Ministro da Defesa e comandante da Aeronáutica estavam a caminho da Suécia, mas deram meia-volta devido ao ataque do Hamas a Israel, no dia 7 de outubro

Manhã de sábado, 7 de outubro de 2023. Tudo estava encaminhado para que, ao longo daquele dia e dos dias seguintes, o ministro da Defesa José Múcio e o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno, realizassem uma viagem à Suécia para importantes negociações.

As duas autoridades lideravam a comitiva que passaria alguns dias em Estocolmo negociando acordos para a compra de 14 caças Saab Gripen adicionais para o Brasil e a venda de 4 jatos de transporte militar Embraer KC-390 para os suecos. Mas o início da guerra entre o grupo terrorista Hamas e Israel, a milhares de quilômetros da Escandinávia e mais longe ainda do Brasil, mudou os rumos da viagem.

Antes de seguir com a notícia, um lembrete:

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Prosseguindo com a notícia:

Apuramos que ao longo dos dias anteriores foram publicadas portarias no Diário Oficial da União sobre a ida de Múcio e Damasceno à Suécia: a portaria número 4889 assinada em 3 de outubro de 2023 e publicada no dia 6, autorizou o afastamento do país do comandante da Aeronáutica, no período entre 7 e 11 de outubro.

O objetivo era acompanhar e assessorar o ministro da Defesa em reunião bilateral entre Brasil e Suécia, a ser realizada na capital sueca, Estocolmo. O transporte estava a cargo da FAB, a Força Aérea Brasileira, assim como o ônus com as diárias da viagem.

Também havia sido publicada a portaria número  4870, em 2 de outubro, designando o comandante da Marinha, almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, para substituir o titular da Defesa durante seu afastamento do país. Porém, tudo precisou ser cancelado, o que foi formalizado em duas portarias assinadas no dia 9, com os números  5027 e 5030, tornando sem efeito tanto o afastamento do país de Damasceno quanto a designação de Olsen para substituir Múcio durante a viagem. Àquela altura, as aeronaves da FAB utilizadas em viagens ao exterior já estavam realizando voos para repatriar centenas de cidadãos brasileiros em Israel, em meio ao conflito que há uma semana já matou milhares de pessoas, entre israelenses e palestinos, incluindo três brasileiros confirmados até agora.

Na noite de 7 de outubro a jornalista Naira Trindade, do diário O Globo, trouxe mais detalhes sobre o ocorrido, em nota publicada na coluna de Lauro Jardim.  Múcio e Damasceno chegaram a embarcar para a viagem a Estocolmo. Já haviam decolado da escala em Cabo Verde e, aos 40 minutos de voo, decidiram dar meia-volta ao saberem dos ataques de terroristas do Hamas a localidades em Israel.

A volta ao Brasil foi decidida, segundo a nota, para deixar a aeronave da FAB à disposição de brasileiros num momento em que o governo deveria decidir pela repatriação de cidadãos. Naquela tarde, já de volta ao Brasil, ambos participaram de uma longa reunião no comando da Aeronáutica, para traçar os planos que foram realizados nos dias seguintes: a “Operação Voltando em Paz”.

Já no dia 9, o primeiro KC-30 pousava em Roma, na Itália, após um voo de 9 horas a partir de Natal, Rio Grande do Norte. E outras aeronaves eram colocadas à disposição, totalizando dois KC-30, dois KC-390 e 2 VC-2, para uma operação que neste momento já completou o quinto voo de repatriação, somando mais de 900 brasileiros repatriados, e com o oitavo voo já iniciado a partir do Brasil.

E como fica a negociação que ocorreria na Suécia, já que o encontro presencial foi impedido pela guerra em Israel e na Palestina?

Até onde apuramos, a viagem à Suécia anunciada por José Múcio em 26 de setembro, e que precisou ser interrompida no dia 7, não tem ainda nenhuma portaria publicada sobre nova data.

Uma nova viagem para a negociação que incluiria 14 caças F-39 Gripen no primeiro lote de 36 aeronaves, elevando essa encomenda para 50 jatos, assim como a discussão para uma possível venda de 4 aviões de transporte militar Embraer KC-390 à Suécia, continua pendente.

Porém, no mesmo dia 9 de outubro foi publicada a portaria 5017, autorizando uma outra viagem à Suécia, com outro propósito: a participação de dois servidores do Ministério da Defesa na 30ª reunião do Comitê Executivo em Aeronáutica e na  4ª Semana de Inovação Brasil-Suécia.

Os eventos ocorrerão entre  6 e 10 de novembro de 2023, em Estocolmo, com afastamento entre os dias 4 e 12 do secretário-geral do MD, brigadeiro do ar Antonio Ferreira de Lima Júnior, assim como do coronel reformado Geraldo Diniz Branco, gerente da Divisão de Tecnologias Sensíveis do Departamento de Ciência, Tecnologia e Inovação. Outros despachos dos últimos dias indicam que outros servidores do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação participarão do evento.

Será que o ministro Múcio e o comandante Damasceno aproveitarão a oportunidade para também viajar à Suécia e, enfim, retomar a negociação de mais caças Gripen para o Brasil e de jatos KC-390 para os suecos?

Afinal, no fim de setembro o ministro da Defesa enfatizou a importância de tratar das negociações pessoalmente, com as seguintes palavras: “Eles estão exigindo nossa presença para tratar disso, são três ou quatro (unidades). Vamos tentar fazer negócio, eles querem vender mais Gripen para nós também”.

Será que essa negociação pessoal acontecerá no início de novembro, durante os eventos já mencionados, ou será que Múcio e Damasceno marcarão uma viagem só para este fim? Por enquanto não temos novidades, mas continuaremos atentos para trazer qualquer atualização.

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