derrubou a Argentina foi a guera das Malvinas. O Brasil, Chile e Argentina passaram por processos históricos bastante parecidos. Os trẽs tiveram uma industrialização tardia, sofreram um golpe de estado no contexto da guerra fria e dois um processo de redemocratização no contexto do Consenso de Washington.

Contudo, apenas a Argentina esteve envolvida em uma guerra de agressão de própria iniciativa que ainda afeta a sociedade argentina…

A Argentina nunca teve uma experiência socialista. O único país da América Latina que teve uma experiência socialista real foi o Chile,

Carlos Campos

Discordo totalmente de vc, a maneira de como o governa geria o país era socialista, mas não vou continuar falando para não ter desvio do tema militar

Leandro Costa

“Uma coisa importante a ser lembrada é que os EUA investiram uma fortuna para obter a bomba atômica em escala industrial.”

Interessante que custou mais barato que a Mira Norden e o B-29, por incrível que pareça.

Camargoer.

Sobre o B29, foram construído milhares de unidades, por isso o programa custou tão caro.

Ainda assim, você tem razão os os gastos astronômicos da I I Guerra.

Isso tudo teve um impacto formidável sobre a economia dos EUA até hoje.

Leandro Costa

Foram construídos menos de 4 mil B-29’s. Por mais que a produção das unidades em si tenha tornado o programa caro, a inovação da aeronave em si foi responsável pela maior parte do custo.

Para efeito de comparação, foram construídos mais de 18 mil B-24’s.

Camargoer.

A história do B24 é curiosa. A produção dos aviões pela Consolidated era praticamente artesanal. A documentação do projeto estava desatualizada e em alguns casos inexistente. Foi preciso chamar um engenheiro da Ford para organizar produção. Ele visitou a produção, pediu para o pessoal explicar como o avião era construído. Ele foi para o hotel e virou a noite elaborando um projeto de produção. Depois, enquanto o edifício era construído, ele montou uma equipe de engenharia que atualizou a documentação de produção e elaborou novos documentos complementares. Cada B24 custava cerca de 1/3 do valor de um B29, o que… Read more »

Leandro Costa

O problema de ambos é que foram corridos e por mais que o B-24 fosse mais simples, ele ainda acrescentou certas inovações. A tecnologia aeronáutica estava avançando à passos largos na década de 1930. No início da produção havia um problema de versões, mas não que não houvesse documentação. O problema era justamente consolidação (irônico se pensarmos no nome da Companhia hehehehe) para produção em massa. Os primeiros B-24 tiveram produção pequena, mas introduziram diversas modificações. A primeira versão produzida em massa, o B-24D teve versões saídas da fábrica com metralhadoras dorsais instaladas em um pequeno túnel, versões sem as… Read more »

Camargoer.

Olá Leandro. Sim… havia documentação do B24, mas estava desatualizada e algumas partes do avião eram tão diferentes do projeto original que eram feitas pelo pessoal da produção pelo conhecimento empírico. A produção da empresa era pequena e sem qualquer sistematização. Por isso escrevi que era praticamente artesanal (posso ter exagerado). Quando a guerra demandou uma produção em massa, foi preciso reorganizar o processo de produção, atualizar a documentação e a produção para ganhar escala. O mais curioso da história foi colocar um engenheiro da Ford responsável pela produção em massa de carros para organizar a produção do B24. Eu… Read more »

Carlos Campos

gastaram mais 30 bilhões de doláres, mas isso era naaquela época onde tudo era novo,o Paquistão Gastou 12 bilhões… Como um amante do Japão eu fico triste pelas bombas, mas acho que foi necessário, para evitar ainda mais mortes e invasão da URSS à Hokkaido, mesmo com as bombas, parte da Elite militar do Japao não queria parar, até tentaram um golpe de estado para impedir a rendição do Japão, O EUA estiman que a guerra contra o Japão poderia ter durado até o inicio de 1947, com invasão do Japão em 1945 na Operação Down Fall, milhões de pessoas… Read more »

Rinaldo Nery

Exato. É o que eu sempre li a respeito do tema. O filme Oppenheimer também mostra isso. Os alemães não possuíam a infraestrutura daquele projeto.

Leandro Costa

O que é mais interessante é acreditarem em um simples colaborador de Goebbels, alguém interessado apenas em propaganda, e ainda repassando informações anedotais. Bem, até porque não acreditaram. Os Soviéticos já sabiam do Projeto Manhattan, e ao mesmo tempo ficou provado que os Alemães ainda estavam bem longe de conseguirem a bomba atômica quando a guerra acabou, que dirá em 1943. Ao mesmo tempo, era um tanto óbvio que se os Alemães tivessem a bomba, certos lugares seriam alvos óbvios. Moscou, Leningrado e Londres já me viriam à mente. Outro problema seriam as aeronaves. Os Amerikabomber e Uralbomber da vida… Read more »

Willber Rodrigues

A Alemanha, assim como o Japão, embora soubessem da teoria atômica ( a maioria dos ganhadores do Nobel dessa época eram alemães…só que judeus ) JAMAIS chegaram perto de terem uma bomba funcional.
É só ver o esforço monstruoso e caríssimo que foi o projeto Manhattan, fora as contribuições que todos os físicos ingleses deram pro projeto.
A indústria deles simplesmente não tinham capacidade pra isso, e ficou ainda pior conforme eram destruídos pelos bombardeiros aliados.

Fora que a Luftwaffe nunca teve um bombardeiro de longo alcance igual o B-29

Camargoer.

SIm.. mas é também necessário lembrar que os nazistas apostaram na blitzkrieg como estratégia de guerra e que ela de fato funcionou, inclusive nos primeiros momentos da invasão contra a URSS.

É curioso que os nazistas investiram na V2, no desenvolvimento de submarinos e em caças a jato, mas não investiram no desenvolvimento nuclear..

Por outro lado, EUA, URSS e Inglaterra investiram muito na tecnologia nuclear e depois a França e a China.

francisco

Bomba atômica em 1945, só os USA tinham,

Jagder#44

Coitados dos eslavos. Sempre tem alguém querendo destruir eles.

Camargoer.

Olá Jag. Neste contexto é importante lembrar que o objetivo nazista era de uma guerra de extermínio, na qual apenas uma parte da população seria poupada para servir de mão de obra escrava.

comenteiro

Generalplan Ost. A coisa ficaria muito feia pra quem não fosse ariano ou tivesse traços físicos alemães, como as crianças sequestradas na Polônia.

Heinz

E agora estão ai se matando, triste fim.

Camargoer.

Exato… por isso é urgente que esta guerra acabe, assim como é urgente o fim da guerra em Gaza.

Carlos Campos

Com a Rússia da para conversar, com o Hamas não

Camargoer.

então… sem entrar nesta discussão que afeta de modo intenso inúmeras sensibilidades, é urgente que as guerras (todas) cheguem a um fim. Ainda que o caminho seja difícil e demande muita diplomacia, este é o caminho civilizatório. As partes precisam estabelecer um imediato cessar fogo e iniciar uma conversação franca, na qual cada parte coloca seus pontos para serem negociados Ao contrário de uma condição de vitória incondicional, a negociação significa que os dois lados precisam ceder em alguma coisa, mas isso é uma coisa que emerge da negociação. A única coisa inaceitável é continuar uma guerra causando mortes de… Read more »

Mirade1969

Poderiam começar estabelecendo um Estado Palestino com fronteiras definidas e que Israel devolvesse os territórios ocupados e pelo lado Palestino que fosse reconhecido o Estado de Israel mas para isso tem que os EUA mudar sua postura de reconhecer tudo que Israel faz de errado como direito de responder a qualquer ofensa palestina talvez ai seria o caminho da paz em Israel. Difícil

Carlos Campos

Não tem pq Israel negociar com grupo terrorista que não representa o povo palestino, e tem como objetivo declarado, acabar com Israel, do mesmo Jeito que disse que dá para entender o ataque nuclear ao Japão, eu consigo entender a continuação da Guerra em Gaza.

Camargoer.

Então…

existem duas posturas possíveis. 1) se favorável á guerra. 2) ser favorável á paz.

A defesa da guerra requer argumentos como “guerra justa” ou “guerra legítima”. A discussão é sobre princípios e valores morais. Neste contexto, a morte é justificável.

A defesa da paz requer argumentos substantivos, como interromper a morte de civis, incluindo crianças. É uma discussão sobre questões concretas nas quais qualquer morte é injustificável.

Leandro Costa

Não concordo. Posso ser contra a guerra mas entender que a perda de vidas é justificável exatamente pela falta de outra opção. Desejando assim que o Hamas entregue os reféns e cesse operações de guerra, vindo à, no futuro. Da mesma forma que durante a Segunda Guerra Mundial, não se havia outra maneira de atacar e drenar recursos Alemães senão empreendendo uma campanha de bombardeio que matava civis para se atingir um objetivo final. Os ingleses, e posteriormente os Americanos, tiveram que utilizar de bombardeio de área, tanto contra Alemães quanto contra Japoneses, sem os quais a Guerra teria durado… Read more »

Carlos Campos

Sou favorável a paz, mas infelizmente as vezes a paz necessita que o Direito a vida seja deixado de lado, a guerra em si não é algo bonito ou que deva ser defendido, mas algo que as vezes é necessário para o bem maior, inclusive dos Direitos Humanos, parar a guerra contra o Hamas pe permitir mais guerras e sofrimento para os Palestinos, Israel está mais perto do que nunca de acabar com esse cancer.

Dr. Mundico

Numa guerra de alta intensidade e de longa duração, as armas que a encerram sempre serão mais potentes e destrutivas do que as armas que a iniciaram.