P-3AM da FAB

Vigiar e proteger, 24 horas por dia, uma área de aproximadamente 13,5 milhões de quilômetros quadrados. Essa é a missão dos três Esquadrões que compõem a Aviação de Patrulha da Força Aérea Brasileira

Vigiar e proteger, 24 horas por dia, uma área de aproximadamente 13,5 milhões de quilômetros quadrados. Essa é a missão dos três Esquadrões que compõem a Aviação de Patrulha da Força Aérea Brasileira.

No dia 22 de maio de 1942, pilotos brasileiros utilizaram uma aeronave B-25 Mitchell para atacar, durante a Segunda Guerra Mundial, o submarino italiano Barbarigo, que, quatro dias antes, havia lançado torpedos contra o navio mercante brasileiro Comandante Lyra, que resultou na entrada do Brasil no conflito. A partir de então, a FAB iniciou as atividades de cobertura de todo o litoral nacional.

Vela do submarino Barbarigo com marcações de afundamentos
Submarinos e navios afundados na costa brasileira durante a Segunda Guerra Mundial
Submarinos afundados pela Aviação de Patrulha e navios afundados por submarinos na costa brasileira, durante a Segunda Guerra Mundial

Patrulhamento

Cabe à Aviação de Patrulha, por exemplo, a vigilância da Zona Econômica Exclusiva brasileira, localizada no Oceano Atlântico, onde são encontradas as maiores reservas nacionais de petróleo. O Comandante do Terceiro Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação (3°/7º GAV), Tenente-Coronel Aviador Ciro Appip Lambiase, explicou que, nessas áreas, as ações que mais se destacam são de Patrulha Marítima e Busca e Salvamento (SAR). “Dessa forma, conseguimos controlar a área sobre o Oceano Atlântico e defender o nosso litoral, contribuindo com a missão da Força Aérea e com a nação brasileira”, pontuou.

Em diversas ações, o 3°/7º GAV, localizado em Belém (PA), é acionado para agir na fiscalização de atividades ilícitas de embarcações ou em acidentes ambientais. Foi durante uma missão de treinamento, em 2021, que o Esquadrão Netuno foi informado pela Marinha do Brasil (MB) que existia uma embarcação encalhada em um banco de areia na foz do Rio Tocantins. Após receber as coordenadas da área do possível sinistro, os pilotos deixaram a região de treinamento e se engajaram para a busca à embarcação. As informações foram repassadas ao Navio Patrulha da MB, que se direcionou para a área e realizou o resgate da tripulação.

Ainda dentro da missão de Patrulha, cabe, também, ao Segundo Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação (2º/7º GAV), localizado em Canoas (RS), a vigilância do mar territorial brasileiro, detectando, localizando e identificando embarcações nacionais e ou estrangeiras em coordenação com a MB, permitindo tomar medidas contra embarcações engajadas em atividades ilícitas, tais como o despejo de poluentes, contrabando ou pesca ilegal. “O Esquadrão Phoenix tem exercido o patrulhamento ostensivo das águas jurisdicionais brasileiras, a fim de evitar o acometimento de atos ilícitos e predatórios. Além disso, mantém equipes aprestadas e de sobreaviso permanentemente, que realizam a Ação de Busca e Salvamento”, explicou o Comandante do Esquadrão Phoenix, Tenente-Coronel Aviador Alexandre Tadeu Ferreira da Silva.

Interceptação

Em março de 2022, o Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE) engajou um dos Esquadrões da Aviação de Patrulha para cumprir a Operação Atlântico, conjuntamente com a Marinha, a partir da Base Aérea de Salvador. A operação consistiu de voos rotineiros de patrulhamento ostensivo da costa brasileira. Entretanto, a missão logo evoluiu para uma incansável busca por uma suposta embarcação suspeita de envolvimento com contrabando.

Durante a ação, que durou alguns dias, os tripulantes da aeronave P-95 Bandeirulha obtiveram contato visual positivo com a embarcação suspeita do acometimento ilícito, cuja posição foi repassada imediatamente ao meio naval envolvido. Por consequência, em ação coordenada com a Polícia Federal, a MB, por meio da sua Corveta da Classe Imperial Marinheiro, interceptou a embarcação e a conduziu ao Porto de Salvador. Após a apreensão da carga, constatou-se que a embarcação contrabandeava cerca de 90 toneladas de cigarros de origem desconhecida.

Vigilância a bordo da aeronave P-3

É a bordo da aeronave P-3 AM Orion que o Primeiro Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação (1°/7º GAV), localizado no Rio de Janeiro (RJ), também atua vigiando o litoral nacional. Em 2021, ano que marcou os 10 anos de incorporação da aeronave à FAB, o Grupo Akaer entregou o primeiro par de asas do P-3 completamente revitalizado. O procedimento buscou estender a vida útil das aeronaves por meio da substituição de diversos elementos primários das asas, tais como revestimentos superiores, longarinas dianteiras e traseiras, painéis superiores e inferiores, entre outras ações.

“A Aviação de Patrulha é uma parte essencial para manter a segurança nacional, pois, graças às características da nossa aeronave multimissão P-3AM Orion, garantimos ao Brasil um grande poder dissuasório, com a retomada da capacidade de guerra antissubmarino. Podemos empregar uma gama de torpedos bem como os mísseis antinavio Harpoon”, destacou o Comandante do 1°/7° GAV, Tenente-Coronel Aviador Cicero Vieira Ramos.

Míssil Harpoon

Equipando a aeronave P-3, o míssil Harpoon veio para auxiliar ainda mais a proteção do mar territorial brasileiro. Com mais de 124 km de alcance, o armamento tem 3,8 metros de comprimento e 526 quilos e é movido por uma turbina, chegando a atingir 850 km/h. O míssil utiliza dados dos sistemas da aeronave lançadora para calcular e corrigir a rota até o alvo. Depois de lançado, o Harpoon voa próximo ao mar para evitar ser detectado.

Somente a ogiva tem 226 quilos de material explosivo, o suficiente para que o Harpoon cause danos que levem um navio a afundar.

Com o Harpoon e demais ferramentas que integram a Aviação de Patrulha, a FAB passa a ter um sistema game changer de patrulhamento e defesa, oferecendo amplo poder de dissuasão e inquestionável capacidade de combate às aeronaves que vigiam e protegem o território nacional.

FONTE: Força Aérea Brasileira

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Rafael Costa

Nunca houve um vídeo ou foto de uma aeronave P-3 da FAB lançando um míssil harpoon ? Saudações a todos.

Maurício.

Até agora só bomba burra.

Tallguiese

Patrulha marítima não devia ser atribuição da marinha? Afinal de contas a marinha quer asas ou não quer? Se quer asas tem que fazer patrulha marítima também. O que não está fazendo sentido agora e ter A-4 modernizado que só voa e não atira.

Camargoer.

Olá Taliguiese. A FAB foi formada da união da avião militar do EB e da MB. Na sua criação, coube á FAB a patrulha naval que vem sendo feita assim há 80 anos. Tanto faz quem comandará a patrulha naval desde que haja integração dos sistemas. Já ouvimos que a FAB não pretende substituir os P3 nem os P95. Talvez isso signifique o fim da patrulha naval na FAB. Se essa tarefa for da MB, então será preciso reduzir o orçamento da FAB e aumentar na mesma proporção o orçamento da MB. Isso mostra como a defesa do país é… Read more »

IBIZ

Também acho isso. A FAB fica sobrecarregada já que tem que monitorar milhões de quilômetros quadrados do espaço aéreo sobre o território nacional ainda e a MB fica limitada já que não têm como justificar a formação de uma frota de aeronaves de asas fixa sem um porta aviões!

Aéreo

Eu considero que idealmente sim. Porem a MB ainda precisa fazer algumas coisas básicas para voltar a ser digna de ser chamada de “marinha”, até lá, deixa as coisas como estão na área de patrulha marítima, porque mesmo ainda tendo muitas deficiências, se fosse da atribuição da MB, estaria bem pior.

Allan Lemos

Sim, mas você sabe como é o ego dos oficiais da FAB. Lembre da chiadeira quando o governo fez o decreto dando ao EB autorização para operar aeronaves de asa fixa.

Rinaldo Nery

Amigo, a FAB já ofereceu a Patrulha pra MB, que fez de conta que não ouviu. Já foi postado “n” vezes aqui, e você leu. Não posta bobagem.

Tallguiese

Comandante Nery, com todo respeito mas fica meio difícil entender o que a marinha quer. Visto que a postura do Brasil inclusive na constituição e defensiva. Então a patrulha marítima seria melhor meio de a marinha ter suas asas! Realmente a Fab já ofereceu e eles não quiseram. E a fab não vai mais atualizar sua frota de patrulha. Vão usar o que tem até acabar. Depois acabou a patrulha.

Rinaldo Nery

A MB, salvo melhor juízo, deveria querer escoltas e NaPaOc… Muitas!

carlos alberto soares

Vamos de EMB 195 ? As asas podem ser reforçadas para os mísseis ? A suíte necessária “cabe” nessa anv ?

Rinaldo Nery

Cabe tudo. Mas quem paga o projeto e o desenvolvimento?

Mars

A MB tá mais preocupada em ter caças do que fazer patrulha marítima. Então deixa com a FAB que a 80 anos tá dando conta do recado. E eu não duvido nada que continue fazendo isso por mais 80.

Rinaldo Nery

Espero que não.

LucianoSR71

Uma curiosidade é que uma das aeronaves usadas p/ procurar U-boats era o bimotor Focke-Wulf Fw 58 Weihe montado na Fábrica do Galeão p/ a Aviação Naval, 25 und, que na FAB eram chamados de FG-2 ( 2º modelo montado na Fábrica do Galeão, o FG-1 era o FW-44 de treinamento ). Esses aviões alemães acabaram servindo p/ treinar e patrulhar as águas do inimigo. Existe 1 FG-2, que deixou de voar em 1949, no Musal, até pouco tempo era o único preservado no mundo, mas parece que já tem 2 sendo restaurados na Europa.

Enzo Magno Donato Vernille

Eu sei que um desses Fw58s chegou a atacar um U-boat durante a SGM
Porém não houve confirmação da destruição

IBIZ

Pq a FAB e a MB não cooperam no projeto do míssil anti navio nacional?

Camargoer.

Olá Ibiz. Talvez porque as forças armadas brasileiras são anacrônicas e perdulárias e porque o MInDef é incapaz de coordenar qualquer esforço.

Rinaldo Nery

Tão anacrônicas que compramos o F-39, KC-390, modernizamos os E-99, adquirimos o SGDC, ARP, modernizamos o T-27 etc.

IBIZ

Oq ainda é muito pouco considerando que países com a mesma quantidade de recursos e até menos fizeram muito mais!

Camargoer.

Caro Rinaldo. O fato é que as forças armadas brasileiras têm problemas estruturais graves. Há anos discutimos a falta crônica de recursos para a manutenção de programas estratégicos, sobre a falta de recursos para custeio e sobre o excesso de pessoal (considerando a quantidade de equipamento militar disponível). A despeito da existência de importantes programas de aparelhamento (alguns citados por você mas eu gostaria de acrescentar o ProSub, as FCT, o Guarani, os helicópteros de transportes), as forças ainda atuam de modo descoordenado (como podemos lembrar da tentativa do EB de comprar os Sherpa), da manutenção de estruturas inúteis e… Read more »

Rinaldo Nery

E quais seriam os ¨recorrentes problemas estruturais¨? Dá pra fazer monografia na ESG…

Camargoer.

Olá Rinaldo. Sabe que venho pensando com seriedade em me candidatar a um curso na ESG. Como disse, é bem conhecido a sistemática falta de recursos de custeio. A própria FAB declarou isso no episódio dos Sherpa. Também sabemos que sistematicamente os programas estratégicos das forças armadas atrasam por problemas orçamentários. Além disso, já levantamos por diferentes metodologias (seja comparando com forças armadas de outros países ou por a partir da quantidade de material militar disponível) que as forças armadas brasileiras tem excesso de pessoal (considerando a quantidade de material militar disponível).

Rinaldo Nery

Seria bem vindo. A academia sempre contribuiu muito para o aperfeiçoamento das Forças.

Camargoer.

Olá Rinaldo. De fato.

hitoera

Sabemos o que eles estão mais preocupados em comprar, alguns “kits” no mínimo estranhos.. Essa galera já perdeu grande parte do respeito que ainda tinham.

Allan Lemos

Achei que o Harpoon tinha mais de 200km de alcance. Qual foi a versão que a FAB adquiriu?

Juarez Martinez de Castro

Os Americanos não oferecem ao mercado versões com mais de 150 km de alcance(provavelmente os da US Navy tenham maior alcance).
Os nossos estao dentro do proposto.

JoaoLP

Off topic alguma informação dos dois Rafaela que se “chocaram” no ar?

Aéreo

Um tema muito pouco debatido é que a aviação de patrulha do Brasil vai precisar ser substituída em um prazo relativamente pequeno. Tanto o P-95 quanto o P-3 são aeronaves já bastante cansadas. Embora não seja tão glamurosa quando a aviação de caça, uma aeronave de patrulha é cara, porque conta com sistemas sofisticados, para ser totalmente operacional precisa de coisas igualmente caras como misseis, torpedos, sonobóias. E por fim, para ser bem empregada precisa de treinamento tático constante. Em resumo, para ser efetiva custa caro, tal qual outras plataformas de combate sofisticadas. Aí entra o cenário brasileiro, com suas… Read more »

Rinaldo Nery

Como já postei, plataformas não tripuladas podem cumprir as missões IVR (Inteligência, Vigilância e Reconhecimento) e, por consequência, o Esclarecimento Marítimo, num custo bem menor que plataformas tripuladas. E, dessa forma, em maior quantidade de vetores. Já temos o mais difícil: um satélite para controlar essas aeronaves além da linha de visada. Vimos aqui, noutra matéria, uma aeronave não tripulada armada (Nauru 1000C), que pode fazer mais que o Esclarecimento Marítimo. É só QUERER fazer…

Camargoer.

Ola Rinaldo. Concordo com você. Primeiro se faz uma patrulha com drones. Se for necessário, envia-se uma aeronaves de patrulha armada. No fim, se for necessário, envia-se um NaPaOc.

Rinaldo Nery

É por aí…

Mars

Já não existe uma experiência nesse sentido com os Herons alocados no Orungan. Será que já não é intenção da FAB fazer isso.

paulop

Caro: a aviação de patrulha deveria ser função da MB. O plano estratégico da marinha prevê a aquisição de um Navio de Controle de Área Marítima, para operar meios embarcados. Penso que a aquisição de novos meios de patrulha marítima é menos dispendioso do que investir em uma plataforma custosa. De 18 a 21 aeronaves, poderiam cobrir uma grande área e garantir, um pouco, a segurança da Amazônia Azul. Abraço

Marcelo M

Dizem que o maior feito da aviação de patrulha da FAB aparentemente foi na guerra das Malvinas. Até hoje não foi esclarecido se voava mesmo com tripulação brasileira.

Rinaldo Nery

NUNCA voou com tripulação brasileira. Lenda urbana.