Modelo 1600: a proposta do F-16 da General Dynamics e da Vought para a Marinha dos EUA
A competição entre o YF-16 e o YF-17 no programa Light Weight Fighter (LWF) da Força Aérea dos EUA (USAF) e a subsequente proposta do YF-16 para o programa Navy Air Combat Fighter (NACF) da Marinha dos EUA destacam como as necessidades específicas de cada força armada influenciam o desenvolvimento e a escolha de aeronaves de combate. No final da década de 1970, a USAF lançou o programa LWF visando um caça mais leve e ágil para complementar o caças mais pesado F-15 Eagle.
O YF-16, desenvolvido pela General Dynamics, emergiu como um dos principais concorrentes no LWF, impressionando pela sua manobrabilidade e eficiência, o que levou à sua escolha pela USAF. O design incluía um cockpit tipo bolha, controles de voo eletrônicos fly-by-wire e uma configuração aerodinâmica avançada.
Para a competição na Marinha, o YF-16 foi adaptado em um projeto colaborativo entre a General Dynamics e a Vought, conhecido como Vought Model 1600. A Vought, que já havia projetado os bem-sucedidos F-8 Crusader e A-7 Corsair II para a Marinha, propôs modificações que incluíam reforços estruturais para suportar operações em porta-aviões. Se selecionado, a Vought teria produzido a versão naval do F-16.
Contudo, apesar da proposta robusta do Modelo 1600, a Marinha dos EUA tinha preocupações quanto à capacidade do F-16 modificado de atender plenamente às demandas de operações navais, que exigiam não só uma estrutura capaz de suportar decolagens e pousos por catapulta e arresto, mas também capacidade de manobra em baixas velocidades para operações em porta-aviões.
O YF-17, projetado pela Northrop, com maior robustez e dois motores, apresentava-se como uma solução mais adequada para esses requisitos. Isso levou à escolha do YF-17 para desenvolvimento posterior, evoluindo para o F/A-18 Hornet, que combinava a robustez necessária com a flexibilidade para realizar missões de combate aéreo e ataque ao solo.
Em seu livro “Aircraft Carriers at War: A Personal Retrospective of Korea, Vietnam, and the Soviet Confrontation”, o ex-Chefe de Operações Navais, Almirante James L. Holloway, explicou como ele defendeu o F/A-18, que era a preferência da Marinha. Holloway escreveu que já havia enfrentado membros do Congresso que queriam impor o F-16 à Marinha: “Eu testemunhei que a Marinha não estava interessada em um caça que só pudesse entrar e sair de um porta-aviões por meio de um guindaste, não importa o quão barato ele custasse.”
Enquanto isso, o F-16, sob a denominação Fighting Falcon, consolidou-se como uma das principais aeronaves da Força Aérea, evidenciando a importância de desenvolver aeronaves que atendam especificamente às necessidades de cada ramo das forças armadas.
Se as preocupações referidas pela tivessem sido compensadas pela tecnologia, o Model 1600 poderia ter mudado a aviação naval não só na USN, como em marinhas com porta-aviões que pudessem lançar uma aeronave de 14,1 toneladas de peso máximo de decolagem, que era o peso desse F16 naval. A França certamente trocaria seus F8 Crusader pelo F16 naval antes do advento do Rafale. O A4 Skyhawk tem 11,5 toneladas de pmd. Certamente o São Paulo poderia ter operado F16 Model 1600 ex-USN no lugar do A4.
Sempre tive a impressão que os caças “das antigas” são mais resistentes que os atuais.. principalmente o F-15 Eagle 🤩
Recordo-me que eu tinha um livro em criança com uma imagem de um Porta-aviões Americano a transportar dezenas de F-16. E o livro foi escrito muitos Anos depois do F/A-18 ter entrado ao serviço..
Não seriam dezenas de F-5’s?
Se perguntarem para mim, isso foi decisão política. E por política, leia-se eles não queriam outro projeto da USAF na USN, como os F-86 e F-111. Dizer que a Vought não poderia criar uma asa e trem de pouso capaz de fazer o F-16 operar embarcado, é mentir na cara dura. O YF-17 foi completamente reprojetado, incluindo as asas, para poder operar embarcado. Terminou que compraram um projeto deficiente, que acabou não atingindo diversas metas de desempenho, principalmente de alcance, e que acabou custando por unidade, um valor quase de caça pesado, como o F-14 e F15. Não fosse o… Read more »
Eu discordo, Clésio. Na época, com a tecnologia embarcada no YF-16/F-16A, era difícil que ele conseguisse cumprir quaisquer requisitos da USN, para não falar que ele teria que aumentar em muito o peso ante ao F-16A devido à reforços estruturais e no trem de pouso e ainda teria apenas um motor, ou seja, sua performance não seria nem de perto igual à do F-16 baseado em terra, que ainda assim era um caça super simples. Nem Sparrow o F-16 conseguia usar naquela época. Transformar esse avião, um day fighter simples, leve, para superioridade aérea local, seria, na visão da USN,… Read more »
A falta de Sparrow no F-16A foi política (não interferir com o F-15), não técnica. O disparo do míssil estava sendo testado nos YF-16, quando veio a decisão de equipá-lo apenas com Sidewinder. Nos anos 1980, com a produção de 800 F-15 garantida, a capacidade de disparar o Sparrow no F-16A apareceu, como num passe de mágica. Convêm lembrar que os programas que geraram o F-16 e F-18 não eram populares com o alto escalão da USAF/USN. Ambos foram meio que empurrados goela abaixo por causa dos altos custos dos F-14 e F-15. Que a variante da USN seria mais… Read more »
Nisso concordamos. Também acho que ficaria algo bem parecido com o F-2.
De qualquer maneira ainda acho bem mais arriscado a USN adotar a solução ‘F-16’ ao invés do Hornet. É bom lembrar que qualquer manutenção um pouco mais aprofundada, o hangar inteiro dos CV/CVN’s teria que ser adaptado por causa da hidrazina, com procedimentos extras, etc. Para não falar de acidentes no convés, que certamente ocorreriam.
No final das contas, ainda seria uma escolha bem mais arriscada e não tinham como prever a evolução do F-16 como máquina de combate.