ESPECIAL: Usando engenharia reversa, Irã lança versões atualizadas dos caças F-14 Tomcat e F-20 Tigershark

85

F-14NG e F-20NG da IRIAF - Arte: Antonis (rOEN911) Karidis - neoras753@gmail.com

O sonho de milhões de fanáticos de aviação será atendido. O Irã somou sua criatividade para contornar embargos e colocou em produção, em segredo, dois clássicos inesquecíveis: uma versão do Northrop F-20 Tigershark ao lado de uma versão ultra-atualizada do Grumman F-14 Tomcat. O Azarakhsh 1000 e o Manul 2000 entraram em fabricação e complementarão a frota de Sukhoi Su-30 e Su-35 adquiridos junto à United Aircraft Company, da Rússia

Por Aleksandr Antonov e Piotr Gogol

Teerã, 1º de abril de 2024. Estamos dentro de uma montanha na mais secreta unidade da Iran Aircraft Manufacturing Industrial Company (IAMI/HESA). Para chegar lá, assinamos ainda na capital Teerã um termo de confidencialidade que nos impede de citar o nome e o local da instalação para onde fomos levados. A engenheira Fairuza Farahani, encarregada dos dois programas, comentou:

— Infelizmente, temos muita gente que nos classifica como inimigos interessada nas nossas fábricas.

Em seguida, falou dos dois programas:

— Externamente, os dois caças são extremamente parecidos com seus parentes norte-americanos, mas a semelhança para por aí. Operamos os F-5E/F Tiger II e os F-14 Tomcat há mais de 40 anos. É tempo suficiente para avaliar os pontos fortes e fracos dos dois projetos. Em primeiro lugar, incorporamos uma grande quantidade de material composto, principalmente fibra de carbono, o que resultou em uma enorme economia de peso, e adicionamos controles eletrônicos para ampliar a capacidade de manobra dos dois caças, que agora contam com Fly by Wire (FBW) e Flight Control System (FCS). Também aumentamos a proporção da estrutura em titânio. A resistência das células ultrapassa 9G e pode atingir 12G.

O projeto que demandou mais esforço da equipe comandada por Fairuza foi o Azarakhsh 1000. De acordo com a engenheira, o projeto partiu da ideia de juntar um motor russo Klimov RD-93 à célula do F-5E.

— Sem falsa modéstia, somos, junto com os brasileiros, os maiores conhecedores da estrutura do F-5E, graças ao trabalho na versão HESA Saeqeh e a modernização Kowsar. Sabíamos do grande desempenho do Northrop F-20 Tigershark, equipado com o motor General Electric F404, e tivemos acesso ao projeto do avião via Inteligência. A turbina russa, desde o início, parecia ser a escolha mais adequada, apesar de ser um pouco maior e mais potente. Aliás, eu nunca entendi porque os engenheiros da FAB e da EMBRAER não partiram para uma solução semelhante com motores ocidentais.

Comparada à F404, a RD93 é 20 quilos mais pesada, tem 30 centímetros a mais de comprimento e 20 centímetros a mais de diâmetro. Em compensação, gera, praticamente, 1 mil quilos a mais de empuxo (9.300 kpf contra 8.030 kpf em pós-combustão).

— Tivemos de ampliar um pouco a parte dianteira da célula (cerca de 20 centímetros) para restabelecer o centro de gravidade, mas a maior contribuição para a estabilidade veio do FBW, desenvolvido com apoio da RAC-MiG — contou Faharani. — Adotamos um canhão de 23 mm de projeto russo que colocamos no ventre do caça em uma instalação que também serve como pilone, a exemplo do que era usado na versão JA-37 do Viggen.

O radar escolhido para o Azarakhsh 1000 é o Nanjing Research Institute of Electronics Technology (NRIET) KLJ 7A, o mesmo selecionado pelo Paquistão para o CAC/PAC JF-17 Block III, um AESA capaz de identificar 40 alvos a 180 km. O piloto está equipado com um Helmet Mounted Display e o cockpit possui dois displays. A HESA nacionalizará a aviônica. O avião está integrado a mísseis R-73, R-77 e uma ampla gama de armas guiadas para ataque terrestre, inclusive um Hellfire nacionalizado.

F-20NG e F-14NG da IRIAF – Arte: Antonis (rOEN911) Karidis – neoras753@gmail.com

Tomcat NG

Ao lado do Azarakhsh 1000, o Manul 2000 se impunha pelo tamanho. Na fábrica, um Grumman F-14A Tomcat passava por uma atualização, o que permitiu comparar o avião original com a nova versão desenvolvida pelo Irã. O acabamento em fibra de carbono e outros compostos deixou a superfície da fuselagem e das asas mais lisa, o que deve favorecer o fluxo aerodinâmico. Em lugar dos anêmicos e problemáticos motores Pratt & Whitney TF-30, o novo caça dispõe de dois Saturn AL-41F que são mais leves (1.604 contra 1.808 quilos), mais potentes (14.500 contra 11.900 quilos de empuxo) e menores (4,94 contra 6,14 metros de comprimento).

— Com o excesso de potência, precisamos converter parte da célula, que era em alumínio e aço, para titânio — contou Fairuza. — A mudança de motores, o uso de compostos e a nova estrutura resultou em uma economia de quase 1.000 quilos no peso da aeronave. A velocidade saltou de 2.4 para 2.7 mach e obtivemos ganhos expressivos em capacidade de subida e raio de curva. Em combate com o F-14 Tomcat, o Manul 2000 se sobressaiu em todas as arenas de combate.

Como citamos acima, outro aperfeiçoamento importante foi a substituição dos sistemas de controle tradicionais para um novo FCS e FBW totalmente digital projetado pela RAC-MiG. A resistência das células ultrapassa 9G e pode atingir 12G.

— Tom Cruise deveria conhecer o Manul 2000 — brincou Faharani. — Com o nosso avião ele talvez tivesse alguma chance contra um Sukhoi 57.

Radar AESA

Os iranianos deram um sopro de vida ao radar AN/APG-71. Uma antena AESA móvel, com um ângulo de varredura de 250°, e componentes digitais ampliaram o alcance do sistema para 250 km. O novo equipamento batizado de CIRO e é capaz de orientar mísseis Fakour 90 (cópia do Phoenix), R-37 e R-74 (russos). A tripulação agora dispõe de HMD e um painel com dois displays. Para completar o pacote, um IRST com 50 km de alcance.

O Fakour incorpora 40 anos de avanços tecnológicos. A eletrônica é atual e a antena de guiagem ativa emprega um radar AESA.

— É uma excelente alternativa aos modelos ocidentais, chineses e russos — contou Fairuza. — Ele é compatível com todos os sistemas de lançamento e o processo de integração é bastante amigável.

Fairuza

Engenheira Fairuza Farahani

A engenheira encarregada dos dois programas mais secretos da Força Aérea Iraniana se formou em Ciências Aeronáuticas pelo Instituto de Aviação de Moscou. Tem 45 anos e especialização em nível de mestrado e doutorado no Instituto Central de Aerohidrodinâmica (TsAGI) da Rússia. Ela é zoroastriana. Apesar de jovem, foi convidada para representar seu grupo religioso na Assembleia Consultiva Islâmica nas eleições de 1º de abril de 2022. A Constituição da República Islâmica exige que os povos do livro — cristãos, judeus e zoroastrianos — participem dos trabalhos legislativos.

— Declinei da oferta — contou Fairuza — minha paixão são os aviões e não a política.

Como última provocação, ela disse que Manul é uma espécie de gato selvagem que dificilmente pode ser domesticado.

— Tomcat é qualquer gato doméstico, vive nas ruas ou em casa. O Manul é indomável e representa o espírito persa. Temos mais de 4 mil anos de civilização e uma história rica. Pretendemos exportar o Azarakhsh 1000 e já temos clientes em perspectiva. No momento, dispomos de um grupo de caça equipado com ele e um esquadrão de Manul 2000. Pretendemos também dar um novo sopro de vida aos F-14. Vamos equipá-los com o CIRO, nova aviônica e o IRST. No futuro, vamos nacionalizar os motores RD93 e o AL-41. Prezamos nossa independência.

NOTA DOS EDITORES: para você que chegou ao final do texto, trata-se de uma tradicional brincadeira que fazemos todos os anos, notícia de 1º de abril, dia da mentira.

Subscribe
Notify of
guest

85 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments