A right side view of an F-15 Eagle, F-4C Phantom II, F-104 Starfighter, and F-5 Tiger II aircraft, top to bottom, on a Tactical Training Luke training mission. The aircraft are, respectively, from the 550th, 310th, 69th, and 425th Tactical Fighter Training Squadron, all under the 12th Air Force.

Por Luiz Reis*

INTRODUÇÃO E “GERAÇÃO 0”

Gloster Meteor Mk 8 da FAB

As aeronaves de caças a reação surgiram ainda durante a Segunda Guerra Mundial (devido ao brutal avanço tecnológico impulsionado pela guerra) inicialmente de forma primitiva, com turbojatos axiais ( de câmara de combustão simples) ou os chamados “motojets” (híbridos de motores a pistão e reação), tais motores com pouca potência e dificuldades em controlar a aceleração e frenagem, causando alto risco de incêndio do propulsor.

Os efeitos da alta velocidade e performance dessas aeronaves ainda não eram plenamente conhecidos, assim como a ausência de elementos básicos nas aeronaves de hoje, como assentos ejetáveis ou freios aerodinâmicos, por exemplo. Portanto podemos determinar uma “Geração 0” de aeronaves a reação, uma espécie de “Pré-História” da aviação de caça a jato.

A PRIMEIRA GERAÇÃO

F-86 e MiG-15

Após o final da II Guerra, com a apreensão dos projetos aeronáuticos alemães pelos Aliados, e o posterior surgimento de novos elementos que determinaram o surgimento de uma nova geração, a verdadeira “Primeira Geração” de aeronaves a reação, principalmente com o aperfeiçoamento dos motores a turbojatos, surgimento das asas enflechadas (que aumentavam a velocidade das aeronaves), surgimento de slats e freios aerodinâmicos e melhoria na segurança dos pilotos (surgimento dos assentos ejetáveis e dos capacetes de voo, por exemplo). É essa geração de aeronaves a reação que basicamente lutam os primeiros conflitos da Guerra Fria, como a Guerra da Coreia (1950-53) que ainda usam as táticas básicas de combate da época da II Guerra, mas com velocidades muito mais elevadas (até mais de 1.000 Km/h!), um “Dogfight a Jato”.

Na década de 1950, com o avanço do desenvolvimento científico e tecnológico e também com os ensinamentos da Coreia, algumas aeronaves com características básicas da Primeira Geração surgem ou são aperfeiçoadas em novas versões, sendo tais aparelhos sendo enquadrados em uma geração intermediária, a qual chamo de “Geração 1,5”.

A SEGUNDA GERAÇÃO

Dassault-Mirage-IIIE-da-Força-Aérea-Francesa-2-scaled.jpg
Dassault Mirage IIIE

Em meados da década de 1950, começaram a surgir as primeiras aeronaves da Segunda Geração, que seriam os primeiros caças que poderiam atingir velocidades supersônicas em voo nivelado. O desenvolvimento da Segunda Geração foi moldada pelos significativos avanços tecnológicos, as lições aprendidas com batalhas aéreas da Guerra da Coreia.

Avanços na aerodinâmica, propulsão e materiais desenvolvidos para o espaço (principalmente ligas de alumínio) permitiu aos projetistas experimentar com uma maior variedade outras inovações aeronáuticas como novos formatos de asas e de fuselagens.

Algumas aeronaves da Segunda Geração, principalmente as da final da década de 1950 e início da década de 1960 apresentaram avanços significativos, principalmente em termos de sensores e capacidade de Reabastecimento em Voo (REVO) por exemplo, que podemos considerar essas aeronaves uma espécie de transição entre a Segunda e a futura Terceira Geração de aeronaves a reação, então classifico-as como “Geração 2,5”.

A TERCEIRA GERAÇÃO

Saab J37 Viggen

A Terceira Geração assistiu e continuou maturação das inovações de Segunda Geração, mas é mais marcada pela ênfase renovada na manobrabilidade e na tradicional capacidade terra-ataque. Ao longo da década de 1960, aumentando o poder de combate a com experiência demonstrou que a luta contra mísseis guiados poderá e deveria recair nas lutas aéreas.

Esta fase também ficou marcada pela expansão das capacidades de ataque ao solo, principalmente os mísseis guiados e o testemunho da introdução de radares mais sofisticados.

No final da década de 1970 e ao longo da década de 1980, surgiram versões de aeronaves da Terceira Geração com refinamentos já das aeronaves da Quarta Geração, então podemos classificar esse grupo de aeronaves como uma “Geração 3,5”.

QUARTA GERAÇÃO

Sukhoi Su-27

Na Quarta Geração, surgida em meados da década de 1970, os projetos criados foram fortemente influenciados pelas lições aprendidas com a geração anterior dos aviões de combate e os conflitos por ela enfrentados.

Representantes dessa geração incluem a série “teen” de caças-americanos (F-14, F-15, F-16 e F/A-18 Hornet) e os soviéticos MiG-29 e Su-27. Os custos crescentes demonstraram o êxito do papel de aeronaves como o McDonnell Douglas F-4 Phantom II, a partir do qual se deu origem à popularidade dos aviões multifuncionais. A ênfase na manobrabilidade e na operação de armamento ar-ar e ar-solo a distâncias maiores também surgiram nessa geração.

O rápido avanço dos microcomputadores nos anos 1980 e 1990 permitiu atualizações rápidas para os aviões desta geração, incorporando ao sistema melhoramentos como sistema de radar AESA, maior processamento de dados e melhores capacidades de sobrevivência em combate.

Devido às tais capacidades melhoradas destes aviões e em novos desenhos surgidos em meados década de 1990 chamou-se de “4,5ª Geração” (ou Geração 4,5) e por vezes utilizado para se referir a estes tipos de aviões, com alguns modelos ainda produzidos até os dias de hoje, até já com elementos da Quinta Geração, como sensores mais avançados e elementos da Tecnologia Stealth, por exemplo.

QUINTA GERAÇÃO

F-22 Raptor

Os caças de quinta geração é a denominação para aeronaves em serviço a partir de 2005 até o presente momento. Estas aeronaves combinam fuselagens de alto desempenho, armamentos avançados em combate para missões ar-ar, ar-solo, Tecnologia Stealth e com redes de sensibilização para ambientação de combate.

As aeronaves dessa geração ainda apresentam avançados sistemas de aviônicos, altamente integrados com diversos sensores a bordo que podem deixar pilotos livres para se concentrarem exclusivamente na sua missão, reduzindo bastante a carga de trabalho.

Como é uma geração ainda em desenvolvimento, as características de um caça de Quinta Geração não são universalmente aceitas e nem todo tipo de aeronave dita de Quinta Geração tem necessariamente todas elas, no entanto, normalmente incluem radar furtivo, radar de baixa probabilidade de interceptação (LPIR), fuselagens ágeis com desempenho de supercruise, aviônicos avançados recursos e sistemas de computador altamente integrados capazes de rede com outros elementos dentro do campo de batalha para consciência da situação e capacidades C³ (comando, controle e comunicações).

CONCLUSÕES: E O FUTURO?

Conceito de aeronave de próxima geração da Boeing para a Marinha dos EUA

Já estão em estudos uma nova classe conceitual de design de aeronaves mais avançadas do que os caças de Quinta Geração (chamada de “Sexta Geração”) que estão atualmente em serviço nos Estados Unidos e em desenvolvimento em outros países.

A Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) e a Marinha dos Estados Unidos (USN) estão planejando lançar seus primeiros caças de Sexta Geração pelo menos até o período entre o final da década de 2020 e meados da próxima década (2030).

A USAF está buscando desenvolver e adquirir um caça de sexta geração conhecido como Next Generation Air Dominance (NGAD) para substituir as plataformas existentes em serviço, como o Lockheed Martin F-22.

A USN está prosseguindo um programa semelhante, igualmente destinado a complementar e/ou substituir os seus aviões existentes, como o Boeing F/A-18E/F Super Hornet.

Na Europa, dois programas de caça de sexta geração estão em desenvolvimento, o Tempest (liderado pelo Reino Unido) e o FCAS (liderado pela França e Alemanha).

LISTA DAS AERONAVES DE CAÇA A JATO DISTRIBUÍDAS POR GERAÇÃO

Messerschmitt Me 262 Schwable, primeiro caça a jato (Foto: U.S. Air Force)

* “GERAÇÃO 0”: Heinkel He 178, Heinkel He 280, Messerschmitt Me 262 Schwalbe, Heinkel He 162 Salamander, Gloster E.28/39, Gloster Meteor, De Havilland DH 112 Venom, Bell P-59 Airacomet, P/F-80 Shooting Star, Caproni Campini N.1, Nakajima J9Y “Kikka”.

Shenyang J-5 (MiG-17)

* 1ª GERAÇÃO: Avro CF-100 Canuck, McDonnell F2H Banshee, McDonnell F3H Demon, North American F-86 Sabre, North American FJ-1 Fury, Douglas F3D Skyknight, Douglas F4D Skyray, Vought F7U Cutlass, Grumman F9F Panther, North American FJ-2/3/4 Fury, Republic F-84 Thunderjet, Supermarine Attacker, Dassault MD450 Ouragan, Dassault Mystère, Mikoyan-Guerevich MiG-9 “Fargo”, Mikoyan-Guerevich MiG-15 “Fagot”, Lavochkin La-15 “Fantail”, Yakovlev Yak-15/17 “Feather”, Yakovlev Yak-23 “Flora”, Yakovlev Yak-25 “Flashlight”, Shenyang J-5, SAAB 21R.

J29 Tunnan – foto Saab

– 1,5 Geração: North American F-86D Sabre, Grumman F-9 Cougar, Republic F-84F Thunderstreak, Northrop F-89 Scorpion, Lockheed F-94 Starfire, Dassault Mystère IV, De Havilland Sea Venom, Gloster Javelin, Hawker Hunter, Supermarine Scmitar, Supermarine Swift, Mikoyan-Guerevich MiG-17 “Fresco”, SAAB J 29 Tunnan, SAAB J 32 Lancer,

F-100 Super Sabre

* 2ª GERAÇÃO: Chance-Vought F-8 Crusader, Grumman F-11 Tiger, North American F-100 Super Sabre, McDonnell F-101 Voodoo, Convair F-102 Delta Dagger, Lockheed F-104 Starfighter, Convair F-106 Delta Dart, Northrop F-5A/B Freedom Fighter, De Havilland Sea Vixen, Electric Lightning, Mikoyan-Guerevich MiG-19 “Farmer”, Mikoyan-Guerevich MiG-21 “Fishbed” (Primeiras Versões), Sukhoi Su-7 “Fitter”, Sukhoi Su-9/11 “Fishpot”, Dassault Étendard IV, Dassault Super Mystère, Dassault Mirage III, Chengdu J-6 “Farmer”, SAAB J 35 Draken, FIAT G.91, HAL HF-24 Marut.

MiG-21 Fishbed

– 2,5 Geração: McDonnell Douglas F-4A/B Phantom II, Northrop F-5C “Skoshi Tiger”, Dassault Mirage V, Mikoyan-Guerevich MiG-21 “Fishbed” (Últimas Versões), Chengdu J-7 “Fishbed”, IAI Nesher.

Mirage F1

* 3ª GERAÇÃO: McDonnell Douglas F-4C/D/E/J/K (F-110 Spectre), Northrop F-5E/F Tiger II, Dassault Mirage F1, Dassault Super Étendard, Mikoyan-Guerevich MiG-23 “Flogger”, Mikoyan-Guerevich MiG-25 “Foxbat”, Sukhoi Su-15 “Flagon”, Tupolev Tu-128 “Fiddler”, Shenyang J-8A “Finback” , SAAB J 37 Viggen, IAI Kfir, Mitsubishi F-1, Atlas Cheetah, ENAER Pantera.

Saab J 37 Viggen

– 3,5 Geração: Mikoyan-Gurevich MiG-27 “Flogger”, Sukhoi Su-15F “Flagon”, Shenyang J-8H/F “Finback”, SAAB AJS 37 Viggen.

General Dynamics YF-16

* 4ª GERAÇÃO: Grumman F-14 Tomcat, McDonnell Douglas F-15 Eagle, General Dynamics F-16 Fighting Falcon, McDonnell Douglas F/A-18 Hornet, Mikoyan MiG-29 “Fulcrum”, Mikoyan MiG-31 “Foxhound”, Sukhoi Su-27 “Flanker”, Shenyang J-11A “Flanker”, Dassault Mirage 2000, Dassault Mirage 2000-5, Panavia Tornado ADV, AIDC F-CK-1 Ching-kuo, Mitsubishi F-2, SAAB JAS 39 A/B Gripen.

Dassault Rafale

– 4,5 Geração: Eurofighter Typhoon, Dassault Mirage 2000-5 Mk.2, Dassault Rafale, McDonnell Douglas/Boeing F-15E Strike Eagle, F/A-18 Super Hornet, Lockheed Martin F-16 Block 50/52, Mikoyan MiG-33/35 “Fulcrum”, Sukhoi Su-30/33 “Flanker”, Chengdu J-10A/B “Firebird”, Shenyang J-11B, HAL Tejas Mk.1, SAAB JAS 39C/D Gripen, PAC JF-17 Thunder (CAC FC-1 Xiaolong).

Saab JAS 39E Gripen

– 4,5+ Geração¹: Boeing F-15EX, Lockheed Martin F-16E/F/V, HAL Tejas Mk.2, SAAB JAS 39E/F (F-39E/F) Gripen, Sukhoi Su-35 “Flanker”, Chengdu J-10C “Firebird”, KAI KF-21 Boramae³.

Lockheed Martin F-35 Lightning II

* 5ª GERAÇÃO: Lockheed Martin F-22A Raptor, Lockheed Martin F-35A/B/C Lightning II, Sukhoi Su-57 “Felon”², Sukhoi Su-75 “Checkmate”³, Mikoyan PAK-DP (MiG-41)³, Chengdu J-20 Mighty Dragon, Shenyang J-31/J-35 (FC-31) Gryfalcon³, TAI TF-X³.

¹ Alguns autores consideram uma “Geração 4,5++”, como os modelos mais avançados das aeronaves listadas, mas optamos por não usar essa definição no texto.

² Segundo alguns especialistas, o Su-57 não seria um “Legítimo Caça de 5ª Geração”, devido a ausência de alguns elementos característicos da mesma, mas vamos deixá-la como aeronave de Quinta Geração nesse texto.

³ Aeronaves propostas, em desenvolvimento ou protótipos em estágios iniciais.

Com informações da Wikipedia, diversos sites e livros sobre Aviação Militar.

NOTA DA REDAÇÃO: Esse texto tem como objetivo estimular o debate sobre uma nova classificação das aeronaves de caça a reação desde o final da Segunda Guerra Mundial, portanto é um texto de opinião, mas embasado em fatos concretos sobre o assunto. A crítica sobre ele é válida e salutar.


*Luiz Reis é professor de História da Rede Oficial de Ensino do Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador. Brasiliense com alma paulista, reside em Fortaleza-CE. Atualmente é o Editor-Chefe do Canal Militarizando. Luiz também colaborou com o Canal Arte da Guerra e no Blog Velho General e atua esporadicamente nos blogs da Trilogia Forças de Defesa, também fazendo parte da equipe de articulistas e do conselho editorial do blog GBN Defense. Presta consultoria sobre Aviação Civil e Militar. Contato: luiz.reis@prof.ce.gov.br ou @canalmilitarizando no Facebook.

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