Saab JAS 39E Gripen

Numa entrevista exclusiva ao Breaking Defense, o CEO Micael Johansson disse que ele e outros líderes da indústria europeia também precisam de “objetivos  mais claros” e de coordenação da OTAN e dos governos europeus no meio da pressão generalizada por munições

DSEI 2023 — A agência de materiais de defesa da Suécia (FMV) deve comprometer financiamento adicional para um novo e “abrangente” estudo de caça a jato, de próxima geração, que abriria caminho para a Saab testar a tecnologia avançada necessária para um sucessor da aeronave Gripen E/F da empresa, disse o CEO da Saab Micael Johansson ao Breaking Defense em entrevista exclusiva.

A recomendação surge três meses depois de a  FMV e a Força Aérea Sueca terem dito à imprensa no Paris Air Show que os estudos e a “apuração de fatos” em apoio às tecnologias de caça da próxima geração eram uma prioridade.

Johansson confirmou que a Saab faz parte de um estudo inicial da FMV, mas disse esperar que a agência “agora avance com um estudo mais abrangente e invista mais dinheiro nele para que possamos testar e simular coisas”.

Ainda assim, espera-se que o Gripen continue voando até cerca de 2060, e Johansson admitiu que é “muito cedo” para a Saab considerar a perspectiva de desenvolver um caça demonstrador de próxima geração.

“Somos um dos poucos países no mundo ocidental que têm a capacidade de fazer essas coisas [projeto de caça a jato de próxima geração], então, é claro, queremos ser um player no futuro como OEM, inclusive em um sistema de nível de integração de sistemas.”

A abordagem de “sistema de sistemas” abrange a ideia de um futuro veículo central de caça em parceria ou comunicação contínua com uma gama de aeronaves, sensores e efetores auxiliares de maneira que os caças a jato em produção não foram capazes.

As ambições dos jatos de próxima geração da Saab foram desaceleradas em nível político depois que as autoridades suecas decidiram, em julho de 2023, que não há “necessidade imediata” de aderir ao Future Combat Air System (FCAS) franco-alemão-espanhol ou ao Global Combat Air Program (GCAP) envolvendo Itália, Japão e Reino Unido.

Estocolmo e Londres já tinham assinado um Memorando de Entendimento em 2019 cobrindo um “programa conjunto de desenvolvimento e aquisição de combate aéreo”, mas esses laços foram substituídos pela mais recente abordagem da FMV para avançar com os seus próprios estudos.

As áreas a serem examinadas incluem outros programas nacionais de caças de próxima geração e capacidades da indústria nacional, de acordo com a Aviation Week.

Micael Johansson

Johansson: A indústria europeia precisa de clareza na produção de materiais

Noutra parte da entrevista, Johansson disse que quer ver “objetivos mais claros” delineados pela OTAN e pelos governos nacionais em toda a Europa para apoiar a indústria, aumentando a capacidade de produção de sistemas de armas, à medida que várias nações tentam rearmar-se a si próprias e à Ucrânia ao mesmo tempo, com relativamente pouca coordenação.

De um modo geral, a elevada procura de armas e munições terrestres levou a dificuldades de produção e de fornecimento, embora tenha havido sinais, incluindo ordens de aquisição conjunta do Fundo Europeu de Defesa, de que o continente está fazendo progressos para aliviar o problema.

Mesmo assim, Johansson sugeriu que alguns problemas com fornecedores persistem.

“Há ocasiões em que, se você solicitar um orçamento a um fornecedor hoje, não obterá o prazo de entrega adequado e o orçamento não será válido por mais de um mês. Você receberá [receber uma oferta de] um novo orçamento e prazo de entrega”, explicou ele. “É realmente meio instável, de certa forma, ao planejar suas ações.”

Ele ressaltou que a Saab tomou medidas decisivas para fazer novos investimentos em “armas avançadas” que equivalem “mais ou menos” a uma quadruplicação da produção. Conforme relatado anteriormente pelo Breaking Defense, esses planos de produção cobrem uma meta de eventualmente atingir uma produção anual de armas terrestres, incluindo a Arma Antitanque Leve de Próxima Geração (NLAW – Next generation Light Anti-tank Weapon).

Horas depois de Johannson ter falado ao Breaking Defense, o alto funcionário da OTAN, almirante Sir Keith Blount, pareceu abordar as reclamações do CEO da Saab sobre a aliança num discurso de abertura, dizendo que o “nascente” Plano de Ação de Produção de Defesa da OTAN poderia ajudar com as ineficiências.

“É o reconhecimento de que a OTAN pode mudar e trabalhar melhor com os parceiros da indústria”, disse Blount, observando que a Agência de Aquisições da OTAN está participando na DSEI para trabalhar mais estreitamente com a indústria. “Trata-se de alavancar economias de escala considerando um parceiro de negócios da aliança, em vez de uma nação individual.”

No nível de aquisição, as vendas de aeronaves Gripen têm sido um teste para a Saab, muitas vezes perdendo para o caça F-35 de quinta geração dos EUA. Johannson sugeriu que às vezes acreditava que havia mais em jogo do que uma avaliação objetiva dos próprios caças.

“Precisamos de liderança política para nos apoiar e, obviamente, o Departamento de Estado dos EUA, no apoio às indústrias dos EUA pode ter uma grande influência”, explicou Johansson. “Gostaria que pudéssemos entender as decisões [em torno de aquisições] em países de alto nível, mas elas deveriam ser menos políticas e mais sobre capacidade e requisitos do usuário final.”

FONTE: Breaking Defense

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Leonardo Bastos

“’Precisamos de liderança política para nos apoiar e, obviamente, o Departamento de Estado dos EUA, no apoio às indústrias dos EUA pode ter uma grande influência’, explicou Johansson”. Para bom entendedor…

Rodolfo

O Rafale tem conseguido emplacar algumas vendas recentemente, o de

Rodolfo

A Dassault tem conseguido emplacar algumas vendas do Rafale recentemente, o Ministério de Assuntos Estrangeiros Francês com certeza está por trás também apoiando o negócio, nada de mais aí.
Mas sim, ele tá perdendo negócio pro F35 e quer dizer que os países da OTAN vem escolhendo essa plataforma por pressão americana. Acho que isso não condiz com a verdade. A Europa ocidental vem operando na maior parte caças americanos desde o fim da 2a guerra mundial à exceção de Reino Unido e França que tem uma indústria aerospacial forte.

Chris

Pode ser… Mas eu acho que quem pode ir de caca de 5a geracao (F-35)… Nao vai de 4a (Gripen).

Rodolfo

Concordo.

Nonato

A Europa em guerra e esse pessoal batendo cabeça. Uma coisa tão simples aumentar a produção de armas e munições. Ele falou que pedem orçamento a fornecedores, que não dão prazo de entrega. O que esse pessoal quer da vida? A Europa em guerra e agem como retardados. Ah, hein, não sei… Quanto a caça de 5a ou 6a geração nada impede a Suécia de junto com o governo sueco iniciar estudos. Isso não custa dinheiro. A Saab tem 19 mil funcionários que recebem o salário todo mês independente de qualquer coisa. O que custa alocar 15 engenheiros para definitivamente… Read more »

Cansado

Depois eu que sou o louco. A própria Saab querendo recursos para uma nova aeronave.
Nem preciso concluir. I rest my case.
Eu avisei.

RICARDO N BARBOSA

Caminho mais do que natural, já que estaria operacional apenas por 2045.

Underground

Precisamos que a Embraer solicite aporte de recursos para estudos e desenvolvimento da próxima geração de aeronaves. Tal o atraso tecnológico militar que estamos que compulsoriamente teremos de pular a 5ª geração e irmos direto para a 6ª geração.

Willber Rodrigues

“Precisamos que a Embraer solicite aporte de recursos para estudos e desenvolvimento da próxima geração de aeronaves.”

É impossível fazermos isso sozinhos. Se quisermos algo concreto, temos que participar do FCAS ou GCAP, ou outro programa de caça de avançado.
Caso contrário, gastaría-mos tempo e grana em algo que não sai do lugar.

Underground

Fui irônico.
A tal transferência de tecnologia, exigência do FX2, de nada serve.

Rinaldo Nery

Serve sim. No mínimo, o conhecimento pra embarcar num projeto desses.

GRAXAIN

Veremos quantos Gripens serão montados na novíssima linha de montagem da Embraer? Projetos estratégicos derivado desse ToT? Duvido! Mesma piada com as corvetas Barroso e os Scorpenes… Pague3 e leve 1!

Camargoer.

Caro. Pelo que lembro, 15 unidades do primeiro lote serão produzidos na Embraer. Alguma dúvida sobre isso?

Rodolfo

A Embraer iniciou estudo de uma plataforma UCAV similar a da Boeing desenvolvida na Austrália (ghost bat) em 2021, pelos rumores não teve aporte federal pra ir além da fase de estudos. Caça de 6a geração então ainda menos provável.

SGT MAX WOLF FILHO

O comandate da Forca Aerea na Epoca 2021 disse nos corredores que Drones não seria o futuro da Aviação, que seria o Piloto o diferencial, acho q ele vive em Narnia so pode! Porque a guerra da Ucrania provou o contrário, estamos a pé de comandantes isso sim, não sabem prever o óbvio, imagina o complexo.

Rodolfo

A diferença ainda é mais gritante porque essa geração nova de drones será operada por inteligência artificial, o gap tecnológico será ainda maior se a FAB resolver ficar no passado. Fora que eu penso que IA militar vai ter barreiras para exportação, não vai ter transferência de tecnologia nessa área.
Por mais que um piloto da FAB seja excelente, a vantagem numérica de um enxame de “attritable” drones operados por IA vai mudar a dinâmica do combate aéreo, não precisa ser muito inteligente pra perceber isso.

GRAXAIN

Não produzimos nem motores a combustão, o projeto Astros já tem quase 50 anos, submarino nuclear não existe, só seus gastos ineptos há meio século, esquece esse papo de arminha moderninha feita no brasilzinho para nossas forcinhas desarmadinhas… ToT para não fabricar NADA. Quero ver quantos Gripens sairão da nova fábrica da Embraer nos próximos 10 anos…

Angelo

Acho que seria melhor pra saab iniciar logo algum projeto de próxima geração seja sozinha ou em parceria ” projeto inglês ou francês ” pois se demorar muito quando o dela ficar pronto o mercado já vai estar bem abastecido de aeronaves de quinta geração com os custos mais reduzidos e as de sexta geração , aí fica difícil pra vender. Ainda bem que ela tem expandido seus produtos marítimos e terrestres além de parcerias com a Boeing no 787 e no treinador. Pra saab se a sua fábrica de estruturas no Brasil conseguisse fornecer para linha comercial da Embraer… Read more »

Toro

Na mesma semana temos a requisição de mais recursos para o Gripen C e a requisição de recursos para o que vem depois do Gripen E, e o Gripen E só chegando operacionalmente na Suécia no fim de 2025 (isso é a chegada aos esquadrões operacionais) já que as aeronaves atuais não são de produção em série e estão sob responsabilidade da FMV ao invés da FA deles. E para completar na mesma semana a Rep Tcheca respondendo aos ataques na mídia deixando bem claro que preferem o F-35 ao Gripen E. Do nosso lado temos o nosso cronograma que… Read more »

Wellington Góes

Cuidado, comentários que buscam gerar raciocínios críticos são considerados blasfêmias…

Robson Rocha

Enquanto na Europa, EUA, Coreia do Sul e Turquia é normal que o governo apoie financiando os estudos da indústria de defesa, aqui rasga-se contratos e diminui-se alegando que a FAB já ajudou demais a Embraer financiando o KC-390.
No disputado mercado de defesa, alguém deve estar errado, ou o Brasil ou os demais países que apoiam a sua indústria. Obviamente, devem ser os demais países.

Wellington Góes

Você é um ignorante… Por óbvio que todos estão errados. Os ex-comandantes da FAB são muitíssimo mais capazes do que todos esses outros gestores (CEOs e comandantes). A FAB é a força aérea mais capaz e mais operacional do mundo, como estão errados?!
Deveria ter vergonha desse comentário…

Obs: contém sarcasmo/irônia.

ChinEs

Infelizmente o Brasil caiu nessa ladainha do Gripen, hoje teriamos os caças F-35 voando na FAB…

Wellington Góes

Não, não teríamos, mas poderíamos ter um caça de 4a geração de fato operacional a pelo menos 10 anos e agora sim pensando no de 5a geração. As opções operacionais que de fato nós tinhamos era F/A-18E/F (com todo coleira estadunidense), ou o Rafale (que apesar de mais caro, nos daria mais liberdade ToT e Offset, especialmente no componente de tecnologia embarcada). O problema é que nossos comandantes são naturalmente medíocres (ou com interesses escusos e por isso optam pela mediocridade da força), então dificilmente veremos uma força aérea com efetiva capacidade de combate e uma indústria aeronáutica com maior… Read more »

GRAXAIN

Não exportou bem, só para o Brasil! Não há mais grana no Reino da Suécia para aventura de 6ª geração.