Nas últimas horas o nível das tensões do conflito entre forças russas e ucranianas sofreu uma escalada, após o presidente da Federação Russa, Vladimir V. Putin, anunciar que havia ordenado ao Ministro da Defesa e ao Chefe do Estado Maior das Forças Armadas russas a elevação no nível de prontidão das forças de dissuassão, conforme mencionado aqui.

No contexto das Forças Armadas da Federação Russa tais forças são compostas por bombardeiros estratégicos com armamento nuclear, submarinos de propulsão nuclear armados com mísseis intercontinentais de ogiva atômica e lançadores terrestres de mísseis balísticos. Cada um desses elementos possui procedimentos próprios a serem seguidos em caso de alerta máximo. A seguir, a descrição de tais procedimentos na Força Aeroespacial da Federação Russa, a VKS.

As armas nucleares para os bombardeiros são estocadas não nas suas bases, mas em instalações técnicas designadas como RTB (Raketno-Tekhnicheskiye Bazy, Base Técnica de Mísseis), próximas a tais bases.

A ordem que eleva o nível de prontidão da aviação estratégica é emitida pelo Estado Maior das Forças Armadas, após o que unidades da VKS reforçam o pessoal do centro de comando. A composição exata das unidades que são postas em alerta mais elevado é determinada pelo Estado Maior, que leva em consideração as circunstâncias da situação e seus planos operacionais. Se a crise continua a escalar, mais unidades são postas em alerta e algumas aeronaves podem ser dispersadas para aeródromos de apoio, onde eles continuam a ser preparados para as suas missões.

Quando o grau de prontidão é elevado, tripulações de engenheiros preparam os bombardeiros para o voo. Essa preparação inclui reabastecimento dos mísseis de cruzeiro com combustível, carregá-los nos bombardeiros e preparar as aeronaves para a decolagem. As tripulações então assumem suas posições, em alguns casos os bombardeiros acionam seus motores. O nível mais alto de alerta pode ser sustentado por uma hora.

Uma característica particular da aviação estratégica é que o comando para empregar armas nucleares deve ser precedido pelo comando para carregar os mísseis nos bombardeiros e o comando para a decolagem. O primeiro comando será transmitido junto com a ordem para elevar o grau de prontidão. O comando autoriza as equipes de engenharia a transferirem as armas nucleares do local de estocagem para os bombardeiros e a instalá-las neles. As tripulações então executam as checagens necessárias nos mísseis. Os perfis de voo dessas armas são selecionados nesta fase, de acordo com o cenário de emprego especificado na ordem para carregá-las nos bombardeiros.

A ordem de lançamento, que autoriza o uso de armas nucleares, é transmitida para as tripulações de bombardeiros tanto enquanto elas ainda estão na base quando já estão em voo. Depois que esta ordem tenha sido transmitida, as aeronaves seguem para os alvos especificados na sua ordem particular. Os bombardeiros terão que alcançar os pontos de lançamento designados antes que seus mísseis possam ser lançados. Caso contrário, um sistema de travas os impedem de lançarem suas armas.

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