Orange torna-se a terceira base a abrigar caças Rafale da Força Aérea e Espacial Francesa

26

Em 18 de julho, a 5ª Esquadra de Caça foi inaugurada na Base Aérea 115 de Orange – até hoje, na França continental, os caças Rafale da Força Aérea Francesa operavam em esquadras de apenas duas bases, St. Dizier e Mont de Marsan, além de um esquadrão em base de além mar nos Emirados

Na quinta-feira da semana passada, 18 de julho, ocorreu na Base Aérea 115 de Orange a cerimônia de inauguração da 5ª Esquadra de Caça da Força Aérea e Espacial Francesa (Armée de l’air et de l’espace). A esquadra é composta no momento pelo Esquadrão de Caça 1/5 “Vendée, recriado também no dia 18 de julho, equipado com o Rafale. A notícia foi publicada pelo site do Armée de l’air et de l’espace no dia 19, acompanhada das imagens acima e abaixo.

Outras esquadras (que funcionam como Alas) equipadas atualmente com o Rafale são compostas por mais de um esquadrão de caça, mas por enquanto o EC 1/5 Vendée compartilha a base com um esquadrão de apoio técnico aeronáutico, abrigando o pessoal que mantém suas aeronaves, o 15.005 Baronnies.

Até a chegada do Rafale a Orange, apenas duas bases da Força Aérea e Espacial Francesa que abrigavam a aeronave  em território continental da França, St. Dizier e Mont de Marsan:

Na Base Aérea 113 de St. Dizier está a 4ª Esquadra de Caça, com cerca de 50 caças Rafale divididos entre os esquadrões operacionais 1/4 Gascogne e 2/4 Lafayette. Há também na base o Esquadrão de Transformação Rafale 3/4 Aquitaine, que “empresta” aeronaves do Gascogne e Lafayette para a conversão de novos pilotos para o caça, incluindo da Marinha Francesa.

Na Base Aérea 118 de Mont de Marsan está a 30ª Esquadra de Caça, também com pouco mais de 50 caças Rafale, que são voados pelos esquadrões 1/30 Côte d’Argent, 2/30 Normandie Niémen e 3/30 Lorraine. Vale lembrar que o Côte d’Argent, ainda que seja considerado um esquadrão de caça e possa participar de missões reais, é voltado principalmente a ensaios em voo, integração de armamentos e criação de doutrina, sendo denominado “Esquadrão de caça e de Experimentação”.

Além destes esquadrões de Rafale operados em St Dizier e Mont de Marsan, ao qual agora se soma a nova unidade em Orange, há um esquadrão operado numa base aérea de além-mar, o 1/7 Provence, na Base Aérea 104 de Al Dhafra, nos Emirados Árabes Unidos (uma observação: antes de ir para os Emirados, em substituição ao 3/30 Lorraine que voltou à França, o 1/7 Provence operava em St. Dizier).

Em suma, até a inauguração do EC 1/5 Vendée em Orange na semana passada, o Rafale só operava em território continental francês (Europa) em duas bases da Força Aérea e Espacial Francesa.  Foram 18 anos entra a implantação do Rafale da Força Aérea em sua primeira base, St. Dizier, até chegar agora à terceira base, em Orange.

Vale lembrar, porém, que há outra base em que operam caças Dassault Rafale na França, mas não da Força Aérea e Espacial Francesa: é a Base Aeronaval de Landivisiau, onde operam os caças Rafale M da Marinha Francesa, em três flotilhas que se revezam em embarques no porta-aviões Charles de Gaulle.

Para quem se interessa pela Força Aérea e Espacial Francesa, suas esquadras (basicamente alas, conforme nova organização criada há alguns anos), esquadrões de caça e bases onde operam na França, seguem informações de outras unidades:

Na Base Aérea 116 de Luxeuil está a 2ª Esquadra de Caça, composta atualmente por apenas um esquadrão de caça, o 1/2 Cigognes, equipado com o Mirage 2000-5.

Na Base Aérea 133 de Nancy Ochey está a 3ª Esquadra de Caça, composta atualmente por três esquadrões de caça: 1/3 Navarre, 2/3 Champagne e 3/3 Ardennes, equipados Mirage 2000D (modelo biposto especializado em missões ar-solo).

Por fim, há mais um esquadrão de caça que opera no além-mar, o 3/11 Corse abrigado na Base Aérea 188 em Dijibouti (na África oriental), equipado com um mix de versões do Mirage 2000.

Voltando ao EC 1/5 Vendée que passou a operar o Rafale em Orange, sua principal missão atualmente é Defesa Aérea (proteção / policiamento do espaço aéreo) no sudeste da França, dentro da chamada “postura permanente de segurança aérea” em terrritório francês (PPSA  – posture permanente de sureté aérienne). Basicamente, intercepção de intrusos e ajuda a aeronaves em dificuldades.

O esquadrão inicia suas operações com poucos aviões, mas deverá receber mais exemplares até chegar a cerca de 20 caças Rafale ao longo do ano que vem. Outros esquadrões franceses, equipados com Rafale há mais tempo, operam não apenas na Defesa Aérea, mas possuem outras especializações conforme cada unidade, algumas com foco maior em ataque ao solo, outras em dissuasão nuclear, entre várias missões.

Com a ativação do EC 1/5 Vendée, e consequente reativação da 5ª Esquadra de Caça, a Base Aérea de Orange volta a abrigar aviões de caça após cerca de 2 anos, desde que cessaram as operações do EC 2/5 Île-de-France (equipado à época com o Mirage 2000C/B). Para voltar a operar caças, e especialmente o Rafale, a base passou por obras nas pistas de pouso e de táxi, hangares de manutenção e de alerta.

Para saber mais sobre todo o processo de reorganização da Força Aérea e Espacial Francesa e implantação do Rafale, veja a seguir algumas das dezenas de matérias publicadas a respeito desde 2008, quando o blog Poder Aéreo entrou no ar.

Veja também:

Racionalização à francesa

Racionalização e descarbonização à Francesa: a formação dos caçadores

Uso de turboélices poderá reduzir voos no Rafale de parte dos pilotos franceses

‘Normandie-Niemen’, o novo esquadrão de Rafale da Força Aérea Francesa

EC 3/30 Lorraine: o Rafale com um pé nos Emirados

Mont-de-Marsan: a próxima casa do Rafale na França

Ativado o Esquadrão de Transformação Rafale, na base francesa de Saint-Dizier

Femme fatale, femme Rafale

Último esquadrão francês de Mirage F1 de reconhecimento transmite experiência aos esquadrões de Rafale

A renovação de meia-vida dos jatos de ataque Mirage 2000D franceses

KC-390 e Rafale, exportações x redução na cadência – histórias parecidas?

Fim de uma era: Dijon é fechada pela Força Aérea Francesa

Mais um centenário na França: SPA 75 do Esquadrão Champagne

Fotos e vídeos: centenário da ‘La Fayette’, com Mirage 2000N, Rafale, F-22 e B-52

Rodízio de caças Rafale em operação contra o Estado Islâmico

Mirage 2000 C/B continua o trabalho de conversão para a primeira linha francesa

Mirage 2000: se aposentando no Brasil, mas ainda interceptando na França

Mirage F1 se despede da defesa aérea da França, rumo à desativação

Livro Branco de Defesa da França: Força Aérea e Marinha terão só 225 caças

Subscribe
Notify of
guest

26 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments
Wagner Figueiredo

Que avião lindo!!!!!

Dudu

Quem pode, pode!

O maior livramento da França foi ter abandonado a canoa furada do Eurofigther, ter mantido a confiança na Dassault para esta presentear a França e ao mundo essa joia chamada Rafale.

Quem pode vai de Rafale, quem não pode ir de Rafale vai de Gripen NG e Super Tucano.

O resto é papo furado.

Felipe M.

Verdade.
O papo de engenheiro de obra pronta, 10 anos após a tomada de decisão, realmente é papo furado.
E segue o baile.
Porque, na vida, toma-se decisão e arca com as suas consequências. Não se fica choramingando pelo que poderia ou não ter feito. Isso é coisa de fracassado.
Viva o Gripen na FAB.
Que um dia venha o segundo lote!
E, como não podia ser diferente, vida longa ao ST na FAB e nas outras forças que o operam e o operarão. Que seja constantemente atualizado, mantendo-se dentre os melhores, se não o melhor, em suas missões precípuas.

Dudu

Fera, eu não tenho nada contra o Gripen NG. Tenho contra a Saab por ter desconversado e cancelado a licença da Embraer pars produzir o Gripen F, do qual esta é coproprietaria intelectual. O Gripen NG é a melhor opção para qualquer força aérea de país em desenvolvimento. Ja o Rafale é o caca meio-pesado sonhado por qualquer forca aerea de país desenvolvido. Mas a minha admiração maior é por ele ser um puro-sangue francês. Fruto do visionarismo dos projetistas e engenheiros da Dassault. É um projeto da década de1980, poderoso, versátil e polivalente capaz de atender todas as demandas… Read more »

Last edited 1 mês atrás by Dudu
Rinaldo Nery

Creio, não tenho certeza, que a decisão de não construir o F aqui foi da FAB. Acho que tem matéria aqui sobre isso.

Dudu

Fazer caças bipostos não é nenhuma novodade para a EDS: Acumula experiências com o Xavante, Tucano, AMX e Super Tucano. https://youtu.be/2yjVBkUbnOk?si=gdAcMGLMlADz2VFB ” A quantidade de pessoal brasileiro, técnicos e engenheiros trabalhando no desenvolvimento dessa aeronave ( Gripen F) é muito maior que a quantidade do número de pessoas trabalhando no desenvolvimento da aeronave monoplace.” Maj. Ramon Fornecas, sobre o desenvolvimento do Gripen F. Não faz nenhum sentido a EDS mobilizar tantos recursos humanos, ser coproprietaria intelectual da aeronave e depois desistir de produzi-la em suas instalações. Pra não dizer que o governo de um certo País aí, que licencia a… Read more »

Last edited 1 mês atrás by Dudu
Cristiano GR

Isso tudo sendo verdade, falta ou faltou, os caras da Embraer e os brigadeiros, chamarem a Saab para sentar e conversar, olho no olho, e cobrar desses um desconto considerável em um novo lote de caças, tipo 10%, na compra de 10 ganha 1, mas ainda tem a Embraer que deveria ser compensada, porém, como já se sabe das negociatas dos diretores com a Boeing na época do negócio, é possível que a Empresa e pequenos acionistas tenham ficado chupando dedo mesmo. Além disso, pode ser que as autoridades militares e civís que poderiam fazer algo não quiseram se incomodar… Read more »

Felipe M.

que tanto de “pode ser isso”, baseado em afirmações de um cara que não apresentou nenhum indício de ter alguma fonte para o que foi apresentado.
Prudente esperar ele apresentar (sentado, pois em pé vai cansar) algum indício de que o que ele afirma tem algum respaldo na realidade, pra apontar um tanto de “pode ser isso, pode ser aquilo”, como você fez.

Rinaldo Nery

Tem alguma matéria, ou fonte, falando desse “cancelamento de licença “? Nunca ouvi falar.

Leandro Costa

As fontes dele são Tico e Teco. Apenas. Ele sai de casa já com o chapéu de alúminio e provavelmente posta aqui usando VPN via TOR browser, senão os helicópteros pretos acham ele.

AVISO DOS EDITORES: MANTENHA O RESPEITO.
LEIA AS REGRAS DO BLOG:
https://www.aereo.jor.br/home/regras-de-conduta-para-comentarios/

Felipe

A fonte dele é a teoria da conspiração de que o os EUA pressionaram a Suécia tendo em vista a capacidade do Gripen F para ataque etc (algo assim).

Felipe M.

“Não faz nenhum sentido a EDS mobilizar tantos recursos humanos, ser coproprietaria intelectual da aeronave e depois desistir de produzi-la em suas instalações.” Faz se o cliente desistiu. Como o Coronel escreveu, ao menos noticiado foi que a desistência foi por parte da FAB, que, ao que se dizia, estava dando preferência pelo aditivo contratual. Sugiro que confirme se o que está afirmando é a realidade. Inclusive, quando foi notificado, critiquei bastante, aqui nesse mesmo espaço, essa decisão. “a Saab, como aceno de vassalagem cancelou a licença para a EDS produzir o Gripen F no Brasil.” Você poderia, por favor,… Read more »

Last edited 1 mês atrás by Felipe M.
Rinaldo Nery

Acho que esse caboclo vai desaparecer do blog por algum tempo. Claro que ele não tem fonte. Isso nunca ocorreu. Deve estar com o copo na mão…

Dimas

Então amigo, não sou nenhum especialista mas jogo jogos que simulam combate entre os jatos, e quem desenvolveu esses jogos devem entender algo… Enfim, lá o Gripen tem os números superiores aos do Rafale. E se desenvolverem a furtividade pra ele, pode superar o F35. Na minha opinião o Gripen está sendo um dos poucos acertos do Brasil. Mas vi algumas notícias q já estam cogitando deixar ele um pouco de lado para adquirir F16 usado q no caso é bem inferior a todos q citei. Enfim, Brasil não aceita acerto, já tá querendo voltar a ser Brasil! rsrs

Felipe

Em simulação e testes o Gripen surpreende muito. Fazem pouco dele por não ser um caça desenvolvido por uma grande potência. Mas basta pesquisar o depoimento dos pilotos pra ver a realidade. Pena que a Suécia não tem interesse em desenvolver um motor próprio 100%.

Felipe

O Rafale é um ótimo caça, mas o Gripen E/F nada deve pra ele em armamento e tecnologia embarcada, o Gripen ainda tem vantagem de ter um RCS menor. É como comparar um caça nota 9.5 com outro 9.0 , diferença muito pequena. Pra mim o determinante seria neste a capacidade do piloto mesmo.

Rinaldo Nery

Orange foi onde os Jaguares fizeram o curso do Mirage 2000C.

Felipe M.

Em tempo: Na matéria, há o link sobre o livro branco da força aérea francesa, reduzindo a quantidade de caças, na época. Mesma época da decisão do FX2. Engraçado demais reler os comentários da turma metendo o pau no Rafale pelas não vendas. Os velhos oráculos que já fizeram inúmeras previsões negativas sobre tudo que é tipo de coisa, especialmente quando se referia à embraer e ao KC390. Hoje, creio que, se pudessem, voltariam nessas matérias para apagar esses comentários. Enfim…agora está na moda fazer previsões negativas sobre o Gripen. Especialmente a turma empolgada com a possível “alternativa” que surgiu… Read more »

Marcelo Andrade

Off-topic: Não vão comentar aqui a visita do ministro da Defesa junto com o Comandante da FAB ao M346, no stand da Leonardo, na Feira de Farnbourough?

Rinaldo Nery

Espero que a visita tenha sido só pra ganhar uma caneta da Leonardo, e adesivos…

Rinaldo Nery

Exato!

Gabriel BR

O que o Rafale tem de bonito tem de alta performance. Quem sabe o vejamos na Força Aérea Peruana algum dia…

Felipe

Nada deve pro Gripen E, e Vice versa…