John Barnett, um ex-funcionário da Boeing conhecido por expor preocupações sobre os padrões de produção da empresa, foi encontrado morto nos Estados Unidos. Barnett, que dedicou 32 anos de sua carreira à Boeing até se aposentar em 2017, havia se tornado uma figura central em uma ação judicial de denúncia contra a companhia. Seu falecimento, confirmado pelo legista do Condado de Charleston à BBC, foi resultado de uma “ferida autoinfligida” em 9 de março, com a polícia atualmente investigando o caso.

Durante seu tempo na Boeing, especialmente enquanto gerente de qualidade na fábrica de North Charleston que produz o 787 Dreamliner, Barnett levantou alarmes sobre práticas de produção questionáveis. Ele alegou que, sob pressão para acelerar a produção, trabalhadores instalavam peças abaixo do padrão nas aeronaves e que sistemas de oxigênio essenciais apresentavam uma taxa de falha alarmante de 25%. Apesar de seus esforços para alertar os gerentes sobre essas questões críticas de segurança, ele sentiu que suas preocupações foram ignoradas.

A Boeing, por sua vez, negou as alegações feitas por Barnett, embora a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) tenha confirmado algumas de suas preocupações em uma revisão de 2017. A investigação da FAA revelou a presença de peças “não conformes” na fábrica, cuja localização era desconhecida, levando a Boeing a ser ordenada a tomar ações corretivas. Além disso, a empresa admitiu ter identificado problemas com cilindros de oxigênio que não funcionavam adequadamente, mas negou que estes tenham sido instalados em qualquer aeronave.

Após se aposentar, Barnett processou a Boeing, acusando-a de difamar seu caráter e prejudicar sua carreira devido às questões de segurança que ele levantou. No momento de sua morte, ele estava em Charleston para participar de entrevistas jurídicas relacionadas ao caso. Sua morte trágica ocorreu após um depoimento formal em que foi interrogado pelos advogados da Boeing, destacando a tensão em torno do caso.

A morte de Barnett surge em um momento de intenso escrutínio sobre os padrões de produção da Boeing e de seu fornecedor chave, a Spirit Aerosystems, especialmente após incidentes recentes que questionaram a segurança de suas aeronaves. Este contexto sublinha a importância das preocupações levantadas por denunciantes como Barnett e os desafios enfrentados por aqueles que buscam expor falhas dentro da indústria aeroespacial.

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