Altura da água em Porto Alegre e falta de espaço na base aérea de Canoas são principais entraves para a distribuição, dizem militares

A Força Aérea Brasileira (FAB) enfrenta dificuldades significativas na logística de distribuição de doações para as áreas mais afetadas pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul. Apesar da grande quantidade de doações arrecadadas, somente 80 de 1.500 toneladas chegaram ao estado até a última atualização, revelando os desafios de armazenamento e transporte em condições adversas, especialmente devido às instalações limitadas e à alta dos níveis de água em regiões chave como Porto Alegre.

Oficiais da FAB relataram que as principais dificuldades encontradas incluem a capacidade reduzida da Base Aérea de Canoas para armazenar a vasta quantidade de itens doados e os problemas causados pelo nível elevado das águas, que complicam a distribuição física das doações às comunidades necessitadas. Estas condições impõem atrasos, obrigando a distribuição a ser planejada ao longo de várias semanas.

As operações de coleta e centralização das doações ocorrem em bases aéreas estratégicas localizadas no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, facilitando o processo de recebimento de doações, que acontece diariamente das 8h às 18h, sem necessidade de agendamento. A FAB destacou a importância de doações de itens não perecíveis, que são prioritários devido à sua durabilidade e utilidade prolongada nas áreas afetadas.

No âmbito operacional, a FAB utiliza 17 aeronaves para apoiar as missões de resgate e transporte de doações. Entre essas, destacam-se o KC-390 e o KC-30, com capacidades de carga de 26 e 45 toneladas, respectivamente. Esses recursos têm sido fundamentais para movimentar uma grande quantidade de material, incluindo as 240,7 toneladas de itens essenciais já transportadas, além de um hospital de campanha montado em Guaíba pela Marinha.

A operação também inclui ações conjuntas com outras Forças Armadas e órgãos de segurança estaduais, focadas no resgate de vítimas e na distribuição de doações. Até o momento, 1.838 pessoas e 210 animais foram resgatados, e foram realizadas 44 evacuações aeromédicas, demonstrando o amplo escopo e impacto da resposta da FAB à catástrofe.

Além do apoio emergencial, a FAB está colaborando com o Ministério de Portos e Aeroportos para restabelecer voos comerciais no Rio Grande do Sul, uma iniciativa que passa pela reabertura de bases militares para uso comercial, começando por Canoas. Esta medida faz parte de um plano mais amplo que inclui parcerias com companhias aéreas para a realização de voos humanitários, sendo uma das estratégias para normalizar a situação e auxiliar no transporte de cidadãos e turistas afetados pelos eventos climáticos.

FONTE: Folha de São Paulo

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