Equipamento produzido com base em tecnologias nacionais possibilitará pesquisas sobre o impacto das mudanças climáticas

No dia 28 de setembro, teve início a maior operação brasileira no interior do continente antártico, com o embarque do Laboratório Automatizado e Sustentável “Criosfera 2”, que parte da Base Aérea de Canoas para a base de Punta Arenas, no Chile, de onde seguirá para a Antártica.

O laboratório foi montado pela equipe do Centro Polar e Climático da UFRGS, integrando o Programa Antártico Brasileiro (Proantar), e desenvolvido com tecnologia gaúcha, com a estrutura principal fabricada por empresa local. O transporte será realizado pela nova aeronave Embraer KC-390 da Força Aérea Brasileira. O Proantar é apoiado pela FINEP, com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).

O módulo ficará em Punta Arenas por aproximadamente 30 dias, para, então, ser enviado em outro avião através do continente gelado até o paralelo 80º Sul, local onde será instalado. A missão irá durar cerca de um mês e meio, do final de novembro ao início de janeiro, dependendo da situação meteorológica. No total, irão participar oito pesquisadores da UFRGS, sendo que quatro serão responsáveis por acompanhar, testar e instalar o Criosfera 2, retornando logo em seguida. O restante do grupo, liderado pelo pesquisador Jefferson Cardia Simões, integrante do Comitê Nacional de Pesquisas Antárticas (CONAPA/(MCT) viajará pelo continente em missão avançada a fim de fazer perfurações de gelo e coletar dados geofísicos. Além do laboratório, foi embarcada a carga de manutenção do Criosfera 1.

Objetivos

Em relação ao Criosfera 1, o módulo 2 prioriza tecnologia nacional, desenvolvida totalmente no Brasil e com equipamentos nacionais, excetuando alguns itens importados, como sensores. O módulo está dedicado à pesquisa sobre mudanças do clima, climatologia e glaciologia. “Ele é diferenciado, porque nós estamos olhando outro setor geográfico da Antártica – a região do Mar de Weddell e da plataforma de gelo onde vai estar localizada – que está mais relacionada à variabilidade do clima do Atlântico Sul, e, principalmente, do Cone Sul, Sul do Brasil, Argentina e Uruguai”, explica o professor Jefferson, também vice-pró-reitor de Pesquisa da UFRGS.

De acordo com o docente, “nossa grande meta é melhorar o entendimento da variabilidade climática da Antártica e como ela afeta a formação de frentes frias, a geração de ciclones extratropicais e os eventos extremos do clima. Também se pretende apoiar a pesquisa de investigação glaciológica de uma área geográfica maior”.

Jefferson explica como se estrutura a operação sob sua coordenação-geral, a maior expedição brasileira já realizada no interior do manto de gelo antártico, avançando por mais de dois mil quilômetros além da Estação Comandante Ferraz: “São três grupos diferentes: o do Criosfera 2, composto unicamente por pesquisadores da UFRGS, liderados pelo pesquisador do PPG em Geografia Francisco Eliseu Aquino; o grupo da Geleira Payne, um acampamento chefiado pelo próprio Jefferson, do qual participam outros três pesquisadores ligados à UFRGS e mais dois geofísicos da Universidade Federal do Pará; e, finalmente, três pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, que irão fazer a manutenção do Criosfera 1”.

Financiamento e envolvimento discente

A ação do Programa Antártico Brasileiro (Proantar) é apoiada pela Secretaria Interministerial para os Recursos do Mar e envolve a cooperação entre UFRGS, Marinha do Brasil e Força Aérea Brasileira (FAB), com recursos oriundos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). A construção do módulo custou R$ 250 mil, financiados meio a meio por Fapergs e CNPq/MCTI. O transporte e a logística até a Antártica sairão por cerca de R$ 3,5 milhões e ficarão totalmente a cargo do Ministério, com recursos repassados à UFRGS pela Finep.

O pró-reitor frisa que a ação de transporte e instalação do Criosfera 2 é exclusiva da UFRGS, por meio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnológica da Criosfera, gerido pelos pesquisadores da Universidade; enquanto a direção logística, a liderança científica e a execução ficam a cargo do Centro Polar e Climático da UFRGS.

Em relação à participação de estudantes, o docente afirma que “o Centro Polar e Climático envolve o trabalho de mais de 60 pessoas, oriundas de diferentes programas de pós-graduação, incluindo alunos de iniciação científica, mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos. Um grupo técnico, que é nosso sustentáculo, principalmente na parte analítica”. Jefferson finaliza ressaltando que o PROANTAR não é um projeto de governo, mas do Estado brasileiro, financiado por meio de recursos públicos do MCTI. E comemora: “Essa iniciativa toda demonstra a liderança gaúcha, pois hoje cerca de 60% dos projetos de pesquisa do Programa Antártico estão ancorados nas cinco universidades do Rio Grande do Sul”. O transporte e a logística até a Antártica sairão por cerca de R$ 3,5 milhões e ficarão totalmente a cargo do ministério, esses recursos foram repassados à UFRGS pela FINEP.

FONTE: UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul

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