Guerra das Malvinas/Falklands – 40 anos: Os ataques dos bombardeiros Avro Vulcan da RAF

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Arte retratando um avião-tanque Victor reabastecendo um bombardeiro Vulcan

Arte retratando um avião-tanque Victor reabastecendo um bombardeiro Vulcan

Há 40 anos, no dia 1º de Maio de 1982, um bombardeiro Avro Vulcan da Royal Air Force atacou o aeródromo de Port Stanley nas Ilhas Falklands/Malvinas, ocupadas por forças argentinas desde o dia 2 de abril daquele ano.

Foi a primeira da série das Operation Black Buck. Os raides que compreenderam voos de 6.800 milhas náuticas e quase 16 horas de voo, foram as mais longas missões de bombardeio até então.

Durante a Guerra das Malvinas/Falklands em 1982, as Operation Black Buck 1 a Black Buck 7 foram executadas pelos bombardeiros Vulcan da RAF Waddington Wing da Royal Air Force (RAF), compreendendo aviões Nº 44, 50 e 101.

O objetivo de todas as missões era atacar o aeroporto de Port Stanley e suas defesas associadas.

Os ataques da Operação Black Buck foram realizados a partir da base da RAF na Ilha de Ascensão, perto da Linha do Equador. O Vulcan foi projetado para missões de médio alcance na Europa e faltava o alcance para voar para as Malvinas sem reabastecer várias vezes. Os aviões-tanque da RAF eram em sua maioria Handley Page Victor com alcance similar, então eles também precisavam ser reabastecidos no ar.

Um total de onze aviões-tanque foram necessários para dois bombardeiros Vulcans (um primário e um reserva), um esforço logístico assustador, já que todas as aeronaves tiveram que usar a mesma pista. Os Vulcans carregavam internamente 21 bombas de 1.000 libras (450 kg) ou dois ou quatro mísseis antirradiação Shrike.

Vulcan B2 XM607 na costa do Brasil na volta da Black Buck 2 fotografado de um avião-tanque Victor do Esquadrão 57 –  Foto: Norman Curtis-Christie

Dos cinco ataques Black Buck concluídos até o final, três foram contra a pista de aterrissagem do Aeródromo de Stanley e instalações operacionais, enquanto os outros dois eram missões anti-radar usando mísseis Shrike contra um radar 3D de longo alcance Westinghouse AN/TPS-43 na área de Port Stanley.

Os mísseis Shrike atingiram dois dos menos valiosos e rapidamente substituídos radares de controle secundários, causando algumas baixas entre as tripulações argentinas. Um Vulcan teve uma falha na sonda de reabastecimento que o forçou a aterrissar no Brasil.

Bombardeiros Vulcan estacionados na Ilha de Ascensão durante a Guerra das Falklands-Malvinas
Bombardeiros Vulcan estacionados na Ilha de Ascensão durante a Guerra das Falklands-Malvinas
Aviões Handley Page Victor, Nimrod e Harrier GR3 na Ilha de Ascensão, em 1982
Esquema de reabastecimento em voo entre o bombardeiro Vulcan e aviões-tanque Victor nas Malvinas

Os ataques causaram danos mínimos à pista e os danos aos radares foram rapidamente reparados. Uma única cratera foi produzida na pista, impossibilitando que o aeródromo fosse usado por jatos rápidos. A tripulação de solo argentina consertou a pista dentro de vinte e quatro horas, a um nível de qualidade adequado para os transportes C-130 Hercules.

Os britânicos sabiam que a pista continuava em uso. Fontes argentinas afirmaram originalmente que os ataques de Vulcan influenciaram a Argentina a retirar alguns de seus caças Dassault Mirage III da Zona de Defesa do Sul da Argentina para a Zona de Defesa de Buenos Aires.

Esse efeito dissuasivo foi diluído quando as autoridades britânicas deixaram claro que não haveria ataques contra as bases aéreas na Argentina.

Assista na animação abaixo como era o esquema de reabastecimento do bombardeiro Avro Vulcan envolvendo 11 aviões de reabastecimento aéreo Handley Page Victor para chegar até as Falklands/Malvinas.

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Flanker

Um esforço gigantesco em logística, homens e equipamentos.

sub urbano

O mundo dá voltas, nas malvinas a união soviética ajudou os argentinos com dados de reconhecimento do satélite Kosmos 1365 que teria localizado com radar o Conveyor afundado com um exocet pelos argentinos. Agora os britanicos ajudam os ucranianos contra os russos. Ironicamente o Kosmos 1365 foi lançado por um foguete ucraniano o Tsyklon.

Carlos Crispim

Interessante, obrigado por compartilhar.

Willber Rodrigues

Os ingleses conseguiram sustentar uma operação aeronaval do outro lado do mundo, enquanto a Argentina, que mora “do lado” das Falklands, não conseguiu fazer o mesmo…

glasquis7

E ainda culpam aos chilenos pela derrota.

Willber Rodrigues

É como diz o ditado:
“A culpa é minha, e eu boto ela em quem eu quiser”.

Aéreo

Que falta faz uma defesa antiaérea mínima. Bastaria alguns poucos misseis de médio alcance baseados nas ilhas para que estas missões dos Vulcan se tornassem praticamente inviáveis dado ao alto risco de perda do bombardeiro. Os Roland utilizados pelos argentinos na ocasião tinham um teto máximo de 5000 metros. 

Andre K

Um dispêndio muito grande de recursos para um resultado direto tão pequeno.
Mas como em muitos outros casos (Reide Doolittle, por exemplo), os efeitos secundários foram significativos para os ingleses.

Luiz Trindade

Um esforço de combustível imenso para estrago tão pequenos. Não era mais fácil usar os Harriers para esses bombardeios!?

Rinaldo Nery

Depois que os Harrier GR3 da RAF chegaram lá, a bordo de navios de transporte, foi assim feito.

erikson

Rinaldo, sempre pensei na possibilidade da FAA ter mantido um Mirage de prontidão no continente e ser vetorado pelo radar malvinas, exclusivamente para pegar o vulcan chegando ou saindo do ataque. Seria isso possível? Ou tb uma type 42 argentina auxiliando? Ou é achar agulha no palheiro?

Alexandre Galante

Nos primeiros ataques com Sea Harrier um logo foi abatido. Como existiam poucos aviões, foi preferível deixar os Sea Harrier para a função de defesa aérea.