Guerra do Yom Kippur – 50 anos
Por Guilherme Poggio (*)
Sábado, dez horas da manhã do dia 6 de outubro de 1973. Milhares de judeus comemoravam a data mais sagrada do ano nas sinagogas de Israel. Como nos anos anteriores, o país parava mais uma vez para o feriado do décimo dia do Tishrei, conhecido como Yom Kippur ou o dia do perdão. No ar, um único par de Mirage quebrou o silêncio que reinava fora das sinagogas. O elemento era liderado pelo tenente Michael (“Mickey”) Katz, uma jovem promessa da FAI. Katz tornou-se o primeiro piloto da Força Aérea a voar o Mirage em menos de um ano após graduar-se na Academia da Força Aérea. No seu curso de conversão operacional de 1968/69 participaram dez pilotos que tiveram carreiras brilhantes na guerra e na paz. Oito deles reivindicaram abates, três viraram ases e um chegou a comandar a FAI na década de 1990.
Logo no começo da manhã daquele dia Katz reuniu-se com o comandante do Esquadrão 101, Avraham Lanir, na base de Ramat David. O jovem tenente e o seu colega Yair Barak seriam, possivelmente, os únicos pilotos da FAI a realizar uma missão naquele feriado. Era uma missão de reconhecimento sobre o Canal de Suez. Todas as missões de reconhecimento são importantes, mas os resultados daquela especificamente poderiam definir se o país entraria em guerra no dia seguinte ou não.
Aos poucos a base Ramat David foi se enchendo de pessoas e ao redor de Katz reservistas corriam de um lado para outro. Uma situação muito diferente daquela calma que reinou na base nos últimos dois anos. No seu caminho para o hangar subterrâneo, onde se encontrava a aeronave de reconhecimento, o jovem tenente foi mais uma vez abordado pelo comandante do esquadrão. “Para o Egito não. Você vai para a Síria agora!”, disse Lanir. Não era o momento apropriado para questionar a ordem e Katz preparou um novo jogo de mapas e se familiarizou com a nova rota.
Já no hangar subterrâneo Katz recebeu um telefonema de Lanir. “Veja”, começou o comandante, “eu também não sei o que está acontecendo aqui, mas você irá para o Egito de uma vez por todas conforme o plano original. É urgente e você não pode se atrasar.” Em poucos minutos os dois deltas já estavam a 60 mil pés de altitude rumo ao Egito.
Ao retornar da missão, o tenente estranhou a ausência do soldado que costumava descarregar os filmes da aeronave e levá-los para o laboratório. No seu lugar havia uma quantidade enorme de oficiais de alta patente que esperavam impacientemente. Sem demora eles pegaram os filmes e partiram. Ninguém na base ousou perguntar para onde seriam levados. O material seguiu direto para as mãos dos círculos mais altos de decisão. Era a prova cabal de que uma enorme força militar egípcia estava prestes a cruzar o canal.
(*) o texto acima fará parte de um futuro livro que ainda está em produção
Sacanagem acabar o texto assim do nada hehehe
É o famoso “Shut up and take my money!!!”
Então não foi um ataque surpresa como a história conta. Israel sabia que o ataque iria acontecer a qualquer momento. Porquê não convocou os reservistas? Quem errou?
Se você leu a matéria, talvez tenha percebido que essa missão ocorreu no dia da invasão. É um pouco difícil mobilizar todo mundo com apenas poucas horas de antecedência. Fossem dias, tudo bem, mas poucas horas em um feriado como Yom Kippur, não dá. Então foi sim um ataque de surpresa.
Amigo. Eu sempre achei estranho esse ataque surpresa. A inteligência de Israel é muito boa. Mobilização de milhares de soldados na fronteira e não saber que vai ter um ataque. Sei não. Só os sírios lançaram um ataque de 1000 tanques contra as colinas de golan. A brigada golan de tanques de Israel tinha 150 e foi completamente destruída. Mas conseguiu barrar o ataque da Síria até a chegada de reforços. Será que Israel não queria a G para fazer um acordo de paz depois. O orgulho árabe estava muito ferido depois da G dos 6 dias. Vamos aguardar esse… Read more »
Na autobiografia de Anwar El Sadat, este relata que, passada a metade da guerra, Israel descobriu uma brecha entre duas grandes formações do exército egípcio e penetrou por ali, iniciando a derrocada egípcia. O versão que ganhou notoriedade hj em dia é a de que Israel conseguiu causar uma enorme confusão nos egípcios e que, por isso, os últimos acabaram perdendo. Porém, segundo Sadat, na verdade havia era o perigo de o Egito conseguir fechar novamente dita brecha e assim teria uma grande qtde. de israelenses presos num bolsão, em território egípcio e que só aí é que os EUA… Read more »
Concordo 100%. Além do que na época os árabes em especial o Egito, vinham realizando diversas mobilizações de grande porte obrigando Israel a também se mobilizar causando efeitos negativos em sua economia (grande parte do Exército de Israel era de conscritos). Depois de um tempo Israel passou a confiar mais em seu serviço de inteligência acreditando que o mesmo seria capaz de prever uma invasão real com antecedência. Mas matérias como essa engrandecem trazem novas informações muito interessantes.
Mais do que na Inteligência, Israel confiava na sua força aérea. Diziam, antes dessa guerra que, na próxima, a força aérea deveria “lutar a sua guerra” primeiro e, só então, é que voaria em apoio ao exército. Não conseguiu executar dito plano como preconizado. Isso está detalhado no livro A Guerra do Yom Kippur, de Chaim Herzog. Giora Epstein, que é o maior ás da era a jato e que nessa guerra tinha uma função de planejamento/staff, também relata, no seu livro Hawkeye o “atropelo” que eram ordens e contra-ordens incessantes, fazendo com que o exército apanhasse muito nos primeiros… Read more »
Foi menos surpresa do que se fala, e o fato de que foi no Yom Kippur ajudou a mobilização, pois todo mundo estava em casa ou rezando. Mas sim, foi uma falha de inteligência e acima de tudo, política.
A matéria do livro vai começar e ficar sem uma conclusão como o texto escrito aqui também?
?
Isso, será um livro em que todos os capítulos estarão incompletos, uma grande inovação no campo literário!
(Brincadeira)
Uma sugestão para o autor: deixe os capítulos pela metade, acrescentando algumas páginas em branco para que cada comentarista daqui possa completar, de acordo com suas lentes preferidas.
Tem cada contorcionismo retórico para negar fatos, que só pode ser o prenúncio de grandes vocações para a literatura de ficção.
Perfeito.
Vou sugerir.
Compra o livro para ler o resto.
Pelo menos eu agora fiquei com vontade disso. Pena que o livro está em produção ainda.
Mais uma surra, das muitas que os árabes levaram.
Os Mirage foram formidáveis em todas as
missões. Um vetor que superou os caças russos.
Realmente a performance de Israel nessa guerra foi impressionante. Mas no primeiro momento, os Árabes conseguiram atingir a vantagem, a ponto de Israel cogitar usar armas nucleares. Essa guerra foi o grande teste de sobrevivência do estado Judeu.
EDITADO:
COMENTARISTA BLOQUEADO POR NÃO SEGUIR AS REGRAS PARA COMENTÁRIOS.
Na Guerra dos seis dias a legião árabe da Jordânia , armadas e equipamentos da Inglaterra e EUA, lutou bem. Mas eram forças armadas pequenas. No final Israel ganhou.
Legal.
Mas o artigo é sobre a do Yom Kippur.
Pelo que já vi de vídeos a respeito os pilotos da Jordânia eram os pilotos árabes que mais trabalho davam aos israelenses pois o treinamento deles era tão bom quanto o treinamento dos pilotos israelenses e superior ao treinamento dos outros pilotos árabes.
essa guerra mostrou como defesas aéreas móveis como o SA6 e ZSU23-4 eram letais contra aeronaves de ataque sem bombas stand-off, sistemas EW e doutrina de SEAD.
Verdade. Foi a primeira vez que a URSS testou em combate a doutrina de defesa antiaérea em camadas. Mísseis antiareos de pequeno alcance, zsu23+4, mísseis antiareos de médio e longo alcance. Israel perdeu dezenas de aviões nos primeiros dias. Igual hoje na G da Ucrânia o grande problema foi a munição e a reposição de aviões,etc. Os EUA lançaram uma ponte aérea retirando munição e aviões para ajudar Israel. E a Rússia fez o mesmo lançando uma ponte aérea para abastecer os árabes de munição de todos os tipos e aviões. Tropas até de Cuba, Argélia, Coreia do Norte, Iraque… Read more »
Cuba e Coréia do Norte enviaram “tropas”? Está certo disso?
Teria mais informação?
Coreia do Norte aviões e pilotos. Cuba também ajudou.
Cuba 1 batalhão e pilotos.
Fonte?
Tropas cubanas atuaram no Egito 1970 a 1973, na Etiópia 1977 e em Angola década de 80.
Sim, isso é uma coisa, mas, especificamente, de terem atuado em combate na guerra do Yom Kippur, essa é a dúvda.
Há que se explicitar que no caso de Angola, foi declaradamente uma força expedicionária cubana pra tanto treinar as tropas angolanas quanto pra combater as sul-africanas na Namíbia.
Mas, afirmar que estiveram e combateram pelo Egito (a exemplo dos outros países que você citou mais acima, que tb o fizeram declaradamente), ao menos pra mim, é novidade.
O mesmo valendo pras norte-coreanas.
Certo.
Poderia indicar algum livro, site,…?
Tropas cubanas e soviéticas estavam no Egito desde 1970 treinando os egípcios nas novas doutrinas antiaérea e os pilotos. Em 1972 os soviéticos saíram do Egito, parece que já sabia que teria o ataque, más os cubanos continuaram no Egito até a G.
A ajuda não veio da OTAN. Veio dos EUA. Só e somente só.
Verdade. Os EUA retiraram munição e equipamentos que estavam em países da OTAN na Europa. Mais perto.
Lembrando que a dependência do óleo árabe (para a Europa) era muito grande naquela época.
Além da pesquisa, contar sobre algo já acontecido mostrando a incerteza daquele momento e como história não é destino é uma habilidade importante. Parabéns pelo trabalho promissor.
Que arma é aquela que o IAI Nesher está carregando?
Aparentemente está com três tanques externos de combustível e um par de mísseis ar-ar Shafir.
Obrigado
Shafrir. Só para corrigiro o typo do Nunão. O ‘r’ decidiu se esconder.
Obigado
O grande problema de uma G de grandes proporção chama munição e reserva. Sem isso qualquer país pode ser conquistado facilmente. Na segunda G mundial a Alemanha investiu pesado em munição antes da invasão da França. Depois antes de invadir a URSS a Alemanha investiu ainda mais em munição. O que deu a Alemanha um tempo bom antes que a URSS e aliados conseguisse produzir munição e equipamentos em suas fábricas. Aí a Alemanha perdeu a G mundial a indústria da Alemanha não conseguia produzir munição e aviões, tanques igual aos aliados. No final a Alemanha perdeu a G mundial,… Read more »
Eu já consegui ler vários livros que conta o lado Alemanha da guerra como” o preço da destruição” e o “outro lado da colina ” que mostra a fragilidade da indústria da Alemanha para uma guerra longa. Também já consegui ler vários livros da Guerra dos seis dias e da guerra do yom Kippur. Vamos aguardar esse livro muito interessante. O grande problema de uma G de longo prazo chama munição e reposição de perdas
Outro bom livro para ler sobre as guerras árabes israelense é ” seis dias de guerra”. E que mostra os detalhes das batalhas e como Israel perdeu a grande oportunidade de de destruir a mesquita e reconstruir o templo de Salomão. Até hoje Israel quer reconstruir o templo de Salomão. Mas perdeu a oportunidade. Infelizmente porque eu torço para que isso aconteça.
Para que às professias se cumpra e necessário antes que o terceiro templo de Salomão seja reconstruído. Aí teremos o milênio e a volta de Jesus Cristo para a terra. Vamos aguardar.
Como você consegue misturar cristianismo com judaísmo em um tópico sobre uma guerra acontecida há 50 anos??
E aos pouquinhos você volta ao velho tema do Quinto Império de Daniel, onde a jiripoca não para de piar, né?
https://m.youtube.com/watch?v=du6biKxLxRY&pp=ygUfZGFuaWVsIGhvamUgYSBqaXJpcG9jYSB2YWkgcGlhcg%3D%3D
Doutor Nunao eu vou comprar esse livro. Mas pede ao autor para não falar sobre milênio, Armageddon, governo mundial do anticristo, grande tribulação, criação do estado de Israel, o porque que o terceiro templo de Salomão tem que ser construído, destruição do mundo futuro com fogo (armas nucleares?), antes foi o dilúvio, criação do quinto império no Brasil pelos templários e judeus, etcetera. 99% do povão não conhece e não está preparado para conhecer. Tem que ler muitos livros.
Essechapéu de alumínio está em forma de cruz. Deve pegar transmissões adicionais.
O problema é que a indústria alemã, assim como a indústria japonesa, era altamente dependente de matéria-prima estrangeira.
O tungstênio usado em blindagens e munições anti-tanque, dentre outros metais necessários, vinha quase todo da URSS.
O petróleo vinha da Bulgária e Romênia, os primeiros países a caírem na contra-ofensiva soviética.
A Itália não era rica em recursos naturais, e sua capacidade industrial nem chegava perto da Alemanha.
Verdade. Pôr isso antes de atacar a Alemanha fez um estoque gigantesco de munição.
E esse estoque gigantesco foi embora em poucas semanas de invasão a URSS…
Em poucas semanas não. O estoque da Alemanha durou 2 anos ou mais. Lógico com a produção a mais da indústria. Depois desse prazo a indústria bélica da Alemanha não conseguiu acompanhar a produção de munição e armas dos aliados.
Verdade. O Japão atacou os EUA pôr causa das sanções que os EUA aplicaram antes contra o Japão. O Japão só teria petróleo para mais um ano de guerra ou teria que se render. O ataque japonês informações de inteligência afirmar que os EUA já sabia, e retirou os porta aviões para não serem destruído. E depois do ataque os EUA conseguiu a grande mobilização popular para a guerra , pois antes a população dos EUA não queira guerra. Top secret.
Teoria da conspiração básica, e já bem batida.
Após a campanha da Polônia a Luftwaffe viu seu estoque de bombas esgotado. Se as hostilidades tivessem se prolongado naquêle momento teriam tido que recorrer a bombas de cimento.
Pouca gente sabe, mas antes da invasão da URSS, a logística alemã já estava no limite. A logística e os estoques de munições já estavam no limite quando a França capitulou, possibilitando um pequeno respiro a Alemanha.
Mas invasão da Africa pra ajudar a Itália apenas piorou isso ( pergunte a Rommel ) e a invasão a URSS multiplicou esse problema em 100X e finalmente arrebentou algo que já estava por um fio.
Verdade. Quando a Alemanha invadiu a Polônia, ela não estava preparada para uma G mundial. A Alemanha achava que a frança e Inglaterra não iria declarar guerra pôr causa de um país do leste. Se a Inglaterra e frança tivesse lançado um ataque contra a Alemanha naquele momento pegaria os alemães despreparados.
O livro pretende retratar o lado israelense da história? Se é o caso, o titulo se justifica. Afinal, para os muçulmanos vigia no mesmo momento o Ramadan. Para evitar essas dificuldades a revista inglesa Air International (como, suponho, outras publicações) chamava esse conflito de a “Guerra dos Dias Santos (Holy Day War)”.
Seja como for, sucesso com o livro. Esse é um mercado em que o produto brasileiro pode e deve ter uma presença crescente.
O livro é sobre um grupo de caças que Israel utilizou e não necessariamente sobre a visão israelense dos fatos. Não é um livro sobre guerra, mas sobre certos tipos de aeronaves de combate (e inclui o Mirage/Nesher).
Shlomo Erez voou nessa guerra. Foi abatido e resgatado. Foi instrutor de Dagger na Argentina. Estava lá durante a Guerra das Malvinas. Depois, no Brasil, foi presidente da AEL. Conheci-o numa RAC, em Santa Cruz, em 97.
Entevistei o Erez no começo deste ano. Pessoa muito simpática. Ele contou detalhes do combate que ele participou. Um dos maiores combates da história da aviação de caça supersônica. Quem sabe na semana que vem eu coloque esse trecho do (futuro) livro aqui no blog.
Israel perdeu mais de 100 aviões nessa G. A maioria nos primeiros dias para o sistema antiaereo montado no canal de Suez.
Pows sacanagem, isso deveria ser proibido kkkkkkkkkk afinal, qdo sai o livro?
Não tem data. Trabalho no livro eventualmente, conforme a minha disponibilidade de tempo. Ainda falta concluir o texto, entrar em contato com órgãos do governo israelense para obter fotos da época e terminar desenhos e mapas, muitos mapas.
Hoje está completando 50 anos do início da Guerra do dia do perdão.
Não diga?!?! Será que é por isso que o título dessa matéria é exatamente esse???
É complicado.
O medo do esquecimento é mais destrutivo que um ataque nuclear.
Israel chegou muito perto da derrota, foram salvos depois de ameaçar usar armas especiais (nucleares que segundo o governo não possuiam) o que levou aos americanos a dar suporte aos israelenses mandando armas, munições e outros equipamentos via ponte aérea!
Qual será o nome do livro e onde posso comprar?
Já tenho o nome do livro (que diz exatamente do que se trata), mas infelizmente não posso revelar ainda. Quem sabe quando ele estiver no “forno” e com número ISBN.
Bela matéria!
Chatimá Tová!