Paquistão confirma compra de caças J-10 chineses para conter aeronaves Rafale da Índia

ISLAMABAD – Os militares do Paquistão confirmaram na quarta-feira (5/1) que estão adquirindo jatos de combate J-10 multifuncionais da China em resposta ao aumento da força aérea rival da Índia.

“Este é um passo para atualizar nossa frota da força aérea e obter a melhor tecnologia possível disponível, porque sabemos que tipo de tecnologia está sendo adquirida do outro lado [indiano]”, disse o major-general Babar Iftikhar, porta-voz do Exército, em entrevista coletiva.

O J-10 é um caça a jato monomotor que está em uso pela Força Aérea do Exército de Libertação Popular da China (PLAAF) desde 2005.

Iftikhar falou poucos dias depois que o ministro do Interior, Sheikh Rasheed Ahmad, divulgou a compra dos jatos chineses em um evento público, dizendo que eles serviriam como contrapeso para a implantação da aeronave francesa Dassault Rafale na Índia.

O contrato da Índia para a compra de 36 caças franceses foi anunciado pela primeira vez em 2015. O Ministro de Estado da Defesa da Índia, Ajay Bhatt, disse a repórteres no final de julho que 26 das aeronaves foram entregues, com o restante previsto para o final de 2021.

“Nosso adversário está continuamente adquirindo equipamentos de última geração com um pretexto e outro. Qualquer desequilíbrio convencional nesta região é muito perigoso”, advertiu Iftikhar. “Isso é algo que vai nos levar a uma corrida para adquirir mais equipamentos.”

O porta-voz do Exército não quis dizer quantas aeronaves estão sendo compradas.

Na semana passada, Ahmed disse a repórteres que um esquadrão completo de 25 aviões J-10 chineses participará do desfile militar do Dia do Paquistão em 23 de março. O ministro do Interior disse que a cerimônia de sobrevoo dos jatos J-10 “será realizada pela Força Aérea do Paquistão em resposta ao Rafale. ”

O Paquistão e a Índia travaram três guerras, duas pelo disputado território da Caxemira, desde que conquistaram a independência da Grã-Bretanha em 1947.

A China oficialmente não comentou sobre a venda dos jatos ao Paquistão.

Reportagens recentes da mídia israelense afirmam que os jatos J-10 são baseados em tecnologia desenvolvida pela Israel Aircraft Industries na década de 1980, antes de interromper o projeto alguns anos depois por causa dos custos crescentes.

Os caças F-16 fabricados nos EUA constituem uma parte crucial da frota da Força Aérea do Paquistão e são considerados um contrapeso aos jatos Rafale que a Índia comprou da França.

Mas analistas dizem que os laços frequentemente tensos de Islamabad com Washington nos últimos anos levaram a nação do sul da Ásia a depender cada vez mais da China para aumentar as defesas do Paquistão.

Iftikhar disse na quarta-feira que negociações também estão em andamento com a China para adquirir novos helicópteros de ataque Z-10. “Esperançosamente, receberemos alguns helicópteros de lá”, disse ele.

O general confirmou que o Paquistão estava explorando outras opções em vez de comprar 30 helicópteros de combate T-129 da Turquia sob um contrato que os dois países assinaram em 2018. “No que diz respeito ao acordo com a Turquia, seguimos em frente”, disse Iftikhar quando questionado se o contrato ainda estava intacto.

Os helicópteros T-129 são movidos por um motor feito nos EUA e a recusa dos EUA em conceder licenças de exportação para motores à Turquia levou ao cancelamento do acordo relatado de US$ 1,5 bilhão.

A frota da força aérea do Paquistão também conta com jatos de combate JF-17 monomotores produzidos em conjunto pelo Paquistão e pela China.