Uma nova série ‘Century’?
Haverá mais programas de caças da USAF nos próximos anos, mas cada um deles produzirá menos aviões à medida que o serviço avança em direção a uma nova “Century Series” de projetos de rotatividade rápida, disse o general Mike Holmes, chefe do Comando de Combate Aéreo (ACC), em abril de 2019.
A nova ideia da “Century Series”, defendida pelo chefe de aquisições da Força Aérea, Will Roper, significa que “você verá menos programas de 1.500 aeronaves” no futuro, porque no tempo necessário para desenvolver e começar a colocar em campo essas novas frotas, a tecnologia terá que seguir em frente e algo melhor terá que ser adotado, disse Holmes.
“Você verá programas que oferecem uma capacidade melhor agora e, a cada dois anos, revisita e diz: podemos melhorar isso?”, disse ele. Alguns dos ajustes serão atualizações “misturadas” a um caça em produção, mas se uma nova plataforma estiver pronta, “vamos parar de produzir o que estávamos fazendo e começar a produzir um novo”. A ideia, disse Holmes, é “você tem várias coisas em desenvolvimento e vê quais são um pouco melhores e transfere seus investimentos” para elas. “E avalia isso rotineiramente, em vez de a cada 20 anos”, acrescentou. Holmes não disse se os novos projetos podem levar à redução da produção do F-35, do qual a Força Aérea sustenta que precisa de 1.763 aeronaves.
A “Century Series” foi a série de caças de segunda geração nas décadas de 1950 e 1960, com as designações de F-100 a F-111, que foram rapidamente desenvolvidas e colocadas em campo, mas não se esperava que servissem mais de sete a 10 anos antes de serem retiradas do serviço de linha de frente e suplantada pelos tipos de terceira e quarta geração.
A solicitação de orçamento para o programa de Dominância Aérea de Próxima Geração (NGAD – Next-Generation Air Dominance) no ano fiscal de 2020 é superior a US$ 1 bilhão, e Holmes disse que a ideia da “Century Series” seria “parte de como você manterá uma vantagem aérea. Isso não pode ser estático”. Os itens de linha do NGAD dizem que o dinheiro será usado para estudos, prototipagem e experimentação.
Comandantes anteriores do ACC discutiram uma plataforma “Penetrating Counter-Air” que pode complementar ou suceder os F-22 e F-35, mas Holmes disse que o PCA é apenas “uma parte” do NGAD, que visa “uma família de sistemas para poder controlar o ar e o espaço com uma família de sistemas para manter alvos em risco no espaço aéreo contestado. E é muito cedo para dizer o que vai aparecer. ”
Roper, em discurso ao Instituto Mitchell da Air Force Association em abril, disse que as economias resultantes de seu ataque aos custos de manutenção podem ser usadas para pagar os esforços de prototipagem, e as próprias novas aeronaves podem ser mais baratas de obter e sustentar, porque não serão feitas para durar 30 anos ou mais.
A abordagem da Série Century “oferece algumas opções pelo lado econômico, se você souber que não está construindo um avião para durar 20.000 horas”, observou Holmes. “Você pode construí-lo de uma maneira diferente.”
Os caças da série ‘Century’
Após a Guerra da Coreia a Força Aérea dos Estados Unidos buscou o desenvolvimento de caças superiores, pois o MiG-15 russo mostrou-se melhor que o F-86 Sabre em muitos aspectos. Para alcançar o objetivo, os engenheiros dos fabricantes americanos debruçaram-se sobre as pranchetas e logo surgiu o design NA-180, que deu origem ao F-100 Super Sabre, aceito pela USAF em 1951.
Na sequência vieram os McDonnell F-101 Voodoo, Convair F-102 Delta Dagger, Lockheed F-104 Starfighter, Republic F-105 Thunderchief, e o Convair F-106 Delta Dart.
Naquela época não existiam aeronaves multifuncionais e cada uma delas tinha uma missão específica, podendo executar outras missões com algumas adaptações, mas não com a mesma eficiência.
Cada aeronave da série Century, antes de se tornar uma plataforma de combate operacional, bateu recordes de velocidade, razão de subida, altitude etc.
Os desenvolvimentos tecnológicos nascidos desta iniciativa de desenvolvimento tiveram impactos duradouros que foram além do mundo da aerodinâmica. Cada uma delas quando desenvolvida estava na vanguarda do desempenho e aviônica.
O F-100A, primeiro da série, mesmo atormentado com problemas de instabilidade em função da sua asa, foi o primeiro caça operacional a alcançar velocidade supersônica em voo nivelado, com a aplicação de pós-combustor.
O F-101 se tornou o primeiro avião americano operacional a exceder as 1.000 milhas por hora, e o F-102 foi o primeiro avião a tirar proveito do conceito de Regra de Área, que diminui o arrasto sobre uma célula que se aproxima de velocidades de contorno transônico.
O F-102 (e depois aperfeiçoado como F-106) foi o primeiro interceptor na série e acabaria por ser equipado com mísseis ar-ar nucleares, o que permitiria destruir formações de bombardeiros soviéticos. Os pilotos de F-102 naquele tempo eram os únicos americanos – fora da presidência – com autoridade independente de lançamento de armas nucleares.
Projetados para lutar contra os russos, alguns desses aviões acabaram atuando na Guerra do Vietnã. Mas como aconteceu na Guerra da Coreia, outro caça russo também se destacou, o MiG-21.
A série ‘F’ produziu belos aviões (no quesito estético), mas de eficiência bastante duvidosa.
Ia criticar mas lembrei do F-102 e F-104 e tive que concordar em parte. Os demais cumpriram a missão.
Os aviões da série F tinham operação complicada, mas foram o início de uma nova era na aviação (jatos supersônicos de alto desempenho) e seus resultados eram inigualáveis na época.
Duvidosa por duvidosa hj dia temos o f35
Ok, entendí o conceito por trás da idéia, mas…mesmo assim, com o aumento exponencial dos custos de P&D e da corrida tecnológica, isso ainda é viável?
É mais “barato” criar outro caça ( mesmo com tecnologicas já comprovadas ) do que “manter” e atualizar um caça ao longo de sua vida útil?
Isso pra mim parece mais uma “involução” do que uma evolução. O mundo é completamente diferente da época desses caças ai. Primeiro pq nos EUA realmente havia concorrência entre fabricantes e tinha esse monte de fábricas para cada um projetar o seu e atender todo esse mercado. Hoje tem praticamente 3 (lockheed, boeing e northrop). Depois que muitos problemas aerodinâmicos foram solucionados com tecnologia embarcada. Exemplo que antes pra fazer CAS tinha que ter um avião estilo A-10(robusto, voando baixo pra ver o alvo) e hoje vc faz CAS com um F-35 (lá das alturas usando sensores modernos). Acredito que… Read more »
Eu acho que demora bastante tempo pra substituir TUDO por drones.
Tem coisas que só um piloto com o controle do caça 100% nas mãos
consegue fazer.
Só ver o tanto de “M” que deu com drones (fogo amigo, alvos errados acertados, mortes de civis, etc.” que aconteceram/acontecem no Iraque, Síria e Afeganistão.
Rui,
Lamentavelmente essa diversidade de projetos e construtores acabou.
Praticamente se resume nas tres fabricantes de aeronaves militares que voce citou.
Mas como o F-35 vais estar dominando os ares nos proximos 30 anos, as futuras tecnologias ainda terao muito tempo para amadurecer.
Os drones prometem revolucionar ainda mais o futuro das aeronaves de combate.
Certmente, com o advento da IA, essas maquinas serao muito mais autonomas que os drones atuais.
A USAF e a US Navy ja estao seguindo esta linha de pesquisa e desenvolvimento.
Toda decisão da USAF deve ser vista do ponto de vista financeiro. Este conceito “liberta” a USAF de prestar contas relativas a um determinado avião. Em outras palavras não se buscara mais verba para o avião X ou Y e sim para a manutenção do novo programa “Century” como um todo. Com muito dinheiro entrando o domínio dos céus continuará com os EUA.
Continuará se o déficit das contas públicas permitir. Os americanos estão quebrados e isso vai provocar uma quebradeira sem fim em todo o mundo. É esperar pra ver
Jose Maria, vivo no States fazem 27 anos e não consigo ver essa quebradeira a que vc se refere. Voce diz isso por causa do defict americano? Esse país sempre deveu para crescer. Estive de férias em Ipatinga duas semanas atras e aí sim, pude ver o que é um país quebrado. Não tive liberdade de comer uma coxinha sem que alguem me pedisse para pagar uma, o que fiz com muito prazer. Agora no máximo até as próximas eleições os States vão entrar em recessão mas nada comparado ao que vi em nosso país recentemente. Acho que voce não… Read more »
A Diferença entre um Brasil que deve muito e um EUA que deve ainda mais é a credibilidade dos investidores, coisa que os EUA possuem e o Brasil não. Outra coisa é nos EUA contrato assinado tem valor jurídico levado a sério e no Brasil não. Que segurança um investidos aqui terá se ao assinar o contrato vem tribunal disso, daquilo, promotoria, STJ, STF dizendo o que pode ou não? Não existe país no mundo que não esteja devendo as calças, a diferença está na credibilidade e a segurança que d]ão aos investidores.
Jmgboston,
Bem vindo de volta aos States.
Se esses caras viessem aqui em Boston, para presenciarem o boom econômico e as transformações urbanas que a cidade vem experimentando os últimos dois anos (capital privado), iriam constatar que essa apocalíptica visão que elês tem está bem longe de se materializar.
O despeito faz os recalcados falarem besteiras.
É isso aí Tadeu.
Jmgboston, quando falam em derrocada dos EUA, quebradeira, catástrofe, etc é mais um desejo dos corações anti-americanos que um fato,mas repetem como se fato fosse.
Muitos países já estão se protegendo dessa catástrofe que se tornou o orçamento americano.
As consequências para a economia americana e sua moeda serão terríveis.
Ao que parece, a dívida estatal americana chegou a estratosféricos US 23 tri em 2019 e está aumentando a uma taxa de US$ 1 tri ao ano.
Obama é o pai da criança…
Um dos piores presidentes do país.
Os USA imprimem a moeda do mundo, deixem dessa besteira de déficit. A tragédia verdadeira é a dependência da indústria militar (que afeta nós de baixo), não o tal déficit. Isso aí é balela do néscio do posto ipiranga.
Nilton, não se pode imprimir moeda sem lastro ( A moeda nada mais é do que um substituto para um produto ou serviço real). Se fosse simples assim os EUA não teriam uma dívida pública de mais de 20 trilhões, era só imprimir e pagar; não é assim que funciona, criar ou imprimir sem lastro gera inflação; no caso você estaria imprimindo dólar para jogar no mercado no lugar de um produto que não existe.
Perfeito Émerson.
Curto e preciso.
Não foi o Obama que reduziu impostos e com isso aumentou o deficit fiscal dos EUA.
Nonato, me desculpe, mas o pai da criança é o Clinton e depois o Bush. Quando Obama assumiu a dívida já estava em 100% do PIb
Mas o Obama acrescentou outros 10 trilhões.
Tadeu, não estou defendendo o Obama, sou inclusive mais alinhado aos Republicanos, só não acho justo jogar toda culpa da dívida pública dos EUA no colo dele. Isso vem de muito tempo e piorou muito nos anos 1990 e no período Bush. As incursões no Iraque e Afeganistão contribuíram para esse gasto.
Kings,
Você poderia explicar para mim como êsses países estão se preparando para essa profética quebradeira americana?
Por acaso elas irão trocar suas reservas em dólares, pelo fictício Luan?
Tadeu
Alguns estão comprando ouro.
Outros estão fazendo comércio diretamente sem usar dólares.
Muitos outros estão fazendo reservas em outras moedas como Euro e Yuan.
Em tempo.
A China está se desfazendo de suas reservas em dólares.
E isso está ocorrendo em uma taxa tal, que ela já não é mais a maior credora dos EUA.
Agora é o Japão.
José Maria,
Se os americanos estão quebrados, então em que pé está a situação dos brasileiros?
Eu por exemplo, não uso cartão de crédito, e geralmente pago minhas contas com cartão de débito, e olha que eu nem faço parte da poderosa classe média alta americana.
O que a série também produziu foi uma série de aeronaves com crônicos problemas operacionais, resultando em McNamara acabando com a festa dos brigadeiros e impondo o F-4 goela abaixo da USAF.
Exato, o F-4 como caça de 3G acabou por ofuscar a série Century, embora o F-106 tenha operado até 1988, pois tinha desempenho impressionante chegando até Mach 2.3, só sendo substituído pelo F-15.
Pelo que entendi os americanos chegaram a conclusão de que a tecnologia vai avançar tão rápido na próxima década, que um caça recém incorporado pode ficar completamente obsoleto antes mesmo do prazo previsto para sua atualização. E que a forma mais viável(rapidez/custo) de acompanhar essa evolução tecnológica é voltar ao passado e produzir em escala industrial, como a Série Century. Resumindo e fazendo uma comparação imbecil, vão tentar fazer igual as fábricas de carros. Lançarão um novo caça, começam a produção e enquanto acontecem as entregas, já estão incorporando novas tecnologias nos caças que ainda vão entrar em produção 3… Read more »
Lucas,
O que a Lockheed faz com o F-35 (Concurrency) visa justamente isso.
Atualizar concomintantemente junto a linha de montagem.
A tecnologia de mircoprocessadores sigue obedecendo a Lei de Moore.
Como o desenvolvimento do F-35 e’ um projeto gigantesco e a longo prazo, nao tem outra alternativa, a nao ser, fazer upgrades em futuros lotes, de acordo com as novidades tecnologicas que aparecem no mercado.
Os contatos da USAF com as empresas do Valed do Silicio, lhe garantem a vanguarda e a supremacia nessa aerea tecnologica tao competitiva.
A lei de Moore deu água há uns 10 anos, querido.
Caro Newton Reis,
Eu tenho um desktop computer, dois laptops e dois tablets. Todos foram adquiridos em um espaço de cinco anos.
Quando adquiro essas máquinas, ou avalio os custo de aquisição e o poder computacional delas, sou obrigado a concluir que a Lei de Moore continua em evidência, ou seja; os prêços continuam caindo, enquanto a capacidade de processamento continua aumentando.
A ideia é excelente. E para eles que adquirem milhares de aeronaves, é viável.
A cada 5 anos eles terão um novo caça em vez de esperar 20 ou 30 anos.
Resultado de meus conselhos a USAF.
Nada de demorar 10 anos discutindo sobre um novo avião, mais 20 anos desenvolvendo, depois mais 10 anos testando.
Tem que ser ágil.
Em 5 anos tudo pode mudar.
Os mais impressionantes não saíram do mock-up: XF-103 e F-108.
O 103 era padrão megalomania.
E o 107? Não gostaria de precisar ejetar estando nele.
Não tem bobo na USAF, o F-35 é na verdade 3 aviões e não apenas 1, e a concentração dos projetos na Lockheed gerou um obvio “unipensar” com as demais empresas desativando equipes de projeto de aviões de combate, deslocando os profissionais para outros setores. A Boeing na área civil viu suas equipes de engenheiros envelhecer e esse foi um dos motivos para comprar a Embraer. Japão, Coreia do Sul, e Rússia tem seus 5ª Geração em projeto, a China tem pelo menos 2, e a Europa começa a pensar no 6ª Geração. Ficar na mão da Lockheed e de… Read more »
Acho interessante a ideia. Parece que a USAF vai usar uma metodologia semelhante ao SCRUM da indústria de software. Em vez de projetos ultra-complexos como o F-35, vai partir para projetos menos complexos com incrementos “menores” de tecnologia, em outras palavras, não vão tentar reinventar a roda.
Oba, em breve finalmente veremos o melhor avião da “Century Series”, no ar: O YF-103!!!!
Te cuida F-16…
O F-106 marcou a minha infância, bonitão e eficiente
Se os americanos pensam em fazer um rodízio quinquenal de novos caças, é para se deduzir que o F-35 deixa a desejar ?
E os associados do programa JSF, como ficam ?
A impressão que me dá é que os EUA, se fizerem isso, ficarão à frente de seus aliados que não possuem $$$ suficiente para mudar de caças com tal frequência.
O F-35 consolidou a tecnologia stealth do F-22 e está em fase de otimização da produção, barateando custos e permitindo aos participantes do consórcio um padrão elevado de desempenho para suas forças aéreas. Mas a concorrência chinesa, russa, coreana e japonesa está em ação e vai lançar alternativas em breve. Os EUA vão ficar olhando isso acontecer sem fazer nada ? Um derivado dos F-22 e F-35 com mais capacidade comercial como foi o F-16 nos anos 70 pode manter as equipes de projeto funcionando e preparando a nova geração. Melhor ainda se forem várias equipes competindo.
Só uma correção: na foto o F-106 aparece disparando um AIR-2 Genie, que não era um míssil, mas sim um foguete não guiado com ogiva de 1,5kt. A ideia era lançar a arma contra grandes grupamentos de bombardeiros soviéticos que estivessem a caminho dos EUA em uma guerra total.