VÍDEO EXCLUSIVO: a história do caça F-5 – “Tiger II contra o F-14” e outros
DOMANDO O TIGRE – A HISTÓRIA DO CAÇA F-5 PARTE 24
FORMAÇÃO OPERACIONAL
Embora a formação de novos pilotos de F-5 tenha ocorrido desde a chegada da aeronave ao Brasil, foi somente no ano de 1977 que o curso de conversão operacional foi definitivamente estruturado e tornou-se regular.
O CIT – Centro de Instrução e Treinamento – sediado em Santa Cruz era composto por instruções teóricas e 8 ou 9 missões no F-5B. Uma vez aptos ao voo solo no Tiger II, cada piloto retornava para a sua unidade, onde ocorria o primeiro voo com o monoposto.
Concluída a fase inicial, o novo piloto de F-5 entrava para o CFO – Curso de Formação Operacional. Ao longo de oito meses aproximadamente o oficial aprendia a empregar o caça como uma arma de combate.
O processo de conversão operacional manteve-se praticamente o mesmo até o ano de 1990. Com o recebimento dos bipostos F-5F naquela época o 1º/14º Grupo de Aviação, Esquadrão Pampa, passou a realizar o curso em Canoas. Já em Santa Cruz a instrução seguiu com o F-5B para pilotos do 1º Grupo de Aviação de Caça.
PINTURA DE SUPERIORIDADE AÉREA
Até o ano de 1987 tanto os monopostos como os bipostos empregaram o padrão de pintura camuflada que foi primeiramente aplicado na fábrica da Northrop. No entanto, a FAB, Força Aérea Brasileira, resolveu experimentar um novo padrão de pintura, mais apropriado para a função de superioridade aérea.
Desde a década de 1970 muitos países passaram a adotar diferentes tonalidades de cinza para pintar aeronaves que tivessem como missão principal a superioridade aérea. Na FAB um F-5E do Esquadrão Pampa foi escolhido para testar o novo padrão cinza claro. A estreia da pintura ocorreu no ano de 1987, na Base Aérea de Anápolis, durante combates dissimilares com os caças Mirage do 1º Grupo de Defesa Aérea, o Esquadrão Jaguar.
Um segundo F-5 de Canoas recebeu esta pintura experimental no mesmo ano, embora o padrão das marcas fosse mais discreto. Essa camuflagem dissolutiva ficou conhecida como “Cinza Pampa” e mostrou-se bastante eficiente, sendo que em alguns momentos, durante combates dissimilares os dois “Pampa Cinza” ficaram praticamente “invisíveis”!
Mesmo com os excelentes resultados do novo padrão de pintura, a FAB seguiu com a tradicional camuflagem nos seus F-5 baseados em Santa Cruz. Após o Esquadrão Pampa ser reequipado com caças F-5 do segundo lote, composto por aeronaves usadas de esquadrões “Aggressor” da Força Aérea dos Estados Unidos, gradativamente seus aviões foram recebendo o padrão cinza. Isso se deu conforme realizavam suas manutenções nível parque, com retirada das camuflagens com as quais foram recebidos, as quais imitavam as pinturas de caças do Pacto de Varsóvia.
TIGER II VERSUS TOMCAT
Regularmente, porta-aviões da Marinha dos Estados Unidos contornam a América do Sul se deslocando de uma costa americana para a outra. Isso é necessário por serem grandes demais para utilizarem o Canal do Panamá. Nessas passagens pela costa brasileira, os pilotos navais dos aviões embarcados costumam treinar em combates dissimilares com os brasileiros. Um desses eventos ocorreu meses antes do Esquadrão Pampa ter um dos seus F-5 pintados de cinza.
Em junho de 1987 o USS Nimitz, tendo a bordo os esquadrões VF-84 e VF-102 equipados com caças F-14 Tomcat, esteve na costa brasileira. Pilotos do Esquadrão Pampa e do Primeiro Grupo de Aviação de Caça tiveram a oportunidade de enfrentar os norte-americanos em combates dissimilares sobre o mar do Rio de Janeiro. Os oficiais da marinha americana elogiaram os pilotos brasileiros. Alguns dos pilotos de F-5 conseguiram colocar a mira sobre os F-14 e registrar o momento com fotos.
“GUERRA NO MAR”
Uma das atribuições dos esquadrões de F-5 da FAB era o ataque naval, mesmo que as aeronaves não possuíssem armamentos específicos para esse tipo de missão. Diversas foram as missões de treinamento entre os caças da FAB e os navios da Marinha do Brasil.
Ataques navais geralmente envolvem longas distâncias, perfis de voo diferenciados, reabastecimento em rota e ausência de referências para navegação. Todas essas dificuldades foram enfrentadas pela FAA, a Força Aérea Argentina, na guerra das Malvinas em 1982, sendo que os pilotos argentinos da força aérea não possuíam este tipo de treinamento.
Para evitar o mesmo erro da FAA, a FAB passou a desenvolver sua própria doutrina para ataques navais e a tarefa coube ao Esquadrão Pampa. No ano de 1985 os F-5 da unidade já estavam aptos a realizar missões de longa distância mar adentro.
A grande oportunidade de testar a nova doutrina surgiu no mês de dezembro de 1985, quando uma esquadra capitaneada pelo porta-aviões Minas Gerais se deslocou para o Rio Grande do Sul como parte da Operação Pinguim. Tratava-se de um Grupo Tarefa de grandes dimensões, composto por quatro fragatas classe “Niterói”, sete contratorpedeiros, três submarinos e outros navios de apoio.
A missão do Pampa foi montada com duas esquadrilhas de quatro caças F-5 cada uma, espaçadas por 30 minutos de voo de diferença. A primeira esquadrilha decolou de Canoas na madrugada de 7 de dezembro. Após passarem por Pelotas, os F-5 rumaram para o oceano na escuridão daquela noite, voando a cerca de 30 metros acima da superfície do mar.
O contato com a aeronave de reabastecimento deveria acontecer após 20 minutos de voo sobre o mar. No entanto, a primeira esquadrilha não encontrou o reabastecedor e teve que abortar. Agora cabia à segunda esquadrilha evitar que a missão se tornasse um fracasso.
Como programado, a segunda esquadrilha chegou ao ponto de reabastecimento trinta minutos depois do primeiro grupo. Os quatro F-5 subiram para 300 metros e realizaram o reabastecimento. Em seguida retornaram para a rota de ataque a baixa altitude.
Navegando na escuridão da madrugada e dispondo apenas de cronômetro e bússola, numa época em que não existiam aparelhos de GPS, o líder ligou o radar do F-5 pouco antes do ponto de encontro previsto. Para sua alegria, os alvos brilharam na tela.
Cada uma das aeronaves seguiu para um alvo distinto. O líder seguiu para o contato maior, o próprio porta-aviões Minas Gerais. Pegando a tripulação de surpresa, o F-5 passou ao lado da ilha, onde um helicóptero pairava sobre o convoo. Por pouco os dois não colidiram no ar.
Terminada a missão, os quatro F-5 retornaram para Canoas separadamente. A bordo do Minas Gerais, muitos ainda se perguntavam o que tinha acontecido e os comentários continuaram ao longo de toda aquela semana.
História contada no livro “Já te atendo, tchê”, de José Leandro Casella e Rudinei Dias da Cunha.
Isso mesmo! Tenho este e também outro livro destes 2 autores, “A história do F-5 no Brasil”. Livros excelentes, com informações fidedignas e precisas, complementadas com grande quantidade de fotos, ilustrações, perfis e tabelas.
Esta série do F-5 aqui no PA é muito boa. Sou fã de carteirinha doa bicudos.
Ahhh…pensei que ia ver o Maverick “virar fumaça” kkk
Que arenga mais longa! O F5 é ágil e rápido, claro, é pequenininho, leve, mas não é páreo para o F14, ainda mais armado com mísseis Phoenix, o abate será BVR. Obviamente a curta distância o negócio é outro, mas não dá pra comparar uma mosca com um beija-flor. Infelizmente a USNavy abandonou o F14, sem adentrar nos motivos, ele está fazendo falta pois a marinha não tem hoje um caça pesado de superioridade aérea como tinha antigamente.
F-14 já se aposentou na USN, mas os F-5 aggressor continuam por lá.
Mas tem o F18 pows…não tem com comparar
Não mesmo. O F-5 é mais ágil ainda. E como o Poggio falou, os F-5 deles ainda vão sofrer mais uma modernização para continuarem no papel de Aggressors. Também usam, ou pelo menos usavam, Legacy Hornets no mesmo papel.
Como sabemos o F-14 foi concebido como um caça para defesa aérea da Frota, ou seja lançaria seus Phoenix contra qualquer formação antes que essa atingisse a distancia para ataca-la para isso tinha um poderoso radar e o ainda hoje impressionante alcance do Phoenix de cerca de 130 Km. outra missão “secundaria” do F-14 era a escolta de aviões de ataque como por exemplo o A-4 e o A-6 Intruder, mesmo com todo poder de seu radar e armamento e sendo difícil algo se aproximar do F-14 Tomcat, caso isso acontecesse era preciso que este estivesse preparado para se necessário… Read more »
O F-5 também cumpriu CAS e interdição na Guerra do Vietnã.
Leandro, Não sabia então mais um motivo para aplausos ao eterno “bicudo”
Dá uma checada no F-5C ‘Skoshi Tiger’ que é basicamente um F-5A. Operaram bem.
Isso mostra que nós brasileiros fazemos miséria com pouco que temos, imagina dando condições de igualdade! Ninguém nos superaria! Mas com um povo acostumado a viver de pires na mão pedindo esmolas e esperando o eterno salvador da pátria… Isso realmente fica dificil!
Conheci um dos comandantes desses esquadrões de F-14 da US Navy, que estiveram aqui em 1987, lá em Dallas, TX, em 2022. Era o diretor da Flight Safety em Dallas. Estávamos em treinamento de simulador do E145. Ele havia voado o A-6 no Vietnã, e depois passou pro A-6. Depois foi pro F-14. Na sala dele havia um quadro, com um gancho de parada do A-6, em comemoração aos ¨thousand¨ de pousos a bordo (catrapos). Em 1987 eu era estagiário no 2°/5° GAV, em Natal, e acabou sobrando uma ¨mijada¨ pros estagiários, por conta do resultado desses dissimilares. Os F-5… Read more »
Correção: 2002, e não 2022.
Outra correção: havia voado o A-4 no Vietnã.
Uma vergonha um país deste tamanho a Força Aérea não ter armas anti navio
Em caças não tem mesmo, e como o vídeo fala de caças, nesse aspecto você está certo.
Mas a Força Aérea tem sim armas antinavio, no caso tem o míssil Harpoon, utilizado no avião de patrulha P-3AM.
Nunão, além do P-3, o Harpoon pode ser empregado em outra aeronaves A-1M, F-5BR, AF-1, inclusive no F-39, correto?
Funcionário, Hoje, na FAB, ele só está integrado ao P-3AM. Duvido que seja integrado ao F-5M ou A-1M, dado que são aviões no terço final de suas vidas úteis na FAB. No AF-1 modernizado teria que ser integrado, e o custo-benefício disso está ligado a quanto tempo a Marinha ainda vai operar. A MB assinou anos atrás um acordo de compartilhamento de armas com a FAB, em princípio pode usar o Harpoon, mas precisa certificar. No Gripen E/F, até onde sei o único míssil antinavio integrado (e que estará operacional a partir da certificação final) é o sueco RBS15, que… Read more »
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