Boeing paga multa de US$ 402 milhões por problemas no sistema de visão remota do KC-46
A Boeing relatou uma queda de quase 14% em suas vendas de negócios de defesa no trimestre mais recente, impulsionada em parte por uma multa de US$ 402 milhões no programa de aviões-tanque KC-46A Pegasus.
Nos ganhos divulgados na quarta-feira (26/1), a Boeing registrou quase US$ 5,9 bilhões em vendas de defesa no último trimestre de 2021, uma queda em relação aos US$ 6,8 bilhões no quarto trimestre de 2020. As margens operacionais da Boeing também caíram para território negativo em -4,4% no trimestre.
A empresa atribuiu a queda nas vendas principalmente ao “menor volume e desempenho menos favorável em todo o portfólio”, incluindo a multa do KC-46.
O diretor financeiro da Boeing, Brian West, disse em uma teleconferência com investidores que a multa antes de impostos de US$ 402 milhões foi em grande parte impulsionada pela “evolução dos requisitos do cliente” para o Sistema de Visão Remota do avião-tanque, bem como interrupções na fábrica e na cadeia de suprimentos, incluindo problemas decorrentes da pandemia de COVID-19.
O sistema de visão do Pegasus, uma rede de câmeras e sensores que os operadores usam para guiar o “boom” de reabastecimento até outras aeronaves, continua sendo um problema sério para a aeronave. Os usuários do sistema de visão original tiveram problemas para ver a imagem ou com imagens distorcidas em determinadas condições de iluminação.
A Força Aérea dos EUA e a Boeing em 2020 decidiram substituí-lo por uma versão redesenhada. Mas a USAF disse no início deste mês que ainda não aceitou o projeto completo do RVS 2.0, meses depois que a revisão do projeto estava originalmente prevista para ser encerrada.
O presidente da Boeing, Dave Calhoun, disse na quarta-feira que a Força Aérea continua entusiasmada com o desempenho do KC-46.
“Não nos sentimos bem com [a multa] de forma alguma”, disse Calhoun. “Mas o avião-tanque hoje é um ativo incrível para nosso cliente e agora atende 70% das missões que foram planejadas no desenvolvimento do avião-tanque. E nosso trabalho é continuar a entregar o avião-tanque e fazê-lo mais rapidamente à medida que avançamos”.
O Comando de Mobilidade Aérea disse no início de janeiro que o desenvolvimento geral do RVS 2.0 continua dentro do cronograma. Mas o AMC decidiu manter a revisão aberta até descobrir como avançar na correção de riscos técnicos com o sistema visual panorâmico.
Solicitada a descrever os requisitos em evolução dos clientes, a porta-voz da Boeing, Deborah VanNierop, disse que “continuava o desenvolvimento do RVS 2.0 para incluir o problema da tela panorâmica”.
A Boeing, que está em um contrato de preço fixo para o programa de aviões-tanque, teve que pagar multas várias vezes desde 2014. Até o final de 2020, a Boeing pagou mais em custos excedentes – chegando a US$ 5 bilhões – do que o valor inicial de US$ 4,9 bilhões do contrato. As últimas multas elevam esse total para mais de US$ 5,4 bilhões.
A última multa do KC-46 ocorreu no quarto trimestre de 2020. Há um ano, a empresa atribuiu essa multa de US$ 275 milhões principalmente às ineficiências do programa, em parte causadas pela pandemia do COVID-19.
No entanto, o forte desempenho ao longo do resto do ano ajudou a empresa a enfrentar o declínio do último trimestre. A Boeing registrou US$ 26,5 bilhões em vendas de defesa em todo o ano de 2021, um aumento de 1% em relação às receitas de 2020.
FONTE: Defense News
Por qual motivo eles não foram de MRTT?
Há um protecionismo muito forte quanto a não aquisição de produtos Made in USA.
Quem sabe se a Lockheed se juntasse a Airbus poderia ter sido diferente.
a Lockheed se juntou a Airbus na época, junto com a Northrop, os A332MRTT seriam montados nos USA.
O A330 foi o escolhido mas houve protestos e foi anulado o processo.
O mrtt ganhou a disputa mas perdeu no tapetão, simples assim.
Alguns podem argumentar que eles estão protegendo sua indústria, mas então por que perderam tempo e dinheiro fazendo uma concorrência?
O normal é fazer uma concorrência/licitação… E nos EUA tem grandes empresas capacitadas para desenvolverem um avião tão grande e capaz: a Boeing, a Lockheed e a Northtrop. Não a toa, a Lockheed já trabalha no seu LMXT para concorrer no KCY, tem até site especial para tal: https://lockheedmartin.com/lmxt?_ga=2.244238535.310435431.1643393672-428155763.1643393672&_gl=1*1w99rbt*_ga*NDI4MTU1NzYzLjE2NDMzOTM2NzI.*_ga_RN6SVSR76N*MTY0MzM5MzY4NC4xLjAuMTY0MzM5MzY5Mi4w Olha o slogan destacado: LMXT: Built in America.By Americans. For AmericansMas sim, o avião em si é um A330-200, pois a Lockheed se juntaria a Airbus para fornecer o avião pra USAF, produzindo-o em território americano, igual ao que a EMBRAER fez com a Sierra Nevada, para fornecer pra USAF os… Read more »
Douglas, eles até podem fazer uma concorrência/licitação, mas na maioria dos casos é só para inglês ver, foi assim com os novos helicópteros marine one, onde o Merlin venceu mas também acabou perdendo no tapetão para o sikorsky s-92, por isso que eu digo que essas “concorrências” são perda de tempo e dinheiro, já que é um jogo de cartas marcadas.
Sim, de fato são…
Não tão diferente com o que acontece nessas terras daqui.
Capaz de o nosso KCX-3 sofrer novas reviravoltas ou ser engavetado.
É quase inconcebível pensar na quantidade de problemas que uma gigante como a BOEING, até então sinônimo de produtos de qualidade, criou para ela mesma nos últimos anos, muitas deles por sua própria gestão.
Reza a lenda que os problemas na Boeing começaram depois da aquisição da McDonnell Douglas na década de 1990. Até então, a Boeing era considerada uma “empresa de engenheiros”, onde a engenharia mandava. Depois da aquisição, vários executivos da MD foram incorporados na direção da Boeing. Dizem que esses começaram um processo de “modernização” na administração da Boeing, com ênfase no lucro dos acionistas. Hoje é fácil ver que isso levou a MD a quase falir e ser adquirida pela Boeing, mas na época deve ter sido uma grande tentação para a diretoria, ouvir promessas de aumentos de salários e… Read more »
“evolução dos requisitos do cliente”… Ã-hã! Çei!
Essa é mais velha que andar pra frente!
Tomou ferro porque o cliente mudou o escopo da demanda… Aí ao invés de cobrar uma change request, entubou um prejú de mais 400MM. Tá serto!
Fico imaginando a negociação…
USAF: Quero um sistema igual da Falcon Millenium, que faça isso igual a USS Enterprise do Star Trek, e que tenha um resultado similar ao da nave do Independence Day. Tu consegue fazer?
Boeing: Sim, sim, claaaro que sim! Iti uíl ônli cósti 5 bílhion USD! Píci ofi quêiqui!
Malandro mesmo é a LM, que conseguiu entubar em todo mundo um contrato aonde ela é “punida” com um cheque eum branco toda vez que o F-35 sofre algum atraso ou defeito.
Imagine se ela tivesse que pagar multa toda vez que algum pré-requisito do F-35 não é cumprido no prazo?
A outrora gigantesca Boeing agora está com uma receita anual na casa dos US$ 50 bi.
Já foi de US$ 100 bi.
E olha que conta com uma generosa ajuda do Governo americano com encomendas, diria, questionáveis.
É… o F-35 é de longe o maior programa militar dos EUA. A LM deu sorte em ter ganhado esse contrato. Qualquer outra no seu lugar, inclusive a Boeing, estaria nadando em dinheiro agora. A aeronave que supostamente deveria ser a mais avançada do mundo, que equiparia todos os ramos das forças armadas americanas que suam caças e que seria a principal aeronave de caça dos principais aliados americanos. Facilmente passaria de 2000 aeronaves.
Se o contrato da LM tivesse sido do mesmo tipo que o da Boeing, com multas ou não pagamento se o produto não tivesse o padrão estipulado em contrato ou se estourasse o prazo, 80% dos problemas do F-35 já tinham sido resolvidos já na prancheta.
Só o elon pode salvar a boeing, isso se ele quiser.
Taí um bom negócio, pago 5 bi, recebo 5,5 bi e um monte de aviões tanques meia boca. Imagino se a LM pegasse um contrato desses pro F-35, aconteceria ou deles quebrarem de tantas multas que tomariam ou de entregarem o F-35 sem tantos defeitos…
Qual a vantagem desse sistema de câmeras frente à velha tecnologia das JANELAS, assim como sempre foi?
A tradução não está correta. A Boeing não foi multada em 402 milhões. Inclusive porque o contrato é de custo fixo para a USAF. Todo o gasto de desenvolvimento que passar de 4,9 bilhões é de responsabilidade da Boeing, que já gastou bilhões de dólares do próprio bolso para financiar o desenvolvimento
Nesse contexto uma tradução melhor para “charge” seria “encargos” ou “custos”, pois ela assumiu US$ 402 milhões de encargos adicionais relativos ao KC-46.