Bom para o Exército, melhor ainda para a Força Aérea
Por Roberto F. Santana
Poucos aviões serviram duas forças de um mesmo país durante o mesmo conflito. Na Segunda Guerra Mundial, algumas aeronaves de transporte que serviram o Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos, serviram também a aviação da Marinha dos Estados Unidos, como o Douglas C-47 Skytrain (R4D-1 na US Navy) e o Curtiss C-46 Commando (R5C-1 no U.S. Marine Corps). Na Guerra do Vietnam não foi diferente. Entretanto, uma aeronave de transporte tático iria protagonizar uma estranha disputa entre a USAF e o U.S. Army.
No inicio da Guerra do Vietnam o U.S. Army já usava helicópteros como meio de transporte aéreo principal, mas havia uma necessidade de maior capacidade de carga para o envio de tropas e suprimentos até as áreas mais isoladas, para isso, em 1961, um De Havilland CV-2 Caribou foi testado em combate. A aeronave canadense podia transportar 32 homens equipados ou 2.268 kg de carga, era robusta, simples de operar e tinha uma espetacular capacidade de pousos e decolagens em distancias curtas (STOL).
Durante os testes, o Caribou podia operar em pistas onde até mesmo outros aviões menores como o U-6 Beaver ou o U-1 Otter não podiam operar. Porém, no final do mesmo ano o Comandando das Forças no Pacífico rejeitou o pedido do U.S. Army para implementar o Caribou, a oposição tinha influência da USAF que alegava que seu avião de transporte tático Fairchild C-123 Provider já fazia as missões do Caribou.
O U.S. Army, contudo, teve ajuda política e conseguiu efetivar a aeronave de forma limitada em missões de transporte de suprimento para áreas avançadas na zona de combate.
Isso desagradou ainda mais a USAF que insistia em afirmar que seu C-123 podia levar o dobro de carga e voar três vezes a distância do Caribou. De fato, o C-123 Provider era superior em vários aspectos mas não podia operar em pistas improvisadas e não era tão manobrável, qualidades indispensáveis naquele ambiente de combate, o Caribou provou ser excelente em tais missões.
Como muita insistência política, o desdobramento do Caribou foi aprovado e mais aviões foram enviados e, eventualmente o Caribou entraria em serviço em pelo menos meia dúzia de Companhias do U.S.Army com 159 unidades encomendadas. O Caribou não era perfeito, uma de suas desvantagens era sua baixa altitude de operação, tinha que fazer constantes desvios de rota para evitar mau tempo e o fogo de artilharia em um espaço aéreo compartilhado com o intenso tráfego de helicópteros.
Finalmente, a pressão da USAF viria a surtir efeito, em 1966 era assinado o acordo Johnson-McConnell, onde o U.S. Army abria mão do uso de aeronaves de asa fixa para o transporte tático em troca de maior liberdade e certa exclusividade na operação de helicópteros, como o desenvolvimento e uso das aeronaves de asa rotativa em missões de ataque. Ainda assim, o U.S.Army poderia usar aviões, mas para uso muito específico como transporte leve, assim como, a USAF poderia usar helicópteros em missões especiais e missões de salvamento.
Era tudo que USAF queria, em janeiro de 1967, todos os De Haviland Caribou do U.S. Army no Vietnam passariam para a força aérea, assumindo também todas as operações da aeronave. Na USAF, o Caribou continuou sua carreira de sucesso, cumprindo missões na guerra até 1972, com uma média de 11.049 missões por mês, superando o C-123 e até mesmo o C-130 Hercules.
NOTAS:
- No U.S. Army, o Caribou recebeu a designação CV-2, quando a aeronave foi para USAF passou a receber a designação C-7.
- Alguns C-7 Caribou receberam nova camuflagem, seguindo o padrão adotado pela USAF no Vietnam.
- Cerca de 15 Caribou permaneceram no U.S. Army cumprindo missões administrativas.
- A transferência das aeronaves para USAF recebeu o nome de Red Leaf, provavelmente em alusão à origem da aeronave e a ‘mable leaf’ da bandeira canadense.
Saudades do C-115 Buffalo. Prestaram grandes serviços ao EB na Amazônia.Quando via um deles em aproximação trazendo suprimentos para o Pel Fron que comandava era uma beleza. E a pouca pista que usava para o pouso e decolagem impressionava.no CIGS treinamos muito pouso de assalto. Grande avião!
É absurdamente pequena, a quantidade de pista q o C115 precisa para decolar/pousar !
[youtube]https://youtu.be/C3-L5PQ7npI[/youtube]
[media]https://youtu.be/C3-L5PQ7npI[/media]
Realmente não surgiu nada para substituí-lo a altura.
Quando ainda servia na Segunda Esquadrilha de Ligação e Observação em 1994 quando a mesma saia da Base Aeronaval de São Pedro da Aldeia para Base Aérea de Santa Cruz. Uma vez viemos de lá no C-115 Buffalo ele fez um pouso embicado na cabeceira da pista da BAeNSPA. Infelizmente a FAB fez uma escolha incorreta para substituir essa aeronave. Perdemos com a aposentadoria do hidroavião Catalina e perdemos de novo com a aposentadoria do STOL Buffalo. Ainda tenho esperança que uma dia a gente aprende… Será?!?
Olá senhores! O Búfalo era a versão turboélice do Caribou. Certa vez assistir num domingo aéreo um vídeo da FAB no qual um C-115 pousava num campo de futebol e desembarcava uma tropa do EB pela rampa traseira. Tudo em movimento. Essa é uma aeronave que ainda não teve um substituto a altura na FAB. Eu espero que no novo projeto conjunto entre a Embraer e a FAB tenha a mesma capacidade STOL do C-115.
Posso estar enganado, mas entendo que o projeto conjunto EMB/FAB visa a substituir a dupla Bandeirantes/Brasília, o que seria uma aeronave menor que o Búfalo e o C-105 Amazonas. A meu ver, seria algo na categoria do Sherpa (que ironia) ou SkyCourier da Cesna. No meu entendimento, a plataforma perfeita para tal função seria o Su-80, que usa motores e aviônicos ocidentais. Como foram produzidos apenas 8 unidades, quem sabe se consegue adquirir os direitos de fabricação do mesmo (como PZL fez no AN-28, que virou M-28). Encurtaria-se risco do projeto, prazos de desenvolvimento e, o principal, custos. Lembrando que… Read more »
Me lembrando quando criança alguns sobrevoando minha cidade em Campina Grande – Paraíba.
O mais impressionante não é as características do avião e sim conseguir acertar com um obus de 155mm quando em voo
Um ordem de cessar-fogo tinha sido dada para que a aeronave pudesse pousar, mas a mensagem não chegou à bateria de canhões que fez o disparo.
Obrigado pela informação Roberto, encontrei apenas um site americano que parece ser de uma associação de pilotos veteranos de C-7, porém com pouca informação.
Disponha.
Aproveito e informo aqui a bibliografia consultada para a matéria:
-Canadian Aircraft since 1909, K.M. Molson & H.A. Taylor.
-C-7 Caribou in Action, Wayne Mutza.
-Vietnam The War in the Air, René Francillon
Incrível a infelicidade neste episódio. Realmente o avião atravessar a trajetoria do obus foi uma triste coincidencia. E quem fotografou, então? Naquele momento, certamente nem se apercebeu de que teria conseguido um flagrante que jamais será repetido.
Olá José, segundo depoimento do Sr Miagi, a artilharia japonesa treinava pegando mosquitos com hashi, cuja técnica foi aprendida pelos Marines na guerra do Pacífico. Isso está bem documentado em “Karatê kid, a hora de verdade”.
A artilharia japonesa que se refere é aquela famosa por encaixar um petardo no basculante do banheiro do 26° andar de um edificio?
Estranho a materia falar do C-123 ( que era maior) como se ele não pudesse trabalhar em pistas mal preparadas. provavel o Bufalo fosse melhor , mas o provider foi criado a partir do ultimo modelo de planador de desembarque americano. E como planador, pousava em literalmente qualquer coisa….na lama, na terra e acreditem…na agua…
Este é o planador do qual criou-se o C-123 Provider. O projeto foi um sucesso, pois desde o inicio ja se previa a instalação de motores em versões futuras. Foi o maior planador de desembarque projetado pelos americanos.
Aqui a versão pantobase….
nada mal uma força assim descarregando um M-113 ou tanketes com fuzileiros numa praia ou ilha…ou rios…
Um Caribou equipado podia operar em pistas de 50 metros, o Provider era mais pesado, era forte e suportava pistas rudimentares, mas não operava pista curta tão bem quanto o Caribou.
Com certeza isto…o bufalo era quase um XSTOL…
Parabéns pela matéria sr Roberto Santana.
montaram muitas versões incriveis o Bufalo….é algo assim que falta no mercado.
Com a tecnologia ACLS, ele podia pousar na neve, terra, mar, rios…com 1 metro de protuberancias, tal como um Hovercraft. em voo, o colchão é desinflado e seu peso é minimo.?w=1024
Veja aqui o mesmo avião, porém com o Kit desinflado?w=1024
Saudoso Búfalo, tomara que a EMB nos brinde com um turbo prop tão bom quanto este em uma versão militar de seu futuro projeto para aviação comercial cuja demanda desta classe tende a aumentar bastante e os C-105 Amazonas não vão durar pra sempre.
Briguinha de egos entre as forças é muito ruim, durante uma guerra, muito pior…
Video extremamente interessante da operação curta do bufalo.
https://www.youtube.com/watch?v=y7lRlpPbERo
C tá doido, deve ter rolado nem 300 metros ali.???
Me lembro dos Buffalos em João Pessoa pousando na pista do Aeroclube no começo dos anos dois mil. A pista é dentro da cidade, o muro dá pra uma rua principal de saída do bairro pra outros bairros. O Buffalo vinha e só parava no limite do muro. Fazia volta e levantava poeira. Não encontro foto pela internet desses saudosos tempos.
No Canadá, o C295 está substituindo os Buffalo.
Off topic: hoje um caça deu um rasante na cidade de Nova Odessa, onde trabalho. Não consegui ver o modelo. Foi muito rápido. Era meio-dia e quarenta mais ou menos. Alguém sabe de alguma coisa?
Um off importante:
Sistemas Antiaéreos russos repelem ataque de drones em Jmeimim Na Siria
https://br.sputniknews.com/oriente_medio_africa/2020071215824356-sistemas-de-defesa-antiaerea-russa-repelem-ataques-a-base-de-hmeymim-na-siria/
Não acharam nenhum pedacinho para tentar falar quem mandou os drones?
Uma vez vi um pouso curto de um dos nossos C-115, bem legal! Devia ser muito útil na Amazonia
História que lembra muito o que se passou recentemente por aqui, no caso Sherpa. Abraço, camaradas.
Yeap, you got it.
Bom video. Na cena do pouso dá para notar que o piloto aplica o reverso.O Caribou era equipado com hélices capazes de passo negativo, revertendo o empuxo das mesmas durante o pouso, diminuindo a distância. Algo um tanto incomum em motores a pistão como era o caso Caribou que era equipado com o Pratt & Whitney R-2000 Twin Wasp. P.S Procure por um vídeo sobre um acidente onde um Caribou modificado com motores PT-6, decola , em seguida, sube na vertical, estola e mergulha de bico diretamente no chão. É terrível. Costa que a tripulação durante o cheque de pré-voo,… Read more »
E por falar em C-47, o DC-3 da VARIG PP-VBF foi destruído por tratores a mando do administrador da massa falida no Galeão. Lamentável que não preservaram a aeronave que ficava exposta no Aterro do Flamengo na decada de 70.
Mestre Observador,
Versão Caribou de asas dobradas? existiu mesmo? tenho interesse de acrescentar este material em minha biblioteca de soluções alternativas. Por favor, teria alguma referencia onde eu possa pesquisar? Tentei e não consegui aqui…
rzrzrz…ok…pensei que teriam feito algum prototipo de asas dobraveis….afinal, se fizeram até protitipo turbojato que pousou em porta aviões….
50 metros. Isso mesmo. Bastava SÓ 50 METROS PARA ELE DECOLAR. Uma aeronave inacreditável. Eu vi uma nos Afonsos fazer isto ao vivo…
O pouso então era coisa de louco ele vinha picado na cabeceira da pista e só levantava a proa quando em cima da cabeceira….inacreditável e assustador tb….rsrsrs
Olha ele aqui:
https://youtu.be/pgiOkD_cw3k
E o Buffalo foi o aperfeiçoamento do Caribou que não interessou a USAF de modo que a De Havilland Canada teve que vender para outros países e a FAB acabou sendo o maior operador do modelo no mundo, nem o Canada tinha tantos em operação.
no final do dhc 5a, na força aerea ele já estaja restritro em operar em pousos e decolagens curtas, já apresentava diversas rajuturas uma em especial na longarina central que era muito critica, a alguns anos rajaduras no trem de pouso do mariz, dificuldades de suprimento em itéms cada vez mais complexos, e as vezes coisas simples nas que não conseguimos reproduzir aqui como arruelas no conjunto da hélice, coisas simples, nas que não tinhamos donimio da tecnologia e a isso soman-se milhares de coisas e aí não dá mais.
o dhc5a bufalo chegou a ser testado no vietanan e operou com os dhc4 carribou, em muitas missões, e se saiu muito bem , mas como os americanos estejam com os estoques cheios de suprimento para o caribou resolveram mate-lo, a culpa foi da Havilland Aircraft Companyque foi com muita sede ao pote.
É o pai do saudoso Buffalo da FAB!