Sucesso do Starlink na Ucrânia estimula o desenvolvimento de armas anti-satélite

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Em novo relatório, a Secure World Foundation alerta para uma tendência que visa destruir as estratégias modernas de comunicação. Parece que há um interesse crescente em sistemas de armas anti-satélite.

O Starlink da SpaceX, empresa espacial de Elon Musk, permite acesso à Internet de alta velocidade mesmo em áreas remotas. Como mostra a atual guerra na Ucrânia, a internet via satélite também tem importância militar e estratégica. Ele permite que a população e o exército ucranianos continuem se comunicando mesmo onde os atacantes russos já conseguiram destruir telefones celulares e conexões de Internet. Enquanto isso, outros exércitos também manifestaram interesse no sistema Starlink de Elon Musk.

Não é de surpreender que isso desperte o interesse do “lado oposto”. A prova de uso bem-sucedido na Ucrânia é apenas um catalisador, porque a organização não-governamental norte-americana Secure World Foundation mostra que o interesse em armas espaciais ofensivas que podem interromper os serviços espaciais vem crescendo acentuadamente nos últimos anos.

Os satélites são interessantes como alvos militares porque os efeitos de seu desligamento “podem ter efeitos globais muito além dos militares”. O uso de redes de satélite significa que “grandes partes da economia e da sociedade mundiais estão cada vez mais dependentes de aplicações espaciais”.

Nem seria necessário que um invasor se concentrasse em todos os satélites. Se você destruir apenas alguns, seus detritos podem ser suficientes para destruir um número incalculável de outros satélites. Este tipo de efeito dominó será tanto mais grave quanto mais satélites forem usados ​​perto da Terra.

A tecnologia de satélite é aquela que abriga oportunidades e riscos tanto para o invasor quanto para o atacado. Afinal, ameaças baseadas no espaço também são concebíveis, de acordo com o relatório. Foi recentemente revelado que cientistas militares chineses estão desenvolvendo tecnologia anti-satélite para afastar ameaças percebidas à sua soberania nacional do serviço de banda larga sem fio Starlink da SpaceX. Isso poderia implicar uma forma totalmente nova de corrida armamentista.

A constelação de satélites Starlink é algo controverso na China. Em janeiro de 2022, o governo chinês apresentou formalmente uma queixa à Organização das Nações Unidas (ONU) “Comitê de Usos Pacíficos do Espaço Exterior” (Copuos), porque sua Estação Espacial “Heaven Palace” (Tianhe) teve que iniciar várias manobras evasivas devido aos satélites Starlink.

No mesmo mês, também foi testada uma tecnologia com a qual a China empurrou um satélite inativo para uma órbita mais alta. Diz-se que é um método para remover detritos espaciais. Segundo especialistas, o sistema também pode ser usado para manipular e destruir satélites ou sistemas de comunicação. Portanto, é concebível que a China já tenha testado métodos de desativação de satélites no espaço.

Embora o Starlink consista atualmente em uma constelação relativamente pequena de cerca de 2.400 satélites, com a configuração final prevista para cerca de cinco dígitos, o sistema conseguiu provar sua adequação para uso militar na Ucrânia. As preocupações da China e de outros países parecem compreensíveis.

Na verdade, os Estados Unidos estão fazendo pouco para lidar com essas preocupações. Pelo contrário, eles estão considerando ativamente como as comunicações baseadas no espaço operadas de forma privada podem atender às necessidades operacionais das forças armadas dos EUA. Este é o resultado de uma audiência no Senado dos EUA em março de 2022, que tratou, entre outras coisas, dos esforços da Rússia para bloquear os sinais do Starlink na Ucrânia.

Os fundos apropriados estão previstos no orçamento de defesa dos EUA para o próximo ano. Eles devem ser gastos em “comunicações por satélite resistentes a interferências” como contrapartida à busca da China e da Rússia por capacidades anti-satélite (ASAT).

No ano passado, a Rússia testou uma arma antissatélite que criou uma situação perigosa em torno da Estação Espacial Internacional. Tais testes não são inteiramente novos. Uma moratória de fato sobre armas antissatélites está em vigor desde 1985. No entanto, isso já foi quebrado várias vezes.

A China derrubou um satélite em 2007. Em 2008, a Marinha dos EUA derrubou seu próprio satélite espião com um míssil. A China realizou pelo menos sete testes ASAT desde 2010, de acordo com a Secure World Foundation. Diz-se que a Rússia realizou pelo menos 14 desses testes desde 2014 e a Índia dois apenas em 2019. Diz-se que cerca de 3.200 pedaços de detritos desses testes ainda estão em órbita.

FONTE: Science News

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Bruno Vinícius

O uso de armas anti-satélite coloca em risco os satélites das nações do mundo inteiro, inclusive da nação que as estiver usando. Fica a dúvida sobre se algum país aceitaria tomar esse risco para a própria infraestrutura – afinal – guerras não duram para sempre e é preciso tentar preservar seus recursos econômicos para o pós-guerra.

Last edited 2 anos atrás by Bruno Vinícius
IBZ

Você acha que um ditador como Putin que está atolado na guerra da Ucrânia está mesmo preocupado com isso? Não existe bom senso entre a elite mundial; se uma guerra estourar somos nós que sofremos e até as consequências alcançarem essa gente muitas vidas são sacrificadas!

Zezão

Pura bravata chinesa… O governo chinês se queixando ao “Comitê de Usos Pacíficos do Espaço Exterior” (Copuos), porque sua Estação Espacial Tianhe teve que iniciar várias manobras evasivas devido aos satélites Starlink é ridículo. Oras, a estação chinesa orbita ao redor da Terra à 393 km de altitude, enquanto os satélites Starlink orbitam em torno de 540 km (na fase 1). E mesmo os da fase 2, os satélites Starlink estão posicionados à 340 km de altitude, ou seja, nenhum satélite da Starlink orbita na mesma altitude da estação chinesa. Incrível como o governo chinês tem a cara de pau… Read more »

Rodrigo Martins Ferreira

Derrubar a constelação do StarLink vai sair muito caro e difícil por serem pequenos..

Cada vôo do foguete coloca uns 40 satélites em órbita por vez.

Ela foi feita para os satélites dela rapidamente serem repostos.

Marcos10

Com a precisão dos mísseis russos na Ucrânia (em média sete disparos para um acerto), lançar sete foguetes para tentar acertar um starlink, que são milhares, vai ficar caro.

Hellen

Todo mundo sabia que a constelações de satélites da star link era pra uso militar,agora quero ver russos e chineses como irão lidar com essa quantidade (5.000) de satelites e qual sera a resposta militar contra a star link !!!!

gordo

Acho que é mais fácil ou menos difícil um ataque eletrônico para prejudicar a conexão, tentar saturar a região que não querem que seja coberta porque derrubar parte dessa quantidade de satélites é impossível.

Jadson S. Cabral

Todo mundo sabia de nada. A Starlink não foi criada com propósitos militares. Esse é apenas um uso que pode ser dado, mesmo porque é uma rede civil, administrada por uma empresa privada e que o mundo inteiro vai estar conectado. Acho que não seria muito prudente governos, agências de inteligências e forças armadas confiarem suas comunicações por essa rede não. Exércitos sérios têm seus próprios meios. (Até o Brasil agora tem, não mesmo?) Agora, numa situação onde não se tem escolha, como é o caso da Ucrânia, e pode vir a ser o caso de vários outros países, pode… Read more »

Sensato

Se, de fato a quantidade for na ordem de 5 dígitos como afirma o texto, não seriam 5000 apenas. Seriam entre 10000 até 99000 satélites. Ainda que a quantidade seja o “mínimo”, 10000 satélites já são coisa demais para derrubar até porque, dependendo da forma, geraria tanto detrito que possivelmente derrubaria todo o restante.

Jadson S. Cabral

Haja míssil pra derrubar os mais de 20 mil satélites pretendidos da constelação starlink… satélites pequenos, da ordem de 200kg e com um custo baixíssimo. Se quiserem mesmo ameaçar esses satélites, melhor desenvolver um canhão que consiga atirar projéteis a uma velocidade tal que consiga os atingir em baixo órbita, pq com mísseis essa brincadeira vai ficar cara, muito cara, mas muito cara mesmo. Cara de uma maneira que não dará nem pra começar a brincar. Isso pq só estamos falando da constelação da SpaceX, que por enquanto é a maior. Mas tem o OneWeb, que já começou a enviar… Read more »

Bruno Vinícius

O risco que os cientistas apontam é que destruir satélites em órbita pode causar uma reação em cadeia onde os detritos de um destroem outros e assim por diante até a órbita baixa ficar praticamente inutilizável. O quão provável é isso? Eu não sei, mas é uma possibilidade séria que qualquer nação terá de considerar quando for tomar a decisão de utilizar uma arma anti-satélite.

Jadson S. Cabral

De fato existe esse risco, resta saber se o maluco que cogitar fazer isso é louco o suficiente. Aliás, não tem muito tempo que a Rússia fez um teste desses e deixou todo mundo apreensivo na NASA com a ISS

Rafael Cordeiro

Caro Jadson, acredito que não seja necessário grandes quantidades de mísseis para causar grandes danos aos satélites da rede Starlink. A China apresentou um conceito bastante interessante, com a prerrogativa de que seria utilizado para “limpeza do lixo espacial”, sendo que o sistema consiste em dois “veículos/foguetes” que fazem uma espécie de pesca por arrastão, ou seja, uma enorme rede é fixada nesses dois veículos, que após atingirem a coordenada desejada, se distanciam um do outro e abrem essa enorme rede, “varrendo” o espaço e após a captura do “lixo espacial/satélite”, arrasta o objeto do ponto inicial A para o… Read more »

Pablo Maroka

Será que estamos próximos de ver o primeira destruição de satélite em conflito militar?

Impensável há tempos.

Jadson S. Cabral

Uma coisa que me veio a cabeça agora pensando na Starlink é como o Pentágono, a NSA, a CIA, o serviço secreto e as tantas outras agências americanas devem estar babando com a possibilidade e a facilidade com que eles vão espionar o mundo inteiro. Já é relativamente fácil para eles bisbilhotar basicamente quem eles quiserem, desde empresas estratégicas, a pessoas chaves e governos, já que as maiores empresas de comunicação do mundo são americanas, as que não são americanas, eles colocam espiões lá dentro e boa parte do tráfego de internet mundial passa por servidores nos EUA. Agora imaginem… Read more »

Heinz Guderian

Eu também pensei nisso caro Jadson, a rede de espionagem americana é gigantesca, eles precisam disso para conseguir mover sua máquina de guerra.
Espero que o Brasil não entre nessa da starlink ou SpaceX oferecer esse serviço as forças armadas do Brasil.

Pedro

Depois que o sistema SIVAM foi controlado pelas rytheon dentro da nossa própria central de controle, eu não duvido de mais nada. Aliás, nunca pensarei ao contrário.

Allan Lemos

Cara, as forças armadas, até outro dia, usavam maquinas de criptografia fabricadas por uma empresa da Suíça, que era controlada pela CIA.

Ramon

É mais fácil destruir a central de controle da spacex do que a constelação de satélites deles, pq quero nem imaginar a quantia gasta para destruir milhares de satélites .

Alexandre

A detonação de uma arma nuclear no espaço não conseguiria fritar vários satélites por meio do PEM?

João Augusto

As armas laser não dão vazão pra esse fim, mesmo que num dia “bom”?

Domingos

A partir do momento que estes satélites estiverem trabalhando em prol das espionagens, através do espaço, as nações afetadas, poderão reagirem, pois prejudicam os seus interesses tecnológicos,

Andre K

Nem seria necessário que um invasor se concentrasse em todos os satélites. Se você destruir apenas alguns, seus detritos podem ser suficientes para destruir um número incalculável de outros satélites. Este tipo de efeito dominó será tanto mais grave quanto mais satélites forem usados ​​perto da Terra. Essa estratégia, que pode parecer interessante num primeiro momento, prolifera lixo espacial e impede qualquer um, incluindo o eventual agressor, se bem sucedido, de usar esse espaço no futuro, depois de sua vitória. Me parece mais uma ideia ruim do que uma estratégia viável, exceto na consideração, quanto pior, melhor – para todos,… Read more »

Marcelo
Rodrigo Martins Ferreira

A segurança nacional chinesa = pessoas poderem acessar a internet sem passar pelo Firewall do PCC..

Diga-se de passagem é bem comum os chineses e russos usarem a internet dando chapéu nestas restrições do governo, não precisa ser especialista em tecnologia para isto.

Jadson S. Cabral

Mas a SpaceX não vai oferecer o serviço na China, nem lá, nem na Coreia no Norte, nem na Rússia, no Iran, em Cuba… em todos esses lugares sob sanções não haverá serviço. Pelo menos até o governo americano resolver que a vantajoso para eles permitirem.

Rodrigo Martins Ferreira

O Starlink é privado e pago..

Não vejo pq bloquear o serviço em áreas tão grandes…

O que vai acontecer é o governo destes lugares não permitirem a venda local do StarLink..

Aqui no Brasil até demorou para iniciar a venda, pelas pendengas burocráticas do governo brasileiro.

Jadson S. Cabral

É privado, mas é uma empresa americana como todas as outras e como tal, precisa cumprir certas determinações do governo americano, seja por sanções econômicas, por segurança nacional ou qualquer desculpa que eles inventem. A Coca-cola tbm é privada e é proibida em Cuba e agora na Rússia tbm, não pelos governos desses países, mas pelo governo americano. A própria SpaceX já falou que o serviço não estará disponível nesses países. Acho que falaram alguma coisa sobre não serem democracias. Sabemos que é hipocrisia, mas fazer o quê?! É assim que funciona. Nem valeria a pena para o Musk arrumar… Read more »

Rodrigo Martins Ferreira

Isto é mais por causa de sanções por que por causa de segredo tecnológico..

Captar o sinal do StarLink não oferece nenhum tipo de risco a segurança.

Jadson Cabral

Sim. Como eu disse “qualwier outra desculpa que eles inventem”. Pra provir exportação de algum produto ou serviço por qualquer motivo que seja elas inventam essa de “segurança nacional”.