A crescente frota de aeronaves P-3 Orion de Portugal
Por Joe Campion*
Em 9 de fevereiro de 2024, o primeiro de seis P-3C Orions do Programa de Manutenção de Capacidades (CUP) da Marinha Alemã pousou em solo português. A entrega dos seis P-3Cs faz parte de um contrato de € 45 milhões entre Portugal e Alemanha, assinado em setembro de 2023, que aumentará a frota atual de cinco para onze.
Este acordo inclui pacotes de modernização, motores sobressalentes, hélices, componentes, ferramentas e simuladores táticos e de voo. Conversamos com o Major Piloto Aviador Bruno Silveira, comandante da Esquadra 601 ‘Lobos’, sobre o plano e o impacto das novas aeronaves em sua unidade. “Esperamos concluir as entregas das aeronaves em 2025 e todos os elementos restantes do contrato, incluindo simulador, até 2026, mantendo-nos voando o P-3C até 2040.”
Com Portugal tendo uma das maiores áreas marítimas do mundo e devido ao aumento de sua presença sobre as águas europeias para combater o tráfico de armas e drogas, imigração ilegal e tráfico humano, é necessário mais capacidade e isso vem de ter mais aeronaves. O Major Silveira disse: “O P-3 ainda é uma das melhores aeronaves já feitas para operações marítimas. A importância de ter capacidades de ASW (Guerra Antissubmarino), operando como uma excelente plataforma ISR (Inteligência, Vigilância e Reconhecimento) e também realizando ELR SAR (Busca e Resgate de Longo Alcance), requer uma frota robusta e resiliente de P-3C. A frota ex-Alemã trará maiores capacidades e resiliência para responder às múltiplas missões que a Esquadra precisa cumprir, especialmente as relacionadas com nossa área soberana de responsabilidade.”
Esta adição de seis aeronaves à frota, além do atual programa de modernização em andamento no Canadá para suas cinco aeronaves atuais, deve ver a Esq601 operar o P-3 até 2040. Uma das aeronaves da frota, ‘14808’, está atualmente passando pela atualização da General Dynamics Mission Systems-Canada. A General Dynamics está concluindo as atualizações junto com a Canadian Commercial Corporation (CCC) nas instalações da IMP Aerospace and Defence em Halifax, Canadá. Incluído na atualização está um novo sistema de gerenciamento de dados aéreos para modificação dos sistemas de comunicação e eletrônicos de missão.
Em 2012, Portugal modernizou sua frota via Lockheed Martin e também OGMA de cinco ex-P-3Cs da Marinha dos Países Baixos, quando aposentou sua frota de P-3P. As atualizações em 2012 incluíram o radar ELTA Systems EL/M-2022, especificamente para missões de patrulha marítima; sensor eletro-óptico/infravermelho L3Harris WESCAM MX-15 HDI; software de aviso de aproximação de mísseis AAR-47 suportado por um sistema de dispensação de contramedidas ALE-47; sistema de medidas de apoio eletrônico ALR-95 e sistema acústico NA/USQ-78B.
Perguntamos ao Major quais capacidades os P-3s ex-alemães trariam, e ele disse: “As principais diferenças entre as frotas de P-3C alemãs e portuguesas estão relacionadas ao radar, eletro-óptico e sistemas de missão. O layout do cockpit também apresenta algumas diferenças que exigirão que os pilotos portugueses realizem algum treinamento de adaptação nessas aeronaves para aprender a operar os diferentes equipamentos, mas, mais importante, para se ajustarem ao novo layout do cockpit.”
Rotina de trabalho
Além de aceitar seis novas aeronaves sob o acordo G2G entre Alemanha e Portugal, a esquadra continua com suas missões habituais. Essas missões incluem patrulha marítima e busca e resgate. Além disso, os ‘Lobos’ executam as Medidas de Garantia do Báltico da OTAN (BAM), também conhecidas como Mediterranean Sea Guardian. Isso envolve a unidade na construção de capacidade de segurança, apoiando a consciência situacional (SA) usando suas capacidades ISR e atividades de contraterrorismo no Mediterrâneo. BAM também vê a Esq601 realizar missões nas áreas do Báltico para fornecer SA marítima em nome da OTAN.
O Major Silveira acrescentou: “Manteremos a cooperação com organizações internacionais como a OTAN, a UE e a ONU; cumprir com as responsabilidades da Força Aérea Portuguesa no contexto da defesa nacional e soberania; manter toda a nossa tripulação e equipe proficientes e trabalhar com a General Dynamics Mission Systems e a Deutsche Marine nos Programas de atualização e aquisição, respectivamente.”
A esquadra também planeja ir ao exterior para múltiplos exercícios de treinamento, além de se deslocar no contexto do AFRICOM, OTAN e União Europeia para vários locais.
FOTOS: Força Aérea Portuguesa
*Joe Campion, novo colaborador do Poder Aéreo, é um fotojornalista de aviação do Reino Unido, com experiência de trabalho com muitas forças aéreas em todo o mundo. Voou com uma ampla gama de aeronaves de asa rotativa e fixa de vários países, desde treinadores portugueses até bombardeiros B-1B da USAF. Teve o prazer de escrever reportagens completas para a Força Aérea Italiana durante o ano do seu centenário e para a Força Aérea Real Holandesa. Passou três semanas inteiras em desdobramentos de treinamento no exterior com uma unidade e teve trabalho submetido à Rainha Elizabeth II enquanto trabalhava com a Força Aérea Real
A FAB tem uns 4 P-3 Orion em operação ?
Dos “atualizados” quantos já estão operacionais na FAB?
A FAB comprou 9 alguns anos atrás, modernizou 5 ou 6 na Espanha e o restante, que não foram modernizados, foram canibalizados para fornecer peças sobresalentes a frota ativa. Eu acredito que os 6 devem estar ativos, no entanto, com a necessidade de troca das asas dessas aeronaves, algumas devem estar paradas, temporariamente, para a realização da manutenção. Logo todas estarão ativas. São aeronaves estratégicas para a nação, visando patrulhar, junto com os Bandeirulas modernizados, a amazõnia azul brasileira.
Foram 9 modernizados, sendo que 3 deram baixa recentemente e a frota atual é de 6, os quais gradativamente vão passando pelo programa de revitalização das asas.
Maravilha , Obrigado!
Não. A FAB comprou doze P-3 e modernizou nove sendo um especializado para treinamento, e os outros três eram pra fonte de peças.
Interessante, olhando o Wikipidia (obvio, informações desatualizadas, mas da para começar uma conversa), temos uma frota de 750 aeronaves voando pelo mundo.
Pergunta, não seria interessante para a Embraer desenvolver um novo produto, acho que turbohelice, para substituir os P3 e ser mais barato que um P8?
A FAB e a Marinha podem ajudar nas especificações, já que são elas que tem a expertise.
E tomando o P3 como referencia de capacidades, já que é uma aeronave muito bem avaliada, só está ficando velhinha.
A ideia atualmente é uma versão do C-390 para patrulha e outras missões correlatas:
https://www.aereo.jor.br/2024/04/10/fidae-2024-embraer-e-fab-iniciam-estudos-para-plataformas-de-missoes-especiais/
Olá Nunão.. curioso a optar pelo C390. Imaginava que a melhor plataforma para isso fosse o Emb195
Outro ponto (além do fato do botão de editar do Naval parecer bugado). imagino todos os países com grandes extensões marítimas teriam interesse em um drone especializado. Parece um excelente nicho
Estava pensando nisso também. Será que um drone de longo alcance não seria mais barato e mais adequado para essas missões que o P3 realiza?
Aliás, ainda acho que essa missão deveria ser feita pela MB e não pela FAB. 😁
Drones de longo alcance seriam bons substitutos para as missões realizadas pelos dois esquadrões de patrulha equipadas com P-95M Bandeirulha, de esclarecimento marítimo.
Estão provavelmente juntando duas coisas: uma é explorar novas versões da aeronave a clientes atuais (FAB) e futuros, o que tem seu lado positivo em logística / manutenção; outra é reduzir custos de desenvolvimento em relação a um derivado de E-Jets.
Eu também achava que a melhor plataforma seria o E-jet. Principalmente os da nova geração (E-2) pois resolveram o problema do motor fraco e gastão dos E-1 e com isso ganharam alcance e capacidade de carga paga.
De repente o E-275 que não consegue vender por causa da restrição de aeroportos nos EUA, ele poderia dar um bom patrulha de baixo custo. Ou se quiser algo maior, um E-295 mesmo.
Sim, eu lembro, mas em algumas das muitas discussões, o C-390 seria caro de operar, pelo tipo de propulsor.
O EMB195, por ser “pequeno” para operar por longos períodos de tempo.
Meu comentário foi se não seria interessante uma aeronave nova, tomando como parâmetros o P3, já que ele aparentemente tem um custo/beneficio muito bom para varias marinhas.
Marcelo,
Uma coisa é a discussão aqui (sobre o que achamos ser mais adequado, o que custaria menos para operar etc), outra coisa são os fatos: a Embraer e a FAB realizarem estudos de novas missões para o C-390, inclusive divulgando concepção artística de uma aeronave dotada até de mísseis ar-mar. A realidade é essa. A possibilidade da Embraer desenvolver um turboélice de patrulha marítima passaria primeiro pela possibilidade dela desenvolver um novo turboélice (ou seja lá a propulsão que esteja nos planos) para a aviação comercial.
Boa noite Fernando “nunao”. Olha como a FAB é estranha será que antes de diminuir a encomenda de 30 para 19 não se passou pela a cabeça em uma versão de patrulha marítima e ou AEW, ou SR. Será que quando o avião ia sair das pranchetas a FAB achou que ia ter P3 até 2060??? Agora uma versão P390 com certeza absoluta estará operacional em 2070. Fico pensando agora vamos ter que renegociar praticamente outra aeronave do zero e não uma adaptação do 390??? E novas encomendas virão com o valor mais acessível de quem bancou a maioria do… Read more »
Alex,
Seu comentário está difícil de entender.
Também não entendi nada… onde se falou de aeronave completamente nova??
Rapaz estou pensando que sou analfabeto. Não estou em nível de questionar e nem escrever nesse espaço. Se vcs não conseguem entender o que escrevo ok. Eu não posso nem questionar como uma força aérea poderia utilizar um determinado modelo de avião para outras funções.
Alex,
O KC-390 foi projetado para se adaptar a diversas missões desde o início.
Mas cada função precisa ser desenvolvida e ter clientes interessados, bancando o projeto, integração, testes etc. Tempo e dinheiro.
Cada coisa a seu tempo. Os P-3AM da FAB estão passando por revitalização das asas para mais 10 ou quem sabe 15 anos de serviço.
Fernando. 3 já foram desativados, eu concordaria se os P3 tivessem em condições de tomar conta de uma imensidão do mar Brasileiro. Poucos anos operacionais, e mais de 30% já desativados. Pra tudo que precisa desenvolver. Por isso existe previsibilidade, só não enxerga isso quem não quer, se for fazer um 195 patrulha vai ter que desenvolver do mesmo jeito, me pergunto se posso ter um P 390 robusto e militarizado porque eu quero um 195 civil sendo que o 390 pode dar muito mais. Custo de desenvolvimento vai ter pra tudo. E interessados, apenas olhe o mercado se querem… Read more »
Alex,
Ainda não está claro.
Você defende o desenvolvimento de uma versão de patrulha marítima do KC-390 ou do E-195?
Fernando. Lógico que o melhor é P390 vai dar robustez e teremos menos modelos operacionais, e os operacionais com mais unidades estendendo o mercado de exportação, teremos uma logística de menos modelos. Penso que depois dos kc390 continua a produção com P390, depois continua com c390 AEW, as vezes acho que os militares não pensam bem, exemplo o F16 block 70 poderia ter morrido no início e nem existido e ou o C130 mas não os caras continuam desenvolvendo o mesmo produto e fez deles sucessos mundiais, podemos citar dezenas de casos. Por que não podemos tbm???
Ok, agora ficou claro!
Sobre novas versões do C / KC-390, como já havia comentado, na última FIDAE a FAB e a Embraer anunciaram estudos sobre novas versões para a aeronave, com divulgação de concepção dela com mísseis ar-mar, pod de reconhecimento e letreiro “C-390 MPA” na empenagem:
https://www.aereo.jor.br/2024/04/10/fidae-2024-embraer-e-fab-iniciam-estudos-para-plataformas-de-missoes-especiais/
Apresentação recente da FAB no Congresso também mostrou, discretamente, uma imagem de C-390 AEW&C.
Já imaginou uma versão com melhor capacidade de combustível, pra aumentar tempo de voo e patrulha, já tem um radar bom, mas outro mais adequado para a função, imagino que terá o dobro da capacidade de transporte de armas e sensores, sonoboias, o 390 tem mais capacidade e tecnológico, imagino começar a produção em 2032, talvez umas 12 unidades, não sei como funciona os esquadrões se são 3 e ou 4 unidades mas sempre acho que 3 localidades no litoral ajudaria a cobrir muito mais. E com mais capacidade.
Alex,
Não creio que um avião de patrulha desse porte equiparia mais de um esquadrão da FAB ou mesmo da MB caso esta absorva a função.
Já para as missões mais voltadas ao “dia a dia”, de esclarecimento marítimo, e que são realizadas por outros dois esquadrões, o uso de um avião desse porte seria muito caro. Melhor ter aviões menores ou drones para isso.
Uma pena não terem feito isso antes. Tem um “buraco” no mercado. Ou aviões muito pequenos, ou muito muito caros, ou muito específicos, ou não tem muita “pegada” militar (e sem possibilidade de pista semi preparada, mais espartano e outras coisas). Não falo necessariamente pro Brasil, mas seria uma boa aeronave também pros países renovando a frota de p3 na europa (que tão optando pelo 390 pra substituir o c130. Espero que dê tempo de pegar esses cliente ainda antes que todo mundo acabe optando por drone e um ou outro gato pingado de avião tripulado (tanto turquia, quanto israel,… Read more »
https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&opi=89978449&url=https://defense.embraer.com/pt/air/p600-aewec/&ved=2ahUKEwjy-OjCueqGAxWDpJUCHTu_DaEQFnoECCMQAQ&usg=AOvVaw2C5ntr20h6q5V41nbGXocH
Aparentemente a EMBRAER está investindo no Praetor 600 como AEW&C. Ele não teria capacidade ASW como o P3.
Bom dia a todos.Apenas para contribuir.Ha algum tempo, me recordo de noticias sobre a venda de aeronaves denominadas Sultan da Embraer para o Paquistao com o objetivo de substituir/complementar a pequena forta de P-3 do pais.
Haveria alguma intençao de desenvolver algo semelhante para a FAB?
Não houve venda o Paquistão, o mesmo adquiriu alguns exemplares usados do lineage 1000, e os mesmo estão sendo convertidos para uma versão de patrulha chamada Sea Sultan, o primeiro convertido se não me engano era um jato executivo de uma companhia chinesa.
As 3 primeiras unidades foram de aeronaves usadas compradas pelo Paquistão e estão sendo convertidas com auxilio das empresas Leonardo e Paramout, mas até onde sei sem o envolvimento da Embraer, a primeira foi entregue em 2020 e se espera que sejam 10 unidades ao final do programa.
Welcome Joe!
Achei estranha a ponta da asa desse P3 na foto ! É ignorância minha ou é diferente dos da FAB ? Desde já obrigado por me esclarecerem
Falando em patrulha/controle aéreo, como estão os ERJ-145 da FAB?
Você se refere aos E-99 AEW&C? Se for, a FAB opera 5, todos tendo recém passado por abrangente processo de modernização, com sua designação passando a ser E-99M. Há também 3 R-99, de sensoriamento remoto, os quais, salvo engano, estão recebendo novos equipamentos de comunicação e navegação. Há mais aproximadamente 9 exemplares do ERJ-145 que operam em versão padrão de transporte de passageiros, com 6 dotando o 1°/2° GT, designados C-99A e mais 3 que operam no 2° Esquadrão do GTE, com designação C-99A e VC-99A.
Estão bem, obrigado. Voando.
Parece que ocorreu o primeiro pouso do KC390 na antártida
FAB2857 em voo chegando no Chile , Vale o registro deste feito!
https://www.flightradar24.com/BRS61/35c53393
Estas aeronaves já trocaram as asas?
Sem querer ser chato…
… mas sendo:
Olha o MAPA !!!
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https://www.embajadaabierta.org/post/portugal-se-reinventa-como-potencia-mar%C3%ADtima
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Saudações,
Ivan, o mapento.
Uma matéria curiosa em um sítio eletrônico português: . Portugal é o 10º maior do mundo 97% por mar e 3% de terra. O mar também é território e Portugal possui a 3ª maior zona económica exclusiva da União Europeia e a 10ª do mundo. 11% da ZEE da União Europeia pertence a Portugal. Novos territórios marítimos estão na proposta – entregue nas Nações Unidas em 2009 – de extensão da plataforma continental portuguesa para lá das 200 milhas. Desde então, o país já pôde começar aí a exercer a sua soberania sobre o solo e subsolo marinhos. Portugal é… Read more »