Mali perde um dos seus quatro A-29 Super Tucano
Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Aéreo
A capacidade de combate da Aviação Militar da República do Mali ficou, ontem, grandemente diminuída, após a queda de um dos seus quatro monomotores A-29 Super Tucano, de ataque leve ao solo e treinamento de pilotos de combate.
De acordo com as primeiras informações divulgadas pela imprensa africana, os dois tripulantes da aeronave morreram.
O acidente aconteceu quando o avião, de matrícula TZ04C, precipitou-se em terra, nas cercanias da cidade de Sévaré, região de Mopti, no centro-sul do território maliano, quando se preparava para aterrisar no aeroporto local, que abriga a Base Aerienne 102 do Exército do Ar local (Armée de L’Air du Mali).
A máquina sinistrada se encontrava em procedimento de descida acompanhada de um outro Super Tucano – o TZ02C – e, de acordo com relatos não oficiais, “voou invertida” (de cabeça para baixo) até encontrar o chão.
#Mopti – #Sevaré : Ce jour 07 avril 2020 à 11h 36 min, dans le camp de l’armée de terre, un avion de chasse super Tucano en excercice s’est écrasé non loin de la poudrière. Bilan 2 morts.
Source: militaire pic.twitter.com/yHCByurXQi
— KONATE Malick (@konate90) April 7, 2020
Bourget – O Mali mantém um relacionamento tenso com a vizinha Burkina Faso – nação somente algumas dezenas de quilômetros ao sul de Sévaré – e enfrenta sérios problemas de banditismo e terrorismo em sua fronteira do Norte.
A 15 de junho de 2015, durante a Mostra Aeronáutica de Le Bourget, em Paris, a Força Aérea do Mali contratou meia dúzia de Super Tucanos à brasileira Embraer, numa operação comercial que incluía, por parte da companhia de São José dos Campos, o fornecimento de suporte técnico e treinamento. Contudo, três anos mais tarde, apenas quatro foram entregues.
Segundo rumores não confirmados, os dois últimos seriam configurados numa versão ISR, para cumprir missões de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento – uma necessidade estratégica do Mali que diz respeito, especificamente, à segurança das suas fronteiras. Entretanto, o governo de Bamako teria ficado sem dinheiro para confirmar a encomenda dessas últimas aeronaves.
Os quatro A-29 recebidos pelo Exército do Ar maliano eram empregados rotineiramente em voos armados, de bombardeio leve a objetivos em terra e close air support – missões que compartilhavam com o adestramento de jovens aviadores militares.
Analistas africanos levantam a hipótese de que os A-29 foram entregues sem sistemas de mira sofisticados, por causa de um veto político do governo dos Estados Unidos.
O poderio da Aviação maliana se resume, agora, a três Super Tucanos, um pequeno número de helicópteros de ataque russos Mi-35 e dois ou três caça-bombardeiros Mig-21MF (Fishbed-J), modernizados, que realizam sobrevoos na capital Bamako, por ocasião das cerimônias oficiais, mas já não estariam mais aptos ao combate aéreo.